𝕽𝖚́𝖇𝖊𝖓 𝕯𝖎𝖆𝖘 7
Desisto de ouvir o álbum completo, como nas últimas horas, e coloco a minha música favorita a repetir, voltando a olhar pela janela e a observar a chuva. A tempestade lá fora parece assemelhar-se com a tempestade dentro de mim, talvez seja por isso que passei as últimas horas, deitada na cama, a olhar pela janela.
O novo álbum da Tini, "Cupido", é a trilha sonora desta cena triste, digna de filme. A música que acabei de colocar em repetição, chama-se 7 Veces, é a faixa 9 e foi escrita em homenagem ao atual namorado da Tini, o jogador de futebol Rodrigo de Paul. Pelo menos é o que parece, pelo número no título, que é o número do mesmo na seleção argentina.
Na verdade, existem outras músicas que gosto mais, contudo esta é a única que se adequa à minha vida amorosa atualmente, até a parte dele ser um jogador de futebol. E é por isso que não consigo parar de ouvi-la.
E mais uma vez, a música volta ao início e os lábios cantam a letra silenciosamente, enquanto a minha mente compara todas as frases cantadas pela Tini com a minha realidade.
🎵 Hace rato que no sé nada de ti
¿Será que regresaste a tu país y no llamaste?, ey
¿Será que lo olvidaste?, ey🎵
Mesmo que não quisesse admitir, os 2 meses sem contacto estavam a afetar-me mais do esperava. Foi o pensamento enganoso que iria correr tudo bem, que me levou a prometer não entrar em contacto com ele.
Numa noite em Manchester, onde estava a realizar o meu Erasmus, como professora de Alemão, resolvi sair com os meus colegas. Foi nesse bar que conheci o Rúben Dias, atual jogador do Manchester City.
Durante os 3 meses que se seguiram, eu e o Rúben tivemos uma amizade colorida, uma amizade com benefícios, um caso... Como quiserem nomear. Apenas aproveitámos a química e a atração física que temos, sem medo do que nos esperava.
No dia da minha volta, já no aeroporto, sou surpreendida pela aparição dele. E dessa conversa é que surgiu a bendita promessa, nós não iríamos manter contacto nos próximos tempos, para descobrir qual é a verdadeira natureza dos nossos sentimentos, e ele iria visitar-me quando viesse a Portugal, para treinar pela seleção.
É aí é que está o motivo de tanto sofrimento e drama. O Rúben chegou há 2 dias a Portugal, como pude testemunhar pelas notícias, e ainda não recebi nenhum sinal de vida dele. Agora, em vez de estar a avaliar os trabalhos dos meus alunos, estou a observar a chuva.
🎵 Estoy solita y yo te extraño, maybe
El no tenerte a mí me pone crazy
Entré a nuestras conversaciones
Para ver la foto de esa noche🎵
Não foi necessário um mês completo para entender que os meus sentimentos por ele são os mais verdadeiros possíveis, é mais do que gostar... Apenas falta a coragem de o admitir em voz alta.
As saudades que sinto dele foi um dos sinais que me fez perceber a verdade. A cada dia que passa, a saudade corrompe-me por dentro, principalmente estes últimos 2 dias, por saber que ele está no mesmo território que eu.
Solto uma risada ao ouvir os últimos dois versos antes do refrão, que me caracterizam nos últimos 2 meses, a reler vezes sem conta as nossas conversas e a observar algumas das fotos que tiramos. A minha favorita é dele, no dia que ele foi esperar-me a um evento que fui, com o sorriso que tanto mais que adoro.
🎵 Afuera está lloviendo y yo estoy aquí adentro
Pensando en ti, pensando en ti
Uno, dos tre', cuatro, cinco, seis, siete vece'
Te me aparece' y te me desaparece'🎵
🎵 Afuera está lloviendo y yo estoy aquí adentro
Pensando en ti, pensando en ti
Uno, dos tre', cuatro, cinco, seis, siete vece'
En mi cuarto llueve, en mi cuarto llueve🎵
Está a chover lá fora e estou aqui dentro, a pensar no Rúben, tal como a Tini canta. E agora existe a pergunta: se eu associei todos os detalhes da letra com a minha vida, onde entra o 7? É simples, apenas uma simples conta de matemática.
Rúben Dias jogador do City (3) + Rúben Dias jogador da seleção portuguesa (4) = 7
🎵 ¿Qué puedo decir? Me tienes así
Aquí tengo un jardín esperando por ti
Solo pensarlo e imaginarlo, estoy nerviosa
Cómo quisiera que-quie estuviera aquí tu boca, tu boca🎵
🎵 Como animale', ya te conté los lunare'
Tú de mi mente no sale'
No hay ninguna como yo, oh-oh
No hay ninguna como yo🎵
O resto da letra repete-se, enquanto eu continuo a cantar silenciosamente. Contudo sou impedida de voltar a cantar tudo de novo, quando o meu telemóvel toca. Num minuto de esperança infundada, corro até ao telemóvel, esperando que seja ele, mas na verdade é o Oliver, o meu irmão mais velho.
— Olá, desaparecido — Atendo enquanto volto a deitar-me
— Olá, chata. O desaparecido tem uma bebé de 2 meses a acordar a cada 3 horas
— Como está a minha afilhada?
— Ótima, mas com saudades da madrinha
— Também tenho saudades dela. Ainda não vos visitei porque me atrasei na correção dos trabalhos dos meus alunos
— Tens planos para terça da próxima semana?
— É o meu dia de folga, então não
— Passaste a ter. Tenho uma surpresa para ti
— Não sei se te lembras, mas ainda faltam uns meses para o meu aniversário
— Eu sei. Não posso fazer uma surpresa para a minha irmã mais nova?
— Podes — Respondo desconfiada
— Então pronto. Marca na tua agenda, na próxima terça às 16h tens de estar pronta
— Ok
Uma semana depois
— Se não fosses meu irmão, eu acharia que eras um serial killer, pronto para matar-me e mandar o meu corpo ao Tejo — Reclamo ao perceber qual é o objeto que o meu irmão colocou no meu colo — Eu aceitei a venda, auscultadores é demais
— Por favor, confia em mim. Tenho a certeza que vais gostar da surpresa
— Tá seu chato
Aceito a derrota, coloco os auscultadores e ponho o novo álbum da Tini na reprodução aleatório. E como um lembrete diário que o Rúben está em Portugal há quase 2 semanas e ainda não entrou em contacto comigo, a primeira música a tocar é 7 Veces.
Consigo sentir o carro desacelerar, o que significa que estamos a sair da autoestrada. Tal como combinado, estava pronta à hora estipulada e ao entrar no carro do meu irmão, sou surpreendida por ele, que me entrega uma venda e pede-me para usá-la durante o caminho até ao destino. Após perceber que o destino será em Lisboa, o Oliver pede-me para também colocar uns auscultadores, impedindo-me de ouvir qualquer tipo de barulho que me dê mais dicas.
Confesso que estou bastante curiosa para descobrir qual é a surpresa. Já pensei em todo o tipo de coisas, mas nenhuma delas parece ser a opção certa. Também reparei no seu saco desportivo nos bancos de trás, então, talvez envolva mudar de roupa. Estou muito confusa e curiosa, é isso.
Após uns 20 minutos, sinto um toque no braço e paro a música.
— Chegamos! Vamos sair do carro e vais colocar a música de novo, até estarmos no local certo. Não te preocupes, eu vou guiar-te com cuidado
— Acho bem!
Saímos do carro e começamos a andar, após retomar a música, contudo mudo de playlist e passo para a da Taylor Swift.
Sem surpresa nenhuma, o meu Spotify resolve mandar-me mais uma indireta, quando a primeira música no modo aleatório é Dress. Diferente de 7 Veces, ela não encaixa 100% na minha complicada relação com o Dias, apenas em alguns versos. Como, por exemplo, no refrão, onde a Taylor Swift canta:
🎵 Say my name and everything just stops
I don't want you like a best friend
Only bought this dress so you could take it off
Take it off (ha, ha, ha)
Carve your name into my bedpost
'Cause I don't want you like a best friend
Only bought this dress so you could take it off
Take it off (ha, ha, ha, ha)🎵
No dia antes do meu regresso, o Rúben planeou uma noite especial e eu comprei um vestido para essa ocasião. Quando ele elogiou o meu vestido, eu respondi, com alguma influência do vinho, que tinha o comprado a pensar no momento que ele o iria tirar. E só de pensar nessa cena, sinto as minhas bochechas a ficarem mais vermelhas que a camisola principal do Benfica.
Decido focar nas mãos do Oliver, que me seguram e incentivam-me a andar na direção desejada. Eu nem quero a imaginar a vergonha que estou a passar, vendada e sem ouvir nada, a andar por um espaço que provavelmente deve ter pessoas.
Depois uns 5 minutos a andarmos para vários lados e até a subir escadas, finalmente paramos de andar. O meu irmão tira os meus auscultadores e sou surpreendida pelo volume do barulho, o que significa que estão muitas pessoas. Que raios, eu nem faço anos!
— Pronta? — Ele fala, perto de mim, para poder ouvi-lo
— Pronta e com receio
Ele tira a venda e, após habituar-me à claridade, o meu queijo caí até ao chão ao perceber onde estamos. Andamos até à ponta oposta onde estamos e consigo observar o campo do Estádio da Luz. Olho para o Estádio e para o meu irmão, alternadamente, em completo choque.
— Oliver?
— Vamos assistir ao jogo de Portugal... Surpresa!
— Eu entendi isso, mas como arranjaste os bilhetes?
— Ofereceram-me
— Ofereceram-te? — Pergunto confusa, em choque e completamente sem acreditar — Quem?
— Conheces todos os jogadores da Seleção?
— Sim, quase todos. O que isso tem a ver?
— Tem tudo a ver. Foi o jogador número 4 que nos ofereceu os bilhetes
— O jogador número 4? — Agarro-me a ele, pelo choque do que estou a ouvir — O Rúben Dias?
— Sim. Mandou-me mensagem no Instagram e enviou-me os bilhetes por email
— E não disse mais nada? — Pergunto, sem querer levantar suspeita, eu não tinha contado ao meu irmão sobre a minha aventura em Manchester
— Não
Ainda em choque, deslocámo-nos para os nossos lugares. Já sentada, olho ao redor e reconheço o irmão do Rúben, o Ivan, num dos cantos. Quando sou apanhada pelo mesmo, desvio o olhar para o campo.
— Mais uma coisa... — Olho para o meu irmão, observo-o tirar uma camisola da Seleção e entrega-me — Aqui tens
— Obrigada
Pego na camisola, mas antes de vesti-la, viro-a para verificar qual é o nome e o número na parte de trás. Quando não acho que posso ser surpreendida, sou surpreendida mais vez ao perceber que a t-shirt pertence ao número 4, com direito ao nome Rúben Dias na parte de trás.
Após vesti-la, volto a olhar para o meu irmão, que continua com aquele sorriso idiota, sem dar-me mais nenhuma explicação.
Que raios se passa aqui?
2 horas depois
Após 90 minutos de um jogo relativamente fácil, a nossa Seleção conseguiu terminar com um resultado muito bom, com uma vitória de 4-0, contra Liechtenstein.
Admito que nem sei quem marcou os quatro golos, apenas sei que o Rúben fez várias defesas maravilhosas, porque não consegui tirar os olhos dele nem por um único segundo. Os únicos momentos que o fiz, foi para encontrar o mesmo sorriso idiota na cara do meu irmão, que com certeza sabe mais do está a contar.
Ainda sentada no meu lugar, alguém se senta ao meu lado. Olho para a pessoa e reconheço imediatamente o Ivan, o irmão do Rúben. Ele também saberá o que passará, mas algo me diz que, tal como o meu irmão, não irá abrir a boca.
— Apreciaste o jogo, Mariana? — Ele pergunta-me
— Apreciei Ivan — Respondi, já a pensar em maneiras de tentar arrancar-lhe a verdade — Talvez o tivesse apreciado ainda mais se soubesse o que raios se está a passar aqui
— Eu não te vou contar nada, se é isso que queres — Ele sorri, o mesmo sorriso que o seu irmão também tem e eu tanto adoro — Além disso, o teu irmão contou-me que passaste o jogo a observar as vistas, na verdade, uma vista muito específica
— Aquele idiota... Quando eu descobrir que raios se passa aqui, vou esganar-vos a todos, eu odeio surpresas
— Tens a certeza que queres esganar todos os envolvidos? Até a mim? — As palavras fogem da minha boca, ao sentir um par de mãos tapar-me os olhos e ouvir aquela voz — Pensei que estivesses ansiosa por me ver...
— Eu... — É a única coisa que saí da minha boca, num sussurro. O único foco da minha mente é as suas mãos e a sua voz
— Ficaste sem palavras? — Abano a cabeça, dando uma resposta positiva à pergunta dele — Tudo bem, então deixa-me aproveitar a tua falta de palavras para dar-te a conhecer as minhas palavras. Pode ser?
— Sim — Ele finalmente saí de trás de mim e senta-se à minha frente. Agora posso observar cada detalhe seu, cada pedaço daquele ser humano que eu amo
— Não sabes o quão difíceis foram estes 2 meses longe de ti! Resolvi cumprir a nossa promessa, mas foi muito dificil. Foi apenas necessário um dia para perceber a verdade, que não posso viver mais sem ti... Que te amo! — Sorri ao ouvi-lo dizer aquilo — Sei que foi uma tortura para os dois, estes dias em Portugal sem contacto, mas não podia declarar-me de qualquer maneira. Na nossa história, tudo é especial e o pedido de namoro não podia ser diferente
Ele segura a minha mão e incentiva-me a levantar-me, enquanto ele se ajoelha na minha frente. Qualquer receio associado à presença de várias pessoas, que assistem a toda a cena, desaparece no segundo que ele me olha nos olhos e tira uma pequena caixa do bolso do casaco, com um anel dentro.
— Mariana Ferreira, aceitas namorar comigo e fazer de mim o homem mais feliz do mundo? É apenas uma pergunta de sim ou não, sem justificar — Solto uma risada no meio das lágrimas de emoções, pela sua referência ao nosso primeiro encontro fora das quatro paredes do quarto
— Rúben Dias, eu aceito namorar contigo e eu justifico com prazer... Eu amo-te
Enquanto todos batem palmas atrás de nós, ele coloca o anel no meu dedo e beija-me, ignorando todos à nossa volta. Ai meu deus, como eu senti falta disso...
— Ainda me queres matar? — Ele sussurra no meu ouvido, quando nos separamos
— Claro que não — Olho para trás, para o meu irmão, que conversa animadamente com o Ivan — Mas talvez o meu irmão ainda possa ser uma vítima
— Ele deu-te uma sobrinha, então acho melhor não
— Seu chato, conheces-me bem — Volto a olhar para o Rúben — Como vamos fazer com a distância?
— Vamos não nos preocupar com isso agora, ok? Vamos aproveitar o tempo que estou em Portugal, para festejarmos a vitória e para estarmos juntos — Ele sorri e rouba-me um selinho — De qualquer maneira vai dar certo, porque, acredita em mim, não te vou largar tão cedo
— Nem eu, meu gato, nem eu
Eu normalmente não posto pelo telemóvel, mas tenho de falar sobre o melhor dia da minha vida. O dia 19 de Novembro vai ficar marcado como a minha vez a ver o jogo ao vivo, num estádio, e, claro, a primeira vez que vi o Rúben Dias ao vivo.
É surreal estar tão perto de alguém que admito tanto e que estou tão habituada a ver apenas por um ecrã. Acreditem ou não, vê-lo puxar os calções para cima, como ele faz, durante os cantos, deixou-me completamente maluca. 😅🤣
Estou sem palavras, foi um dia inesquecível, a atmosfera do estádio foi incrível, todos a puxar pela Seleção e no fim a agradecer por estas 10 vitórias em 10 jogos.
Euro 2024, aqui vamos nós! E com grandes possibilidades de ganhar!
P.S: A minha mente de escritora já têm algumas ideias, baseadas nesta experiência, então podem esperar imagines sobre isso.
P.S.S: Em relação aos pedidos que me pediram (Sobre o Francisco Conceição, sobre o João Neves e sobre o Jules Koundé), eles estão a ser escritos. Se quiserem podem me fazer pedidos, eu aceito. (Talvez tenha mais gosto em escrever com certos jogadores, mas enfim).
Espero que gostem!
Não se esqueçam de votar e de comentar, qualquer tipo de coisa.
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