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━━ 𝒕𝒉𝒆 𝒅𝒓𝒂𝒈𝒐𝒏


── Eu, Myris Targaryen, Princesa dos Andalos, dos Rhoynar e dos Primeiros Homens, como protetora do reino, prometo ser fiel ao Rei Viserys e a seu herdeiro nomeado, a Princesa Rhaenyra. Eu prometo lealdade a eles e defenderei contra todos os inimigos de boa fé e sem engano. Juro isso pelos velhos Deuses e pelos novos.

Harwin observou enquanto a princesa se erguia de sua reverência. Ela levantou o queixo, abrindo a boca antes que o Grande Septão pudesse dispensá-la.

── perzys Ānogār iksi vēttan. ── as palavras em Alto Valiriano saíram de sua língua como magia vinculante, mais pesadas do que qualquer juramento comum. ── Lēda perzys Ānogār kesan dohaeragon.

(Através do fogo e do sangue, nós somos feitos. Com fogo e sangue, eu servirei.)

Soldados e guardas presentes endireitaram-se em resposta. Harwin não tinha ideia do que ela declarara diante de seu Rei e irmã, mas aquilo o agitou mesmo assim.

Harwin não conseguia desviar os olhos dela. O que quer que tenha sido dito foi bem recebido, já que tanto a herdeira quanto o Rei brilhavam de orgulho, rejuvenescidos pelo sorriso encantador dela. Ele entendia, um olhar dela tinha o mesmo efeito nele.

Ela tomou seu lugar nas laterais do trono. Queixo erguido e postura perfeita, ela exalava um ar régio que combinava com os monarcas atual e futuro que a ladeavam. Ele admitiria que ela escondia bem seus nervos, mas Harwin via através de sua fachada.

A mesma coroa e olhar hesitante que a adornavam agora eram os que ele havia visto quando a conheceu pela primeira vez. Ele se lembrou de como ela a ajeitou apressadamente quando escorregou durante sua queda desajeitada, o aço incrustado de rubis era grande demais para ela, pesado demais. Escuro e retorcido, não combinava com a doçura que ela exalava.

Ela tinha sido gentil com seu irmão quando poucos foram. Larys teria sido um bode expiatório fácil, se a história servisse de base, mas a Princesa assumiu a culpa sem um pingo de irritação, apesar do constrangimento público. Doce como era, ela honrou o apelido que lhe deram, rindo de todo o ocorrido enquanto damas e lordes se preocupavam com ela. Alegre, Harwin a achou, mas ainda assim cativante. Talvez fosse por isso que a raiva fervente o atingiu quando o sorriso dela desapareceu, sua mão apertando mais forte a dele em algo que ele reconheceu como medo.

De acordo com seu irmão, Sunderland, o cão desesperado, esteve no encalço dela a semana toda. O Lorde insignificante não perdeu tempo em importuná-la por atenção mais uma vez, mesmo quando Harwin a amparou. Ele nem sequer perguntou se ela estava bem, o desgraçado. Harwin poderia não ser o mais cortês dos Lordes, mas não seria um cavaleiro se deixasse tal comportamento grotesco passar sem punição.

Então, quando a Princesa foi colocada sob a proteção segura de seu Lorde Comandante, Harwin rapidamente resolveu o problema dela. Larys o repreendeu da forma passiva que frequentemente fazia. Como extensões do conselho do Rei, eles não deveriam causar conflitos, ele poderia se arrepender de tal ação precipitada mais tarde. Harwin zombou da ideia.

Ver Sunderland sair de fininho com o rabo entre as pernas e suas “joias” provavelmente retraídas valia qualquer consequência para ele. Caso perseguisse a garota de novo, Harwin prometeu, demonstraria felizmente por que o chamavam de "Quebraossos". O parasita voltou para as Três Irmãs mais cedo do que o planejado, uma carta de obediência enviada em seu lugar, ao invés de participar do encontro de Lordes. Talvez o “amor devoto” de Sunderland pela Princesa fosse mais fraco do que se pensava.

E ela estava melhor assim.

── Corlys da Casa Velaryon, Lorde das Marés e Mestre de Driftmark. ── o Grande Meistre Mellos convocava os Lordes do reino um a um. Harwin não prestava atenção neles ou em seus juramentos. Apenas uma coisa prendia seu olhar.

A Princesa Myris respirou fundo, preparando-se para a exaustiva fila de homens à frente enquanto tentava encontrar uma posição confortável.

Ele podia vê-la brincando levemente com as pulseiras em seus pulsos, mexendo nervosamente enquanto olhava para o nada. Reconciliar a garota que ele conheceu com a mulher em que ela havia se tornado em tão pouco tempo era difícil para ele. Ele a viu apenas duas vezes desde aquele banquete e, a cada vez, ela era uma casca da garota brincalhona que ele testemunhara antes.

Harwin não conseguia compreender como algum homem podia ver o sofrimento em um rosto tão belo e não ser movido à ação.

Sete infernos, ele nem a viu antes que seus pés o levassem até as escadas do parapeito naquela noite.

── Chorando... ── o mensageiro enviado para buscá-lo disse. ── Ela está lá, chorando.

Um dragão, uma Princesa e muitos vigias nervosos o esperavam no portão. Ele dispensou seus homens antes que pudessem argumentar, envergonhado de que pensassem primeiro em suas próprias peles antes da vida da Princesa.

Que homem a deixaria sozinha em boa consciência? Se Gillen estava certo e ela pretendia se afogar na baía... Bem, Harwin decidiu que teria que ir atrás dela. Uma ideia absurda, ele admitiu, mas mesmo assim removeu o capacete e a couraça.

Seu plano era escoltá-la de volta ao portão, colocá-la em segurança antes de questionar sua escolha duvidosa de passeios, mas a autoridade fugiu dele ao se aproximar. Mesmo nos braços do luto, ela era uma visão. A luz da lua brilhava sobre sua pele e cabelo, os cachos selvagens mal contidos em uma trança bagunçada enquanto ela estava na margem. Seus olhos violetas se voltaram para ele, desconfiados, ao interromper sua solidão.

Ele não gostava nada daquele olhar.

Por algum milagre, ele conseguiu arrancar um sorriso dela, um pouco envergonhado, mas tão adorável e vívido quanto ele se lembrava. Isso trouxe à tona uma sensação de calor que ele se sentiu compelido a perseguir. Ele se ajoelhou na areia, então, recolhendo mais pedras para ela, um pedido de desculpas por sua interrupção.

Era uma oferta de paz modesta, mas o melhor que ele podia fazer. Ela as aceitou com certa hesitação, permitindo que as pontas de seus dedos roçassem na palma dele ao entregá-las, um toque tão suave que fazia cócegas em suas mãos calejadas. Isso o lembrou de como a mão delicada dela se sentiu na dele. O jeito como se apertou, buscando segurança com ele.

Confiando nele.

A proteção que Harwin sentia por ela voltou a crescer. Ele não a deixaria até que estivesse segura. Só os Deuses sabiam o que espreitava na escuridão fora das muralhas da cidade, animais de quatro patas e dois poderiam facilmente dominá-la.

Ele a observou com genuíno assombro enquanto a Princesa acertava perfeitamente todas as vezes, enquanto Harwin falhava miseravelmente em comparação enquanto se revezavam. Ela seria mortal com um arco, ele imaginou. Sua vergonha por não conseguir igualar a habilidade dela trouxe, pelo menos, outro sorriso aos lábios dela, e isso sozinho já valia seu peso em ouro.

── Capitão? ── ela notou seu posto com certa aprovação. ── Bem merecido, imagino.

Harwin inflou-se com o elogio.

── O que alguém faz para merecer uma promoção tão rápida?

── Meu trabalho, Princesa.

Esbanjar-se com contos de força e justiça, ou brutalidade e derramamento de sangue, não a ajudaria. Ele conhecia bem seu apelido. Não queria que essa fosse a única opinião que ela tivesse dele.

Sozinhos na praia, o medo dele era a última coisa que ele queria inspirar nela. Embora suspeitasse que ela não era tão vulnerável quanto o rosto doce dela deixava transparecer. Ele testemunhou a fúria impressionante na cozinha e agora tinha visto a grande besta que ela ordenava que obedecesse.

Vhaelor, disseram-lhe, uma sombra massiva de chifres pontiagudos e dentes que eclipsava as estrelas. O que, nos Sete infernos, uma garota como ela fazia com um demônio como aquele? A Princesa olhava para o dragão negro como carvão escondido na escuridão como se fosse um animal de estimação, com olhos suaves e um sorriso orgulhoso conforme ele comia, enquanto Harwin sentia seus testículos subirem para o estômago. Ele apertou a espada com mais força por instinto, sentindo a ameaça que espreitava na sombra, mesmo que não pudesse vê-la completamente.

Ela percebeu, para sua vergonha. Sentiu o medo ácido nele como se sente em um animal encurralado.

── Não tenha medo. ── disse ela com uma voz suave como veludo.

O aperto de Harwin no punho da espada relaxou lentamente enquanto ele colocava a mesma confiança nela que ela colocava nele. Ela provou que ele estava certo, humilhando sua arrogância com uma risada encantadora e um gesto despreocupado.

Ele nunca tinha conhecido uma dama tão livre com suas lágrimas e tristeza. Ela não demonstrava vergonha ao chorar, sua franqueza movendo Harwin a compartilhar coisas que ele nunca antes havia dito sobre seu pai, sobre sua mãe...

── E quando você deixou de estar com raiva? ── ela perguntou.

Nunca, Harwin percebeu.

Mas ele não seria o homem a colocar esse fardo sobre ela, quando ela estava desesperadamente buscando alívio de seus próprios problemas. Em vez disso, ele desviou, distraiu e discutiu.

── Meu pai é tudo o que ela tem. ── ela comentou.

Aquilo o entristeceu, pensar que ela tinha uma visão tão pequena de si mesma. Então ele discutiu. Ignorando sua posição, esquecendo a própria, ele discutiu com ela sobre o próprio valor dela. Se Myris não lutaria por si mesma, ele lutaria por ela. O olhar que ela lhe deu depois...

Um homem poderia passar a vida perseguindo o sentimento que tal olhar lhe dava.

Infelizmente para Harwin, o caminho deles não iria mais longe. A noite deles chegou a um fim abrupto quando Sor Harrold a chamou de volta. De rosto vermelho e fervendo de raiva, o manto branco não deixou espaço para argumentos, parecendo pronto para pular das ameias atrás dela. Harwin a seguiu a uma distância respeitável, para que o cavaleiro não pensasse que algo indecoroso havia acontecido.

── Obrigada, Sor. ── ela ainda o surpreendeu. ── Agradeço por sua franqueza. É uma gentileza que falta neste lugar.

“Me dê a chance, princesa, e eu lhe oferecerei mais.”

Que pena ele não ser um homem corajoso o suficiente para dizer isso. Ele se descobriu ansioso para agradá-la, para vê-la sorrir e ouvir sua risada, para renovar a beleza viva que foi roubada dela pela morte da Rainha. Mas seria presunçoso presumir que seus caminhos se cruzariam novamente. Como no banquete, o tempo deles juntos foi interrompido mais cedo do que ele gostaria, a abrupta separação lembrando-o de acordar de um sonho.

O velho cavaleiro estava furioso, gritando como uma tempestade e praticamente amaldiçoando a garota por suas decisões imprudentes. A Princesa Myris parecia indiferente, correspondendo aos seus exageros com os próprios quando desafiada. Harwin limpou a barba para esconder o sorriso. Teve a impressão de que ela sabia muito bem como se defender em uma discussão.

Infelizmente para Harwin, sutil nunca fora uma palavra para descrevê-lo. Westerling lançou-lhe um olhar fulminante, uma acusação silenciosa. Com a Princesa fora de alcance, o velho cavaleiro se voltou para Harwin em busca de respostas.

── O que estavam discutindo mais cedo? ── o guarda questionou.

O olhar gélido de Harwin encontrou o ardente de Sor Harrold. Ele não disse nada. Se procurava um informante, era melhor buscar em outro lugar. Ele não trairia a confiança que ela havia depositado nele de forma tão crua.

Westerling presumiu o pior.

── Seja lá o que você busca, rapaz, não encontrará aqui.

Harwin deu uma risada baixa diante da insinuação. Ele não era um homem tão ambicioso.

── Busco apenas voltar ao meu dever. E talvez praticar minha pontaria.

Não deu mais explicações. Que o velho desgraçado pensasse o que quisesse, a capa dourada havia trabalhado duro para devolver o sorriso ao rosto da Princesa. Não participaria de apagá-lo agora.

Mas Harwin participou.

── Lyonel da Casa Strong, Mestre das Leis e Senhor de Harrenhal. ── Mestre Mellos chamou seu pai da multidão.

O maxilar da Princesa Myris se apertou enquanto ela engolia seco. Sua irritação seria fácil de perder, não fossem os olhos dele grudados nela. No entanto, sua irmã... O rosto de Rhaenyra vacilou em aborrecimento, sua carranca desaparecendo tão rápido quanto surgiu, enquanto seu pai se ajoelhava diante dela. A atitude delas em relação à Casa Strong havia azedado.

Com um engolir culpado, Harwin amaldiçoou silenciosamente o bastardo do Ocidente que chamava de amigo...

── O que há de errado com um pouco de moral? ── Duncan defendeu a extravagância obscena.

O Príncipe Rebelde havia comprado a melhor casa de prazeres na Rua da Seda, um presente para os homens que trabalharam incansavelmente limpando a cidade em preparação para o grande torneio de Viserys. Harwin acabou cedendo após algum debate, juntando-se aos oficiais em uma mesa de cartas enquanto as bebidas fluíam livremente e as mulheres dançavam de forma indecente.

Chegou ao ponto de permitir que uma bela morena se sentasse em seu colo, acariciando seu peito e brincando com suas mãos enquanto ele conversava e bebia. Gostava do toque suave dos dedos dela, as mãos pequenas lembrando-o de outras que segurara. Um pensamento que não deveria ter, mas que se recusava a deixá-lo. Ela inclinou a cabeça no vão do pescoço dele, sussurrando desejos vulgares enquanto beijava sua pele. Um ouvido tomado pela boca suja dela, o outro se esforçou para ouvir...

Estava silencioso lá embaixo.

Harwin, sempre um homem que confiava em seu instinto, deu um tapa no traseiro da prostituta para que ela saísse dele, deslizando-lhe uma moeda de ouro para que ela não sentisse que seu tempo fora desperdiçado, antes de direcioná-la a um homem mais receptivo. Ele não estava com humor naquela noite, não com uma tempestade iminente aguçando seus sentidos e os pensamentos de outra mulher nublando seu julgamento.

Duncan riu de sua saída precoce, pegando com entusiasmo sua adoradora indesejada, apesar do bico dela por Harwin.

Harwin saiu para retornar aos seus aposentos, descendo a escadaria e caindo bem no meio do discurso de seu Comandante.

── Sonhem e orem o quanto quiserem. ── declarou Daemon. ── Parece que não sou tão facilmente substituído. Os Deuses dão... Assim como os deuses tiram. Ao filho do rei, Baelon, o Herdeiro por um dia.

Flertava com a heresia. Mesmo assim, os bajuladores e tolos aplaudiram o Príncipe bêbado. Harwin não disse nada, lançando ao Príncipe um olhar de repulsa enquanto balançava a cabeça. Por mais rude que fosse, já haviam dito piores em prostíbulos e armarias. Além disso, de quem era o negócio o que homens diziam em bordéis, igrejas ou camas de amantes?

Do Mão, aparentemente.

Ao amanhecer, Otto Hightower começou a bater em sua porta. Conhecendo a franqueza da Casa Strong e a lealdade das Capas Douradas ao seu Comandante, o Mão foi direto ao ponto com perguntas sim ou não para validar outros relatos. Harwin apenas confirmou o que sabia ser verdade. Hightower partiu tão rápido quanto apareceu, agradecendo a honestidade de Harwin de uma maneira que fez o cavaleiro se sentir sujo.

Uma palavra de três letras ele havia dado.

Uma palavra de três letras ele havia recebido.

── Você. ── sua Princesa o saudou no dia seguinte.

Os Deuses eram cruéis ao conceder orações, percebeu, enquanto seus caminhos se cruzavam novamente. Ela não tinha sorrisos para ele agora. Seu olhar cansado de introspecção se quebrou com surpresa.

── O que está fazendo aqui? ── a abertura que ela havia compartilhado com ele permaneceria apenas em sua memória, seus olhos arregalados cautelosos e curiosos, apesar de como ela se aproximava dele. Harwin lembraria que ela era gentil mesmo em sua raiva...

Mais uma vez, o tempo deles foi interrompido, e nas semanas seguintes Harwin não viu nem sinal da garota desde então...

O masoquista que era, agora ele absorvia a visão dela sem vergonha.

O exame preguiçoso de Myris sobre a multidão parou, seu olhar pousou diretamente nele. Ela se mexeu sutilmente, contemplando-o de volta com algo nos olhos. Uma pausa, então um olhar desafiador. Os olhos da Princesa se estreitaram em desafio enquanto sua boca se abria como se fosse dizer algo do outro lado da sala. O decoro, e talvez o orgulho, a impediram.

Harwin conteve sua risada com dificuldade. Ela o lembrava de um gatinho segurado pela nuca, dentes à mostra e chiando com uma raiva que não tinha onde colocar, forçada a manter sua posição estoica. Ele se recompôs enquanto seu pai retornava ao lugar ao seu lado.

Ela suavizou à medida que ele sustentava o olhar dela, relaxando visivelmente enquanto ele passava na avaliação dela. Seus lábios se curvaram em diversão enquanto ela se virava sutilmente, como se o advertisse a desviar o olhar antes que fosse pego. Ele não conseguia. Ele não iria.

“Como posso desviar o olhar agora que a vi?”

Aceitando o que o destino poderia trazer, Harwin encarou de volta abertamente.

A bengala de seu irmão bateu contra seu pé para chamar sua atenção, lembrando-o de que não estavam sozinhos naquela sala.

── Embora eu saiba que você não compartilha da mente de nosso pai para a política... ── Larys sussurrou para ele. ── Eu evitaria fazer múltiplos inimigos tão cedo.

Ele ergueu a bengala para gesticular sutilmente adiante.

Harwin piscou, afastando o nevoeiro de sua mente, arrancando-se do feitiço que ela lançara sobre ele para seguir a direção indicada pela bengala. O olhar de Sor Harrold queimava quente e furioso de volta para ele. O aperto em sua empunhadura se intensificava enquanto ele o fulminava com os olhos.

Como a Princesa havia avisado, Harwin havia sido notado.

O Capitão da Guarda cerrou os dentes. A acusação silenciosa atingiu fundo, pois Harwin percebeu que seus pensamentos haviam se desviado para observações menos nobres sobre ela. Sabiamente, ele direcionou sua atenção para o chão enquanto lutava contra sua raiva.

── Boremund da Casa Baratheon, Senhor Supremo das Terras da Tempestade e de Ponta Tempestade.

Lyonel Strong deu um suspiro frustrado enquanto o velho Cervo era convocado. Sendo o último das Grandes Casas, o Lorde levou seu tempo para se apresentar diante da coroa.

── Há uma linha tênue entre coragem e estupidez. ── o pai de Harwin murmurou, embora não fosse diretamente para ele, as palavras ecoaram em seus ouvidos.

Harwin girou os ombros enquanto olhava para cima. Boremund estava diante da coroa em silêncio, ou melhor, em rebeldia, recusando-se a se ajoelhar. Sua arrogância descarada incomodou os dragões à sua frente.

Deuses... Ele já havia enfrentado assassinos com menos malícia nos olhos.

Harwin estava errado. Seja lá o que a Princesa lhe havia mostrado, não chegava nem perto de raiva, se isso era o que sua verdadeira ira parecia.

Myris e Rhaenyra ostentavam expressões idênticas de desprezo, seus olhos estreitados de forma cortante enquanto suas bocas assumiam firmes caretas de desagrado. Rhaenyra intimidou o Lorde com sua ameaça silenciosa antes que seu pai pudesse se levantar do trono.

Boremund se ajoelhou.

── Eu, Boremund Baratheon, Lorde de Ponta Tempestade, prometo ser fiel...

Harwin estudou a mudança nos Dragões. As irmãs relaxaram e recuaram quando seu pai se levantou do trono atrás delas. Mesmo com a desarmonia que se dizia haver entre elas, seu laço protetor era evidente. Harwin voltou sua atenção para o Rei.

── Eu, Viserys Targaryen, primeiro de meu nome, Rei dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, Senhor dos Sete Reinos e Protetor do Reino, nomeio Rhaenyra Targaryen, a Princesa de Pedra do Dragão e herdeira do Trono de Ferro!

O Grande Septão bateu seu cetro contra o chão, ecoando reverberações. Súditos leais, aqueles presentes, baixaram suas cabeças em aceitação, pois a questão agora se tornara lei.

── Salve o Rei Viserys, primeiro de seu nome! ── bradou o Lorde Comandante da Guarda Real. ── Salve a Princesa Rhaenyra, herdeira da coroa!

A Guarda Real bateu os punhos contra seus peitos blindados enquanto a sala irrompia em aplausos.

── Quão rápido as marés mudam. ── comentou Larys sobre o Cervo. ── Ele é mais corajoso do que inteligente, Targaryens não perdoam e não esquecem.

Jaehaerys havia sido a única exceção: uma raridade entre dragões e homens, com uma genialidade que poucos viveram para ver.

── Aprenda com isso. ── Lyonel aconselhou um em particular. Ele não guardava ressentimento pelo jovem e seus desejos, apenas alertava sobre as consequências de se envolver com Dragões. E seu filho não era tão sutil quanto imaginava...

O queixo de Harwin se ergueu desafiadoramente enquanto seu olhar se voltava para a Princesa. Alta, bela e ameaçadora como uma flor com espinhos afiados demais. Algo mais havia capturado sua atenção.

Se fosse um homem mais sábio, teria seguido o conselho e mantido distância, teria empurrado todos os pensamentos sobre ela para longe, guardando-os apenas para a hora do lobo. Infelizmente, Harwin nunca afirmou ser sábio.

O garfo de Myris raspava contra o prato, perseguindo o pequeno mirtilo que escapava das três pontas. Cada tentativa de perfurá-lo o fazia rolar ainda mais longe. Ela se ocupava com o jogo sem sentido, achando-o muito mais interessante do que a conversa esparsa que lhe era oferecida em fragmentos.

Agora parecia diferente. Cadeiras estavam faltando à mesa. Um sinal de respeito, talvez, ao manter os espaços vazios em vez de preenchê-los apenas por aparência. As ausências eram muito recentes, muito perceptíveis, para serem abordadas ainda. Então, como de costume, Viserys ordenou que as evidências fossem apagadas. Fora de vista, fora da mente, com a esperança de que ninguém notasse.

Myris notou.

A mesa do Rei, quase sempre confortavelmente preparada para dez pessoas, havia sido reduzida para seis na ocasião. Viserys permanecia no centro, o trono de ferro se erguendo atrás dele. O Mão do Rei estava posicionado ao seu lado direito, como sempre, enquanto Rhaenyra, a nova herdeira, agora ocupava seu lado esquerdo.

A cabeça de Myris girou em tédio enquanto ela observava sua irmã ao lado dela. Rhaenyra inclinava-se em direção ao pai para ouvir atentamente suas anedotas sussurradas, meio embriagadas, e palavras de sabedoria sobre os Lordes reunidos diante deles. Rhaenyra brilhava com as opiniões desenfreadas do pai. Talvez fosse fofoca, mas para Rhaenyra, era o primeiro ato de seu pai em prepará-la para o papel que lhe havia confiado.

Sua irmã nunca parecera tão feliz.

Bom, ela pensou, ninguém merecia mais do que ela. No entanto, por mais feliz que estivesse por sua irmã, não conseguia encontrar forças para rir com eles. A remoção das cadeiras vazias aumentara o espaço entre elas. Um pé, no máximo, talvez, mas para Myris, parecia milhas naquele momento.

Ela olhou mais abaixo na mesa, além do Rei. Alicent não fora posicionada ao seu lado, como de costume. Em vez disso, a Lady estava sentada ao lado de Otto, espremida entre o pai e o irmão visitante no outro extremo. Alicent inclinava-se para frente sempre que a etiqueta permitia, tentando falar com ela através da distância até que o barulho da sala se tornasse alto demais. Agora, ela falava apenas com seu pai e Gwayne, envolvendo o Rei com um sorriso gentil sempre que ele pedia sua opinião.

Apenas Myris permanecia no lado esquerdo da mesa. Quieta, à sombra e, de repente, muito solitária. Seu garfo bateu contra o prato com nova frustração, o mirtilo que ela perseguira perfurado bem no centro da ponta de seu garfo. Seu rosto se iluminou em vitória.

── Você parece entediada até os ossos. ── uma mão foi estendida para ela pelo canto do olho. Myris seguiu a manga verde até o rosto bonito de Sor Gwayne Hightower, irmão de Alicent. ── Uma dança para animar a noite, alteza?

Piedoso e cortês, Gwayne sempre fora tão gentil com elas quanto com a própria irmã, tornando-se a imagem que Myris primeiro associava a um cavaleiro encantador das histórias antigas.

── Isso não vai causar uma onda de corações partidos atrás de mim, vai? ── ela pegou a mão dele sem mais delongas, na esperança de escapar da névoa de melancolia que pairava sobre seu lado meio vazio.

Era uma desculpa tão boa quanto qualquer outra para fugir. Uma vez no meio da multidão, estaria livre para se mover como quisesse, sem chamar atenção.

Ela lançou um olhar para a mesa ocupada pela Casa Strong enquanto Gwayne ria de tais acusações. A atenção de Myris tornou-se mais afiada ao perceber que a figura distinta de Harwin estava ausente.

── A menos que... Você tenha outros planos? ── Gwayne foi perspicaz ao notar a mudança abrupta em sua atenção.

── Não, meu Lorde. ── ela manteria os olhos atentos enquanto dançavam, esperançosa de que ele estivesse por ali em algum lugar. ── Quem vai liderar, eu ou você?

Gwayne riu. Ele havia encontrado sua igual em charme.

💙 ׂׂૢ་01: Aí, gente... Mil desculpas pela demora de postar um novo capítulo! Minha vida está sendo bastante corrida e, com tudo que vem acontecendo, nem consigo respirar direito. Apesar disso, não se preocupem! A fic não está abandonada.
💙 ׂׂૢ་02: Mesmo assim, preciso avisar que as próximas atualizações podem demorar mais do que eu gostaria, ainda sim, espero que gostem e continuem acompanhando a saga da Myris.
💙 ׂׂૢ་03: Um beijo, e até a próxima!

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