𝕽𝖚́𝖇𝖊𝖓 𝕯𝖎𝖆𝖘 14.1
— Então tu és o Rúben? O marido da qual não me lembro? — A Mariana pergunta
— Sim! Sou eu... — O sorriso que tentei manter na minha cara, desaparece rapidamente, ao ver que ela realmente não se lembra de mim.
— Eu queria pedir desculpas por não me lembrar de ti, mesmo não sendo culpa minha e sim do acidente. Mas tenho a certeza de que esta situação deve ser difícil para ti também
— Tudo bem... Não te culpes... — Tento acalmá-la, culpar-se não é uma maneira boa de iniciar a sua recuperação física e mental — Sei que tu estás a tentar lembrares-te, quero que saibas que estou aqui para ajudar-te no que precisares. Okay?
— Okay — Ela sorri — Será que posso fazer-te algumas perguntas? Sobre nós, sobre o nosso casamento, sobre a filha que temos?
— Claro! Faz as perguntas que quiseres. Eu vou responder a tudo!
— Acho que posso começar pelo início... — Ela faz uma pausa, para pensar com precisão no que quer perguntar. E depois pergunta curiosa — Como é que nos conhecemos? Como é que uma atleta de Badminton conhece e começa a namorar com um jogador de futebol?
— Bem, então... Eu assisti a uma das tuas partidas, um dia, e fiquei impressionado com as tuas habilidades. Confesso que imaginei como serias a jogar futebol, visto que és tão habilidosa no Badminton — Solto uma risada, ao lembrar-me daquele dia — Comecei a frequentar as tuas partidas, começamos a conhecer-nos e o resto é história.
— Eu até participei de alguns torneios de futebol na escola, como se calhar até sabes, mas o Badminton é a minha verdadeira paixão — Não consigo não sorrir, uma das melhores partes da nossa relação é o nosso amor mútuo pelo desporto — E quanto tempo é que namorarmos até casarmos?
— Deixa-me pensar... Acho que começamos a namorar durante a temporada, em janeiro, e casamos no verão daquele ano — Ri com a surpresa na cara dela — Nenhum dos nossos amigos conseguiu entender a nossa pressa para casar, mas nós não nos arrependemos de maneira nenhuma.
— Tão rápido? Deve ter sido mesmo amor à primeira vista...
— Definitivamente, foi rápido e espontâneo, ainda parece um sonho — Olho-a nos olhos e confesso — Todos os dias me sinto o homem com mais sorte do mundo por te ter ao meu lado
— E a nossa filha? Quantos anos tem? Como se chama? — Percebo a sua hesitação — Ela sabe sobre o meu acidente?
— A nossa filha chama-se Francisca, tem 6 anos e é a melhor que nos aconteceu na vida — Sei que os meus olhos estão a brilhar só de falar na minha menina — E sim, ela sabe. Claro que ficou triste, mas é uma criança incrível, ama-te e já está a ter um milhões de ideias para te ajudar.
— Ela parece ser uma menina incrível. Pela maneira como falas, dá para perceber que ela é a menina do pai
— Ela é o meu mundo — Sorri — Ela entra comigo em campo, fica nas bancadas a gritar o meu nome... Não poderia pedir uma filha melhor!
— Eu sei que estamos a falar de nós e da nossa filha, mas estou muito curiosa para saber mais sobre a minha carreira. Disseste que viste um jogo meu, isso quer dizer que consegui construir uma carreira como jogadora de Badminton?
— Claro! — Digo, transmitindo todo o orgulho que sinto — Tu ganhaste o campeonato europeu no ano passado! Tu és uma das melhores jogadoras a nível europeu e a nível mundial também
— Uau! — Ela diz surpresa — Parece que consegui conquistar tudo o que sempre quis: uma família, um marido e uma carreira
— Com certeza. E sinto-me muito honrado por fazer parte da tua vida e das tuas conquistas, tu mereces tudo isto e muito mais — Sorri — Espero que tu te lembres de tudo, mas especialmente das tuas conquistas profissionais, pois lutaste muito por elas
— Vou lutar por isso, é muito difícil saber que perdi tanta coisa — Noto que ela força um sorriso — Obrigada por responderes às minhas perguntas. Agora queria pedir-te se podias deixar-me descansar, é muita informação e preciso de descansar a cabeça
— Claro — Respiro fundo — Não precisas de mais nada por agora?
— Pede à minha mãe para entrar quando saíres, por favor
— Eu vou chamá-la— Saí do quarto, fechando a porta atrás de mim
Ando até à sala de espera, onde está a mãe e o pai dela, a conversar com o meu irmão, enquanto eu e a Mariana conversávamos. Aproximo-me deles e eles parar de conversar assim que me veem.
— Então? Como correu? — O Ivan pergunta
— Respondi a todas as suas perguntas, sobre nós, sobre a Francisca e sobre a carreira dela — Passo a mão pelo cabelo — Estou a tentar ser forte, por ela e pela Francisca
— É apenas preciso tempo — A minha sogra abraça-me — Tenho a certeza de que ela vai se lembrar de tudo. Até lá vamos estar ao lado dela e ajudá-la a lembrar-se de tudo o que conquistou
— Ela pediu-me que a chamasse — Informo a minha sogra, que se despede de mim e do meu irmão e vai na direção do quarto dela
— Vai correr tudo bem — O pai dela tenta tranquilizar-me — É como nos filmes que passam na televisão, ela vai lembrar-te de tudo e apaixonar-se por ti de novo
— Os filmes são diferentes da realidade, nada me garante que ela se vai lembrar de mim — Ele e o meu irmão olham-me tristes — E na última obra de ficção que vi que tinha este tema, a personagem que perdeu a memória divorciou-se do marido e ficou com outro
— Rúben...
— Eu e o Ivan vamos andando, tenho de ir buscar a Francisca à casa do Bernardo
— Tudo bem. Qualquer coisa, nós ligamos — Despedimo-nos — Até amanhã
— Até amanhã
Saímos do hospital, entramos no carro e logo estamos a caminho da casa do Bernardo. E como é óbvio, o Ivan encheu-me de perguntas e conselhos, mal tinha saído do estacionamento do hospital. Eu não queria falar, mas sabia que ele não se iria calar.
— Tu achas que ela vai recuperar a memória? — Ele questiona-me
— Tu ouviste o médico: pode não recuperar e se recuperar, pode demorar anos. Eu só quero viver um dia de cada vez e estar ao lado da minha mulher, respeitando o espaço dela, e da minha filha, que precisa de mim mais do que nunca
— Não precisas de guardar tudo dentro de ti, eu estou aqui, os pais dela também e os nossos pais já disseram que viriam assim que fosse possível
— Neste momento, é mais fácil assim. O meu único foco é a Francisca e ela não precisa de ver o pai dela a desabar.
— Mas é isso que vai acontecer se tu continuares a guardar tudo dentro de ti, em algum momento vais desabar e não vai ser bonito
— Podemos não falar mais? Eu preciso de pensar no que vou dizer à minha filha, ela está ansiosa para visitar a mãe e eu preciso de a preparar bem para o momento que a própria mãe dela não a reconhecer.
— Tudo bem, mas eu sou o teu irmão mais velho e estarei sempre aqui para dizer-te as verdades.
Manchester City jogou, o Rúben Dias foi capitão, então isso merece um imagine.
Este homem com a braçadeira de capitão faz-me ter pensamentos muito indecentes.
Espero que gostem!
Não se esqueçam de votar e de comentar, qualquer tipo de coisa.
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