
━━ 𝒅𝒆𝒔𝒊𝒓𝒆
Harwin descansou o ombro contra um dos pilares da sala do trono enquanto observava o movimento da multidão. Não conseguia imaginar lugar mais seguro ou protegido do que uma sala lotada de guardas, cavaleiros e Lordes acompanhados por seus homens de armas, todos recém-reafirmados ao juramento de obediência ao Rei sentado diante deles. Mesmo assim, os olhos atentos de Harwin varriam a multidão.
Era difícil desligar esse hábito. Haviam se passado três semanas desde o exílio de Daemon, e os mantos dourados estavam sobrecarregados diariamente, preenchendo lacunas e treinando substitutos para os leais homens que ele levara consigo. Harwin não conseguia se lembrar da última vez que estivera sem sua armadura. Seus ombros ainda sentiam o peso do manto, um lembrete constante de seu dever, mesmo quando não o usava.
Ou talvez ele estivesse apenas procurando uma distração.
Seu pai fora colocado com altas honras ao lado do Lorde Paramount do Tridente, na cabeceira do banquete. Harwin e Larys o acompanhavam junto a outros lordes das Terras Fluviais. Isso dava ao capitão uma visão desobstruída da mesa real, mais precisamente, da melancólica garota na ponta dela.
Ele havia se comportado durante o jantar, imergindo-se em discussões amistosas e em um farto banquete compartilhado com a família e os conterrâneos enquanto comparavam as peculiaridades de Porto Real ao lar. Os céus de Harrenhal estavam sempre cheios apenas de nuvens, pássaros e morcegos ao entardecer. Em Porto Real, o céu era marcado pelo sol escaldante, dragões e gaivotas. Ele comentou como as criaturas haviam se tornado uma visão familiar voando sobre a cidade, bestas que agora podia admirar em vez de temer.
── Os homens se acostumam às coisas mais estranhas com o tempo. ── Lorde Grover Tully refletiu com ele. ── Foi assim que comecei a gostar da minha esposa!
Ele riu tão alto que seus velhos ossos tremeram.
Os olhos traidores de Harwin voltaram para Myris. Enfeitiçado novamente, ele a observou comer e beber em um silêncio quase contente até que Larys pigarreou de forma significativa. Seu irmão fez isso com gentileza. Harwin se desculpou então, ansioso para caminhar e dissipar o vinho e a cerveja, os culpados por sua crescente frustração, tinha certeza. Ele deu voltas ao redor da sala por hábito antes de se acomodar na periferia da multidão, meio escondido pela sombra enquanto simplesmente observava.
Mesmo nesse suposto momento de descanso, Harwin não encontrava paz. Sentia que algo estava se formando, mas ainda não conseguia identificar o que. Sempre acreditara que conflitos se formavam como tempestades, ele podia sentir o cheiro antes de vê-los, e Harwin não conseguia se livrar do odor intenso de descontentamento embriagado. Cauteloso, ele verificou os membros da realeza na cabeceira da sala do trono.
Os músicos haviam mudado o ritmo para algo mais animado, e os dançarinos tomaram a pista; Myris era uma delas.
O maxilar de Harwin se apertou quando ela aceitou a mão de Sor Gwayne para dançar. Uma onda de ciúme, feroz e retorcida, tomou conta dele. Era um sentimento que não experimentava desde a infância, uma traição de suas próprias emoções ao ver com que facilidade Gwayne a conduzia para a pista de dança.
Por que ele não havia pensado em convidá-la para dançar?
Porque você sabe que nada de bom sairia disso.
Num raro momento de petulância, Harwin afastou o pensamento que soava suspeitosamente como seu pai. Supôs ser um presente encontrar o silêncio onde podia, nenhum homem gostava de lamber suas feridas com uma plateia.
Infelizmente, uma plateia ele encontrou quando Duncan Hill se aproximou furtivamente por trás. Mesmo numa sala lotada, Harwin reconhecia sua presença se aproximando, um dom ou maldição de anos vigiando as costas um do outro. Mesmo agora, promovido a capitão da Guarda da Cidade, Duncan permanecia, em seu âmago, o segundo de Harwin.
Harwin manteve as mãos fechadas em punhos sob os braços cruzados, envergonhado por ser testemunhado no ato de desejar algo que não podia ter. Ele lançou ao outro homem apenas um olhar antes de voltar à vigilância.
── Você pensaria que ela estaria mais feliz, sendo feita futura rainha e tudo mais. ── Duncan não perdeu tempo com cumprimentos; ele gesticulou para a Princesa deixada na mesa principal.
O sorriso de Rhaenyra vacilou quando seu pai mudou para uma conversa mais séria com Otto, Lady Alicent foi conduzida à dança por algum Lorde, assim como sua irmã. Rhaenyra parecia estar procurando algo nos espaços vazios ao seu lado, sua nova posição começando a pesar sobre seus ombros.
Harwin bufou em discordância.
── Acho que a maneira como ela conseguiu isso deixou um gosto amargo. ── ele olhou de volta para compartilhar um olhar significativo com o homem.
A expulsão abrupta de Daemon da cidade havia deixado um gosto ruim em todas as suas bocas.
Em algumas mais que em outras.
Duncan girou seu copo de vinho, contemplando o destino do arrogante prometido a ser o maior cavaleiro dos Sete Reinos. O Príncipe Rebelde, vivendo à altura de sua lenda, permanecerá invicto pela lâmina, derrotado não pelo aço, mas pela palavra. Os Deuses eram engraçados assim.
── O grande Daemon Targaryen, derrubado pela própria boca maldita. ── Duncan refletiu, rindo em seu copo. ── O que eu teria pago para vê-lo depois da reação do Rei... ── uma risada o interrompeu. ── Imagino que ele parecia Goren quando eu contei.
Uma pesada pedra caiu no estômago de Harwin. Seu sorriso perdeu toda a alegria enquanto seu pescoço se inclinava para encarar o outro homem.
── ... o quê? ── baixo e quieto, mas ainda assim soava como um rosnado.
Harwin e alguns outros cavaleiros poderiam ter atraído a irá da coroa por sua participação no escândalo, mas Goren Volmark, o tolo que havia espalhado o cruel apelido pelas ruas naquela noite, pagará um preço mais alto. A Patrulha da Noite havia aceitado seu juramento na escuridão, disseram alguns. O Rei havia tomado sua cabeça antes do amanhecer, disseram outros... De um jeito ou de outro, o cavaleiro desaparecerá sem deixar rastro, um ar pesado de miséria pairando sobre os bens mundanos que deixará para trás.
Isso intrigara Harwin por algumas semanas. Goren era um bom cavaleiro quando não estava afogado em bebida, mas não era nem oficial nem amigo do Príncipe. Então, como ele estava no bordel para ouvir o discurso amaldiçoado?
O sorriso de Duncan desapareceu de seu rosto diante do tom perigoso, a peça que faltava finalmente se revelando.
Harwin se virou para encará-lo melhor. Certamente ele não tinha...
Ele tinha. Duncan ficou rígido sob o olhar afiado, percebendo seu erro.
── Foi... Foi uma piada.
O tendão no maxilar de Harwin saltou enquanto ele rangia os dentes, um pequeno sinal captado pelo homem que passará anos lutando ao lado dele. Duncan ainda assim não teve tempo de desviar. Harwin o agarrou pela gola, arrastando-o por vários metros antes de jogá-lo contra um pilar, fora da vista da multidão. Duncan arfou, sem ar e atordoado, tentando afastar a mão de Harwin, que o segurava com força.
── Uma piada? ── Harwin sibilou enquanto pressionava Duncan contra a parede. ── Um bebê morto, e a sua Rainha, foram uma piada para você?
Seus olhos se estreitaram em desprezo pela estupidez. Ele nunca havia se sentido tão enojado por um homem.
Duncan manteve um aperto firme no pulso de Harwin, incerto se o companheiro de armas poderia ir direto à sua garganta naquele estado. Ele teria mais chances se largasse o copo de vinho, mas o barulho do metal ao cair atrairia mais atenção, e Harwin parecia bastante ansioso para lidar com ele a sós.
Duncan franziu a testa em contrição enquanto lutava para afastar o homem mais forte.
── Qual é a importância disso? Daemon se foi...
── A Casa dele não. ── o que havia na água de Porto Real que fazia os homens aqui tão malditos idiotas?
Duncan jogou a cabeça para trás, exasperado, desistindo da luta. Harwin recuou antes que fossem notados, empurrando-o de volta com a mão quando ele tentou se levantar. Harwin ainda não tinha terminado com ele.
── Não há amor perdido entre o Rei e ele, eu te garanto. ── Duncan tentou usar palavras no lugar. ── As sobrinhas dele... ── Harwin inclinou-se mais perto para lembrá-lo.
── E por que elas se importam?!
Elas se importam, Harwin pensou.
Elas se importavam mais do que ambas poderiam admitir. Ele havia visto isso na forma como elas ficaram frias com seu pai, com a Mão, com ele. Membros confiáveis da corte de seu pai haviam recebido sua irá, enquanto um cavaleiro respeitado fora reduzido a nada por espalhar o boato. E Myris, os olhos da Princesa haviam brilhado com um fogo feroz diante da zombaria de Baratheon, que o queimava até o âmago.
Duncan estava cego à ameaça diante dele.
── Uma sobe ao poder no lugar dele, a outra é supostamente meio idiota lidando com a dor...
Harwin pressionou a mão aberta contra o peito de Duncan com mais força, sua força esvaziando os pulmões do outro e o silenciando.
── Cuidado com sua língua. ── ele rosnou baixo para ele. Harwin recuperou-se o suficiente para parar de pressioná-lo quando o rosto de Duncan ficou vermelho. ── Cinquenta homens partiram com ele por lealdade; ainda mais permanecem na cidade. O que você acha que acontecerá com você, pela coroa ou pelos mantos, se provarem que você é a fonte dessa miséria?
O que foi dito naquela casa de prazer nunca deveria ter saído de lá.
O idiota que era, Duncan tossiu, olhando na direção geral da mesa real.
── Eles não parecem muito miseráveis...
Os olhos de Harwin se acenderam com violência enquanto ele agarrava a túnica do homem.
── Você não vai repetir isso de novo. ── ordenou. ── Você não vai falar disso, nem sequer pensar... Ou eu vou tocar sua cabeça como um maldito sino até o cérebro sair de dentro.
Harwin empurrou Duncan contra a pedra enquanto o soltava, sua mão aberta batendo com força controlada contra a têmpora do homem. Sua preocupação por ele suavizou a ameaça muito real.
Os olhos de Duncan caíram para o chão em vergonha, desculpando-se enquanto Harwin recuava para evitar chamar atenção.
── Foi um erro de bêbado...
── Então pare de beber. ── Harwin permaneceu frio, o desapontamento claro.
Cansado de ver o olhar de cachorro arrependido do outro, Harwin fez um gesto com a cabeça para que Duncan fosse embora.
── Vai. ── ele disse, sentindo-se irritado só de olhar para ele. Harwin cobriu os olhos com a mão, os dedos massageando as têmporas para afastar a dor de cabeça e o mau humor em que fora empurrado.
Sabendo que era melhor não discutir com o homem que ainda considerava seu Senhor, Duncan deslizou para obedecer. Ele contornou o pilar apenas para voltar rapidamente.
── Droga... ── foi o único aviso de Harwin enquanto ele tentava se esconder.
── Sor Harwin. ── a voz doce como mel que ele ansiava ouvir o saudou. A mão de Harwin desceu pelo rosto para confirmar a fonte.
Myris se aproximou deles, longe da multidão, como se tivesse sido invocada pela conversa.
── Princesa... ── pego de surpresa, ele se esqueceu de fazer uma reverência. Myris parecia não se importar.
Eles se encararam em um silêncio crescente. A boca da Princesa se abriu, como antes, uma frase pairando na ponta da língua antes que ela se segurasse. Myris virou sua atenção para o cavaleiro ao lado deles.
Duncan manteve a cabeça baixa, o queixo enfiado no peito num ato exagerado de submissão. A sobrancelha de Myris arqueou em questionamento enquanto ela insistia que ele olhasse para cima. O cavaleiro não se moveu, esperando se fundir ao pilar. Myris apenas continuou a encará-lo em silêncio.
Harwin pigarreou.
Recuperando a coragem, Duncan olhou primeiro para ele antes de encarar a Princesa.
── Princesa. ── Myris sorriu gentilmente para ele, embora confusa. ── Uh, está aproveitando o...
── Vá. ── Harwin ordenou. A última coisa que precisava era o idiota falando.
Duncan ficou grato pela dispensa.
── Ah, sim, é... Desculpe, alteza. Tenho... Deveres na guarda. ── o cavaleiro pigarreou de forma desajeitada enquanto escapava ao redor do pilar.
── Ele está bem? ── Myris não comentou sobre a expulsão direta, satisfeita que Strong tivesse ido direto ao ponto para que ela não precisasse.
Harwin fez um som de desprezo para afastar a preocupação dela.
── É, já o derrubei algumas vezes demais no campo de treinamento, receio. ── ele observou Duncan fugir de volta para a multidão.
── Você o conhece bem, presumo? ── o tom dela sugeria que buscava algo sobre o caráter dele, a impressão que Duncan deixara nela era insuficiente, senão preocupante.
── Como um irmão. ── Harwin não elaborou, voltando sua atenção para a Princesa, seus lábios se curvando num sorriso provocador. ── Ao menos ele me faz querer torcer o pescoço dele como um.
O rosto de Myris se iluminou em um sorriso contagiante antes que ela abaixasse a cabeça para rir mais do que as boas maneiras ditavam. Ele nunca ia deixá-la esquecer aquilo, ia?
Harwin se conteve de erguer o queixo dela para ver melhor o rosto corado, a tensão em seus ombros diminuindo enquanto ela o derretia. Seus olhos traidores deslizaram das bochechas coradas para o colo dela, onde outro leve rubor crescia enquanto ela se recompunha. Harwin pigarreou discretamente, desviando os olhos antes que permitisse que esses pensamentos o invadissem novamente.
Ela era um encanto em coração e mente, mas era uma mulher também. Suave e perfumada, curvilínea e flexível, e tão bonita que, às vezes, doía fisicamente desviar os olhos dela. Sardas delicadas salpicavam seu nariz e bochechas, enquanto outras, ligeiramente mais escuras, escorriam por seus ombros e pescoço. Elas atraíam sua atenção, convidando seus olhos, seus lábios, sua língua...
“Pare com isso”, ele pensou severamente, cravando o polegar na palma da mão quando o sangue quente se agitou com o pensamento. Harwin se mexeu onde estava.
── Você precisava de algo, Princesa? ── ele fixou o olhar na dança que se desenrolava diante deles, pressionando o polegar até que a dor desviasse a ideia de prazer.
── Sim, eu queria... ── Myris recobrou a seriedade, embora o rubor ainda persistisse. ── Eu queria falar com você.
Harwin olhou para o chão diante de si.
── Sobre o quê?
O silêncio foi a resposta dele. Harwin recobrou o decoro, virando-se para encará-la com uma expressão aberta.
Qualquer coisa. As bochechas rosadas de Myris não eram mais de riso enquanto ela congelava sob os olhos tempestuosos dele.
Ela queria falar com ele sobre qualquer coisa. Tudo. Perguntar sobre seus amigos, seu treinamento, sua vida antes da corte. Por que ele estava ali de repente? Quando planejava partir?
“Se você fica assim ao falar dele...” Deuses a ajudem se um dia quiser confessar algo a ele.
Rhaenyra estava certa. A vulnerabilidade da hora tardia havia desaparecido, mas o desejo de ouvi-lo falar com aquela mesma franqueza permanecia. Ela perseguia o sentimento, supunha, o sentimento que ele lhe deu naquela praia. Tão... Livre, vista, aquecida. Seu objetivo era claro; o caminho até lá era o que a fazia hesitar.
Myris umedeceu os lábios nervosamente, decidindo abordar a tensão indesejada que pairava por trás daquela celebração.
── Acho que você sabe...
Harwin não se mexeu, nem corou, nem tentou se justificar. Um suspiro escapou de seu nariz, seus olhos escurecendo de arrependimento enquanto o remorso tornava suas feições mais sóbrias.
── Sinto muito, Myris... ── estômago dela revirou com a sinceridade na voz grave dele. ── Eu não tinha intenção de aumentar sua dor, mas, quando ordenado a responder uma pergunta, não vou lançar fora minha honra mentindo por aqueles que não merecem. O que aconteceu com seu tio foi lamentável...
── Meu tio sempre foi arrogante. ── Myris não o deixou terminar. ── Não importa o quanto eu tenha tentado fazê-lo aprender a humildade ao longo dos anos. Nas palavras do meu pai: ‘Ele fez sua própria cama; agora deve deitar-se nela.’ Então por que você está se desculpando?
── Porque me arrependo.
── Você foi obrigado...
── Isso te machucou.
Uma dor diferente em seu peito, uma parte diferente de seu coração, foi pressionada e aberta. Myris desviou o olhar, temendo o que poderia fazer se não o fizesse.
── Eu fiquei preocupada. ── ela admitiu após um momento de silêncio. ── Quando vi você e seu... Amigo. ── a verdadeira razão pela qual havia interrompido veio à tona.
Harwin piscou. Ele piscou novamente, a confusão franzindo acima de seu nariz.
── Você achou que era uma briga?
Myris assentiu.
Harwin ajustou sua postura enquanto a informação se assentava nele. Ele virou-se para encará-la, fitando-a pelo nariz afilado enquanto suas mãos se fechavam em punhos, relaxavam e se fechavam novamente ao lado do corpo.
── Dois homens com o dobro do seu tamanho estavam brigando... E sua primeira ideia foi se aproximar deles? ── o tom de Harwin ficou mais afiado com ela. ── Você ia, o quê, nos ordenar que parássemos?
A boca de Myris se abriu enquanto ela espelhava a expressão confusa dele.
── Você está me repreendendo? ── o tom rosado voltou às bochechas dela sob o olhar crítico dele.
Ela não tinha plano, nenhuma explicação; seus pés a levaram até ele por conta própria em um pânico crescente quando viu a adaga no quadril do outro homem, a poucos centímetros de onde sua mão segurava o copo. Sua imaginação correu solta, e seus pés a seguiram.
Harwin bufou, incrédulo.
── Você poderia ter se machucado. O que estava pensando?
Para cada resposta que ela dava, ele retrucava com a mesma rapidez. Os lábios de Myris se curvaram em um sorriso de boca aberta. Estranho como isso já parecia familiar para ela.
── Que, tão grande e forte quanto você seja, uma adaga afiada provavelmente cortaria você tão profundamente quanto qualquer outro. ── ela admitiu, seu tom ficando sombrio com as palavras e a imagem que pintaram para ela.
Ele não tinha argumento para isso. Myris engoliu em seco, virando sua atenção para observar a multidão dançando, tentando esconder sua frustração com ele.
Harwin soltou uma longa e medida respiração pelo nariz, afastando sua frustração com a imprudência dela enquanto pensava sobre a situação sob a perspectiva dela. Quando a observou novamente, ela parecia triste. Ele podia perceber pelo olhar distante em seus olhos e o leve arrebitamento de seus lábios enquanto ela assistia aos outros dançarem com um olhar desejoso.
Isso não podia continuar assim.
A música começou com uma melodia vigorosamente alegre. Harwin aproveitou a oportunidade que lhe foi dada. Ele estendeu a mão diante dela, oferecendo-a, imitando o que viu o Ser Gwayne fazer.
Ela olhou para a mão, depois para ele, curiosa. Seu estômago virou novamente em antecipação.
── Gostaria de dançar, Princesa?
Os dedos de Myris se curvaram dentro dos sapatos, enquanto ela se controlava. Sua mão pairava sobre a oferta dele, fingindo estar insegura depois da repreensão dele.
── Tão formal assim? ── sentiu que seria justo dar-lhe trabalho após a bronca.
── Seu cachorro de guarda não gosta quando eu esqueço minhas maneiras. ── Harwin não precisou elaborar.
── Bem, eu gosto. ── a mão dela escorregou para dentro da dele, seu sorriso agora verdadeiro enquanto ela encontrava o olhar dele. ── Mantém as coisas interessantes.
A boca de Harwin se abriu em uma risada silenciosa enquanto ela dava um passo à frente, tentando guiá-lo para a pista de dança ansiosa. Myris não se importava em parecer boba, sorrindo para ele, a reviravolta que a noite havia tomado era muito mais grandiosa do que ela imaginara.
Os dedos dele apertaram sua mão, não de uma forma desconfortável, mas como uma tentativa de ancorá-la a ele, mantendo-a perto e segura ao alcance dos braços, mesmo enquanto ele a seguia cegamente para onde ela a conduzia. O calor desse pensamento fez seu peito vibrar. E, por um momento, para ela, tudo desacelerou e se afastou. Não havia cadeiras vazias em sua mesa, nem conversas sobre sucessões e casamentos, nem mesmo o peso do olhar reprovador de Rhaenyra.
Havia apenas ela e o calor da mão calejada de Harwin sob a dela. Myris encontrou o calor que tanto buscará, desejando que a sensação nunca acabasse.
Mas o tempo nunca esteve ao seu lado.
── Ser Harwin! Capitão!
A Princesa se assustou quando Harwin ficou parado ao ouvir o chamado urgente. Ele virou o pescoço para olhar para trás, procurando quem o havia chamado. Um guarda se espremeu pela multidão para alcançá-lo, se apressando com passos quase desajeitados. Ele falou em uma voz muito baixa para Myris ouvir sobre a música e o falatório.
O que quer que fosse, apagou o olhar afetuoso de Harwin, e a máscara de ferro de um soldado caiu sobre seu rosto.
O coração de Myris afundou, forçada a reconciliar a excitação que ela não queria enfrentar enquanto ela a via desmoronar. Dois passos, dois passos ela tinha dado para se aproximar dele...
Harwin assentiu com a cabeça, dispensando o mensageiro em silêncio. Sua expressão permaneceu neutra, embora seus olhos mostrassem arrependimento.
── O dever chama? ── ela não conseguiu manter o sorriso, a decepção queimando mais forte do que o esperado.
Ser dada algo que não sabia que queria, apenas para ter isso tirado dela, parecia especialmente cruel dadas as circunstâncias.
Harwin reconheceu isso nela, mas pouco mais poderia fazer.
── Harwin! ── Duncan gritou para que o seguisse, se apressando em direção às portas do salão do trono. A preocupação de Myris cresceu. O que quer que fosse, parecia urgente.
Harwin levantou a mão dela enquanto se inclinava. Um beijo, firme e casto, foi colocado nas costas de sua mão. O calor percorreu seu corpo com o ato.
── Desculpe, Princesa. Da próxima vez. ── ela observou a mudança nele de Lorde para Cavaleiro enquanto ele a deixava, envergonhado de admitir que isso apenas acelerou seu coração disparado.
Ser Harwin Strong partiu para cumprir seu dever sem mais palavras.
Uma presença ficou para trás dela, se aproximando enquanto ela o seguia com os olhos.
── Se você queria um parceiro de dança, poderia ter apenas pedido. ── Rhaenyra resmungou com clara desaprovação.
Myris não desviou o olhar das portas por onde ele havia saído. Ela não queria um parceiro de dança.
Ela o queria.
E pelos velhos Deuses e pelos novos... Myris o teria.
💙 ׂׂૢ་01: Oi, meus amores! Espero que t nham gostado deste capítulo, foi um presentinho de natal rs
💙 ׂׂૢ་02: Não esqueçam de comentar e deixar estrelinhas, isso me incentiva a continuar!
💙 ׂׂૢ་03: Até o próximo capítulo.
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