
━━ 𝒕𝒓𝒖𝒔𝒕 𝒐𝒏𝒍𝒚 𝒊𝒏 𝒃𝒍𝒐𝒐𝒅
Caraxes soltou um assobio agudo em antecipação enquanto Daemon dispensava os quatro guardas que foram necessários para contê-lo. Vermelho como sangue e esguio como uma cobra, o dragão era coloquialmente chamado de o Verme Sangrento, não apenas por sua coloração, mas por sua natureza... Violenta.
O Verme resistiu e rugiu, soltando uma pluma de fogo curto em protesto enquanto Daemon o acalmava. Apesar de sua fachada estoica, seu dragão agia com a fúria inquieta que o consumia.
── Lykirī! Rybās! ── Daemon repreendeu a criatura, sua mão acariciando mais uma vez sua enorme cabeça. Caraxes se acomodou sob o toque de seu cavaleiro, emitindo agudos grunhidos de excitação, seu distinto e desconcertante murmúrio resultante de seu pescoço, muito mais longo do que deveria ser para qualquer dragão.
(Me obedeça!)
── Daemon Targaryen. ── uma voz familiar convocou da escuridão do fosso dos dragões. ── Cavaleiro de Caraxes, portador da Irmã Sombria. O Príncipe Rebelde que se tornou Comandante da Patrulha da Cidade...
── Ex-comandante. ── Daemon corrigiu, irritado. Isso, assim como sua outra posição, havia sido tirado dele.
── Eu espero que sim, com a rapidez com que você foge como um rato na noite. ── Myris não poupou palavras ao emergir do túnel. ── Nem mesmo um adeus, tio?
Daemon se afastou de seu dragão. Sem o toque de Daemon para acalmá-lo, a besta temperamental rugiu seu agudo assobio mais uma vez, descontente por estar sendo atrasado ainda mais.
Myris não se deixou afetar pela birra. Ela era inflexível em seu olhar enquanto encarava seu tio.
Daemon a observava pelo canto do olho. Seu vestido e braços nus indicavam que ela não estava ali por Vhaelor.
── Você disse aquilo? ── ela questionou. Não precisava se alongar, ele sabia o que causava tal veneno nela.
── Chamar Otto de filha da puta? ── Daemon olhou para ela por cima do ombro. ── Ele é.
── Você também é, por fugir. ── Myris ignorou sua tentativa de desvio. ── Você. Disse. Aquilo?
Ela não queria ouvir isso de Rhaenyra, que ouviu de Otto, que ouviu de Strong. Ela queria ouvir dele. Queria saber com certeza se sua percepção sobre os homens era tão lamentavelmente equivocada.
Daemon, apesar de toda sua raiva, desviou os olhos dela.
── Todos nós lamentamos à nossa maneira. Os homens dizem coisas profundas em copos que...
── Não seja um covarde. ── Myris disparou, forçando-o a olhar para ela. Lágrimas brilhavam em sua linha de cílios. Ela encarava seu tio com um desprezo pouco disfarçado enquanto se aproximava dele. ── Ela significou tão pouco para você...
Daemon se virou, atacando. Myris gemeu enquanto sua mão se curvava ao redor de sua cabeça, puxando-a para perto de si. Daemon se conteve; seus olhos enfurecidos suavizaram-se em um arrependimento frustrado enquanto ele descansava sua testa contra a dela.
Ele entende mais do que a maioria que não se trata do menino para ela. Nunca se tratou do menino para ela...
Seus olhos em fúria se fecharam em arrependimento, seus dentes rangendo com tanta força que Myris podia ver o tendão se esticar em sua mandíbula. Isso também lhe doía.
── Se desculpe. ── ela implorou suavemente. Seus narizes quase se tocavam, ela o forçava a abrir os olhos e ver a desesperança nos dela.
Daemon sorriu cruelmente para a ideia. Homens como ele não têm a capacidade para tais coisas.
── Por favor, peça desculpas e talvez...
── Pare com isso, passarinha. ── era o mesmo nome que ele usava para chamar sua mãe. ── O que está feito está feito. Não há sentido em chorar por isso.
Ele a encarava com apatia em seu olhar cheio de lágrimas. Ele era talvez o único homem nos Sete Reinos imune a suas lágrimas infames. Ele tinha fé demais nela para mimá-la como os outros.
── Seu pai é fraco. ── seus dedos se torciam em seu cabelo para mantê-la ali.
Ele não a permitiu se afastar em sua raiva. Ela precisava ouvir isso, por mais que doesse. Ele espera que seus olhos transmitam a seriedade de suas palavras.
── Eles também acharão que Rhaenyra é. Cabe a você manter as bocas sugadoras deles longe dela. ── apesar de sua raiva, sua preocupação não podia ser ignorada.
Myris balançou a cabeça, apesar de seu aperto. O que ela poderia fazer a respeito?
── Eles não vão suspeitar de você... Nunca suspeitam. ── Daemon parecia quase orgulhoso dela. Como sua mãe, ele via o ardil por trás de seus olhos grandes.
Sua pequena passarinha teria que usar garras se não crescesse dentes.
── Você precisará ser mais esperta, mais rápida, sempre atacar primeiro onde puder. Você achará que está cedendo centímetros, mas eles levarão de você milhas.
O rosto de Myris se torceu em desconforto. Por que ele estava falando em enigmas e por que parecia que estava preparando-a para a guerra?
── Então fique! ── Myris não se importava se suas lágrimas o incomodavam, elas caíam por conta própria. ── Se Rhaenyra precisa de mim, eu preciso de você. ── ela não estava preparada para o fardo que ele estava colocando sobre ela. ── Certamente você não é tão cruel a ponto de me deixar também.
Os olhos de Daemon suavizaram enquanto ele levantava a cabeça, sua mão afrouxando seu cabelo para segurar seu queixo. Ele a forçou a olhar para cima, o tempo para lágrimas havia acabado agora.
── Anogar gō mirros.
(Confie apenas no sangue.)
── Eu confiei... ── a desilusão nublou sua visão. Os homens que ela olhava como gigantes de repente pareciam tão pequenos, fracos e cheios de erros. ── Olhe o que isso me trouxe.
Daemon não poderia oferecer mais nada. Ele puxou seu queixo para o peito dele, lábios pressionando sua coroa. Uma despedida, um pedido de desculpas, uma ‘boa sorte’. Ele a empurrou para longe dele com a mesma rapidez.
Uma leve afeição, ainda assim, estava deslocada em sua humilhante relação. Era o tipo de despedida que ela esperava para sua irmã, sua sobrinha mais devotada. A finalização disso a perturbava.
── Você não vai nem se despedir dela? ── todo esse papo sobre proteger Rhaenyra e ele não tinha coragem de enfrentá-la?
Daemon não se importou enquanto se acomodava sobre o Verme Sangrento que gritou de alegria.
── Eu não ia me despedir de você. ── ele a lembrou de sua interrupção. ── Mas você é uma coisa tenaz, não é?
Daemon olhou para baixo para ela de seu montante. A compaixão pairava em seu olhar frio.
── Cuidado com a filha da puta Hightower. ── esse era o conselho mais valioso que ele podia dar. Ele odiaria vê-los sofrer o mesmo destino que seu irmão e ele sofreram.
── Não seria mais fácil com dois de nós?
A cabeça de Daemon se virou para frente enquanto ele soltava sua risada curta e distinta.
── Ahh, muito bom. ── tenaz de fato.
Myris não estava tão divertida, pois suas tentativas desesperadas eram ignoradas.
── Naejot! ── com o comando, Caraxes deslizou pela boca da caverna, seu assobio penetrante ecoando pela baía enquanto se projetava para fora e para o alto no horizonte. Apesar de suas deformidades, ele era indiscutivelmente uma criatura linda e aterrorizante. O coração de Myris disparou ao pensar que não o veria novamente.
(Suba!)
Quando ela retornou aos seus aposentos, estava ansiosa por seu chá noturno. Contando com isso para ajudar a apagar suas frustrações e dúvidas, ficou perplexa ao ver que o chá não estava esperando por ela. Nem com o jantar na primeira noite. Nem na segunda. Nem na terceira.
Não veio novamente.
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