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Depois de passar um dia inteiro de domingo em casa, o primeiro dia de ir para a faculdade chegou. Eu acordei tão ansiosa, que não demorei nem uma hora para me arrumar.

— Olha, lembrou que você tem uma casa, Jungkook? - disse tirando uma com a cara dele. Passei o domingo inteiro sozinha, já que  ele saiu com Taehyung e Hoseok.

— Você não é minha mãe, Raquel.

Revirei os olhos e peguei uma torrada acompanhada de uma xícara de café. Assim que terminei de comer, juntei minhas coisas e fui esperar o Uber do lado de fora. A cada minuto que passava, sentia meu coração bater mais rápido. Ao chegar ao campus, fiquei parada, observando tudo ao redor. Finalmente, estava ali, pronta para realizar o meu sonho.

Ao entrar na minha sala, encontrei várias pessoas já acomodadas. Escolhi um lugar mais afastado e me sentei. Estava distraída, quando uma garota parda de cabelos cacheados se aproximou e me olhou com um sorriso curioso.

— Você não é daqui, né? - ela perguntou, me encarando. Era tão linda que, por um momento, fiquei sem reação, e percebi que estava a olhando por tempo demais. — Oiee, você tá bem? - ela riu e passou a mão em frente ao meu rosto, me tirando do transe.

— Oi, ah... - balancei a cabeça e ri, tentando disfarçar. — Sou mestiça. Minha mãe é brasileira, e meu pai é coreano.

— Que legal! Estava morando em qual país antes de vir pra cá? ela inclinou a cabeça, visivelmente animada.

— Estava na Coreia.

— Ah sim, bom, eu sou Lola Scolari, muito prazer. - ela estendeu a mão, e eu apertei.

— Raquel Soojin. O prazer é meu, Lola.

Ela se sentou ao meu lado, disposta a me fazer companhia.

— E aí, como tá sendo morar em Los Angeles? Tem gostado da cidade? - Lola perguntou, seus olhos brilhando de curiosidade.

— Ah, faz dois dias que estou aqui, não consegui sair pra conhecer nada ainda. Mas já deu pra perceber que aqui é tudo muito grande, muito agitado, mas acho que vou me acostumar. E você? Sempre morou aqui?

— Eu sou de Chicago, mas me mudei pra cá ano passado. Já me sinto em casa, mas foi um choque pra mim quando me mudei. - ela riu. — Você sente muita diferença entre o Brasil e a Coreia? Tipo, na comida, na cultura, tudo? - ela fazia uma pergunta atrás da outra.

— Muita! - assenti. — Eu nasci no Brasil, então sempre estive muito acostumada com as coisas de lá, como fui pra Coréia ainda criança, foi um pouco difícil pra me adaptar. No começo, tudo parecia estranho, sabe? Mas, depois que me acostumei foi tranquilo

— Acho que você vai ter que me apresentar alguma comida coreana e brasileira qualquer dia! - ela sorriu. — Eu sou uma negação na cozinha, mas tô disposta a aprender.

— Fechado!

Ela riu e bateu palmas. Parecia que uma amizade estava nascendo, e eu fiquei feliz com isso, não imagina que faria uma amiga tão rápido.

— Raquel, quer almoçar comigo depois da aula? Posso te mostrar uns lugares legais perto do campus.

— Adoraria, Lola! - assenti, me sentindo menos ansiosa e mais confortável naquele novo lugar.

Depois das aulas, como combinado, fui almoçar com a Lola. Passamos o tempo conversando e descobrimos que tínhamos muito em comum, mais do que eu poderia imaginar. Em um momento, a conexão entre nós ficou tão forte que acabamos compartilhando até alguns traumas do passado.

— Bom, foi assim que me apaixonei por moda. - Lola sorriu amigavelmente. — Uma das minhas maiores metas é ver os modelos Kim Taehyung e Jeon Jungkook usando uma marca minha.

Engasguei com o suco e comecei a tossir descontroladamente, e Lola, preocupada, veio dar umas batidinhas nas minhas costas.

— Ta... Taehyung? Jungkook?

— Sim! Você conhece eles, né? São modelos coreanos... um arraso de beleza! Ouvi dizer que estão em LA.

Fiquei quieta, sem saber bem o que dizer, e então vi os olhos dela se arregalarem.

— Você conhece eles!?

— Eu... conheço eles há muito tempo. Estudamos juntos no ensino médio.

— Sério? Que demais! Já falou com eles?

— Não. - suspirei. — Eles andavam num grupo de sete garotos, todos meio arrogantes e metidos. Jungkook era o pior deles.

— Poxa, dizem mesmo que o Jungkook é mais fechado... Mas o Taehyung parece ser bem extrovertido.

Dei de ombros, sem querer entrar em muitos detalhes. Não era minha intenção mentir para ela tão cedo, mas também não podia arriscar contando que estava morando com Jungkook. Não quero comprometer a carreira dele. Quando for o momento certo, eu conto para Lola.

Terminamos o almoço, chamamos um Uber, e depois que deixei Lola em seu apartamento, segui para casa, com a cabeça cheia de tudo o que conversamos.

Assim que entrei em casa, deixei minhas coisas em cima da pequena mesa ao lado da porta e fui direto para o banheiro. A casa estava em silêncio, o que me fez pensar que Jungkook não estava por ali.

Mas, ao abrir a porta do banheiro, levei um susto tão grande que bati a porta com força, tentando recuperar o fôlego, com a mão no peito.

— Meu Deus! Desculpa, Jungkook! - senti meu rosto esquentar de vergonha.

Ele saiu do banheiro, segurando a toalha ao redor da cintura, me olhando incrédulo.

— Você não sabe bater na porta?!

— A porta estava aberta! Como eu ia saber que você estava aí? E outra, você tem banheiro no seu quarto!

— Podia ter dito alguma coisa antes, sua... sua tarada! Queria me ver pelado, é? - ele colocou a mão na cintura. — A água desse banheiro é mais quente, por isso vim tomar banho aqui!

— O quê? Nem pensar! Eu não estava interessada em ver suas... misérias! - falei, cruzando os braços, e ele arregalou os olhos, claramente ofendido.

— Minhas misérias?! - repetiu, indignado. — Só pra você saber, as minhas "misérias" recebe muitos elogios.

Sem esperar resposta, ele saiu em direção ao quarto, e eu aproveitei para finalmente entrar no banheiro, tentando me acalmar. Fechei a porta atrás de mim, soltando um suspiro pesado. Um banho frio era o que eu precisava para esquecer o que acabara de acontecer.

Acordei com o toque insistente do meu celular. Olhei com dificuldade para o visor, vendo a ligação da minha mãe.

— Oi mãe. - falei meio sonolenta.

— Querida! Que saudade de escutar sua voz. - ela falou animada. — Estava dormindo?

— Sim.. eu cheguei quase agora.

— Nossa, aí não são sete horas da noite? - franzi o cenho, e fui checar a hora no relógio, e realmente, eram sete horas da noite.

— Meu Deus mãe! Eu dormi demais.. - sentei na cama, passando a mão pela minha testa suada. — Eu cheguei do campus um pouco depois do almoço, tomei um banho e acabei desmaiando de sono.

— E como tem dormido? Gostou do campus? E o Jungkook? Estão se dando bem?

— Calma, mãe! Uma pergunta de cada vez. - dei uma risadinha, e escuto ela rir do outro lado da chamada também. — Bom, estou dormindo bem. O campus é incrível, e eu já fiz uma amiga! E o Jungkook...

— O que aconteceu? - ela falou, curiosa.

— Nada demais, ele só continua sendo o mesmo irritante e metido de sempre.

— Filha, não fala assim dele!

— Ah mãe, ele é chato demais! Fala sério, não sei como um dia eu já fui amiga dele. - revirei os olhos, e escuto a risada da minha mãe.

— Vocês dois em... eu sinto que um dia vocês irão se resolver, e quem sabe me dar netinhos lindos..

— QUÊ! Meu Deus, não viaja mãe! - falei indignada. — Eu nunca me relacionaria com o Jungkook!

— Tá bom.. quero só ver daqui uns meses.

— Vamos mudar de assunto.

Fiquei por quase uma hora conversando com a minha mãe no telefone. Quando despedíamos, sai do quarto escutando o barulho de tiros vindo da tv.

Jungkook estava na sala jogando videogame.

— Acabou a paz. - ele falou, sem tirar os olhos do visor enorme da tv. Eu o ignorei, indo até a cozinha e pegando um copo de água.  — Achei que você ia dormir pra sempre, igual a bela adormecida. Eu ia agradecer aos céus se isso acontecesse. - escutei ele falar novamente.

— Eu não daria esse gostinho de paz pra você. - falei, voltando pro cômodo. — Faço questão de ficar aqui e te irritar. - Jungkook me ignorou, enquanto estava concentrado.

Caminhei até o sofá, sentando-me ao lado dele. Ele nem sequer me olhou.

— Parece que você está perdendo.

— Fica quieta, preciso me concentrar. - sua resposta veio seca, mas ele nem desviou o olhar.

Dei de ombros, fingindo indiferença. Então, sem aviso, estiquei o braço e peguei o controle remoto da mesa de centro. Antes que ele pudesse reagir, desliguei a tv.

— O quê? - Jungkook finalmente olhou para mim, com os olhos arregalados. — Você está louca?

— Cansei de escutar esses barulhos de tiros. - sorri inocentemente.

— Você me fez perder pontos, cara. - ele falou, visivelmente irritado.

— Você já ia perder pontos de qual quer jeito, estavam ganhando de você de lavada.

— Passa o controle, Raquel. - ele tentou pegar, mas eu me levantei rápido, segurando o controle acima da cabeça.

— Ah, qual é Jungkook? É só um joguinho. Não faz drama. - continuei provocando.

Ele bufou, se levantando do sofá tentando manter a paciência.

— Raquel, eu não vou repetir. Me dá o controle.

— E se eu não der? - perguntei, dando um passo para trás e rindo ao ver o semblante dele mudar de concentrado para impaciente.

— Eu vou pegar você no colo e te trancar no quarto, e você só vai sair amanhã de manhã.

Eu ri alto, recuando mais um passo.

— Vai ter que me pegar primeiro, Jungkook.

E antes que ele pudesse reagir, saí correndo pela sala, dando voltas pelo sofá. Ele vinha atrás de mim, bufando e reclamando.

Jungkook parou de um lado, e eu estava do outro com um sorriso divertido. Eu tinha conseguido deixar ele irritado. Ele ficou parado me encarando, talvez pensando em alguma estratégia para conseguir pegar o controle da minha mão.

Em questão de segundos, o garoto passou por cima do sofá, e pulou por cima de mim. O impacto foi tão forte, que nós dois caímos no chão. Eu deitada e ele por cima.

Minha expressão rapidamente se fechou, não sei se foi por conta da dor nas costas que eu senti, ou pelo fato dele estar tão próximo. Algo que não acontecia a anos. Jungkook também estava com o semblante fechado e me olhando nos olhos. Eu queria dizer algo, falar pra ele sair de cima de mim que ele tinha me machucado, mas nada saia da minha boca. Engoli seco, quando vi ele descer seu olhar pros meus lábios, e senti minhas bochechas corarem quando senti uma de suas mãos passarem pelo meu braço.

De repente ele sorriu, e se levantou mostrando o controle em suas mãos.

— Sua tonta. Agora vaza daqui e me deixa jogar em paz.

Bufei, e me levantei rápido sentindo a dor me atingir em cheio.

Olá amores!! E aí, o que acharam desses capítulos? 🙈 

Esse finalzinho viu... aiai

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