— Que ridículo! Este foi o jogo mais ridículo que já assisti na minha vida — Pego no que resta da minha bebida e sento-me num dos bancos altos, ao lado do meu irmão — Nem sei que palavrão usar para o caracterizar

— 100% contigo mana

— Porra, até o Otávio que eu gosto minimamente, ele foi literalmente insuportável

— Eles podem ter ganhado, mas não muda muita coisa. A distância continua grande e não nos vejo a perder os próximos jogos, por mais difíceis que sejam.

— Certíssimo

Eu e a minha família continuávamos no café perto da nossa casa, onde assistimos o clássico do futebol português, Benfica vs. Porto. Após um jogo muito controverso e uma derrota para os vermelhos, nós continuamos no café a reclamar, mas ainda meio felizes por ainda existir alguma distância entre os vermelhos em primeiro e os azuis em segundo.

Além dos meus pais e do meu irmão, também está aqui o afilhado e os seus pais. Sendo obviamente muito próxima dele, o mesmo não me larga e quando vou buscar mais uma bebida para mim, ele vem comigo.

Sento-me no banco junto ao balcão, para poder sentá-lo no meu colo e o mesmo começa a brincar com a minha velha pulseira, que diz Benfica.

— Nem tu a fazeres as pistolas do Gonçalo Ramos deu sorte...

Farta de esperar, ele pede para sair do meu colo e vai até ao seu pai, que é meu primo. Enquanto isso a minha bebida chega e fico ali, a beber e a pensei no maldito jogo e na maldita derrota.

Sinto o meu telemóvel vibrar e logo vejo uma mensagem do meu colega de mestrado, o Tiago, um portista. Tal como já suspeitava, ele mandou-me mensagem a esfregar-me na cara que o seu clube ganhou. Respondo à mensagem com um áudio, sem paciência para escrever.

— Sabes que ganharem este jogo não significa nada?! O meu Benfica continua em primeiro lugar e o teu Porto em segundo. Já disse e vou repetir, o campeonato já não escapa ao Benfica, independentemente de rezares a todos os santinhos. O Benfica é muito melhor que o Futebol Clube do Penaltis, quer dizer, Porto, apenas aceita

— É assim que os benfiquistas chamam ao Porto agora? — Viro-me para ver quem é o dono da voz e paro de gravar

— É assim que eu os chamo — Bloqueio o telemóvel e observo o rapaz sentar-se no banco ao meu lado — Não sei é aconselhável um portista estar num café cheio de benfiquistas

— Pelo que vi lá fora, não sou o único, então acho que estou salvo — Ele pede uma coca cola — Achas realmente que o Benfica é campeão este ano?

— Claro que sim

— Essa resposta é de uma fã de futebol ou de uma benfiquista? — Ele questiona-me e eu olho-o curiosa

— Uma mistura dos dois, uma mistura dos números que não mentem e da minha alma benfiquista desde que nasci

— Parece que vou ter de escolher outra cantada, dizer que és perfeita, sendo que és do Benfica, seria uma grande mentira. Esse é o teu único defeito — Olho-o surpresa, enquanto ele estica a sua mão — André

— Sofia — Aperto-lhe a mão

As nossas mãos tocam-se e eu sinto um arrepio, em cada parte do meu corpo. Para além disso, também sinto borboletas na barriga quando ele sorri, o que não é tão estranho assim porque o André é muito bonito e o seu sorriso também.

Voltamos a focar nas nossas bebidas, após este momento, mas a minha mente já está a pensar em perguntas para lhe fazer. A curiosidade para conhecê-lo está a tornar-se maior que a dor da perda do Benfica.

Antes que um de nós possa dizer algo, somos interrompidos por uma voz de bebé, o meu sobrinho.

— Madinha — Ele estica os braços e pego-o, sentando-o no meu colo — Colinho

— Estás cansado? — O André observa-me interagir com o meu sobrinho e o arrepio volta

— Não, mas a mana está a dormir no colo da mãe e assim não posso brincar com ela — O meu sobrinho volta a mexer na minha pulseira do Benfica

— A mana ainda é uma bebé pequena, então ela tem de dormir mais

— E eu brinco com quem? — Dou-lhe um beijo na cabeça

— Comigo e com o Filipe

— Posso ir brincar com o Filipe? — Ele sorri

— Claro — Coloco-o no chão — Eu já vou brincar com vocês. Pode ser?

— Sim! — Ele sai a correr na direção do meu irmão

— Como eu disse, o teu único defeito é seres benfiquista, porque também és uma ótima madrinha

— Obrigada, mas eu tenho a certeza de que tenho mais defeitos, só não os viste ainda

— Isso é um convite para te conhecer melhor e descobri-los? — Ele está claramente a flertar comigo e eu não vou ser rude de não fazer o mesmo

— Talvez seja — Sorri

— Então talvez eu aceite — Ele sorri também... Que homem bonito! — Podemos fazer algumas perguntas ao outro, para acabar com a questão dos defeitos e também nos conhecemos

— Acho uma ótima ideia — Ele interrompe-me antes de ter oportunidade de lhe dizer para começar

— Senhoras primeiro

— O que fazes por aqui? — Pergunto, curiosa — Sou nascida e criada aqui, sei que não és de cá

— Vim visitar a minha avó, provavelmente sabes quem é, ela deve estar quase a aparecer por aqui — Ele olha-me — É a minha vez, tens namorado?

— Não, ando muito focada nos estudos — Ele solta um sorriso com a minha resposta — E tu tens namorada?

— Não, ainda não encontrei a pessoa certa — Sorri com a resposta dele — E estás interessada em arranjar um namorado?

— Se aparecer alguém interessante... Porque não?! — Eu não sou muito de tomar uma atitude, quando se trata de homens, mas algo me diz para o fazer agora — Queres guardar o meu número agora ou quando terminarmos as perguntas?

— Eu iria esperar até ao fim, mas visto que tu deixaste claro as tuas intenções, tratamos já desse ponto importante — Ele responde imediatamente, com um sorriso e tira o seu telemóvel. Também tiro o meu e apontamos os nossos números no telemóvel do outro — Ótimo!

— Ótimo! — Sorrimos

— Existe algum sítio onde possa acabar com esta vontade de te beijar? — Não fico surpresa pela sua pergunta, visto que o nosso flerte passou de impercetível para claro como água

— Existir até existe, mas para isso é necessário trazer de volta as minhas habilidades de atriz

— Vamos ver se és uma boa atriz — Ele sussurra no meu ouvido, após verificar que ninguém está a prestar atenção em nós

Conto-lhe sobre o meu plano e dou-lhe indicações. Ele sai do café e faço tempo, enquanto termino a minha Coca Cola. Passados alguns minutos, levanto-me e aproximo-me da minha família.

— Ainda com raiva do resultado? — Pergunta-me o meu primo, tão maluco pelo Benfica como eu

— Alguma, mas já arranjei uma maneira de esquecer-me do jogo. Como sempre, não fazem nada sem mim e os colegas precisam de tirar dúvidas na realização da parte deles no maldito trabalho. E lá vou eu, mas sem ter trazido todos os papéis, porque isto era suposto ser um fim de semana sem trabalho, apenas para a aproveitar a família — Eles riem da minha desgraça, pelo menos estão a acreditar na minha mentira descarada

— Então não vens jantar? — Pergunta a namorada do meu primo, a mãe do meu afilhado

— Vais-te embora madinha? — Pergunta o meu afilhado e o meu coração doi um pouco

— Tenho de ir — Pego nele e abraço-o — Mas vou tentar ainda aparecer para jantar. Vou a casa para esclarecer as dúvidas deles e, se conseguir, ainda apareço para jantar

— Vou guardar um gelado para ti

— Obrigada, meu amor — Dou-lhe um beijo na sua bochecha e coloco-o no chão — Até logo!

Saí do café e vou direta ao meu carro. Dou a volta pela rua mais longe, para o André poder entrar no meu carro. Ele entra e início a pequena viagem até ao pequeno terreno junto à casa dos meus pais, onde estacionamos os nossos carros quando a garagem não é suficiente.

— Lugar onde me podes beijar, este é o André. André, este é o lugar onde me podes beijar.

Sem nenhuma vergonha na cara, ele desprende o meu cinto de segurança e ajuda-me a sentar no seu colo, e, sem perder tempo, cola os seus lábios aos meus.

Logo percebo que os dois gostamos de usar as mãos durante o beijo. Ele mantém uma das mãos na minha cintura, por baixo da minha t-shirt, e a outra brinca com o meu colar, o que me causa arrepios, devido aos seus toques leves no meu pescoço. Enquanto isso, eu seguro a gola da sua camisa, mas uma das minhas mãos rapidamente se desloca até ao seu cabelo e puxa-o suavemente.

Afastamo-nos ofegantes, com sorrisos nos nossos rostos.

— O teu beijo é com certeza uma qualidade! — Ele sussurra no meu ouvido e, sem perder tempo, inicia uma linha de beijos da minha orelha até ao meu pescoço

— O teu também — Respondo ofegante, enquanto apanho o cabelo rapidamente, para lhe facilitar o acesso ao meu pescoço — O teu físico é uma qualidade

— E sabes o que mais é muito bom? — Ele sussurra de novo no meu ouvido — Nós dois juntos

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— Eu quero saber todos os detalhes

É a primeira coisa que a minha melhor amiga Helena me diz, quando nos encontramos antes das aulas. Eu tinha lhe mandado uma mensagem a contar sobre o André e que lhe contaria tudo pessoalmente e é óbvio que ela não se esqueceu. Enquanto andamos até à sala, conto-lhe tudo o que aconteceu no café e um pequeno resumo do que aconteceu no carro.

— Isso é que foi um fim de semana animado! — Diz ao entramos na sala

— Não tenho do que reclamar — Sorri

— E, entretanto, não se falaram?

— Não. Ele disse que iria ter uma semana complicada, mas que mandaria mensagem assim que possível. E antes que perguntes como é que tenho a certeza, eu questionei a avó dele, joguei verde e ela confirmou tudo.

— Otávio! — Um dos nossos colegas grita e aproximamo-nos curiosas

— O que estão a fazer? — Eu pergunto-lhe, confusa ao ver a imagem do Otávio, jogador do Porto

— A testar os nossos conhecimentos sobre os jogadores que estão ou já estiveram no Porto

— Super interessante — Reviro os olhos

— Queres tentar? — O Tiago pergunta, claramente a brincar comigo

— Só se fizerem do Benfica depois — Eu e a minha melhor amiga sentamo-nos em cima da mesa e eles continuam

— Este é fácil, é o André Silva

Ouço o Tiago adivinhar mais um jogo e tiro os olhos do meu telemóvel para ver se conheço o jogador e o choque é tão grande que quase deixo cair o telemóvel no chão. Não pode ser... O André Silva que está no ecrã, é o meu André, o André de quem o beijo não saí da minha cabeça.

Ao ver o meu choque, a Helena começa a questionar-me baixinho, a querer saber o que se passa, mas eu só consigo arranjar palavras para questionar os meus colegas para arranjar uma maneira de ter a certeza.

— Eu acho que conheço essa cara — Pergunto, sem ter a certeza se estou a fingir bem que nada se passa — Onde é que ele joga agora?

— Na Alemanha, no RB Leipzig, mas deves tê-lo visto na nossa Seleção, até que ele marca uns golos — O Tiago é o primeiro a me responder

— Coitado dele, não tem tido sorte — O Pedro continua — Ele não tem tido muito tempo de jogo na Alemanha, o nosso novo selecionador nacional também não o convocou e acho que se lesionou.

— Segundo os stories dele, acho que está em Portugal por causa da lesão

Invento uma desculpa e puxo a minha melhor amiga para fora da sala, já a abrir a minha galeria para rever a foto que tirei com o meu André, que ele me aconselhou a vê-la quando tivesse saudades dele.

— Este é o meu André — Mostro-lhe a foto — Lembra-te alguém?

— Mas esse... — Ela olha-me confusa e aponta para a sala

— Exato. O meu André é muito parecido com o André Silva, jogador da Seleção nacional

— Parecido não — Ela mostra-me o seu telemóvel — Este storie é de ontem, olha a roupa, é a mesma

— Meu Deus! — Digo enquanto me sento num dos bancos, chocada a olhar para os dois telemóveis

— Meu deus digo eu — Ela faz uma dancinha — Tu ficaste com um jogador da Seleção nacional... E algo me diz que irá haver repetição 

O meu plano era postar outro imagine, mas já que o André Silva faz anos hoje, nada mais justo do que postar um dele. Parabéns para um dos únicos portistas que eu gosto!

Não irei falar do Benfica porque continuo descontente com o que a equipa anda a fazer, mas ao menos conseguiram ganhar ao Arouca na Taça e ao Chaves na Liga (Uma vitória importante depois da derrota na temporada passada). 

Mas do Man City posso falar à vontade porque eles estão on fire. Depois de uma vitória importante contra o United, esmagaram o Bournemouth, com a classe do Bernardo Silva, do Phil Foden e do Jeremy Doku. 

Agora teremos mais Champions: estou confiante com o City e a rezar a todos os santinhos que o Benfica ganhe pelo menos um jogo! 

Espero que gostem.

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