Evie, Jay e Carlos bolam um plano para trazer Mal e Zoe de volta da Ilha dos Perdidos, mas primeiro precisam contar ao rei Ben sobre a fuga. Ao saber da notícia, Ben fica desesperado e insiste em ir com eles. Evie, sabendo dos perigos que ele enfrentaria como rei, decide disfarçá-lo como um garoto da Ilha. Eles o transformam completamente, trocando suas roupas por peças de couro desgastadas, bagunçando seu cabelo e começando a ensiná-lo a andar e falar como alguém da Ilha, preparando-o para a missão de resgate.

— Ben me ajuda com o carro. - Carlos disse assim que desceram do veículo. Eles pegaram alguns panos que estavam jogados por ali, e esconderam a limusine.

— É muito estranho voltar aqui. - Evie falou, pensativa.

— A gente já vai cair fora. - respondeu Jay.

— O que tem aqui dentro? - Ben estava parado diante de uma espécie de túnel.

— Melhor deixar pra lá. - Jay o puxou.

— Cabeça fria, ok? A gente não quer que nossos pais saibam que estamos aqui. - Carlos disse, e Jay e Evie concordaram.

Eles rapidamente entraram pelo outro lado, dando acesso as pequenas "ruas" da ilha.

Duas crianças passaram correndo por Evie, rápidas como o vento, e, antes que ela percebesse, uma delas já havia pegado um pequeno saco de moedas que ela carregava. Evie suspirou, sem sequer tentar impedir.

— Tudo bem, podem levar... - murmurou, cruzando os braços.

sua expressão logo mudou para preocupação quando olhou ao redor. — Ah, cadê o Ben?! - ela exclamou, percebendo que ele não estava mais perto deles.

Jay apontou para frente. — Ali. - ele indicou com a cabeça, segurando o riso.

Mais à frente, Ben estava de pé, tentando desesperadamente socializar com um pirata de expressão azeda. Ele gesticulava, aparentemente tentando iniciar uma conversa amigável, enquanto o pirata olhava para ele com um misto de desdém e desconfiança.

— Ah, não... - Evie murmurou, levando a mão à testa. — Por favor, me diz que ele não está tentando ser educado com aquele cara.

— Ele está tentando. - Jay disse, rindo baixinho. — E está falhando.

— A gente não pode deixá-lo sozinho por um segundo, pode? - Evie suspirou antes de caminhar apressada na direção de Ben, com Jay e Carlos logo atrás — Ben! Para, fica quieto! - Evie o puxou.

— Por quê? - ele perguntou confuso.

— Isso não é um desfile, é a ilha.

— Bota as mãos no bolso e não tira daí. - Jay falou.

— E fica sempre com um pé atrás. - Carlos completou.

— E nunca, se atreva a sorrir.

— Tudo be..

— Não! - Evie o interrompeu. — Não diga obrigado e nem peça por favor. Fica frio.

— Peraí eu te conheço. - a atenção deles foram para Gil, que se aproximava com um sorriso bobo.

— Ah, não. Eu não te conheço cara. - Ben forçou a voz.

— Conhece sim. Peraí cara, sério? Eu vou dar uma dica.. o meu pai é escorregadio, rápido e o pescoço dele.. - Gil fez alguns gestos. — Ahn.. - ele sorriu. — É muito grosso! Ah cara, qual é?! - Gil olhou para o cartaz que estava atrás dos garotos, vendo o rosto de Ben estampado nele.

Ele apontou para o cartaz, apontou para Ben, e repetiu isso umas três vezes.

— Meu Deus! Você é o rei Ben! - Gil sorriu, animado.

— Eu não sei do que você tá falando. - Evie puxou o garoto, e saíram andando às pressas.

— Você é o rei Ben, e você é o Jay, Evie e Carlos.. oi galera! - Gil gritou. — Peraí.. A Uma vai adorar saber disso!

Os quatro correram até o lugar onde Mal e Zoe estavam, o antigo galpão. Jay parou ofegante pegando um pedrinha do chão, e jogou contra a placa, fazendo o portão de ferro se abrir.

— Me desejem sorte. - Ben falou do pé da escada.

— É no último andar.

— Boa sorte. - Evie falou.

O garoto subiu as escadas devagar. Pensando no que falaria para as duas, principalmente para Mal. Não era nervosismo e sim medo. Medo de olhar nos olhos dela e perceber que ela não queria mais voltar. Medo de que ela tivesse decidido que Auradon não era mais seu lugar. Não por causa das pressões que ela estava passando, mas sim por causa dele.

Ele havia falhado, ele sabia que mesmo que não tivesse percebido, ele deixou de escuta-la, de enxergar o que ela realmente precisava.

Ao chegar, ele escutou os barulhos da pichação. Ele caminhou devagar encontrando Zoe sentada em um dos sofás, com os olhos inchados de tanto que ela tinha chorado. E Mal estava de costas pichando a parede.

Zoe arregalou os olhos ao vê-lo, e antes que ela pudesse se pronunciar, o garoto a interrompeu.

— Pelo menos não é um grafite meu com chifres e um tridente.

A garota de cabelos roxos se virou no mesmo instante. — Ben?!

Ben tentou se aproximar, mas Mal fez um sinal para que ele recuasse.

— Zoe.. você poderia dar um segundo para nós? - ele olhou para a garota que já estava levantando, ela balançou a cabeça em positivo e foi até as escadas descendo elas e encontrando seus amigos lá fora.

— Zoe! - Carlos foi o primeiro a falar. — O que aconteceu? 

Zoe tentou segurar as lágrimas, mas foi em vão. Carlos foi até ela dando um abraço forte, tentando de alguma forma conforta-la.

— Eu o vi.. no salão da Dizzy. Ele estava conversando com a Mal, nem percebeu que eu estava ali também. - Zoe fez uma pausa. — Mas quando ele me viu.. - Zoe se afastou, para olhar o rosto de Carlos. — Ele saiu. Correndo sem nem me dar um oi.

— Que babaca. - Jay murmurou.

— Eu não acredito nisso.. - Carlos falou baixo. — Olha fica calma, tudo bem? A gente vai voltar pra Auradon, e vai ficar tudo bem.

— Eu não vou voltar, Carlos. Eu tenho que confronta-lo, e saber o que aconteceu pra ele agir assim.

— Zoe.. - Evie se aproximou. — Eu acho melhor você voltar para Auradon. Ficar aqui e ir atrás do Harry só vai te fazer ainda mais mal.

— Mas eu preciso Evie..

Os passos pesados que vinha das escadas chamou a atenção dos quatro.

— Ben! Cadê a Mal? - Evie perguntou apressada.

— Ela não vai voltar. - ele disse.

— O quê! Eu vou falar com ela. - Evie foi até uma espécie de telefone sem fio, que era feito por uma lata. — Mal? Precisamos conversar.

— Vai embora! - a garota gritou.

— Ei, deixa ela esfriar a cabeça. - disse Jay.

— Gente! Cadê o Ben? - Carlos olhou para os amigos. Eles olharam para o grande corredor escuro, que estava coberto de névoas.

— Ben! Não assusta a gente. - Evie falou, e Zoe relaxou os ombros vendo a silhueta vindo ao longe.

— Não assustar vocês? - o coração dela errou as batidas ao escutar a voz.

Era ele. Harry.

— Mas essa é a minha especialidade. - o garoto falou, evitando olhar para Zoe.

A feição de Carlos endureceu no mesmo segundo, os punhos se fechando.

Ele foi ao lado de Zoe que estava estática, como se tivesse visto uma assombração.

— Harry... - Evie falou arrastada.

— O que você fez com o Ben? - Jay gritou.

— Ah, nós pegamos ele! - Harry falou em um certo deboche. — E se quiserem ver ele de novo, você tem que vir a lanchonete Mal hoje a noite. Sozinha. - ele disse a última palavra, olhando diretamente para Zoe. — A Uma quer uma visita particular.

Ele olhou para os quatro, e encarou Jay de cima a baixo. — Ah Jay... parece que você perdeu o jeito! - ele provocou.

— Eu vou te mostrar em como eu perdi o jeito quando eu socar essa sua cara! - o garoto tentou avançar, mas Evie o segurou.

Harry riu, e deu as costas, saindo andando devagar enquanto assobiava.

Zoe deu alguns passos, mas Carlos tentou segurar em seu braço, o que não deu certo já que ela continuou andando até ele.

— Vai continuar fingindo que eu não estou aqui até quando? - ela falou, tentando parecer firme, mas a voz estava claramente embargada. Harry se virou lentamente, e estreitou os olhos ao encara-la.

Ele queria correr, abraçá-la e beija-la, matar toda a saudade que ele estava sentindo durante todo esse tempo. Mas ele não podia. Zoe agora era uma traidora, era de Auradon, e ele tinha que obedecer as ordens da Uma.

— Olá, Zoe.

— Olá, Zoe? Olá? - ela se aproximou, fazendo o garoto dar um passo para trás. — Mais de um ano sem a gente se falar, e é só isso que você tem pra me dizer? - os olhos da garota se encheram de lágrimas. — O que aconteceu com você? Por que nunca mais tentou se comunicar comigo, gancho?

O coração do garoto se acelerou ao escutar o apelido carinhoso no qual ela o chamava sempre.

— Não foi assim que eu esperava.. aquele momento que tivemos na coroação do Ben, não significou nada pra você?

— Eu não tenho nada pra dizer pra você, Zoe. - Harry tentou se virar, mas a garota segurou em seu braço.

— Me diz, Harry! - ela gritou. — Não significou nada pra você? Nosso beijo, todas aquelas palavras, nada? - o garoto ficou em silêncio. O coração de Zoe batia descontroladamente esperando por uma resposta, e quando ele respondeu, ela sentiu como se ele estivesse parado de bater.

— Não. Não significou nada pra mim.

As mãos de Zoe deslizaram dos braços dele, como se cada movimento arrancasse um pedaço de sua alma. O vazio que tomou conta de seu peito era tão esmagador que suas pernas quase cederam. A dor pulsava dentro dela, queimando sem piedade.

As lágrimas que ela segurava começaram a cair desesperadamente, uma a uma. Seus lábios tremiam, mas nenhuma palavra saía. Ela ficou ali, paralisada, olhando para ele enquanto ele desviava o olhar, os olhos carregados de algo que ela não conseguia decifrar. Seria culpa? arrependimento? ou talvez nada disso.

Ele engoliu seco hesitando por um instante, mas antes que ela pudesse encontrar forças para dizer qualquer coisa, ele virou as costas e saiu.

— Não... - Zoe murmurou, como se a palavra pudesse trazê-lo de volta, mas era tarde demais.

Seu coração parecia despedaçado, espalhado em pedaços que ela nunca conseguiria juntar novamente. A dor era tão forte que ela levou a mão ao peito, tentando segurar algo que já estava perdido.

Em silêncio, Zoe caiu de joelhos, sentindo-se esmagada pelo peso de sua própria tristeza.

— ZOE! - Carlos gritou, e correu até ela se agachando e pegando em suas mãos. Jay se aproximou também, assistindo Harry se afastar ao longe. — Eu juro que eu vou matar esse pirata desgraçado!

Carlos nunca tinha falado daquele jeito, o que deixou Jay que o conhecia a tantos anos impressionado. Mas era justificável. Harry tinha sido um babaca.

Jay nunca foi com a cara do Harry desde pequenos. E agora se tivesse a oportunidade, ele acabaria com ele; para o pirata se arrepender do que tinha feito com sua amiga.

Carlos ajudou Zoe a se levantar, que ainda chorava descontroladamente. — Vamos levar ela lá pra cima. - Jay assentiu e ajudou Carlos a levar Zoe para onde Mal e Evie estavam.

Olá amores! Não gostei do começo desse capítulo, mas acho que a tristeza do final já compensa 😭

Quem nunca se sentiu como a Zoe não é?

Prometo que logo esses dois vão estar bem, eu não sou tão malvada assim. 😫

Obrigado por lerem! Não se esqueçam de votar e comentar. Beijos de luz <33