
15 | eu não me arrependo de nós.
"Me encontre no nosso lugar secreto em 15 minutos.
Ass.: L.C."
Seungcheol não precisou queimar muitos neurônios para descobrir quem era o remetente do bilhete deixado em seu armário, mas seus pensamentos estavam embaralhados a medida que seus passos apressados ecoavam pelas paredes.
Passava as mãos pela nuca, tentando afastar o nervosismo que inevitavelmente o atingiu ao virar a curva do corredor e dar de cara com a sala de teatro, lugar com o qual ele estava familiarizado, mesmo sem fazer parte do clube.
Silenciosamente, perguntava-se o motivo daquele chamado repentino. Se fosse sincero, imaginava que ele nunca mais fosse o procurar, fosse por vergonha ou simplesmente por desprezo, porque acreditava que era melhor do que qualquer outra pessoa e que, mesmo estando errado, tinha direito de culpar apenas a parte mais fraca.
De qualquer forma, as dúvidas de Seungcheol apenas o motivaram a seguir em frente, empurrando as portas pesadas do local que era parcialmente iluminado pelas luzes suspensas para, logo em seguida, passar seus olhos avaliativos por ali, procurando por quem o havia chamado.
Conforme seu olhar vagava pelo palco mediano e pelo auditório completamente vazio, memórias de tudo o que havia vivenciado ali, como a primeira vez em que seu coração acelerou e o seu primeiro beijo menos inocente surgiram em sua mente, e vieram acompanhadas de um gosto amargo que ele entendeu como arrependimento. Nada mais do que isso.
E foi então que aquela voz surgiu, junto dos passos pesados que se aproximavam mais e mais.
─ oi, Seung ─ arrastou seu olhar até o garoto que caminhava até si em passos firmes, mas olhar hesitante. Imediatamente enrijeceu sua postura, notando que ele trajava o uniforme do time e que, provavelmente, havia acabado de sair do treino ─ você tem lido o jornal esses dias? Parece que não somos mais a notícia principal, né? ─ Lee Chan desatou a falar, sorrindo amarelo. Sua voz completamente diferente da última vez em que haviam se visto parecia tentar aliviar o clima tenso que pairava ali ─ também fiquei sabendo que o Seungkwan brigou feio com a dire-
─ diz logo o que você quer comigo, Chan ─ Seungcheol interrompeu, impaciente.
Aquilo surpreendeu o mais novo, que nunca o havia visto falar tão sério daquela maneira. Seus dentes cerrados e as sobrancelhas franzidas fizeram Lee Chan arregalar levemente os olhos e engolir em seco, congelando em seus passos.
─ certo, eu... vou direto ao ponto ─ suspirou, encolhendo-se instintivamente ─ eu sinto muito, Seungcheol. Eu finalmente me dei conta do quanto eu errei com você e queria que soubesse disso.
Seungcheol ofegou em surpresa, relaxando minimamente, mas não disse nada. Esperou para ouvir o que mais Lee Chan diria.
─ não só com você, mas com a Tzuyu também. Na verdade, em continuo errando com ela ─ o Choi franziu levemente o cenho, curioso ─ porque ainda estou com ela, mesmo depois de tudo. Mesmo gostando de outra pessoa e sabendo que ela não merece nada disso ─ seu olhar sugestivo deixava claro o que ele queria dizer, mas ele não fez movimento algum para se aproximar.
Aquilo deixou Seungcheol aliviado. Pelo menos seu espaço pessoal estava sendo respeitado.
─ você não errou sozinho ─ murmurou, balançando a cabeça para tentar organizar seus pensamentos.
Estava desconfortável com aquela conversa e, por isso, se sentia incapaz de dizer algo a mais.
─ mas você foi o mais prejudicado ─ o mais baixo murmurou, desviando o olhar ─ foi você quem ficou mal falado por aí e eu realmente me sinto culpado por isso. Se você quiser, eu posso dizer pra todos pararem de te infernizar. Eu posso fazer isso por você. Por favor, me perdoe ─ a última frase soou mais como uma súplica e ele arriscou dar um passo a frente, mas Seungcheol sinalizou para que ele mantivesse a distância que existia entre eles.
─ não preciso que você faça nada por mim, Chan ─ respirou fundo, mantendo a voz calma e a postura ereta. Era quase como se os dois tivessem trocado de personalidade desde seu último encontro ─ se quiser fazer algo, faça por você mesmo, tudo bem? Nós não somos mais nada. Nunca fomos, então não há razão pra tudo isso.
Sabendo que não existia mais assunto algum entre eles, Seungcheol o deu as costas, pronto para sair dali. Ele teria feito isso, mas sentiu a mão do mais novo tocar seu ombro, chamando sua atenção e o impedindo de continuar.
─ você tá gostando dele? ─ Seungcheol o encarou por cima do ombro com uma sobrancelha erguida ─ Yoon Jeonghan, o representante de classe. Eu vejo vocês juntos pelos corredores quase todas as manhãs e também vejo como se olham. Acho que todos percebem ─ lamuriou, sentindo-o mexer seu ombro para afastar o toque.
─ isso não te diz respeito ─ Seungcheol respondeu firme, deixando claro que não estava disposto a prolongar aquela conversa ─ mas sim, eu gosto muito do Jeonghan ─ ainda assim, as palavras pularam naturalmente de seus lábios e, em seu coração, sentia como se já tivesse assumido aquilo em voz alta várias vezes ─ espero que respeite isso e não me procure de novo. Vou assumir que todo e qualquer assunto entre nós tenha sido resolvido aqui, sem ressentimentos.
E, sem dizer mais nada, Seungcheol saiu dali, finalmente livre daquele peso que carregava nas costas e pronto para deixar toda aquela angústia para trás e viver uma nova fase em sua vida. E ele já sabia por onde começar.
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Mingyu observava, através das grandes janelas, as ruas se iluminarem a medida que alguns postes se ascendiam. As poucas estrelas que brilhavam no céu escuro deixavam toda a paisagem mais bonita e, de certa forma, acalmava o coração agitado do professor, que batucava seus dedos contra a madeira da mesa, ansioso.
Estava sentado em um banco estofado em couro falso preto, no canto mais privado de um de seus pubs favoritos da cidade. Já havia estado ali com Wonwoo algumas vezes, mas agora era diferente. Ele sentia-se como um adolescente de novo. Um adolescente inexperiente prestes a ter seu primeiro encontro com um crush de escola.
Era uma sensação irracional, um nervosismo desnecessário diante de tudo o que havia vivido ao lado do Jeon nos últimos meses, mas inevitável se levasse em conta os acontecimentos recentes.
─ oi.
E então ele rapidamente ergueu seu olhar até o dono daquela voz grave, porém gentil, de que tanto gostava, sorrindo automaticamente ao ver Jeon Wonwoo bem ali, olhando para ele com um brilho quase indecifrável nas órbes escuras. Mingyu percebeu, mesmo através das lentes grossas dos óculos dele e uma familiar sensação de conforto abraçou seu peito e fez seus ombros relaxarem enquanto o mais novo ocupava o assento em frente ao seu.
Mingyu quis se inclinar levemente na direção dele para selar seus lábios. De última hora, o pensamento de que aquela não era uma boa idéia lhe surgiu a mente, então ele permaneceu na mesma posição, sem conseguir dizer nada além de um cumprimento tímido, mas alegre.
─ oi.
Então Mingyu tomou alguns segundos apenas para admirar o homem em sua frente. A expressão serena, mas o olhar preocupado. Os lábios comprimidos em uma linha fina, como alguém que tem muito a dizer, só não sabe por onde começar. Os fios negros ligeiramente bagunçados e os óculos arredondados que o tornavam sexy e adorável. Tudo ao mesmo tempo.
Naquele momento, Jeon Wonwoo era como uma poesia. Uma poesia composta por elementos confusos mas que faziam total sentido e, se a perfeição realmente existisse, certamente se pareceria com ele. Uma linda bagunça.
Mingyu, que nunca fora um homem religioso, jurou silenciosamente que poderia facilmente desistir do céu apenas para toca-lo mais uma vez. Ele sabia que Wonwoo era o mais próximo que chegaria do paraíso, caso existisse um.
Wonwoo, por sua vez, não sabia como agir diante do mais velho. Pela primeira vez, não sabia se Mingyu estava chateado ou se o culpava por tudo o que aconteceu e, sinceramente, sentia medo de descobrir.
Esse medo o consumia desde que haviam marcado aquele encontro, mas ele tentava parecer tranquilo, muito embora seu coração se apertasse em puro pavor apenas em pensar sobre como aquela conversa poderia se desenrolar. Diante disso, decidiu esperar até que Mingyu iniciasse um diálogo. Só assim saberia como ele estava se sentindo.
─ sabe, acho que não há motivo pra esse clima esquisito entre a gente ─ Mingyu quebrou o silêncio, suspirando enquanto ainda tentava organizar seus pensamentos e o que diria a seguir. As vezes era difícil perceber que ele era o mais velho daquela relação.
─ você tem razão ─ Wonwoo assentiu em um fio de voz, soltando um risinho constrangido em seguida ─ mas eu não sei o que dizer. Acho que tudo o que eu posso dizer é que sinto muito ─ murmurou, abaixando o olhar.
─ sente pelo que? ─ o Kim questionou, franzindo a testa ─ Wonwoo, eu não quero que você pense, nem por um segundo se quer, que isso foi culpa sua. A minha demissão, eu quero dizer ─ Wonwoo não respondeu, mas voltou a encara-lo e, por meio de seu olhar doce, Mingyu fez questão de transmitir a sinceridade de suas palavras ─ você é importante pra mim, Wonwoo. E eu não me arrependo de nós.
E então Wonwoo sorriu. Ou pareceu ter sorriso, já que seus olhos diminuíram de tamanho.
─ não?
─ nem por um momento ─ afirmou, estendendo sua mão sobre a mesa para tocar a do mais novo, que estava apoiada sobre a madeira. Quando seus dedos se tocaram, tudo voltou a fazer sentido.
─ isso quer dizer que... ─ Wonwoo hesitou por um momento, apertando a mão maior contra a sua ─ você não me odeia? Você não quer desistir da gente?
Mingyu riu incrédulo.
─ como eu poderia te odiar, Won? ─ murmurou, respirando fundo antes de continuar ─ sabe, um cara muito inteligente e bonito me disse uma vez que, as vezes, a gente só sangra pra saber que estamos vivos ─ e, apenas pelo olhar que recebeu do Jeon, soube que ele o havia entendido ─ você se forma em alguns dias. Depois disso, poderei te apresentar como meu namorado oficialmente, hm?
─ e quem disse que eu quero ser seu namorado, hein? ─ seu tom de voz era divertido e ele permitiu que uma risada descontraída escapasse de seus lábios. Seu olhar, no entanto, era cheio de carinho e ele já não sentia mais vontade de chorar.
Não por tristeza, afinal, os tempos difíceis pareciam estar ficando para trás. Finalmente não existia mais empecilhos entre eles, que, finalmente, poderiam viver aquele sentimento sem medos ou restrições.
Aquele sentimento que era a coisa mais real que já haviam sentido.
─ eu te amo.
─ eu sei ─ Mingyu sorriu ─ eu também te amo.
─ eu sei.
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Nota de esclarecimento: é provável que vocês esperassem por um desfecho diferente entre o Seungcheol e o Chan. Porrada e tudo mais, mas não era isso que eu queria, sabe? O Seungcheol dessa fanfic sempre foi mais tranquilo, na dele e bem da paz, então não faria sentido colocar ele pra discutir com alguém.
Sinto muito se ficou parecendo raso ou sei lá.
Enfim, espero que gostem do capítulo (e sim, a fanfic já tá quase acabando :')
Até mais ♡
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