
━━ 𝒏𝒊𝒈𝒉𝒕𝒎𝒂𝒓𝒆
Um barulho sufocante escapou dos lábios da Princesa quando a mesma acordou.
Myris se encolheu na escuridão de seu quarto, a dor em seu peito era tão poderosa que a deixava enjoada. Em meio aos seus pensamentos confusos, ela só conseguia pensar claramente em uma coisa: sua mãe.
Suas mãos subiram até o rosto, tentando abafar o soluço que ameaçava crescer, sem sucesso. Foi uma tristeza repentina que a sacudiu. As lágrimas se acumularam e caíram desenfreadas.
Algo estava terrivelmente errado.
Seus pés adormecidos tropeçaram enquanto ela saía debaixo das cobertas. As sombras do quarto a incomodavam ainda mais, projetadas pela lareira que deveria aquecê-la. Ela precisava ver sua mãe.
A hora avançada era irrelevante enquanto ela saía de seu quarto. Mesmo em seu estado de confusão, ela sabia o caminho até os aposentos do Rei e da Rainha por puro instinto. As chamadas preocupadas dos guardas pelos quais ela passou eram irrelevantes para sua missão. Nem mesmo o guarda parado na porta do quarto conseguiu diminuir seus passos.
- V-Vossa Alteza?
Myris abriu a porta sem hesitação. Lá dentro, Sor Harrold se virou para ela. Ele preparou sua espada, pego de surpresa pela interrupção abrupta.
- Pelos Deuses, criança... - ele deixou de lado a formalidade, chocado.
- Quero ver minha mãe! - seu tom não vacilou, mesmo quando seu corpo tremia.
A mão de Sor Harrold apertou o cabo da espada. A outra mão estendeu-se para acalmá-la, pairando sobre seu braço nu, mas sem coragem para tocá-la.
- Princesa... - seu estado de desarranjo era sua prioridade.
Embora os dias fossem de calor abrasador, as noites eram bem mais frescas. A fina camisola de dormir da Princesa pouco a protegia do frio da noite. Não vendo ameaça na garota, o membro da Guarda Real soltou sua espada e desatou sua capa branca. Ele permaneceu cauteloso enquanto circulava por trás dela para colocar a capa sobre sua forma trêmula.
Myris lançou-lhe apenas um olhar, voltando-se para o Meistre ao lado, buscando entrar. Parecia que ele pouco fazia além de perambular por esses aposentos nos últimos dias.
Meistre Mellos balbuciou sem palavras, balançando a cabeça.
- Receio que não posso permitir isso, sua graça.
- O que aconteceu? - Westerling foi direto como sempre, mantendo-se em guarda enquanto a observava em busca de sinais de ferimento.
O tom de Myris foi igualmente cortante.
- Um sonho.
A risada abafada do Meistre Mellos ganhou a irritação compartilhada deles, seu sorriso era desanimador.
- Sonhos não são algo para perturbar sua mãe, Princesa. - ele a tratou com condescendência. - Talvez um chá noturno para acalmar esses terrores?
Sua mão gesticulou para seu improvisado laboratório.
Já se sentindo mal, as lembranças do último chá de sua mãe reviraram seu estômago perigosamente.
A cabeça de Myris balançou violentamente. Ela repetiu seu pedido, agora uma exigência. Lorde Westerling se move rapidamente para buscar ajuda. Mas Meistre Mellos não vacilou, uma ameaça maior ainda estava do outro lado das portas que ele a impedia de passar.
- Seu pai proibiu isso.
Myris recuou.
- Ele o quê?
Em seu estúdio, Viserys examinava os pergaminhos espalhados sobre sua mesa. O único som no escritório era o suave farfalhar de seus papéis em meio ao crepitar do fogo. Uma noite tranquila e pacífica. Uma raridade para qualquer homem, muito menos para o Rei. Sua cama o chamava, cada vez mais forte a cada minuto.
No quarto ao lado, Aemma dormia pacificamente pela primeira vez em semanas. O chá do Meistre tinha feito maravilhas para aliviar seus males e preocupações. No entanto, não era um milagre. Para garantir a saúde de sua esposa e filho, ele instruiu Sor Harrold a afastar todos os visitantes.
Em palavras curtas e doces: a menos que a Fortaleza Vermelha estivesse em chamas, ele e sua esposa não deveriam ser perturbados.
Sua paz nunca durava muito.
Os murmúrios suaves fora de seu estúdio atraíram sua atenção. Uma batida leve na porta se seguiu, Viserys concedeu permissão para entrada. Seu olhar era afiado enquanto a Guarda da Noite entrava e fechava a porta atrás de si. Westerling curvou-se profundamente em busca de perdão, mas hesitou.
O Rei girou o pulso, sinalizando para o Lorde continuar.
── Fale! Eu não sinto cheiro de fumaça. ── Viserys zombou irritado.
O rosto de Sor Harrold estava vazio de emoção enquanto ele relatava o incidente em questão.
── Sua Graça, a Princesa deseja ver sua mãe. Meistre Mellos informou-a de suas ordens, mas a Princesa está... Insistente. E bastante aflita. ── Sor Harrold manteve o olhar na parede à sua frente, tentando manter a compostura. ── Você ainda deseja que eu a afaste?
Seu bigode grosso se contraiu, perturbado pela resposta que poderia receber.
Viserys olhou para ele como se um terceiro olho tivesse aparecido em seu rosto.
── Myris? ── ele questionou. O cavaleiro assentiu. Deuses sejam bons, Viserys amaldiçoou a incompetência deles.
O Rei se levantou da mesa, marchando em direção ao solário.
── A Rainha não pode ser perturbada, vossa alteza; ela se esgotou e precisa de descan...
── Não me diga o que minha mãe precisa. ── a voz de Myris estava incomumente venenosa.
Seus delicados traços estavam contraídos em raiva e angústia, sua falta de vestimenta alarmante. Seu pai foi rápido em notar as marcas de lágrimas que corriam por sua face ruborizada.
Viserys sentiu uma raiva silenciosa borbulhar por isso. Apesar da crença do Meistre, ele respondeu rapidamente à sua filha angustiada.
── Mellos, o que significa isso?! ── os braços do Rei se abriram, prontos para abraçá-la. ── Myris...
A réplica do Grande Meistre foi ignorada por ambos os Targaryen enquanto Myris se lançava para frente. Ela ignorou o abraço oferecido e segurou as mãos estendidas de seu pai nas suas.
── Preciso falar com minha mãe, eu preciso vê-la! ── seus olhos estavam selvagens enquanto suplicava a ele.
Os olhos de Viserys a estudaram, examinando sua filha. O que poderia tê-la perturbado a essa hora tardia? Ela não cedeu sob o olhar escrutador dele.
── Deixem-nos. ── Viserys ordenou.
── Majes...
── Agora. ── ele falou rispidamente. Ele não repetiria a si mesmo.
A audiência deles murmurou sua saída, curvando-se abruptamente antes de se apressarem para o corredor. Não foi até a pesada porta se fechar atrás de Sor Westerling que Viserys tentou acalmá-la.
──Venha agora, garota. Acalme-se.
Myris permitiu que seu pai a conduzisse até a grande lareira que aquecia o quarto. Com um empurrão gentil, ele a instigou a sentar-se na luxuosa cadeira situada em frente a ela. Myris fungou, sentindo-se pequena e envolta na poltrona enquanto seu pai se mantinha diante dela. Seus polegares esfregavam seus nós dos dedos de maneira reconfortante, como ele costumava fazer com sua mãe. Havia um olhar divertido em seus olhos que torceu seu estômago.
── O que a fez chorar agora, doce menina?
── ele perguntou de maneira direta. Seu lábio se curvou, esperando respostas.
Considerada doce, gentil e terna, com um coração delicado, Myris era a imagem viva de sua homônima: a falecida Princesa Daella. Era uma sorte que ela não compartilhasse o mesmo nível de terror debilitante pelo qual a mãe de Aemma também era conhecida. Isso não quer dizer, no entanto, que Myris não tivesse seus momentos de lágrimas.
Ao contrário de Rhaenyra, que enfrentava tudo com o queixo erguido e um comentário afiado, Myris era uma princesa primaveril, suave e delicada aos olhos de seus pais. Na opinião de Viserys, sua caçula sempre havia sido tão rápida em derramar lágrimas quanto em acalmá-las. Embora já fizesse anos desde que ele presenciara um surto como o que tinha diante de si.
Ele havia notado os novos presentes que seu irmão trouxe em seu retorno. Talvez outro argumento sobre vestidos e joias, uma prática comum entre as Princesas na infância... Viserys suspirou pelo nariz. Parecia que ele nunca estaria livre de limpar as bagunças de seu irmão.
── Isso tem a ver com o retorno de seu tio?
Sua filha não respondeu.
Myris virou o olhar para a grande fogueira à sua esquerda, abrindo levemente a boca para respirar profundamente, buscando acalmar-se. As chamas dançavam em seu rosto, destacando o tremor em seu lábio e as lágrimas que imploravam para cair. O decote de sua camisola ainda estava úmido delas.
O sorriso de Viserys desapareceu à medida que estudava a jovem Princesa.
── Myris.
Foi uma ordem.
A respiração da garota engasgou, estremecendo com o tom dele. Viserys largou as mãos dela para segurar gentilmente seus ombros. Sua forma quase se perdia no manto do Lorde Comandante.
── Alguém... ── ele engoliu em seco. ── Alguém te machucou?
O Rei apertou levemente em sinal de conforto. Seu tom não condizia com o fogo intenso em seus olhos, só a ideia de algum homem tocá-la era suficiente para invocar fogo e sangue.
── Não a mim. ── Myris foi rápida em corrigir. As palavras eram roucas, mas claras. Os olhos violetas encontraram seu par mais velho. Ela o prendeu sob seu olhar gelado. ── Mãe está em grave perigo.
Viserys gaguejou.
── O que... ── sua respiração ficou presa em descrença. ── O que te faz dizer essas coisas?
A princesa voltou o olhar para a porta que a separava de sua mãe. Viserys a sacudiu enquanto caía de joelhos diante dela.
── Fale, menina!
Myris inclinou-se em sua direção. Seus olhos violetas ainda estavam cheios de lágrimas que não caíram, embora sua respiração já estivesse consideravelmente mais calma.
── Eu sonhei com isso.
Atônito, o Rei Viserys recuou e demorou um momento para processar sua declaração. Sonhou com isso... Ele não conseguiu conter o ar de riso que saiu de seu nariz.
Uma razão ainda mais boba do que ele pensava.
Desde que ela era pequena o suficiente para andar, ela corria para a mãe chorando por causa dos sonhos que a assustavam, ele não pensava que ela continuaria a fazer isso agora, anos depois, às portas da idade adulta.
Os lábios de Viserys tremeram em uma tentativa de sorrir. Sua cabeça balançou, apenas para Myris interromper sua tentativa de negação.
── Três vezes! ── suas mãos se lançaram como serpentes, seu aperto incomumente forte em seus pulsos. Ela não se deixaria enganar por falsos confortos e palavras adocicadas.
Ela se recusava a ser ridicularizada. Seus olhos procuravam desesperadamente os de seu pai enquanto ela implorava por compreensão.
── Está cada vez mais claro! ── ela levantou a voz.
── Myris... ── Viserys foi firme.
── Não é um bebê. ── ela sussurrou, para os ouvidos dele apenas. ── É um monstro. Uma criatura bestial. Com dentes e garras e ele cava...
Suas unhas cravaram na pele do pai enquanto ela sibilava a palavra.
── Ele cava seu caminho através do estômago da mãe até sair rastejando, e... E-E ele... ── suas palavras se embaralharam enquanto ela tentava se recompor.
Respirações curtas e soluçantes não ajudavam enquanto uma nova onda de lágrimas descia por seu rosto angustiado. A jovem princesa deixou seus olhos caírem no peito do pai, perdida em uma memória que era clara demais.
── E ele emite um som indescritível. ── seu corpo estremeceu com a lembrança. Um som que ela sentia que nenhum humano poderia fazer.
Um som que não sairia tão cedo de sua mente.
Myris levantou o olhar, seu olhar distante dele antes que o véu de sua expressão assombrada se erguesse.
── É mais claro do que uma memória. ── suas sobrancelhas se ergueram, admitindo que estava sem palavras para descrever.
Mais claro do que uma memória...
Viserys agora compartilhava um olhar semelhante de horror.
Como ela soube? Como ela poderia saber que naquela mesma manhã ele disse essas palavras para tranquilizar sua mãe?
O trotar dos cascos, escudos quebrando, e espadas ressoando o acompanhavam. Os sinos do Grande Septo soavam enquanto ele se sentava no Trono de Ferro, e todos os dragões rugiam como um só. Seu filho; nascido com a coroa de Aegon.
Tudo isso... mais claro do que uma memória.
Viserys tinha sonhos próprios, um sonho que ele tomava como visão. Uma visão que ele não negaria.
Ela estava errada. Ela tinha que estar errada. Uma onda de raiva começou a se formar nele naquele momento. Ele não conseguiu sorrir para sua filha para tranquilizá-la. Em vez disso, ele disciplinou suas feições como um rei: firme, decisivo e inquestionável.
── Foi um pesadelo.
Myris abriu a boca para protestar, ansiosa para dar mais testemunho. Seu pai foi rápido em silenciá-la.
Com uma rapidez inesperada, ele soltou o aperto em seus ombros e foi em direção aos seus olhos. Myris mal estremeceu enquanto suas mãos seguravam seu rosto e erguiam sua cabeça. O aperto de seu pai parecia quase punitivo enquanto ele olhava fundo em seus olhos com uma careta se formando. O medo marcou suas feições, seguido por algo semelhante à raiva. Ele apertou as delicadas bochechas dela com mais força, como se quisesse afastar as lágrimas.
Era uma sensação desconhecida estar do outro lado de sua ira. Mesmo que por um momento...
Sua expressão suavizou-se para uma de imensa pena, seu aperto doloroso afrouxou.
── Eu sei que você está com medo, minha querida. ── seus polegares acariciaram suas bochechas manchadas de lágrimas. ── Mas sua mãe é forte. Assim como seu irmão. Eles precisam apenas descansar.
Foi uma recusa tão gentil quanto ele poderia dar.
Sua própria visão ainda estava à frente de sua mente, não obstruída pelos devaneios assustados de uma criança imaginativa e inquieta.
A mandíbula de Myris estava dolorosamente tensa enquanto ela tentava controlar os soluços que ameaçavam sufocá-la. Suas lágrimas secas pareciam pegajosas em seu rosto enquanto ela tentava se afastar dele. No entanto, o aperto de Viserys era inflexível. A Princesa encontrou forças para acenar com a cabeça em aceitação. Uma mentira.
Ele não enxugou a última lágrima que escapou.
Considerando o assunto encerrado, o Rei soltou o rosto da filha como se o tivesse queimado. Um pequeno suspiro escapou da garota quando a pressão desapareceu.
── Não há razão para se prender a pensamentos tão desagradáveis.
Ele apoiou uma mão no braço da cadeira e levantou-se com uma rapidez incomum. Mas ele não a deixou. Viserys apoiou uma mão no encosto da cadeira perto de sua cabeça para se apoiar enquanto permanecia ao lado dela. Seu equilíbrio oscilava em uma mistura de exaustão e agitação. Ele olhava para as chamas, coletando seus pensamentos.
Ao lado e abaixo, Myris permitiu que seu aperto firme no braço da cadeira se aliviasse. Ela se encolheu mais, lentamente se fechando sobre si mesma na proteção que a cadeira oferecia.
── Meistre Mellos. ── O Rei Viserys chamou calmamente. Demorou apenas um momento para que a porta se abrisse novamente; o grupo sem dúvida havia ouvido qualquer coisa além de um sussurro enquanto esperava. ── Prepare um chá para minha filha. Algo para ajudá-la a dormir.
Seu tom era neutro. Vazio. Myris sentiu um frio, apesar da fogueira ao lado.
── Algo para parar esses pesadelos. ── ele trocou um olhar significativo com o Meistre por cima da cabeça dela, uma firmeza inquestionável em seu olhar.
Meistre Mellos acenou em compreensão antes de se retirar.
Myris quase saltou quando a mão de seu pai roçou sua têmpora.
── Está tudo bem. ── ele disse a ela.
O Rei arrumou o cabelo desalinhado dela, seu tom tingido de arrependimento pelo tratamento brusco que lhe deu.
── Promete? ── Myris sussurrou.
Era um pedido desesperado, nascido de um peso esmagador na alma e de uma necessidade urgente de alívio. Myris se perguntou se era isso que a morte parecia... Dura, fria, vazia.
── Eu juro. Você verá, está tudo bem.
Ela não conseguia ver o rosto dele nem avaliar seu tom, mas algo lhe dizia que ele não estava tão seguro de suas palavras quanto gostaria de estar. Mesmo assim, quando ele afastou mais um fio de cabelo, ela se inclinou em sua direção. Ele repetiu o gesto em silêncio. De novo e de novo, ele repetiu o que ele e Aemma faziam quando eram apenas crianças.
Nenhuma palavra foi dita por um bom tempo. Viserys agarrando-se desesperadamente às suas visões, Myris tentando não pensar nas suas. Lentamente, seu corpo relaxou, e seus olhos e cabeça ficaram pesados.
── Lembre-se do que eu disse, Myris.
Ela não conseguia dizer se as palavras dele eram para confortá-la ou para comandá-la.
── E não se prenda a medos bobos.
Myris engoliu em seco e assentiu, com medo de abrir a boca para não deixar as lágrimas que segurava começarem a cair. Tudo está bem, repetiu em sua cabeça. Tudo está bem.
Seu pai chamou os guardas para acompanhá-la de volta aos seus aposentos naquela hora tão tardia. Myris recusou respeitosamente a gentil oferta de Sor Harrold para carregá-la enquanto deixavam o salão. Ela já se sentia pequena e um fardo o suficiente.
Foi uma caminhada lenta em seu estado exausto, mas Westerling não a apressou. Ele pacientemente diminuiu seus passos para acompanhar os dela, e permitiu que sua presença familiar fosse um conforto. Ela não questionou o Meistre que a aguardava do lado de fora da porta de seus aposentos. Uma bandeja repousava em suas mãos, o líquido ainda fumegante.
── Não se preocupe, Princesa. ── assegurou Westerling. ── Há coisas que só os Sete controlam.
Seu tom sábio ainda não era o suficiente para acalmar o coração acelerado dela.
── Você precisa beber, princesa.
Diferente do chá de sua mãe, a xícara felizmente não continha um líquido espesso, nem possuía o mesmo odor desagradável. Ainda assim, Myris sentiu-se enjoada ao pegar a xícara oferecida.
Ela se voltou para Sor Harrold em busca de orientação. Firme e resoluto, o velho cavaleiro nunca permitiu que ela se machucasse. Seu bigode se contraiu enquanto ele assentia, incentivando-a.
A xícara não tinha o gosto terroso que seu cheiro sugeria. Azedo e amargo, Myris quase engasgou com o sabor. Ela se recusou a fraquejar sob o olhar do cavaleiro. Apesar da aparência pouco feminina, ela bebeu rapidamente com uma careta, exatamente como sua mãe a havia ensinado.
O Meistre se curvou profundamente e levou a xícara vazia, apressando-se de volta ao seu mestre.
Westerling fez um sinal para seu subordinado tomar posição do lado de fora da porta dela, conforme as ordens do rei. Ele gentilmente ignorou o rubor que surgia nas bochechas da Princesa enquanto ela lhe devolvia a capa. Seus olhos suavizaram diante da tímida gratidão dela.
── Durma bem, Princesa... ── a voz do Senhor Comandante era sincera enquanto ela deslizava para dentro de seu quarto.
Ela ignorou a sensibilidade em sua mandíbula machucada e limpou as lágrimas de seu rosto de uma vez por todas. Exausta, ela não conseguiu voltar para debaixo das cobertas antes de se encolher sobre si mesma.
Myris não sonha novamente.
E ela disse a si mesma: tudo está bem.
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