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𝐈. Welcome to hell

O primeiro dia de aula sempre era o suficiente para dar o tom para o resto do ano. Saber que, a partir de amanhã, o zumbido monótono da rotina escolar retornaria era desconcertante. Não eram as aulas ou a atmosfera que a incomodavam; eram suas obrigações — inspecionar os jogos, avaliar os candidatos para o conselho estudantil e garantir que tudo corresse perfeitamente. Se não fosse por essas responsabilidades, Hinata Shouko poderia ter se encontrado saboreando a vida escolar. Mas, em vez disso, ela se viu acorrentada a esse papel cerimonial.

Ela deixou de lado a montanha de papelada na sua frente e olhou para o relógio. Horas ainda se estendiam antes que ela pudesse deixar os confins mal iluminados da sala do conselho estudantil. O eco de suas próprias respirações constantes era sua única companhia, um contraste gritante com os murmúrios e risadas ocasionais dos alunos explorando o campus do lado de fora. O dia anterior ao início das aulas era sempre o mais exaustivo. Como presidente do conselho estudantil, esperava-se que Shouko e sua equipe garantissem que tudo estivesse impecável. E não eram só eles; um punhado de alunos — novatos e participantes experientes — vagavam pelos corredores, se familiarizando ou se preparando para o caos que viria.

As pessoas frequentemente falavam estudar nessa Academia como um privilégio reservado as pessoas mais brilhantes — uma porta de entrada para um futuro com o qual a maioria só poderia sonhar. Mas para Shouko, era uma gaiola dourada. Linda por fora, mas sufocante por dentro. A escola, com seus corredores imaculados e oportunidades infinitas, era um paradoxo: um lugar de aprendizado que parecia sufocar a criatividade, um farol de excelência que cobrava um preço de suas estrelas mais brilhantes.

Talvez tenha sido essa tensão que fez Shouko prosperar. O estresse, as responsabilidades e a pressão pareciam alimentá-la. Enquanto outros vacilavam sob o peso das expectativas, Shouko se levantou, queimando mais forte.

Hinata Shouko era nada menos que magnética. Ela era uma figura que chamava atenção sem esforço, cada passo seu comandando o espaço ao seu redor. Seu corpo esguio se movia com uma graça que falava de anos de disciplina, cada movimento deliberado e equilibrado. Sua pele era impecável — lisa e pálida, quase luminosa, como se beijada pelo luar. Mas é o cabelo dela que realmente a diferencia – um laranja vibrante e ardente que cai em cascata pelas costas em ondas perfeitas e deliciosas como uma cachoeira de fogo. Brilhava como se estivesse vivo, captando a luz a cada inclinação de sua cabeça. Um delicado enfeite de cabeça aninhado em seu cabelo — um intrincado design prateado adornado com pequenas pedras preciosas. Era um artefato sentimental, um presente de seu namorado quando ela tinha apenas 12 anos, um símbolo que ela usava todos os dias desde então. Sua presença adicionava uma suavidade inesperada à sua aparência de comando, um sussurro de vulnerabilidade em meio ao seu exterior polido.

Seus olhos eram piscinas de um marrom rico e profundo, seu calor contrastando com seu olhar afiado. Eles brilhavam como mogno polido, capturando e refletindo o mundo ao seu redor com uma intensidade que deixava os outros cativados — ou intimidados. Seus longos cílios se curvavam para cima, dando a seu olhar um toque de flerte, embora seu comportamento frequentemente permanecesse distante e focado. Seus lábios eram de um rosa vivo, cheios e perpetuamente curvados em um sorriso sutil. Não era o tipo de sorriso que convidava à familiaridade; em vez disso, era uma curva enigmática, deixando aqueles ao redor dela adivinhando seus pensamentos. Ela exalava uma aura de autoridade e autoconfiança, uma qualidade que a diferenciava de seus pares.

O colégio Okamiyama era um símbolo imponente de excelência, uma instituição coroada como a melhor escola de ensino fundamental e médio do Japão e uma das mais prestigiadas do mundo. Sua reputação era lendária, um terreno fértil para prodígios destinados a moldar o futuro. Aqueles que se formaram em Okamiyama não eram apenas estudantes; eles se tornaram inovadores, líderes e pioneiros capazes de governar indústrias, governos e movimentos culturais com seu brilhantismo.

Esta escola foi o auge de uma ambiciosa iniciativa do governo japonês, criada para cultivar uma geração de pensadores e realizadores excepcionais. Com instalações de última geração e um currículo projetado para desafiar até mesmo as mentes mais talentosas, Okamiyama era a personificação da perfeição. No entanto, com esse prestígio veio um preço — um custo tão alto que estava fora do alcance de muitos. Bolsas de estudo existiam, é claro, mas eram raras, ferozmente competitivas e frequentemente reservadas apenas para os indivíduos mais extraordinários. Para todos os outros, o enorme fardo financeiro fazia a entrada parecer um sonho inatingível.

Mas o dinheiro não era a única barreira. O verdadeiro desafio começava quando você passava pelos grandes portões do colégio Okamiyama.

A vida em Okamiyama era um jogo — uma competição implacável e de alto risco, onde a sobrevivência não era garantida. A escola operava em um sistema implacável de hierarquia, definido por pontos e jogos. Os pontos ditavam tudo: seu status, privilégios e até mesmo necessidades básicas, como refeições ou acomodações no dormitório. Ganhe pontos suficientes e você poderá viver como a realeza. Perca-os e poderá se ver mergulhando em um poço de miséria e ostracismo social.

Os jogos eram o coração desse sistema. Projetados para testar intelecto, estratégia e adaptabilidade, eles eram frequentemente tão criativos quanto implacáveis. Os alunos podiam desafiar uns aos outros por pontos, e alianças eram formadas — ou destruídas — no campo de batalha dessas disputas. Mas cuidado: um movimento errado pode arruinar sua reputação e futuro.

Para a maioria dos alunos, o único caminho para a segurança e estabilidade era o Sindicato dos Estudantes. Esse corpo de elite de líderes estudantis agia como arquitetos e executores das regras de Okamiyama. Entrar para o Sindicato dos Estudantes não era apenas sobre poder; era sobre proteção. Os membros eram intocáveis, suas vidas protegidas do caos do sistema de pontos. Mas ganhar uma vaga era quase impossível.

O Sindicato dos Estudantes não tinha espaço para mediocridade. Suas fileiras eram reservadas para a crème de la crème — estudantes que não eram apenas inteligentes, mas também carismáticos, estratégicos e implacáveis ​​quando necessário. Para o estudante médio, o sonho de entrar para o Sindicato era apenas isso: um sonho. Para os fracos e comuns, poderia muito bem ter sido uma fantasia esculpida em pedra, para sempre fora de alcance.

Okamiyama não era apenas uma escola; era um cadinho, um campo de provas onde apenas os mais fortes, inteligentes e engenhosos podiam prosperar. Para alguns, era um farol de esperança e oportunidade. Para outros, era um labirinto de armadilhas e provações, projetado para esmagar aqueles que ousavam pensar que pertenciam.

Nesta arena, uma coisa era clara: a escalada até o topo era extenuante, e a queda da graça poderia ser rápida e brutal.

Shouko nunca quis vir para o colégio Okamiyama em primeiro lugar. A pressão, a atmosfera cruel e a sufocante falta de liberdade fizeram dela um lugar que ela odiou desde o início. Os muros da escola não eram apenas barreiras físicas; eram também barreiras metafóricas, excluindo o mundo exterior. O contato com qualquer pessoa além daqueles portões era um privilégio raro, concedido apenas a membros do Conselho Estudantil — e mesmo assim, apenas com autorização estrita.

Ela sempre se perguntava como sua vida poderia ter sido diferente se tivesse escolhido uma escola mais tranquila e comum como Karasuno. Não era prestigiosa, nem particularmente conhecida, mas tinha um senso de calor e simplicidade que faltava a Okamiyama. Afinal, era a escola que o Pequeno Gigante, seu ídolo de infância, frequentou. Shouko ainda se lembrava de vê-lo na TV, um farol de esperança e inspiração, seus saltos desafiando a gravidade e as expectativas. Uma escola como Karasuno pode não ter moldado os líderes do mundo, mas moldou corações — e isso era algo que Okamiyama nunca poderia reivindicar.

Mas Shouko ficou, amarrada a Okamiyama por duas pessoas que tornavam o caos suportável: Takumi Yuno, seu melhor amigo afiado e sempre sarcástico, e Edward Demidov, seu namorado firme cuja força silenciosa a mantinha firme quando tudo parecia sair do controle. Sem eles, ela tinha certeza de que teria fugido dessa gaiola dourada anos atrás.

Takumi, com sua sagacidade cortante e propensão a zombar até das situações mais sérias, teria rido abertamente de suas reflexões melancólicas sobre Karasuno.

Sua voz, ela já podia ouvir em sua mente: — Você? Em alguma escola atrasada sem legado e sem desafio? Não me faça rir, Rose. Você ficaria entediada em uma semana.

E talvez ele estivesse certo. Talvez ela se sentisse sufocada de uma forma diferente, cercada por mediocridade em vez de brilhantismo.

Ainda assim, era um pensamento ao qual ela se entregava de vez em quando, especialmente em dias como aquele, quando a papelada se acumulava, as horas se estendiam e o peso de ser Hinata Shouko, a presidente do conselho estudantil, herdeira de um conglomerado global e a garota que não podia se dar ao luxo de fracassar, parecia impossivelmente pesado. Hoje, no entanto, ela teve sorte. Takumi não estava ali para zombar de seus pensamentos — pelo menos não ainda. Ela se permitiu um pequeno sorriso pelo alívio. Aquele garoto podia ser exaustivo, mas ela não conseguia imaginar a vida sem ele. Edward, por outro lado, teria simplesmente escutado, sua presença calma e palavras gentis um bálsamo para seus nervos desgastados.

Se ao menos eles estivessem aqui agora, ela pensou, dando outra olhada no relógio. Mas por enquanto, ela estava sozinha, presa no papel que ela nunca pediu, mas não conseguia mais escapar.

Como se alguém estivesse ouvindo seus pensamentos, Shouko sentiu uma mão pousar gentilmente em seu ombro. Ela virou a cabeça preguiçosamente para ver quem era, já meio que sabendo a resposta.

Eu deveria ter adivinhado, ela pensou secamente, suprimindo um suspiro.

Lá estava Takumi Yuno, com seu comportamento sempre composto, o mais tênue traço de diversão em seus olhos dourados.

— Falei com o diretor — ele disse em sua voz calma e sem pressa — Os pontos já foram atribuídos.

— E os novos alunos que selecionamos? — Shouko perguntou, seu tom profissional — Há algum que precisamos desqualificar?

Takumi, o infame ás do time de vôlei masculino de Okamiyama, balançou a cabeça. Seu cabelo preto bagunçado caía sobre sua testa, um contraste com a nitidez em seu olhar. Ele tinha aquela combinação irritantemente perfeita de aparência e charme — um corpo alto e magro, com 185 centímetros de altura, construído por anos de treinamento intenso. Sua reputação como atleta estrela e intelectual de língua afiada só aumentou sua mística, tornando-o uma das figuras mais procuradas da escola.

Ele se sentou na cadeira ao lado dela, sua postura relaxada, mas autoritária. Seus olhos percorreram o caos de papéis espalhados pela mesa, misturados ao caderno meticulosamente organizado de Shouko contendo anotações sobre os alunos que chegavam.

— As vagas do Conselho Estudantil serão reabertas? — ele perguntou, seu tom indiferente enquanto pegava um dos papéis e o folheava — Quase todos os membros foram dispensados ​​ou se formaram, certo?

Shouko recostou-se na cadeira, espreguiçando-se brevemente antes de gesticular para suas anotações.

— Espero que os novos candidatos sejam bons. Já é difícil ser aceito nesta escola – quanto mais na Guilda. Honestamente, eu queria poder entrar para ela.

— Afinal, já estamos nisso — Takumi respondeu, a expressão dele permaneceu ilegível como sempre. Colocando o papel no mesa com um encolher de ombros quase imperceptível — Algum registro notável? O ex-presidente os revisou?

— Você realmente acha que ele perderia tempo analisando-os? — Shouko zombou, seus lábios se curvando em um sorriso irônico — ele deixou bem claro que já terminou com tudo isso. Disse que já era hora de eu cuidar de tudo sozinha.

O olhar de Takumi se voltou para ela e, por um breve momento, havia algo quase simpático em sua expressão.

— Então, ele já se foi — ele observou, sua voz tão calma como sempre.

— Se foi e não olha para trás — Shouko soltou uma risada aguda e irônica — Tenho certeza de que todo mundo já sabe — Dar a posição mais alta a um segundo ano? Eles acham que é imprudente.

Os lábios de Takumi se curvaram em um leve sorriso. — Você foi designada para alguma classe, Shouko?

— Classe A — ela respondeu, e seu sorriso se alargou ligeiramente. Claro, Shouko ficaria com a classe de maior prestígio. Ela gesticulou para suas anotações novamente. — As vagas para as classes A, C e D no ensino médio estão abertas. As admissões para o ensino fundamental ainda estão em andamento. Eles vão alinhar os anos escolares em breve?

— Classe B para mim — Takumi deu de ombros — Você não acha isso... interessante?

Shouko revirou os olhos, levantando-se abruptamente, fazendo-o rir.

— Estamos seguindo o calendário escolar ocidental, começando em janeiro em vez de abril, e é uma dor de cabeça.

Ele se recostou na cadeira, observando-a com diversão enquanto ela começava a juntar suas coisas.

— Precisamos nos encontrar com os alunos que estão terminando o exame de admissão — ela disse, se espreguiçando novamente. Seus músculos doíam de horas sentada, e ela estremeceu levemente com a rigidez.

Takumi se levantou também, pegando sua mochila e o café que havia deixado na mesa. Enquanto se dirigia para a porta, olhou para trás uma última vez. Os olhos dourados dele encontraram os castanhos dela, e por um breve momento, houve um lampejo de algo mais suave, algo mais firme — um reconhecimento silencioso da tempestade que eles estavam prestes a enfrentar juntos.

— Pronto para outro ano complicado? — ele perguntou, sua voz calma, mas carregando um toque de humor seco.

Shouko deu um sorriso resignado, seguindo-o para fora da sala. O ano que viria seria tão caótico e implacável como sempre, mas pelo menos ela não o enfrentaria sozinha.

[...]

— Você está atrasada, Hinata.

A voz era cortante e provocadora, carregando a quantidade certa de autoridade para enviar um choque de irritação pela espinha de Shouko Hinata. Ela não precisou se virar para reconhecer quem era. Havia apenas uma pessoa que poderia exercer tal tom com aquela mistura particular de arrogância e desdém brincalhão. De todas as pessoas que Shouko conhecia, não havia ninguém tão enlouquecedoramente enfurecedora quanto Shirayuki Hirasawa — ou apenas "Yuki" para os poucos selecionados que conseguiam chegar perto o suficiente para chamá-la assim sem arriscar sua ira. E enquanto Yuki frequentemente reivindicava Shouko como sua melhor amiga, Shouko às vezes se perguntava como ela conseguia tolerá-la.

Yuki tinha um talento inigualável para se tornar o centro das atenções, e, para seu crédito, ela geralmente merecia isso. Por mais que Shouko odiasse admitir, Yuki era inegavelmente deslumbrante, talvez a mulher mais bonita que Shouko já tinha visto — perdendo apenas para sua própria mãe, é claro. Mais alta do que quase todos os garotos da escola, Yuki se portava com uma graça sem esforço que parecia tornar sua altura ainda mais imponente. Sua pele lisa e impecável era da cor de ébano rico, brilhando como se absorvesse a luz ao seu redor. Seu cabelo longo e preto como azeviche caía em cascata, reto e forte, descendo pelas costas, chegando até a cintura.

Mas eram seus olhos que realmente a diferenciavam. Eles eram de um roxo raro e vívido, tão marcantes que beiravam o sobrenatural. A princípio, Shouko pensou que eles não poderiam ser reais — que nenhum ser humano poderia naturalmente ter olhos como aqueles. Mas os de Yuki eram genuínos e de tirar o fôlego. Eles pareciam conter uma profundidade e mistério que poderiam silenciar uma sala com um único olhar.

Shouko se virou para a amiga, tentando disfarçar sua irritação com indiferença.

— Sinto muito, senhora comandante de tudo o que acontece — ela respondeu, seu tom cheio de sarcasmo.

As sobrancelhas perfeitamente formadas de Yuki se uniram em uma leve carranca, sua irritação evidente enquanto ela cruzava os braços. A pose apenas enfatizava sua estrutura escultural, e seus dedos longos e elegantes batiam impacientemente contra seu braço.

— Sarcasmo não faz você chegar menos atrasada, sabia? — Yuki retrucou, sua voz fria, mas afiada com irritação.

Shouko revirou os olhos. Narcisista. Era isso que Yuki era — narcisista até o âmago. No entanto, paradoxalmente, ela tinha um jeito de se tornar querida para aqueles que passavam tempo suficiente com ela. Por baixo da presença imponente e da língua afiada, havia uma amiga ferozmente leal que podia iluminar uma sala com sua risada e proteger aqueles com quem se importava até mesmo das tempestades mais severas.

— Vocês dois deveriam parar de brigar. É muito cansativo — A voz era calma e baixa, entrelaçada com um distanciamento gelado que tornava sua autoridade inquestionável.

Edward Demidov havia falado, seu tom cortando a tensão como um vento frio de inverno. Todos se viraram para olhar para ele, mas seus penetrantes olhos azuis-gelo estavam focados somente em Shouko. Em Okamiyama, Edward era considerado o homem perfeito. Ele era um sonho ambulante — bonito, brilhante e enigmático. As pessoas costumavam dizer que ele podia fazer você se apaixonar com um único olhar, e embora Shouko tivesse zombado da ideia antes, ela não podia negar completamente. Sua presença comandava a atenção sem esforço, mas nunca foi algo com que ele pareceu se importar. Edward se movia pelo mundo com uma indiferença que apenas amplificava seu apelo.

Fisicamente, Edward era impressionante, sua herança estrangeira o destacava. Nascido e criado na Rússia antes de se mudar para o Japão para estudar em Okamiyama, ele tinha um ar de mistério que intrigava todos ao seu redor. Seu cabelo branco como a neve, sempre perfeitamente penteado, parecia brilhar sob as luzes, um forte contraste com sua pele pálida. Mas eram seus olhos que realmente mantinham as pessoas cativas — azul-gelo e quase enervantemente afiados, como se pudessem ver através de você. Seu corpo magro e tonificado falava de força silenciosa, e sua postura sempre exalava confiança calma.

— Você terminou tudo no Grêmio? — Edward perguntou, seu olhar ainda fixo em Shouko.

— Hm. Fumiko vai terminar o que sobrou, papelada sobre os clubes e os novos alunos.

Por um breve momento, os olhos dele suavizaram, o exterior gelado derretendo levemente quando encontraram os dela. Era sutil — tão sutil que só alguém que conhecia Edward bem poderia perceber — mas estava lá. Essa era a coisa sobre Edward: ele raramente demonstrava emoção, mas quando o fazia, era sempre por ela.

Shouko conhecia Edward desde que eram crianças. Assim como Takumi, Edward tinha sido uma presença constante em sua vida, embora fosse mais velho e tivesse se mudado entre o Japão e a Rússia com frequência durante a infância. O relacionamento deles tinha crescido ao longo do tempo, mudando de amizade para algo mais profundo e complicado.

Ela não conseguia identificar exatamente quando seus sentimentos por ele tinham começado, nem conseguia se lembrar do momento em que decidiram namorar. Tudo o que ela lembrava era do jeito que ele tinha olhado para ela um dia — seu olhar tão intenso que fez suas bochechas queimarem — e como aquele momento singular tinha permanecido em sua mente por muito tempo depois.

Ele é praticamente obcecado por você, Shouko — Takumi dizia com seu sorriso característico. Ele frequentemente a provocava sobre a lealdade inabalável de Edward — Você ao menos percebe o quão raro isso é para alguém como ele?

Era verdade que Edward tinha pouca paciência para a maioria das pessoas, especialmente garotas pegajosas ou excessivamente persistentes. Hinata ainda se lembrava da vez em que uma garota falou mal dela na presença de Edward. Sem dizer uma palavra, ele agarrou o braço da garota e a puxou com tanta força que um pedaço de seu cabelo se soltou. O incidente consolidou a reputação de Edward como frio e implacável para todos, menos para as pessoas próximas a ele.

Ele é apenas um cavaleiro de armadura brilhante com você — Yuki é claro, revirou os olhos para a coisa todo — Para o resto do mundo, ele é um dragão.

E talvez Yuki estivesse certa. A indiferença de Edward em relação a todos os outros só fez com que a maneira como ele tratava Shouko se destacasse mais. Com ela, ele era paciente e atencioso de maneiras que às vezes a surpreendiam até mesmo. Ele nunca era excessivamente expressivo — grandes gestos românticos não eram seu estilo — mas sua lealdade falava muito.

— Claro que ela vai terminar. Você é preguiçoso demais para isso — brincou Notasaki Rito, sua voz cortando a tensão como uma faca cega. Shouko lançou-lhe um olhar furioso, sentindo seus punhos cerrarem involuntariamente.

Rito era uma figura imponente, de cabelos loiros e olhos verdes, uma raridade entre seus pares e uma anomalia no Japão. Sua altura era notável, mais alto que Edward e Takumi, e sua constituição — embora nem de longe poderia se compara as outros dois — Como bloqueador central do time masculino de vôlei, sua fisicalidade era inegável. No entanto, apesar de toda sua destreza atlética, Rito tinha uma personalidade que irritava os nervos de Shouko como unhas em um quadro-negro. Sarcástico, direto e aparentemente incapaz de resistir à vontade de provocar, ele era, na opinião de Shouko, uma das pessoas mais irritantes que ela já conhecera.

Hinata soltou um resmungo baixo, reprimindo a vontade de gritar algo áspero em troca. Pelo canto do olho, ela notou Edward cerrando as mãos, as unhas levemente cravadas nos braços. A frustração silenciosa dele causou uma pontada de culpa nela. Edward odiava quando ela e Rito discutiam — isso perturbava a paz frágil que ele sempre parecia valorizar.

O grupo caminhou em silêncio tenso pela rua até que Shouko o quebrou.

— Eu vou para casa mais tarde — ela disse, sua voz neutra, mas suas palavras chamando a atenção de todos — Vou pegar um café e aproveitar a liberdade antes de guardar meus pontos.

Edward assentiu para ela sem dizer uma palavra, seus olhos azuis gelados suavizando apenas um pouco. Shouko conseguiu dar um pequeno sorriso em troca, então se virou para se despedir de Yuki, que estava voltando para seu dormitório. Ela fez questão de sair antes que Rito pudesse lançar outro comentário irritante em sua direção.

O café estava iluminado, o zumbido fraco de conversas se misturava ao barulho de xícaras e ao chiado ocasional da máquina de café. As paredes pareciam vivas com a névoa tênue de fumaça da cozinha, dando ao lugar uma atmosfera ligeiramente assombrada e onírica. Shouko encontrou um assento no canto mais distante, longe dos outros clientes, e pegou seu caderno.

Ela folheou os registros dos alunos metodicamente, anotando notas com sua caligrafia precisa. Sua caneta disparou pelo papel, marcando altos e baixos, sua mente categorizando os alunos em suas respectivas classes. Fumiko estava lidando com os registros do ensino médio — felizmente — porque Shouko não tinha paciência nem energia para lidar com todos eles. O exame de admissão em Okamiyama, ela pensou sombriamente, era mais psicológico do que acadêmico. Claro, começava com perguntas básicas e aumentava gradualmente em dificuldade, mas esse não era o teste real. O julgamento real vinha da avaliação de personalidade, uma série de dilemas morais e cenários hipotéticos projetados para desenterrar cada força e falha. Uma pontuação acadêmica perfeita não garantia colocação na Classe A. Se você não tivesse qualidades de liderança ou fizesse escolhas morais questionáveis, você poderia facilmente acabar na Classe D.

Apesar do estresse, Shouko admitiu que havia uma vantagem: o sistema de pontos. Em Okamiyama, o dinheiro foi substituído por pontos. O campus era um ecossistema autocontido com lojas, bibliotecas, refeitórios e até mesmo um shopping. Tudo o que um aluno poderia precisar era fornecido — se tivesse pontos para pagar por isso. Mas quebrar as regras significava consequências severas, muitas vezes levando à expulsão.

— O que você gostaria, senhora? — A voz da garçonete tirou Shouko de seus pensamentos.

Ela pediu um amazake, uma escolha simples, mas reconfortante. A garçonete assentiu e desapareceu, deixando Shouko com seu caderno. Ela mal teve tempo de se concentrar antes que uma figura indesejada deslizasse para a cadeira em frente a ela.

— Para mim, um shochu. Quero aproveitar meu último dia de liberdade — disse Charlotte Nohara, seu tom alegre apesar de sua expressão estoica — Olá, Hina-chan!

Shouko suspirou interiormente. Charlotte sempre parecia irradiar uma mistura estranha de energia e indiferença, suas emoções difíceis de ler, mas sua presença impossível de ignorar.

Charlotte era linda, seu cabelo loiro-claro e sedoso caindo em ondas soltas pelas costas. Seus olhos amendoados, emoldurados por cílios naturalmente curvados, eram de um castanho suave que parecia mudar de cor na luz. Seus lábios rosados ​​se curvaram em um sorriso travesso enquanto ela se inclinava para frente, apoiando o queixo na mão. Charlotte era cativante sem esforço, e ela sabia disso. A primeira vez que Shouko conheceu Charlotte, ela não gostou dela imediatamente.

No primeiro ano, Charlotte flertou descaradamente com Edward, o que lhe rendeu um lugar na lista negra mental de Shouko. No entanto, por mais que quisesse descartar Charlotte como apenas mais uma fangirl obcecada pelo time de vôlei, Shouko não podia negar que Charlotte tinha um charme inegável.

— Edward disse que você não foi para casa com ele — Charlotte comentou casualmente, seus olhos castanhos brilhando de curiosidade. Shouko levantou uma sobrancelha, esperando por mais — Eu encontrei ele e Notasaki no caminho — Charlotte continuou, seu tom exasperado — Argh! Pelo menos ele não tem que lidar com o Grêmio respirando em seu pescoço. Certo, Hina-chan?

— E o que você precisa de mim? — Os olhos de Shouko se estreitaram.

O sorriso de Charlotte vacilou, substituído por um olhar impaciente. — Não posso só dar uma olhada em você? Você parecia estressada, e imaginei que estaria aqui.

Shouko recostou-se na cadeira, observando Charlotte cuidadosamente. Apesar da irritação inicial, ela não conseguia se livrar da sensação de que as intenções de Charlotte — por mais irritantes que fossem — eram genuínas. E por mais que odiasse admitir, a companhia não era totalmente indesejada.

A atmosfera iluminada do café parecia amplificar o peso das palavras de Charlotte Nohara. Shouko piscou, momentaneamente atordoada.

— Precisamos de ajuda extra no clube de equitação, sabia? — O tom de Charlotte era enganosamente casual, mas Shouko captou a urgência subjacente.

Se alguém tivesse dito a ela anos atrás que Charlotte Nohara, a garota famosa por sua vaidade e obsessão com sua aparência, se tornaria a capitã do Clube de Equitação Okamiyama, Shouko teria rido até chorar. Charlotte não parecia o tipo de pessoa que suja as mãos — suas unhas imaculadas e roupas impecáveis ​​emitiam uma vibração mais delicada e de alta manutenção.

Mas as aparências, Shouko aprendeu, muitas vezes enganam.

Charlotte era realmente apaixonada por equitação. Sua elegância e graça se estendiam naturalmente à equitação, onde ela era uma presença dominante. Ela não era apenas habilidosa — ela era excepcional, e estava claro que sua liderança havia dado uma nova vida ao clube. Apesar de ser composto principalmente por alunos de classes de classificação mais baixa, o clube de equitação ganhou reputação por sua determinação e camaradagem.

— E o que exatamente vocês precisam de mim? — Ainda assim, Shouko não conseguiu resistir a levantar uma sobrancelha.

Charlotte suspirou, uma rara rachadura em seu comportamento geralmente equilibrado.

— Durante a última corrida, uma das meninas se machucou, e precisamos de um novo cavaleiro dramaticamente — disse ela, enfatizando a palavra como se sua vida dependesse disso — Mas venha apenas se não estiver ocupada. Você está resolvendo a inicialização de um dos grupos, não está?

Shouko assentiu, fechando seu caderno. Por mais que tentasse resistir a ser amarrada a mais uma responsabilidade, a ideia de cavalgar era tentadora.

Shouko cavalgava desde criança. A propriedade de sua família tinha estábulos, e andar a cavalo era um de seus primeiros amores, junto com o vôlei. A sensação de liberdade, a conexão com o animal, o vento em seu cabelo — era uma rara fuga do estresse de sua posição em Okamiyama.

— Você é uma das melhores amazonas que já vi — Charlotte acrescentou, sua voz mais suave agora — Mesmo que você tenha se juntado a apenas algumas de nossas apresentações, sua presença sempre traz uma faísca. O clube precisa de você, Shouko.

As palavras de Charlotte permaneceram no ar. Shouko podia ver a seriedade em seus olhos amendoados, sua arrogância brincalhona usual substituída por preocupação genuína pelo clube.

— Vou pensar sobre isso — Shouko disse finalmente, seu tom evasivo, mas traindo um lampejo de interesse.

— Bom o suficiente para mim — Charlotte respondeu, seus lábios se curvando em um sorriso triunfante.

Enquanto a garçonete retornava com suas bebidas, Shouko tomou um gole de seu amazake pensativamente. A criação de um dos grupos de estudantes já estava consumindo muito do seu tempo, mas a ideia de retornar à sela — mesmo que temporariamente — acendeu uma pequena faísca de excitação em seu peito.

[...]

O brilho fraco do sol poente filtrava-se pelas persianas quando Shouko entrou em seu apartamento. Os tons quentes do crepúsculo banhavam o espaço minimalista com uma luz suave e dourada, mas Shouko estava exausta demais para notar. Ela tirou os sapatos na porta, sua bolsa escorregou de seu ombro e caiu com um baque abafado no piso de madeira.

Seu primeiro dia de volta à escola foi um turbilhão, exigindo muito mais do que ela esperava. Ela mal conseguiu conciliar suas responsabilidades como presidente do conselho estudantil enquanto mantinha as aparências com a equipe e os alunos.

Quando chegou à cama, a exaustão a dominou. Ela caiu de cara no edredom macio, inalando o leve aroma de lavanda de seus lençóis recém-lavados.

Shouko morava sozinha, uma escolha que ela fez com determinação. Seu pai, Katsuo Hinata, a enviou de Miyagi para Niigata, aparentemente para sua educação no Colégio Okamiyama. Enquanto a escola fornecia dormitórios, Shouko insistia em morar em um apartamento. Ela ansiava por solidão — um espaço onde pudesse realmente respirar, falar seus pensamentos em voz alta e não sentir o peso de olhares curiosos ou expectativas sufocantes.

A distância entre Niigata e Miyagi era deliberada. Ela criava uma espécie de barreira, garantindo que sua família raramente a visitasse. Sua mãe, a etérea Fuyumi Hinata, era uma supermodelo conhecida por sua rara beleza e presença igualmente rara em casa. Sempre que Fuyumi retornava de suas filmagens ao redor do mundo, ela se refugiava em um casulo de relaxamento, evitando qualquer drama ou demanda.

Seu pai não era diferente. Katsuo Hinata, o CEO do vasto Conglomerado Hinata, era um homem consumido por seu trabalho. Nas raras ocasiões em que estava em casa, seu foco era a quietude, um forte contraste com o caos de seu império corporativo.

Os irmãos de Shouko eram distantes em seus próprios caminhos. Seu irmão mais velho, Katsuki, já havia trilhado seu próprio caminho e vivia de forma independente, imerso em sua carreira. Sua irmã mais nova, Natsu, ainda era uma criança, inocente e inconsciente das complexidades de sua dinâmica familiar fragmentada.

Apesar de seu isolamento, Shouko não se importava em viver em Niigata. Era uma cidade pacífica — uma mistura de conveniência urbana e beleza natural. A escola, embora desafiadora e estressante, era uma das melhores do mundo. Ela tinha seu namorado, Edward, e seus amigos, Takumi e Yuki, que lhe davam momentos de consolo em meio ao caos.

Mas mesmo com esses confortos, ela frequentemente se sentia desamparada.

Shouko rolou de costas, olhando para o teto. O zumbido fraco da cidade zumbia através das paredes, um lembrete constante da vida continuando além de seu pequeno santuário.

Seu apartamento era um reflexo de sua personalidade — limpo, minimalista, mas com toques de calor que sugeriam seu lado mais tranquilo e sentimental. Um cobertor de pelúcia estava jogado sobre o sofá, uma fotografia emoldurada dela com Edward e Takumi estava na prateleira, e uma pequena pilha de romances que ela ainda não tinha começado descansava na mesa de centro.

Ela suspirou, seus pensamentos girando apesar de sua exaustão. Amanhã traria mais desafios, mais responsabilidades. Mas por enquanto, tudo o que ela queria era deixar sua mente descansar, encontrar algo — qualquer coisa — que pudesse ocupar seus pensamentos e afastar o peso do dia.

Seus olhos se fecharam, o sorriso mais fraco curvando seus lábios enquanto ela se permitia um momento fugaz de paz. Amanhã seria outro dia, outro teste de sua resistência. Mas no silêncio de seu apartamento, ela poderia simplesmente ser Shouko, livre dos títulos e expectativas que tantas vezes a definiam.

      ❪🏐❫ — Bem-vindo a este capítulo! A jornada de explorar o tema da alimentação tem sido longa e pensativa para mim. Conforme me aprofundava na escrita, pretendia revisar vários aspectos deste tópico. Embora eu reconheça que o anime se concentra principalmente em voleibol, minha intenção é entrelaçar o desenvolvimento do personagem junto com o esporte. Espero que esse equilíbrio ressoe bem com você.

      ❪🏐❫ — Na introdução, compartilhei algumas anedotas pessoais que me fizeram rir, assim como as circunstâncias infelizes que cercam minha conta antiga. Devido a uma mudança de computador, perdi o acesso a ela e, consequentemente, todo o meu trabalho anterior. Este capítulo marca um novo começo, e agradeço sua compreensão enquanto navego nessa transição.

      ❪🏐❫ — Neste capítulo, estou animado para apresentar minha interpretação de uma versão feminina de Hinata Shouyou. Meu objetivo era criar um personagem que contrastasse com o original — enquanto Hinata é conhecido por sua energia e exuberância ilimitadas, minha versão incorpora um comportamento mais equilibrado e inteligente. Espero que você goste dessa nova abordagem! Apenas um lembrete amigável: tudo isso é no espírito da fanfic, então, por favor, mantenha a mente aberta e não leve muito a sério. Seu feedback é sempre bem-vindo!

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