Capítulo 3
OSBORNE, KANSAS
_ Já podemos matá-la?
_ Ainda não! Se eu tiver que falar de novo, não vou pensar duas vezes em eu mesmo arrancar sua cabeça.
Minha situação não poderia estar melhor. Acho que já estava na hora de pensar no conceito de ir caçar sozinha.
_ Não sei por que estão enrolando tanto, não tem mais ninguém comigo. _ falei.
Dois lobisomens estavam se achando muito espertos me colocando de isca para meus companheiros. Hm, como se eu tivesse algum.
Pensei e repensei na possibilidade de sair viva daquela situação, mas nada me parecia viável. Essa vez eu me enfiei no buraco de jeito.
_ Ei...
_ Shiiii! _ me interrompeu um deles.
Eu não estava ouvindo nada de mais que pudesse atrair a atenção deles daquele jeito. Não até conseguir captar uns ruídos no fundo.
Não sei se eu cantava vitória agora ou mais tarde.
Assim que aqueles dois vermes saíram atrás do barulho, aproveitei para colocar a cabeça pra funcionar. Eu tinha que dar um jeito de sair dali, nem que me custasse a vida! Eu não iria ficar parada vendo minha morte chegar aos poucos.
_ Você? _ ouço uma voz pouco familiar invadir o ambiente.
Minha atenção que estava toda em me liberar daquela cadeira nojenta, agora foi paga o homem que surgiu das sombras a minha frente.
_ Ah não! Você! _ comentei. _ Nunca pensei que veria um Winchester tão cedo.
_ Parece que eu sou cheio de surpresas. _ se gabou.
Eu já estava ligada do tipo dele. Galanteador, sedutor, sexy, e bem cafajeste. Por um segundo me lembrei de Barney Stinson.
_ Você vai me soltar daqui ou vai só ficar me encarando?
Dean balançou a cabeça para o lado e foi até mim as praças, me soltou e me estendeu uma de suas jaquetas. Uma de cor vinho para ser exata.
_ O que? _ pergunto encarando-a.
_ Você não vai querer sair assim. _ ele apontou para meu corpo.
Só então percebi que minhas roupas estavam escassas, graças a briga que ocorreu antes de ser certamente capturada.
Senti meu rosto todo esquentar de vergonha, então catei aquela jaqueta às pressas, sendo recebida com uma arma logo depois.
O despertador começa a tocar, e eu juro, se não fosse a droga do meu celular, eu atacava longe. Encarei ele do meu lado, em cima do travesseiro, e enfim resolvi o desligar.
Me ajeitei na cama e vasculhei para ver se não tinha alguma mensagem ou ligação que fosse importante. Parece até o destino, justo nessa hora Sam me liga.
_ Oi Alce. _ atendi no maior desânimo.
_ Uau. Você estava dormindo?
_ An? Eu? Claro que não! Estou bem acordada. _ digo me levantando da cama.
Deveria ter repensado em levantar-se com tanta pressa, já que me juntei ao tapete.
_ Pequena? Ei! Tá tudo bem?? _ Sam gritou na outra linha.
Peguei o celular às pressas, antes que ele resolvesse me rastrear e vir atrás de mim.
_ Oi!! Estou aqui, eu só... Levei um tombo. _ me levantei de novo, e dessa vez não fui para o chão.
_ Você tem certeza de que está bem? _ eu não precisava nem ver Sam para ter certeza de que ele estava preocupado comigo.
Tive um daqueles momentos em que o mundo parece parar, o relógio para e resta apenas você. Sam se preocupava tanto, ele fazia e faz de tudo para tentar me ver melhor e como eu retribuo isso? Indo atrás do irmão dele que agora, segundo Crowley, é um demônio, sem que ele saiba! Eu sou um ser humano horrível. Só agora percebi que eu estava indo atrás de uma coisa que não existe mais e que Sam poderia me dar de bandeja. Ele me tratava como uma rainha, e eu nunca percebi.
Eu... Eu estou ficando louca? Será que é carência? Oh meu Deus! Não! É o Sam! Irmão do meu namorado! Nossa...
Pisquei algumas vezes e balancei a cabeça negativamente, na tentativa de recuperar a pouca consciência que restava em mim.
_ Pequena! _ aquele grito foi o suficiente para eu voltar a realidade.
_ Fala Sam! Eu estou ouvindo!
_ Fica bem, tá? _ acho que nunca o ouvi sendo tão sincero. _ Eu sei que você não tá bem por causa de Dean, sei que tem saudade dele, mas, saiba que eu estou aqui para te apoiar. Pode contar comigo.
Estava sem palavras. Como responder a isso?! O que responder?? Estou começando a me sentir um lixo por achar que tenho sentimentos por ele... Não! Eu não tenho!
_ Obrigada Sam... Agora, eu vou sair, estou morrendo de come. _ me senti uma idiota por dizer algo tão seco.
Depois que nos despedimos, desliguei a ligação e respeitei fundo aliviada. Me joguei na cama e resmunguei por motivo nenhum.
Estava quase fechando os olhos de novo quando me veio na cabeça o motivo de eu estar ali, naquele hotel, naquela cidade. Dean.
[...]
Começo a me perguntar do quanto sou burra por estar dentro do carro, vulgo Impala, esperando que o homem descrito pela mulher mais cedo seja Dean, e que ele bote a cara pra fora daquele bar.
Eu era uma tonta em achar que ele retornaria ao Bunker comigo, mas eu precisava tentar... Ou melhor, eu tinha que cometer um suicídio. Ele foi capaz de me empurrar naquela escada, vai saber o que faria comigo se me visse de novo.
De repente, três homens ultrapassaram a porta do bar com brutalidade, um deles sendo arrastado pelos outros dois até ser jogando no chão cheio de pedras onde era para ser um estacionamento.
Não vou negar que meu coração bateu mais forte quando a luz pegou em seu rosto, e eu pude ver que era ele.
Eu deveria me surpreender em ver o Dean não fazer nada diante o fato de ser sido expulso? Ou deveria não ficar surpresa por isso ter acontecido com ele, já que costumava acontecer com frequência?
Respiro fundo e encaro o loiro se levantar devagar do chão. Pelo seu modo de se esquivar nos carros para se manter em pé me fez pensar que ele estivesse bêbado.
_ Você consegue. _ digo a mim mesma dando uma última olhada no retrovisor.
Tomando enfim a coragem que eu não tinha, saio do carro, fechando a porta atrás de mim. Ajeito o amar em meu cós, apenas para garantir de que ela realmente estava ali, e caminho até Dean.
Ao me aproximar, ele levanta seu olhar para mim, o que me fez tremer e esperar qualquer ação bruta dele.
_ E meu dia acaba de melhorar. _ ele diz e eu concluo meu pensamento. Ele estava bêbado. _ O que posso fazer por você, gostosa?
Bêbado de mais para perceber que era eu? Talvez. O que me dava um ponto.
_ Já que você perguntou, entre naquele carro e me deixe colocar algemas em você. _ aponto para o carro. Isso não podia ser tão fácil.
_ Apressada você, e bem esperta. Desde quando se aproveita de caras bêbados, Kiddo?
Droga! Aquilo estava muito fácil para ser verdade.
_ Eu não esperava te encontrar tão cedo, como me achou?
_ As descrições de "um loiro muito gato e aterrorizante" foram suficientes. _ por um segundo, senti pena de seu estado. _ Volte para casa, estamos preocupados com você.
Dean riu. Riu de verdade. Como se tivesse ouvido a melhor piada do mundo. Não parecia nem ele, não pude nem o reconhecer naquele estado.
_ Foi mal, boneca, mas eu não vou voltar pra lá. _ ele sorriu, mas logo ficou sério. _ E dessa vez, eu vou garantir que você não terá essa coragem de vir atrás de mim de novo.
Dizer que suas palavras não me trouxeram medo seria uma mentira. Eu estava apavorada, a ponto de sentir as próprias mãos tremendo.
Onde estava com a cabeça em pensar que levaria Dean para o Bunker? Mas que idiota!
Seus olhos antes verdes foram tomados pela escuridão. Repletos de ódio e fúria, cheios de sede por sangue. Sedentos de raiva.
Por mais que eu estivesse com medo, uma parte de mim ainda acreditava que Dean não teria a coragem de relar um dedo sequer em mim por mais que já o tivesse feito antes, mas eu estava enganada. Percebi isso quando seu toque chegou ao meu corpo, quando fui acertada com um tapa no rosto, o que me fez desabar ao chão. Com a mão no local onde fui atingida, incrédula.
Outro tapa. E mais outro.
Eu estava me esquivando no chão, na tentativa de me distanciar dele. Eu queria lutar, queria o acertar, mas não tive ao menos a oportunidade de pensar em sacar minha arma, ela fora tirada de mim mais rápido do que o previsto.
Com outro golpe, já voltado para o soco, senti o líquido escorrendo pelo meu nariz, chegando a meus lábios e encharcando minha boca, fazendo com que eu sentisse o gosto metálico do sangue. Fui capaz de colocar a mão no local e apenas para ter certeza de que era realmente sangue, me arrepiando só encarar aquele vermelho manchado na minha pele.
Ele se abaixou até mim e agarrou minha perna com tanta força que eu estava quase jurando que ele a quebraria.
Dean me ergueu do chão e me colocou a sua frente. Seus olhos continuavam escuros, porém, agora transmitiam pena e não aquele ódio todo de antes.
_ Saia daqui. Eu não quero ter que matar você também. _ e me soltou.
O único apoio que eu tinha era seu aperto em mim, e quando ele me soltou, meu corpo desabou no chão.
Eu o vi caminhar na direção oposta a mim, e sumir na escuridão da noite.
Ainda perplexa e com a visão um pouco atordoada, continuei ali, repassando a cena dele me batendo.
No que ele se tornou?
_ Ah tá me zuando?! _ Dean grita da cozinha.
Eu sabia que essa hora ia chegar, só não esperava que fosse tão cedo.
_ Quem comeu a minha torta de novo?! _ continuou gritando.
Consegui ouvir os paços dele se aproximando, e eu juro que minha vontade foi de correr.
Sei que estaria me entregando, mesmo assim me levantei devagar e devolvo o livro em seu devido lugar. Estava pronta para voltar a meu quarto quando a voz do Winchester bem bravo me prega no chão.
_ Nem pense nisso. _ nem precisei olhar para ele para saber o quão bravo estava.
Dean caminhou até mim e, pegando em meus ombros, me virou para ele.
_ Você vai me bater? _ não sei por que, mas a pergunta saiu de forma espontânea de minha boca.
_ O que? Não! Eu nunca faria isso com você. _ sua expressão agora estava de dó. _ O máximo que eu fazia era te obrigar a sair agora e comprar mais torta. Mas te bater? Nunca, Kiddo, eu prometo!
Sorri de sua resposta. Eu me senti tão bem com suas palavras que o abracei, eu me senti segura e foi a melhor sensação do mundo... Tirando a do sexo.
Não segurei as lágrimas, elas saíram antes que eu pudesse sequer tentar lutar contra elas. Acho que a surra que levei doeu menos que ter que ver Dean quebrar a promessa que me fez.
Me levanto com cuidado, garantindo que terei forças para caminhar até a Baby. Minha perna ainda estava doendo com seu aperto.
Assim que entro no carro, com muito sofrimento, vejo no retrovisor o estado que eu me encontrada.
_ Droga... _ resmunguei para mim mesma.
Me deixo encostar no banco e fechar os olhos, tomando o ar que parecia me faltar a todo segundo. Eu consegui sentir cada centímetro do meu ser gritar de dor.
Não quero nem pensar em que desculpa miserável vou dar para Sam. Claro, eu tinha a opção de ficar no hotel e não voltar enquanto não estivesse melhor, mas Sam desconfiaria e viria atrás de mim, o que era pior porque eu teria que dar satisfação do que estava fazendo ali.
Então, entre dar uma desculpa do meu estado e esperar que ele venha descobrir sozinho, prefiro o da desculpa.
🌶️Não se esqueçam da Estrelinha. Muito obrigada!
🌶️
Anne Bueno
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