Capítulo 6
_Então ele... _ dei uma pequena pausa. _ Então era dele mesmo que ele se referiu e não de você...
_ Do que você está falando? _ Dean me olhou confuso.
_ Na sua última caçada, você não me deixou ir junto, mesmo sabendo que eu queria ir... Eu fui desabafar com ele e ele disse "Eu te amo", mas pensei que ele estivesse falando de você e...
Confesso que eu mesma me perdi em meus pensamentos.
A essa altura meus sentimentos talvez estivessem me pregando uma peça, e é aquilo, talvez a atração por Dean seja apenas fogo de palha.
Eu estou me sentindo uma completa vadia por estar fazendo isso comigo mesma, tentando escolher um. Quem faz isso?! Que coisa ridícula e cruel. Talvez eu me arrependa do meu próximo passo, mas nunca vou saber se não tentar.
_ Me beija. _ levantei meu olhar para Dean.
_ Você quer que eu o que?
_ Só, me beija, Dean!
Ele continuou imóvel, e isso partiu meu coração, porque foi como se ele não gostasse ou não tivesse a menor vontade de ficar comigo.
Isso me quebrou por dentro, mas o que mais eu podia esperar? Eu mesma já tinha dito, éramos amigos, eu o considerava assim, mas pensei que pudesse ter algo. Agora eu tinha minha resposta.
_ Vamos embora. _ sai andando cabisbaixa, tentando não derramar uma lágrima.
Por que eu derramaria? Ah, mas que porra! Meus sentimentos nunca foram tão confusos, mas que bosta!
A cada passo que eu dava era como se meus pés ficassem presos ao chão, meu corpo estava pesado e tudo que eu queria era desabar ali.
Uma parte de mim tinha esperanças de que Dean fosse me chamar a qualquer momento, mas não aconteceu. Estava já chegando no carro e nada dele me chamar. Perdi todas as esperanças quando entramos e ele ligou a Baby.
Ficamos um bom tempo ali, parados, com os faróis ligados, o que foi estranho.
_ O que foi? _ começo a me perguntar se eu tinha feito algo errado.
Eu não deveria ter pedido para ele me beijar. E se ele contasse ao Sam? Eu não iria nem saber como reagir.
_ Kiddo. _ foi tudo que ele disse.
O olhei confusa.
_ O que?
_ Kiddo. Criança. Esse é o novo apelido que vou te dar. _ ele sorriu meio sem graça.
Por um lado, eu gostei de ter mudado de assunto, mesmo que tivesse sido estranho.
_ Que ridículo. _ bufei e ri de volta, entrando nessa de esquecer o que aconteceu. _ Dá para andar logo?
Não precisei de uma resposta, ele apenas entrou na estranha de novo e continuou o caminho até o Bunker.
Acordei mais tarde que o previsto, mas nem me importei, a tempos eu não tinha uma noite digna.
Levantei e me troquei, mesmo ainda sonolenta e sabendo que se deitasse iria dormir mais. Mas acontece que eu tinha algo para fazer, além de fingir que nada rolou entre mim e Sam.
Fui até a cozinha e chequei se ainda tinha café, agradecendo aos céus por não precisar fazer outro. Coloquei o café na caneca e fui até a mesa do mapa, onde Sam parecia bem estressado na frente do computador. Evitei ele ao máximo, não querer deixá-lo mais nervoso.
Desde quando Dean ganhou aquela maldita marca. Desde quando Dean se tornou o demônio que é hoje. Desde quando Dean sumiu. Desde tudo isso, Sam anda muito no limite, preocupado e, principalmente, com uma necessidade insaciável de trazer o irmão de volta.
Eu não o culpo, era o irmão dele e eu também não estou muito longe do estado que ele está. Eu fui capaz de achar Dean, ir atrás dele achando que conseguiria algo, e consegui, uma surra. Tudo isso com o orgulho de não contar para o Sam.
Talvez tivesse sido diferente se eu tivesse levado um Winchester para combater outro Winchester. Onde eu estava com a cabeça?
Meu corpo ainda estava todo dolorido, mas isso não me impediria de sair a procura de novo. Preciso de alguém para dizer que eu sou uma idiota e que estou cavando minha própria cova.
_ Bom dia, pequena. _ Sam me tirou de meus pensamentos.
_ Bom dia. _ respondi com receio.
_ Uau, nem um "Gigante" na frase? Estou surpreso.
Sei que eu já tinha em mente evitar ao máximo o que aconteceu e fingir que a noite passada não existiu, mas isso é mal de irmão? Quero dizer, Dean já tinha feito isso antes, e eu me lembro muito bem da humilhação.
_ Foi mal. _ sorri sem graça. _ O que está fazendo aí?
_ O de sempre, procurando qualquer sinal de Dean.
Ah claro. Era óbvio.
_ Sucesso?
_ Acho que sim, um depoimento dado a polícia fala que um homem conseguiu acabar com dois caras sozinhos a duas noites atrás.
Quase me engasguei com o café. Isso tinha sido naquela noite, aquela que quase morri.
_ Também fala que antes, uma outra pessoa tinha visto o cara espancar uma mulher sem dó... _ ele parou.
Droga. Será que ele associou? Sam era esperto, e isso me irritava.
_ Por que parou? _ perguntei como quem não quer nada.
_ Você disse que matou os demônios, certo?
_ Sim...? _ por que eu falei num ar de questionamento?! Eu estou ferrada. _ Por?
_ Nada, por um segundo pensei que pudesse ser o seu caso, e que um demônio tivesse fugido e feito isso depois que você o confrontou, mas se você disse que o matou então está tudo certo.
[...]
Estava no maior tédio. Cansada de ver coisas repetitivas na TV e cansada de entrar em discussão com o Sam para ir caçar. Segundo ele, eu não em encontrava na melhor forma.
_ Você está me chamando de gorda? _ faço drama.
_ O que?! Lógico que não! Você entendeu exatamente o que eu quis dizer.
_ Oh acho que não Samuel Winchester, diga para mim: O que você quis dizer?
_ Quis dizer que você está toda machucada e que não está em condições de sair para uma caçada desse jeito. É um algo fácil assim.
O encarei profundamente, e se meus olhos fossem armas ele já estaria morto.
_ Está bom, Samuel.
_ Sam! Quer parar de me chamar assim?!
_ Não, Samuel! _ dessa vez eu fiz de propósito, tentando não rir.
Quando ele viu minha risada, ele também riu e acariciou minha bochecha.
Merda. Era como se tivesse uma linha que não deveríamos ultrapassar, e ele ultrapassou, de novo. Ambos percebemos isso e ficamos desconfortáveis.
_ Eu... Vou treinar uns tiros, Dean sempre disse que minha mira era horrível. _ tentei quebrar o gelo.
_ Ele só estava brincando, você é ótima. _ Sam disse.
Depois de um longo intervalo de silêncio constrangedor, peguei e segui para dar uns tiros. Eu precisava disso mais que tudo.
Não sei explicar o quão satisfatório é pegar em uma arma e disparar diversas vezes seguidas, encarando aquele alvo e fazendo dele minha meta particular de acertos.
Descontei toda minha raiva, frustração, angústia, arrependimento, medo e dor naquelas balas. Quando parecia satisfeita, baixei a arma, minha respiração estava rala e minhas mãos tremiam.
Olhei os cartuchos vazios jogados no chão e, por um segundo, pensei no Dean braço comigo por ter gastado tudo isso de bala atoa. Ele odiava isso. E, sem qualquer intenção, lembrei de ocorridos nesse mesmo lugar.
Não sei até quando mais eu poderia aturar isso, e ver aquele desgraçado todos os dias não ajudava em nada. Era vidente que estávamos estranhos um com o outro, não era mais a mesma coisa e eu estava morrendo com isso. Eu me importava de mais com nossa amizade para ficarmos assim, e se isso continuasse eu juro que iria embora.
A pequena adaga passava com força em meu polegar, mas não com força o suficiente para cortar minha pele. E isso ficava de repetindo, enquanto eu encarava aquele alvo.
_ Eu não sei, Sam!! _ escuto a voz de Dean entrando pela porta.
Assim que ele bateu os olhos em mim, ele fechou a cara, se virando para abrir a porta novamente e sair.
Sério isso?
Involuntariamente, lancei a adaga em direção a ele com toda a força e raiva que eu tinha. Ela acertou bem ao lado de seus olhos na porta.
Dean virou para mim e me encarou feio, era meu fim.
_ Está querendo me matar? _ ele puxou a adaga da porta e veio até mim de forma bruta, jogando a mesma no alvo. _ Me responde, S/N! Não me faça perder a paciência com você.
Por algum motivo, minhas mãos até esquentaram só em pensar em socar a cara dele.
Ele estava tão perto que eu sentia seu hálito contra meu rosto, seus olhos procurando qualquer sinal de resposta vindo de mim. Seu peito subia e descia conforme sua respiração.
_ Por que você está fazendo isso? Você me afastou, Dean, e não negue isso! _ tentei me manter firme, mas era difícil quando se tratava dele.
Aquela seria nossa segunda discussão desde quando tínhamos nos conhecidos.
_ Você tá de brincadeira comigo. _ ele sorriu, e foi puro deboche.
Não me contive e lhe dei um tapa, eu odiava quando as pessoas vinham com aquele sorriso para mim. Meu sangue chegou a ferver.
Eu podia estar com raiva agora, mas depois de ver a cara que ele fez, o arrependimento tomou conta de mim.
Dean caminhou lentamente até a porta, e eu pensei que tinha sido salva, mas não, ele a trancou.
Esse homem vai me matar aqui.
O Winchester voltou até mim com passos largos, apanhando logo meus dois pulsos, me empurrando contra a parede mais próxima. Eu diria que aquilo me deixou excitada, mas não era o momento.
_ Você acha que eu te afastei?
_ Eu tenho certeza disso! _ retruquei.
Outro sorriso. Mas que ódio!
_ Eu não te afastei porque quis. _ começou ele. _ Eu me mantive afastado pelo Sam.
_ Você quer me explicar, por favor? Porque eu juro que não te entendo.
_ Mas que droga, Kiddo!! Você... É tão perfeita! Porra!! Quando Sam disse que estava sentindo atração por você, isso me deixou louco, mas eu não pude fazer nada, pelo menos não até saber se você sentia o mesmo. Eu vi no fundo de seus olhos quando te contei sobre isso na lá floresta, você gosta dele também, mas que droga!
Eu estava sem reação. Com tanta coisa para dizer, eu soltei as piores palavras possíveis.
_ Eu sinto muito.
Onde eu estava com a cabeça?! Era a minha chance!! Eu queria me bater contra a parede.
_ Não tenha pena de mim, S/N. _ ele me soltou.
🌶️Não se esqueçam da Estrelinha. Muito obrigada!
🌶️
Anne Bueno
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