⋆ㅤ⎯⎯ 𝖣𝖨𝖠𝖲 𝖠𝖳𝖴𝖠𝖨𝖲 . . .
𝗔𝗗𝗘𝗟𝗜𝗡𝗘 𝗩𝗔𝗡𝗗𝗘𝗥𝗕𝗜𝗟𝗧.
𝐏𝐎𝐈𝐍𝐓 𝐎𝐅 𝐕𝐈𝐄𝐖!

O ar gélido envolve o início da noite, uma neblina percorre pela ilha como uma nuvem de fumaça amaldiçoada. Amaldiçoada como qualquer outra coisa nesse lugar. Como cada pessoa que está aqui se torna amaldiçoada, parece que esse lugar tem esse poder, não só essa ilha como Thunder Bay, esses lugares tendem a mostrar quem realmente são as pessoas. Em Thunder Bay as pessoas não precisavam esconder quem realmente elas eram, dava para vê isso nelas tanto quanto via que alguém estava infeliz.

Cidades pequenas tendem a mostrar como as pessoas podem ser gananciosas, amarguradas, duronas, infelizes e que existe a pior raça do ser humano. E eu soube disso da pior maneira de se saber.

Tento não voltar sempre na noite do acidente mas é como se aquela sensação de medo, angústia, da perda, da ansiedade, do ar fugindo dos meus pulmões enquanto eu não conseguia controlar meu corpo trêmulo. Ainda consigo sentir o cheiro da fumaça se alastrando pela casa, do olhar do meu pai para mamãe quando já era tarde, me lembro de como o lugar ficou cheio de pessoas tão rápido quanto em uma loja em liquidação. Os olhares de acusação. Apenas seus olhares me torturaram mais do que vê minha casa pegando fogo com meus pais dentro sendo queimados vivos, eu não conseguia chamar por eles, a única coisa que vi antes de sair da casa foi o rosto da minha irmã mais velha e então a casa se destruiu em cinzas arruinando tudo que poderia ter um final feliz.

Se houvesse a chance de ter um.
𝐸𝑚 𝑇ℎ𝑢𝑛𝑑𝑒𝑟 𝐵𝑎𝑦 𝑛𝑎𝑜 𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑖𝑠 𝑓𝑒𝑙𝑖𝑧𝑒𝑠.
Apenas a certeza de que ninguém naquela cidade é confiável, que todos teremos o mesmo destino: 𝐴 𝑚𝑜𝑟𝑡𝑒.

Observo as águas calmas e escuras da ilha. O mar parece tão calmo. Mas algo sombrio rodeia este lugar, talvez os segredos ou 𝑔𝑟𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑐𝑜𝑟𝑟𝑜𝑠 𝑎𝑏𝑎𝑓𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑚𝑎𝑒. Gritos por ajuda que foram ignorados ao notar pelo lugar onde ela estava. Agora os meus gritos por socorro também foram ignorados, agora apenas uma coisa habita na minha mente, a sede 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑛𝑔𝑎𝑛𝑐𝑎.

𝑉𝑖𝑛𝑔𝑎𝑛𝑐𝑎. 𝑉𝑖𝑛𝑔𝑎𝑛𝑐𝑎. 𝑉𝑖𝑛𝑔𝑎𝑛𝑐𝑎.

As palavras destacadas nas paredes da minha mente em letras grandes e vermelhas, como um lembrete. 𝐹𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑒 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑎𝑟𝑖𝑜. Mas outra parte de mim ainda está com receio de ir até o fim com isso mas 𝑒 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑎𝑟𝑖𝑜, 𝑉𝑎𝑛𝑑𝑒𝑟𝑏𝑖𝑙𝑡.

Abraço o meu corpo quando uma brisa passa por mim deixando meu corpo arrepiado pelo frio. 𝐴𝑙𝑔𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑣𝑖𝑚. Meu subconsciente martela me alertando, o arrepio se intensifica me deixando a questionar o que pode acontecer, tudo tem andado tão calmo, como se nem estivéssemos presos em uma ilha sendo controlados por alguém.

Me viro para trás ao escutar passos vindo em minha direção e me volto para olhar o mar quando vejo que é Banks.

── Já estava me perguntando onde a famosa Vanderbilt poderia estar. ─ Dá uma pausa e volta a falar. ── Só poderia estar aqui sozinha. ─ Diz e se senta ao meu lado na grama.

── Gosto de ficar sozinha.

── Você está sempre sozinha. ─ Retruca.

── Por isso mesmo, as pessoas não enchem o meu saco desse jeito. ─ Olho para ela que me olha com tédio.

── Desculpa pela Emory, tá legal? Às vezes ela age de formas desnecessárias. ─ Banks volta ao assunto do confronto de Emory e eu.

── Você não deveria se desculpar por ela, você não tem nada haver com o que ela pensa de mim, Banks. ─ Murmuro em resposta.

── Mesmo assim acho que um de nós merece uma explicação pra você. ─ Protesta paciente. ── Vai vê ela só está com ciúmes do homem dela. ─ Me cutuca com o ombro e eu dou um sorriso fraco.

── Não a deixe ouvir falando assim do Grayson. ─ Brinco.

── Sério, Adeline, o que vocês veem nele? ─ Revira os olhos. ── O Will é tão basiquinho... ─ No entusiasmo penso em rebater mas recuo quando vejo a sua cara de satisfação em vê que havia conseguido o que queria. ── Então quer dizer que a Vanderbilt discorda! ─ Exclama gargalhando e eu desvio o olhar. Como eu fui cair na da Banks?

── Não é nada disso, eu ia dizer que até concordo com você. ─ Minto para ela, mas parece que a mentira está estampada em meu rosto. E claro que é mentira. 𝑊𝑖𝑙𝑙 𝑒𝑠𝑡𝑎 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜. Não posso negar isso. Se a eu adolescente o visse agora iria babar mais do que já babava por ele no ensino médio, a eu de anos atrás sentia vontade de 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑧𝑎𝑟 com ele mesmo ele sendo um garoto saindo da puberdade prestes a se tornar um homem. 𝐼𝑚𝑎𝑔𝑖𝑛𝑎 𝑣𝑒𝑟 𝑜 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑙𝑒 𝑠𝑒 𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜𝑢. Will parece ter mudado na aparência, mas a forma como ele me olha ainda é a mesma não nego que seu olhar ainda tem uma forte influência sobre mim, 𝑒𝑙𝑒 𝑚𝑒 𝑓𝑎𝑧 𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑟 𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑖𝑠𝑎𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑎𝑜 𝑑𝑒𝑣𝑒𝑟𝑖𝑎. O calor pelo meu corpo cresce só de pensar em nossas escapadas noturnas de anos atrás e de como eu ansiava por sua boca por cada parte da minha pele morena. 𝐶𝑜𝑚𝑜 𝑠𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑠𝑒 𝑎𝑔𝑖𝑠𝑠𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚 ℎ𝑜𝑗𝑒 𝑒𝑚 𝑑𝑖𝑎? Um arrepio percorre meu corpo deixando um formigamento no meio das minhas coxas. 𝐷𝑟𝑜𝑔𝑎.

── Você pode até mentir, mas tenho certeza que deve pensar em como seria deitar naqueles braços enormes do Grayson. ─ Da de ombros.

── O Kai sabe que você anda elogiando o melhor amigo dele?

── Porque tá com ciúmes?

── Não preciso ter ciúmes do que não é meu.

── Mas era seu e tá bem óbvio que pode ser de novo, basta você ceder um pouquinho, Vanderbilt. ─ Reviro os olhos não me rendendo a sua provocação e me levanto do gramado.

── Vou entrar, preciso de um banho antes de deitar para dormir. ─ Uso uma desculpa esfarrapada para me livrar dos assuntos envolvendo William Grayson.

── Tá bom... ─ Murmurou sorrindo. ── Até amanhã, Adeline.

── Eu espero que não. ─ Brinco e ela concorda.

── E a sua cara dizer isso. ─ Vou em direção a casa e Banks caminha até Kai que estava mais afastado de nós parado embaixo de uma árvore.

Passei pelo hall de entrada e não vejo ninguém pela casa, o sol já se pôs e anoiteceu a pouco tempo. Meus olhos estão pesados de sono, não estou conseguindo dormir a dias, mas preciso me forçar a conseguir. Subo para meu quarto e me tranco em meu refugio indo para o banheiro.

[...]

Pulo da cama quando escuto um estrondo, acredito ser vindo do lado de fora da casa. Tento acender o abajur que está em cima do criado mudo mais nada. 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑙𝑢𝑧. Escuto passos no corredor e...

── EMORY! ─ A voz que parece pertencer a William grita no corredor. Abro a porta do quarto com os olhos em confusão. Todos estão no corredor olhando para Will que entrava nos quartos vazios da casa ainda chamando por sua namorada.

── Cadê a luz desse lugar? ─ Erika fala tentando acender a luz mas a única luz que temos é a que entra pela janela, a luz da lua.

── O gerador parou de funcionar. ─ Kai surge de um dos quartos com uma ferramenta na mão. ── Acho que deve ter concerto.

── A Emory sumiu e é com isso que vocês estão preocupados? ─ Will questionou com o cenho franzido.

── Prefere procurar ela no escuro? ─ Kai retruca.

── O Kai está certo, Will. ─ Damon interfere com a mandíbula cerrada e então me olha, mas desvio o olhar de seus olhos. 𝑁𝑎𝑜 𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑠𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜 𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎.

── Você já procurou por toda a casa? ─ Pergunto pela primeira vez atraindo as atenções para mim e meio atordoado ele concorda com a cabeça. ── Lá em baixo e...

── Em tudo. Adeline. ─ Não deixa eu terminar de falar e me interrompe.

── Será que pegaram ela? ─ Banks comenta e Will fecha os olhos os apertando como se isso fosse sua culpa.

── Vamos procurar por ela. ─ Indago fechando a porta do meu quarto.

── Eu vou com você. ─ Banks diz.

── Ótimo. Podemos ir duas pessoas para cada lado. ─ Engulo em seco ao sentir o olhar de Damon me observando em cada gesto que faço.

── Vou procurar pelo gerador e tentar consertar. ─ Kai fala e some entre os corredores sendo seguido por Michael.

── Erika vai com a Winter. ─ Damon a pede. ── Se tiver algo de errado me grita. ─ Damon diz à namorada e deixa um beijo em sua testa. Fane e Winter saem deixando apenas Will, Damon, Banks e eu no corredor.

── Vamos começar a procurar por ela lá embaixo. ─ Nikova diz e Will concorda.

── Cuidado. ─ William diz olhando diretamente para mim e não rebato. Isso não seria o certo agora já que ele está preocupado com a namorada.

── Vamos tomar cuidado. ─ Me refiro a Banks e eu.

── Vamos descer com vocês para procurar do lado de fora da casa. ─ Will se recompõe olhando para Damon que concorda.

── Vamos logo, ela pode tá precisando da nossa ajuda. ─ Banks é a primeira a descer as escadas e eu me junto a ela em seguida.

── Parece que alguém aqui não está com medo.

── Você está?

── Já tive medo de coisas piores.

── Admito que fiquei surpresa quando se candidatou a ajudar a procurar a Emory.

── Estou apenas querendo ajudar o Will.

── Sempre o Will.

── Não conheço a Emory tanto que conheço o Grayson, Banks. ─ A lembro.

Quando descemos o último degrau não dá para enxergar muito mas um pouco de luz preenche o hall de entrada, Will e Damon sai da casa e Damon vaga seu olhar para Banks e eu, me viro e vou começar a procura.

Isso estava demorando. Aconteceu algo, estava tudo tão parado que não combina com o lugar mas agora está tudo voltando ao que era quando chegamos. 𝑂 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑒𝑣𝑜𝑟 𝑛𝑎 𝑎𝑟𝑣𝑜𝑟𝑒. Será a Emory a próxima?

── Vamos tentar vê na sala de jantar. ─ Banks sussurra para mim. Olho para a sala que está toda escura e uma brisa fria sai da sala em nossa direção com um cheiro estranho. 𝑆𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒. 𝑆𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒 𝐹𝑟𝑒𝑠𝑐𝑜. Reconheceria esse cheiro em qualquer lugar que o houvesse. Opto para não dizer a Banks mas pela maneira como a vejo me olhar sei que ela assim como eu percebeu.

── Temos que abrir as cortinas e janelas para clarear a sala. ─ Falo para ela ainda olhando a sala engolida pela escuridão.

── Tá legal. ─ Essa é a última coisa que falamos antes de entrarmos na sala e sermos engolidas pela escuridão. Um arrepio corre pela minha espinha e me faz tremer, algo aqui não está certo. Tem algo errado. O cheiro insuportável se intensifica e me faz querer vomitar mas continuo passando minhas mãos pela parede até chegar na cortina mas ao tocá-la sinto algo nas minhas mãos. 𝑂 𝑐ℎ𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑙𝑖𝑐𝑜 𝑝𝑎𝑖𝑟𝑎 𝑛𝑜 𝑎𝑟, 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑜 𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑎𝑑𝑜. Assim como essa sala. Sempre neste lugar, primeiro a morte de Trevor, segundo o fogo e agora....

Um grito agudo ecoou pela sala de jantar ao mesmo tempo que a luz da casa voltou. 𝑂 𝑔𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐵𝑎𝑛𝑘𝑠. Me viro assustada à procura do que aconteceu e levantei as mãos à boca. 𝑁𝑎𝑜.

𝑁𝑎𝑜, 𝑛𝑎𝑜, 𝑛𝑎𝑜.
𝐼𝑠𝑠𝑜 𝑛𝑎𝑜 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟 𝑣𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒.

Mais suspiros de surpresa são escutados quando Erika e Winter aparecem na porta. Os olhos de Banks estão apavorados olhando para Emory amordaçada em cima da mesa de jantar. Os pés, mãos, boca e cabeça estão amarrados. Os seus olhos parecem estarem arregalados por 𝑝𝑎𝑣𝑜𝑟. Mesmo morta seus olhos estão em pavor, com sangue escorrendo deles, penso no que ela poderia ter visto para estar assim. Tem vários cortes em seu corpo e todos eles cortados de uma maneira que seu sangue escorresse pela mesa e inundasse o chão com seu sangue... Respiro com dificuldade tentando me dar conta de que os meus olhos estão vendo: 𝐸𝑚𝑜𝑟𝑦 𝑒𝑠𝑡𝑎 𝑚𝑜𝑟𝑡𝑎. 𝑆𝑒𝑢𝑠 𝑜𝑙ℎ𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑜 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜𝑠 𝑒 𝑠𝑒𝑚 𝑣𝑖𝑑𝑎, 𝑎𝑝𝑒𝑛𝑎𝑠 𝑜 𝑚𝑒𝑑𝑜 𝑒 𝑝𝑎𝑣𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑚𝑎𝑚 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑢𝑠 𝑜𝑙ℎ𝑜𝑠.

Só desvio meu olhar do corpo vazio e frio de Emory quando Will chega a sala e seu olhar vai para sua namorada amarrada e morta da pior forma. Não demora muito e ele vai até ela e a desamarra sem falar nada com ninguém nem ao menos olhar para alguém. Damon tenta ir até ele mas Michael o impede, nem vi quando Kai e Michael entraram na sala mas Kai já está ao lado de Banks abraçado com ela. William passa os dedos pelo rosto de Emory e fecha seus olhos a deixando finalmente descansar e deixar o seu olhar de pavor no passado.

Esfrego minhas mãos no rosto tentando acordar desse pesadelo e saber que não passa de uma mentira, mas a única coisa que isso me trás é o cheiro metálico de sangue e o líquido pegajoso e vermelho em meu rosto.

── Adeline... ─ Erika começa a querer falar e eu concordo desnorteada. Tem sangue de Emory em mim. 𝑃𝑜𝑟𝑟𝑎. 𝑇𝑒𝑚 𝑠𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒 𝑛𝑜 𝑚𝑒𝑢 𝑟𝑜𝑠𝑡𝑜. Só então reparo que na parede atrás de mim está toda coberta de sangue, com frases escritas como "𝑚𝑜𝑟𝑟𝑎". Sem estômago para continuar naquele ambiente me retiro de lá o mais rápido que consigo com minhas pernas bambas e fracas.
Abro a torneira da pia da cozinha e esfrego minha mão uma na outra tentando me limpar do sangue de Emory, isso me soa como um lembrete e faz minha cabeça doer. 𝑂 𝑠𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒 𝑑𝑒𝑙𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑟 𝑒𝑚 𝑠𝑢𝑎𝑠 𝑚𝑎𝑜𝑠.

Jogo água no rosto e aproveito para molhar a nuca. Nem se eu quisesse o sangue de Emory sairia 𝑑𝑎𝑠 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠 𝑚𝑎𝑜𝑠. Isso é culpa minha. Eu sou a culpada. Engulo a vontade de chorar é aperto os olhos para não deixar nenhuma lágrima cair.

── 𝑈𝑚 𝑎𝑣𝑖𝑠𝑜. ─ Me assusto ao escutar a voz grossa de Damon atrás de mim encostado na bancada da cozinha. Sem olhar para ele, prossigo esfregando minhas mãos e gastando todo o sabão da pia para tirar o sangue fresco do meu corpo.

── O que você quer? ─ Falo sendo grossa com Torrance.

── O que foi isso?

── Você acha mesmo que eu sei de alguma coisa que se passa nessa droga de lugar, Damon? ─ Desligo a torneira furiosa e me viro deixando minha fúria voltada para ele.

── Não sei, você sabe?

── Vá se ferrar! ─ Exclamei zangada. ── Se quer saber o que aconteceu, está falando com a pessoa errada. ─ Falei pronta para sair da cozinha e deixá-lo lá com sua desconfiança.

── O Will tá sofrendo, Adeline. ─ Damon aperta meu braço e me impede de sair.

── Parece que ele finalmente está sentindo a mesma dor que eu sentir quando perdi as pessoas que eu amava por culpa de 𝑣𝑜𝑐𝑒𝑠. ─ Seu aperto se afrouxa e o empurro para longe e o deixo sozinho na cozinha enquanto subo para meu quarto. Enquanto isso, o corpo de Emory está esfriando lá embaixo na sala de jantar, como se tivéssemos recebido o maior 𝑏𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑑𝑜𝑠.

Acendo a luz do meu quarto e começo a me despir para ir tomar um banho, preciso tirar esse cheiro de sangue de mim. Quando entro no banheiro reparo que tem um pedaço de papel pregado no espelho do banheiro. Arranco o pedaço de papel do espelho e leio as letras pequenas:

" 𝐸𝑠𝑝𝑒𝑟𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑜 𝑗𝑎𝑛𝑡𝑎𝑟 𝑡𝑒𝑛ℎ𝑎 𝑙ℎ𝑒 𝑎𝑔𝑟𝑎𝑑𝑎𝑑𝑜.

𝑁𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑒𝑢 𝑑𝑒𝑣𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑡𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑖𝑑𝑎𝑟 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟 𝑛𝑎 𝑚𝑒𝑠𝑎, 𝑠𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑖𝑙𝑎𝑟𝑖𝑜!

𝐹𝑖𝑧 𝑎 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑒, 𝑉𝑎𝑛𝑑𝑒𝑟𝑏𝑖𝑙𝑡. 𝐹𝑎𝑐𝑎 𝑎 𝑠𝑢𝑎, 𝑜 𝑐𝑎𝑚𝑖𝑛ℎ𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒 𝑎𝑔𝑜𝑟𝑎. "

Amasso o pedaço de papel e o jogo na lixeira. 𝐶𝑎𝑐𝑒𝑡𝑒. Parece que estou atolada até o pescoço com os problemas amaldiçoados desta ilha, um lembrete: 𝐸𝑢 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑢 𝑐𝑜𝑚 𝑎𝑠 𝑚𝑎𝑜𝑠 𝑠𝑢𝑗𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒. 𝐸𝑢 𝑎 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑖. 𝐸𝑢 𝑠𝑜𝑢 𝑎 𝑐𝑢𝑙𝑝𝑎𝑑𝑎.

★.ᐟ : : AINDA DA TEMPO DE ATUALIZAR ANTES DE ACABAR O DOMINGO??

★.ᐟ : : Me perdoem de verdade pela demora 😓😓😓 tô pensando em escrever o próximo capítulo já, masssss não deixem esse flopar

★.ᐟ : : UM BJAO. AMO VCS!!! Afinal SG bateu 10k de visualização e 1k de votos 😭😭😭😭🩷🩷🩷🩷 Obrigada gente 😊