Os primeiros raios do sol iluminavam o pátio da Escola Jujutsu, onde a brisa leve fazia o tecido de meu uniforme balançar suavemente. O vestido que eu usava era um furisode moderno, adornado com padrões discretos de ondas e flores de cerejeira. As mangas longas flutuavam ao meu redor enquanto ajustava a postura de Yuji, corrigindo o ângulo de sua guarda com um leve empurrão na mão dele.

- Você está deixando sua defesa aberta de novo, Itadori - murmurei, inclinando a cabeça enquanto avaliava seu movimento. Meu tom era calmo, quase indiferente, mas minha mente trabalhava a mil por hora. Treinar Yuji era como guiar uma força da natureza: incontrolável e imprevisível, mas cheio de potencial.

- Sensei, posso fazer uma pergunta? - ele disse, hesitando enquanto limpava o suor da testa. Seus olhos estavam fixos em mim, cheios de curiosidade.

Suspirei, mais pela forma como ele sempre parecia esquecer que eu não gostava de distrações do treino do que pela pergunta em si.

- Desde que você não use isso como desculpa para evitar as próximas dez flexões.

Ele riu sem graça, mas logo o tom ficou mais sério.

- Seu cabelo... - ele começou, apontando para a mecha branca que caía entre os fios roxos, que brilhavam sob a luz do sol. - Por que ele está mudando assim? Antes, eu achava que era só um estilo, mas parece que tem um motivo.

Parei por um momento, os olhos se desviando para o horizonte. Era uma pergunta simples, mas não tinha uma resposta fácil. Meu cabelo não era apenas uma escolha estética; era um reflexo do que eu era, do que eu enfrentava.

- Cada vez que chego perto da morte -  comecei, minha voz carregada de uma melancolia que eu odiava demonstrar - um pouco de mim vai embora. Meu cabelo é o lembrete disso. Um dia, ele será completamente branco, e talvez nesse dia eu não consiga voltar.

Yuji ficou em silêncio, absorvendo as palavras com a mesma intensidade que mostrava ao lutar.

- Isso não parece muito... otimista -  ele respondeu, finalmente, coçando a nuca - Você já pensou em tingir de volta? Talvez seja só cabelo, sabe?

Dei uma risada breve, uma que não alcançou meus olhos.

- Você realmente acha que é tão simples, Itadori?

Ele abriu a boca para responder, mas eu levantei uma mão, sinalizando para que se preparasse.

- Basta de conversa. Mais uma vez, e desta vez tente não se distrair.

Enquanto ele assumia sua posição, não pude evitar a sensação de que meus dias ali estavam contados. Talvez fosse o intercâmbio que se aproximava, talvez fosse a profecia que rondava meu nome, mas eu sabia que o destino tinha planos que nem mesmo Gojo poderia prever.