
09 | bailes, infortúnios e decepções.
Eram cerca de oito da noite quando Seungcheol estacionou em frente a casa dos Yoon. Assim como combinado, ele estava lá para buscar Jeonghan e leva-lo ao baile tal qual nos filmes americanos.
Dirigia o carro de sua mãe que, depois de muita insistência, o havia dado autorização. Sabia que o filho era habilitado a apenas alguns meses e, embora dissesse que não queria arriscar o seu precioso carro, acabou cedendo.
Vestia seu melhor ─ lê-se único ─ terno que havia ganhado como presente de natal de uma tia rica. Presente esse que ele nunca chegou a compreender mas que, naquele momento, estava sendo bastante útil. Por sorte, ele tinha também uma gravata vermelha e um sapato social de seu pai. Não era grande coisa, mas sim o suficiente para impressionar até a si mesmo, que nunca sequer cogitou vestir roupas tão diferentes do seu habitual.
Depois de checar-se no espelho uma última vez apenas para verificar se estava apresentável ou não, Seungcheol finalmente desceu do veículo e, com as pernas tremendo em puro nervosismo, caminhou até a pequena varanda da casa, secando a palma de sua destra na calça social antes de tocar a campainha, mantendo o braço esquerdo atrás de suas costas.
"Eu atendo, eu atendo!", ele ouviu uma voz quase infantil gritar do lado de dentro e, quando a porta foi aberta, apenas alguns segundos depois, Seungcheol viu uma garota baixinha, magricela e de fios pretos curtinhos que parecia ser uns três ou quatro anos mais jovem do que Jeonghan sorrir para si de forma quase assustadora, escaneando-o dos pés a cabeça com seu olhar afiado.
─ oi... ─ cumprimentou acanhado ─ sou Seungcheol.
─ Jeonghan, seu namorado chegou! ─ ela gritou logo em seguida, ignorando seu cumprimento e agarrando seu pulso, puxando-o para dentro sem muito esforço, ato que o deixou sem reação.
─ eu já tô descendo, Jeongyeon ─ a voz de Jeonghan soou abafada, mas clara o suficiente para fazer o Choi arregalar levemente o olhar. Ele não havia negado a fala da garota que, provavelmente, era sua irmã pirralha e insuportável, segundo as palavras do próprio Yoon.
─ vem, cara ─ ainda segurando o pulso de Seungcheol, Jeongyeon o guiou até o sofá da sala de estar, onde se sentou confortavelmente, esticando as pernas sobre a mesa de centro. O Choi não pôde deixar de notar o jeito meio moleque da menina ─ senta aí.
Mesmo acanhado, Seungcheol fez como lhe fora dito, ocupando o lugar vago ao lado da garota, mantendo as mãos apoiados sobre as pernas e uma expressão tranquila no rosto, que escondia muito bem a forma como ele realmente estava se sentindo naquele momento.
─ foi mal, eu nem me apresentei ─ a garota bateu na própria testa, chamando a atenção de Seungcheol para si novamente ─ sou Jeongyeon, Jeongi pros íntimos. E, pelo visto, você é o Seungcheol ─ arqueou levemente sua sobrancelha esquerda ─ meu irmão tem falado bastante de você ultimamente. Tipo, muito mesmo. E olha que ele mal fala comigo.
Aquela informação pegou o mais velho de surpresa, fazendo-o girar levemente seu tronco na direção de Jeongyeon, focando seu olhar na garota.
─ é mesmo? mais do que ele já falou sobre Boo Seungkwan? ─ Seungcheol decidiu usar aquela oportunidade para sondar o território em que estava pisando e, quem sabe, conhecer um pouquinho mais sobre como era Jeonghan quando ele não estava por perto. De repente, se sentia muito interessado em tais informações.
─ e quem é Boo Seungkwan? ─ Jeongyeon questionou de volta, tombando sua cabeça levemente para o lado e, por algum motivo, aquilo fez com que Seungcheol sentisse seu coração bater de forma diferente. Ele estava satisfeito com aquela resposta.
─ Seungcheol, querido! ─ antes que ele pudesse responder a garota, uma voz doce e já conhecida pelo Choi os interrompeu. Ao erguer seu olhar, encontrou Minji caminhando em sua direção e mantendo um sorriso amistoso no rosto. Atrás dela estava um homem de meia idade que Seungcheol acreditava ser o patriarca da família ─ está tão bonito, meu bem. Um príncipe.
Minji elogiou observando-o se levantar para que pudesse cumprimenta-la corretamente, mas foi rápida em envolve-lo em um abraço caloroso.
─ obrigado, senhora Yoon.
─ não precisa agradecer, meu bem. É apenas a verdade ─ disse, se afastando ─ acredito que você já tenha conhecido Jeongyeon, nossa caçula ─ sorriu ao receber um aceno em confirmação ─ bem, esse aqui é o meu marido, Doyoon.
─ muito prazer, senhor.
─ olá rapaz ─ o homem manteve sua expressão impassível, avaliando Seungcheol minuciosamente por um momento ─ o Jeonghan se atrasou pra tomar banho, mas já deve descer ─ e então ele sorriu amistoso, fazendo com que a tensão que havia se instalado na sala de estar se dissipasse tão rapidamente quanto foi formada.
Seungcheol acenou brevemente, devolvendo o sorriso conforme se sentia mais relaxado. Observou os pais de Jeonghan revirarem algumas gavetas, parecendo procurar por algo e então Jeongyeon, que puxou a manga de seu paletó para lhe chamar a atenção.
─ por que você gosta do Jeonghan, hein? Ele é tão chato! ─ o moreno não conseguiu conter um riso fraco que escapou por entre seus lábios ao perceber o quão parecidos eles eram e então deu de ombros.
─ talvez os chatos sejam o meu tipo ─ sua resposta fez um sorriso travesso se moldar no rosto da garota, que não teve tempo de responder pois, no segundo seguinte, a voz de Jeonghan soou bem próxima de onde eles estavam.
─ tô pronto e, vejam só, nem me atrasei tanto assim. Só uns cinco minutos!
O pescoço de Seungcheol se moveu tão rapidamente na direção do mais novo que ele pôde jurar que o ouviu estalar mas, quando seus olhos pousaram no mais novo, não teve tempo o suficiente para se importar com isso.
Yoon Jeonghan estava a alguns passos de si e Seungcheol perguntou, para ninguém mais além de si mesmo, se seria crime alguém parecer tão bonito assim.
O Choi nunca duvidou da beleza etérea do mais novo, mesmo porque aquilo era algo inegável, ainda assim, ele parecia ainda mais irreal naquela noite.
Jeonghan vestia um smoking completamente preto, bem parecido com o do próprio Seungcheol, mas com a diferença de que sua cintura fina ficava bem marcada naquele tecido. Seus cabelos longos estavam completamente soltos e caiam sobre seus ombros. A franja bem penteada para o lado permitia que Seungcheol notasse a leve maquiagem que adornava seus olhos expressivos.
─ se atrasou por nada. Continua ridículo como sempre ─ a Yoon mais nova provocou o irmão, mas seu sorriso deixava claro que ela estava apenas brincando. Jeonghan mostrou a língua para ela, sem se importar em responder.
─ olá, Cheol ─ sorriu da forma mais adorável possível assim que seus olhares se encontraram, aproximando-se do mais velho e ficando na ponta dos pés para beijar-lhe a bochecha.
Seungcheol, por sua vez, sentiu suas bochechas corarem ao ter o menor tão perto de si.
─ oi ─ murmurou, engolindo em seco. Seu coração batendo descompassado ao sentir o perfume doce invadir seu olfato ─ hm, eu trouxe algo pra você ─ disse assim que Jeonghan se afastou, enfiando sua destra no bolso de seu paletó e tirando de lá um ramo delicado que era decorado com flores brancas bem pequenininhas, colocando-o na altura dos olhos do mais novo que, por sua vez, intercalou seu olhar entre o enfeite e os olhos escuros do Choi ─ eu não consegui encontrar aqueles corsages de filme, mas quando eu vi essas flores, eu lembrei de você e... Bem, eu achei que ficaria bonito no paletó.
─ lembrou de mim?
─ sim ─ Seungcheol acenou positivamente e, naquele momento, com seus olhos focados um no outro, nada mais parecia existir ao seu redor ─ achei elas tão lindas e delicadas quanto você ─ Jeonghan não disse nada, mas o sorriso que mantinha no rosto pálido era o suficiente para fazer Seungcheol entender que havia dito a coisa certa ─ eu posso? ─ questionou, estendendo o pequeno ramo na direção do mais novo que, com um breve menear de cabeça, assentiu.
Não demorou mais do que dois segundos para que Seungcheol prendesse o enfeite na altura do peito de Jeonghan, do lado esquerdo do paletó, admirando o resultado por alguns segundos. O Yoon também olhava para o moreno, suspirando inconscientemente ao perceber o quão diferente ele ficava naquelas roupas formais. Um diferente bom, é claro.
Permaneceram daquela maneira até que um leve pigarrear os trouxesse de volta a terra, fazendo-os desviar o olhar.
─ meninos, queremos tirar uma foto dos dois! ─ Minji exclamou e, apenas então, os garotos notaram a câmera fotográfica que o pai de Jeonghan segurava em mãos. Provavelmente o que ele procurava anteriormente ─ ali, no pé da escada!
Seungcheol e Jeonghan se limitaram em concordar, seguindo até a direção que lhes fora apontada e se posicionando um ao lado do outro assim que Doyoon apontou a câmera em sua direção.
─ não acredito que você realmente fez toda essa coisa de filme ─ Jeonghan sussurrou ainda olhando para frente, sorrindo com o canto dos lábios. Aproveitou aquele momento para enganchar seu braço no do mais velho, aproximando seus corpos.
─ você pediu, então eu fiz.
Jeonghan não conseguiu evitar o calor que se espalhou por seu peito diante daquela simples frase e, então, antes que seu pai pudesse apertar o botão da câmera, foi rápido em envolver o pescoço do mais alto com seus braços, trazendo-o para mais perto do seu rosto e sorrindo abertamente a medida que seus olhos se transformavam em dois pequenos risquinhos. Seungcheol entre-abriu os lábios em genuína surpresa e levou sua destra até a mão de Jeonghan, que segurava sua bochecha. Foi nesse exato instante que um click foi ouvido, capturando aquele momento.
No instante seguinte, quando se separaram e ouviram um riso contido vindo de Jeongyeon ecoar pela sala, juntamente do sorriso de Minji ao observar a fotografia tirada, Seungcheol percebeu. Ao lado de Yoon Jeonghan ele poderia, finalmente, descobrir com o que o amor se parece.
O primeiro passo já havia sido dado. Seungcheol gostava de Jeonghan mais do que deveria e admitir aquilo, mesmo que apenas para si mesmo, já era uma grande coisa.
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─ Seokmin! ─ Jeonghan elevou sua voz afim de que o melhor amigo pudesse ouvi-lo, mesmo com a música alta que ecoava pelas caixas de som espalhadas pelo ginásio e seguiu até o mais novo juntamente com Seungcheol, que o seguia em completo silêncio ─ oi ─ disse assim que já estava próximo o suficiente para o fazer sem precisar gritar e notou o Lee concentrado em seu celular, batendo o pé contra o piso várias vezes seguidas, parecendo impaciente.
─ oi Hannie hyung ─ acenou, mas não o olhou de volta ─ oi Seungcheol hyung.
─ o que você tá fazendo? É hora de dançar, colocar essa bunda pra jogo e não de ficar com a cara enfiada no celular!
─ você falou igualzinho a minha mãe ─ o ruivo resmungou, mas guardou o aparelho no bolso traseiro de sua calça ─ eu tô esperando uma mensagem do Jisoo. Ele disse que estaria aqui as oito e meia, mas nada até agora.
─ relaxa, são oito e quarenta agora ─ Seungcheol tomou a liberdade de lhe dar dois tapinhas no ombro, quase como que em um consolo silencioso ─ vai ver ele só pegou um pouco de trânsito.
─ é! ─ Jeonghan concordou ─ ele já vai chegar, Seok ─ sorriu ladino, apertando levemente as bochechas magras do melhor amigo ─ agora some com essa cara de cu e aproveita um pouco. Não é todo dia que eu te vejo bonitão desse jeito ─ provocou, mechendo suas sobrancelhas de forma engraçada, coisa que arrancou uma risadinha de Seungcheol e um revirar de olhos do mais novo.
─ vou aproveitar sim ─ dessa vez, ele sorriu ─ trouxe uma coisinha pra colocar no ponche. Sabe, só pro caso das coisas ficarem tediosas demais ─ sussurrou para que apenas os dois mais velhos escutassem, mesmo sabendo que a música alta e as conversas paralelas ao seu redor abafavam qualquer coisa que dissesse.
─ que tipo de coisa?
─ uma vodka que eu peguei emprestado do meu pai ─ deu de ombros, tirando uma pequena garrafa que escondia no bolso interno do seu smoking. Seungcheol arregalou os olhos, mas não disse nada.
─ Seokmin! ─ Jeonghan repreendeu ─ não beba tudo sem mim! ─ os dois melhores amigos riram logo em seguida, e o Lee assentiu brevemente antes de passar seus olhos pelo ambiente lotado.
─ vou dar uma volta por aí e ver se o Jisoo hyung já não chegou ─ disse ─ vejo vocês depois ─ e, sem dizer mais nada, ele sumiu por entre a multidão deixando um Jeonghan bastante pensativo para trás.
A verdade é que o Yoon não estava com um bom pressentimento sobre Seokmin e Jisoo, mas é claro que manteria seus pensamentos em segredo para não estragar a noite do mais novo. Ainda assim, era difícil não pensar nas várias coisas que poderiam acontecer naquela noite. A maioria delas acabando em um Lee de coração partido e rosto choroso.
─ o que houve? ─ de repente, sentiu-se arrepiar quando a voz grave de Seungcheol soou próxima de seu ouvido. O hálito quente batendo contra sua bochecha e o fazendo tremer ligeiramente ─ você ficou estranho do nada.
─ ah, não se preocupe ─ balançou sua cabeça algumas vezes, afastando aqueles pensamentos ruins de sua mente e fixando seu olhar no mais alto, apreciando a forma como as luzes coloridas reluziam nos olhos castanhos parcialmente cobertos pelos fios que caíam por ali ─ não foi nada.
Seungcheol conseguiu perceber que havia mais por trás daquelas palavras, mas resolveu não questionar. Sabia que, caso Jeonghan desejasse falar sobre isso mais tarde, ele faria por conta própria.
─ aliás ─ antes que Jeonghan desviasse o olhar, o Choi colocou uma pequena mecha do cabelo longo atrás da orelha do menor, sorrindo suavemente em sua direção antes de concluir ─ ainda não tive a oportunidade de te dizer, mas você está lindo.
"Tão lindo que nem parece real", pensou em completar, mas se calou.
Jeonghan, por outro lado, sentiu-se repentinamente tímido diante do elogio sincero e suas bochechas arderam, fazendo-o desviar o olhar para as próprias mãos para esconder o sorriso derretido que ameaçou escapar.
─ você também está lindo, Cheol.
"Lindo o suficiente para fazer meu coração sentir inveja dos meus olhos", Era o que Jeonghan queria ter dito, mas preferiu manter aquele pensamento apenas para si. Pelo menos por enquanto.
⠀⠀.⠀.⠀.⠀
─ aqui, a sua bebida ─ Seungcheol se aproximou de Jeonghan, estendendo a ele um copo vermelho descartável igual ao seu próprio, este que foi prontamente aceito. Logo em seguida, se escorou na parede de tijolos coberta por um tecido azul claro, bebendo um gole do líquido vermelho de qualidade duvidosa que os professores estavam servindo naquela noite.
─ obrigado! ─ agradeceu e Seungcheol não pôde deixar de notar o seu olhar vagando pelo ambiente barulhento e seu indicador rodeando a extremidade do copo que acabara de receber. Ele parecia agitado e ansioso e Seungcheol imaginou que fosse porque Seungkwan não havia dado as caras até agora. Seokmin também já havia sumido a uns bons quinze minutos e o Choi imaginou que essa fosse outra das preocupações do mais novo.
Diante disso, segurou a mão livre dele, que descansava ao lado de seu corpo, apertando-a em um conforto silencioso, sem dizer ou questionar qualquer coisa.
O olhar do Yoon rapidamente se focou na cena de suas mãos unidas em seu meio e, no mesmo momento, seus ombros relaxaram sutilmente.
Se mantiveram daquela maneira por mais alguns minutos, aproveitando o silêncio confortável que se estabeleceu entre eles e movendo seus corpos no ritmo da música que tocava enquanto seus dedos permaneciam sutilmente entrelaçados.
Esse momento de paz, no entanto, durou por pouco tempo, já que minutos depois, ouviram um burburinho se formar entre um grupo de garotas que conversava próximo de onde estavam.
Dentre as vozes avulsas que se sobressaíam a música alta, Jeonghan reconheceu a voz de Sakura e seus ouvidos rapidamente se tornaram atentos a conversa que acontecia a alguns passos de si.
─ aquele ali é o Seungkwan? Tipo, o Boo Seungkwan?
─ sim! ─ foi Jimin quem respondeu. Jeonghan estreitou o olhar, apertando levemente a mão do Choi para chamar-lhe a atenção ─ e ele não tá sozinho. Ele tá com...
─ Hansol.
Como que para confirmar o que havia acabado de ouvir, Jeonghan e Seungcheol direcionaram seus olhares até a porta do ginásio a tempo de encontrar Boo Seungkwan adentrando o local lado a lado com Chwe Hansol. A mão do mais novo envolvendo a cintura do Boo, que esbanjava um sorriso arrogante nos lábios vermelhos.
Aquilo não era possível, era? Devia ser um engano. Tinha que ser um engano.
Era o que Jeonghan repetia incessantemente para si mesmo a medida que seu olhar acompanhava o caminho que Seungkwan fazia em direção aos amigos. No entanto, quando os olhos afiados do Boo encontraram com os dele e aquele sorriso repleto de superioridade e presunção foi direcionado a si, Jeonghan teve a mais plena certeza de que aquela cena não era fruto de sua imaginação.
─ não acredito que aquele maconheiro nos passou a perna!
─ espera, você tem certeza que disse que ele devia deixar o Seungkwan plantado aqui? ─ Seungcheol questionou em um murmúrio, olhando de soslaio para o menor, que havia afastado suas mãos e cruzado os braços sobre o peito. Sua expressão fechada e uma ruga de indignação se formando entre as sobrancelhas.
─ sim! Eu disse isso com todas as letras ─ exclamou irritado ─ e eu tinha quase certeza que ele não tava chapado naquela hora. Que merda!
Jeonghan permanecia com seu olhar focado na maneira como Seungkwan e Hansol sorriam um para o outro, parecendo íntimos demais para duas pessoas que nunca haviam sido vistas juntas antes. Aquilo foi o suficiente para fazer Jeonghan entender que se vingar de Seungkwan exigiria muito mais de si do que apenas confiar em um garoto qualquer que se vendia por míseros 50 mil wons.
Ele precisaria jogar baixo. Tão baixo quanto o próprio Boo.
─ olha ─ Seungcheol chamou sua atenção, tocando gentilmente em sua bochecha afim atrair o o olhar profundo do Yoon para si ─ eu sei que isso é bem frustrante e tudo mais, mas já que nós estamos usando nossas melhores roupas essa noite, então por que não esquecemos isso por agora e vamos dançar, hm? ─ de repente, Jeonghan se tornou muito consciente da música lenta que tomava conta do ambiente, bem como do toque reconfortante contra sua pele fria. Tomou algum tempo para admirar a expressão leve e calma no rosto alheio, que o encarava esperançoso em busca de uma resposta.
Naquele momento, Seungcheol nem se quer parecia se importar com aquele plano idiota e Jeonghan decidiu que poderia deixar aquilo para lá, assentindo lentamente em concordância.
Em meio a um sorriso satisfeito, Seungcheol envolveu sua cintura de forma delicada e tranquila, espalmando a região com seus dedos e acariciando levemente a região com o polegar, deixando um suspiro suave escapar quando Jeonghan retribuiu o toque, passando os braços pelo seu pescoço.
De início, dançaram de forma desajeitada e sem qualquer ritmo, apenas tentando acompanhar um ao outro, rindo brevemente quando, sem querer, acabavam pisando no pé alheio.
Seus olhares sempre conectados e os corações batendo em sincronia, mesmo que eles não soubessem disso.
─ eu ainda tô muito puto! ─ Jeonghan resmungou frustrado, encostando sua testa contra a do mais alto sem desviar o olhar das órbes escuras. Suas respirações se misturando em seu meio e os lábios franzidos em um biquinho adorável que rapidamente captou a atenção do moreno, que desceu seu olhar atento até a boca bonita, de repente, lhe parecendo atraente demais.
─ está? ─ Jeonghan murmurou em concordância, mas Seungcheol não respondeu. Pelo menos não com palavras.
Em meio a um sorriso travesso, porém gentil, o Choi findou a distância que ainda existia entre eles e pressionou seus lábios contra os do Yoon, que foi pego de surpresa pela ação repentina.
Assim que tomou consciência do que acontecia, porém, Jeonghan sorriu contra a boca alheia e o beijou de volta, sentindo uma das mãos do maior escorregarem até o seu quadril, apertando levemente o local enquanto, com a outra, ele acariciou sua bochecha com a lentidão que aquele momento pedia.
Seus lábios se moviam em perfeita sincronia, ora de forma intensa, ora mais carinhosa.
Jeonghan quase não conseguiu acreditar que Choi Seungcheol realmente o estava beijando. Ele tinha cheiro de baunilha e os lábios quentes com gostinho de menta. As mãos, sempre tão precisas, faziam um excelente trabalho em passear pelas curvas do mais novo com curiosidade, emaranhando seus dedos longos pelos fios escuros do Yoon, encostando ainda mais seus corpos e aprofundando o beijo, permitindo-se, por aquele momento, esquecer de onde estavam.
Jeonghan não se lembrava de ter sido beijado de tal maneira antes. Ainda assim, correspondeu o beijo com devoção, mordiscando os lábios macios e enroscando sua língua na dele.
Choi Seungcheol beijava muito, muito bem e tal informação ficaria gravada eternamente nos pensamentos de Jeonghan.
─ espero que isso tenha te ajudado ─ Seungcheol sibilou rente aos lábios alheios assim que se afastaram em busca de fôlego. A música que dançavam anteriormente já se encaminhava para o seu final e, por sorte, os adolescentes ao seu redor pareciam muito mais focados em acertar o ritmo da dança do que no que eles estavam fazendo.
─ hm, não sei. Acho que vou ter que te beijar de novo pra ter certeza.
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Seokmin sempre foi um piadista, brincando em qualquer situação e fazendo graça até com as próprias desgraças enquanto fingia não se abalar.
Quem o conhecia superficialmente acreditava que nada o incomodava e que ele não se importava com absolutamente nada. Que estava tudo bem fazer e falar o que quer que fosse já que "Seokmin não estava nem aí".
Desta vez, no entanto, ele sabia que seria incapaz de fingir que estava tudo bem e que não estava doendo.
Do outro lado da escola, onde a música alta e os gritos entusiasmados não passavam de sons abafados e distantes, estava Seokmin. Sentado sobre o gramado úmido pelo orvalho da noite e tendo como única companhia a pequena garrafa que havia levado escondido, esta que já estava meio vazia, ele lia e relia as mensagens que recebera a pouco enquanto tentava manter as lágrimas longe. Acabou falhando, pois seu coração pedia para que ele chorasse.
Eu cometi um erro, Seokmin. Não quero mais te ver. Não quero que me mande mais mensagens e nem que me procure. Não quero que fale comigo na igreja e, se eu ainda puder te pedir algo, peço que me esqueça e esqueça tudo o que aconteceu entre nós.
Eu não sou mais problema seu.
Era o que Jisoo dizia em sua mensagem mais recente. Mais frio do que Seokmin imaginou que ele pudesse ser. Naquele momento, deixou um soluço escapar e se permitiu descarregar toda a tristeza em forma de lágrimas grossas que caíam incessantemente.
Viver nas sombras nunca fez alguém menos gay, Jisoo.
Digitou apesar dos dedos trêmulos e da visão turva, mas aquela mensagem, no entanto, nunca chegou a ser enviada. Jisoo o havia bloqueado. Com apenas um click, o apagou completamente de sua vida sem pensar duas vezes. Para Seokmin, seria impossível fazer o mesmo. Impossível porque, mesmo doloroso, aquele amor ainda era tudo o que ele tinha.
E por causa disso, ele chorava.
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Pois é, deu tudo errado, mas pelo menos teve beijo, né? A partir daqui o bagulho vai ficar muito doido :) espero que vocês gostem mesmo assim k
Até breve <3
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