━━━━━ 𝓟𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄
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𝓟𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄
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O SOL COMEÇAVA A ILUMINAR a nova casa dos Brooks, tingindo de dourado as paredes claras e dando vida ao ambiente silencioso, o local tinha uma atmosfera que mesclava tradição japonesa e modernidade ocidental. Na cozinha, o cheiro de café fresco se misturava ao som distante do tráfego de Encino. Rosalind Miyagi Brooks, ainda se acostumando com o novo lar, organizava o café da manhã enquanto sua mente se perdia entre a preocupação com o pai no hospital e a empolgação do primeiro dia de escola das crianças em Los Angeles. Ela ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha, respirando fundo. Os últimos meses haviam sido um turbilhão de emoções — a mudança repentina para Los Angeles para ficar perto de seu pai, Nariyoshi Miyagi, agora hospitalizado, e o início de um novo capítulo para sua família.
Enquanto o café era preparado, no andar de cima, uma pequena discussão entre Madelyn e Luke ecoava pelo corredor.
── Luke, você vai acabar quebrando isso! ── Madelyn exclamou, sua voz doce, mas firme, enquanto observava o irmão balançar a espada de madeira que seu avô havia feito.
── Ah, qual é, Maddy, relaxa. Eu sei o que estou fazendo ── Luke respondeu com aquele tom meio insolente típico de sua idade.
Luke tinha 12 anos e Madelyn tinha 11, o que significa que brigas frequentes aconteciam entre esses dois.
Rosalind, que ouvira a conversa, ergueu a voz para que ambos ouvissem.
── Madelyn, Luke, venham tomar café! ── Rosalind chamou, ajustando uma pilha de pratos de porcelana que havia herdado de seu pai ── E acordem a Hana!
Luke foi o primeiro a aparecer na cozinha, com o semblante levemente aborrecido. A adolescência começava a tomar conta dele, e a mudança para Los Angeles, embora necessária, não era algo que ele aceitava facilmente. Ele se jogou em uma das cadeiras da mesa e cruzou os braços com um suspiro.
── Bom dia, filho ── Rosalind sorriu, tentando aliviar o humor dele ── Dormiu bem?
── Mais ou menos ── respondeu Luke, sem muita emoção ── Ainda não me acostumei com essa casa.
── Eu sei que é difícil, ── Rosalind assentiu, compreendendo ── mas precisamos estar aqui agora. O vovô precisa de nós.
Luke deu de ombros, tentando parecer indiferente. Embora não mostrasse, ele se importava muito com o avô. Os ensinamentos sobre o karatê e a disciplina ainda eram claros em sua mente, mas era difícil admitir que estava feliz por estar mais perto dele, ainda que fosse em circunstâncias tão difíceis.
Madelyn desceu as escadas logo depois, com um sorriso doce no rosto. Ela era a luz da casa, sempre otimista e disposta a ver o lado bom das coisas.
Apesar da mudança, a garotinha de 11 anos se mostrava animada, principalmente por estar mais perto de seu avô, de quem ela tanto gostava.
── Oi, mãe! ── disse ela alegremente, se juntando aos dois na mesa ── Hoje vamos ver o vovô depois da aula, né?
── Claro, querida ── Rosalind sorriu, acariciando o rosto da filha com ternura ── Vamos visitar ele todos os dias. Ele adora quando você vai, sabia? Vive falando de como você está crescendo e como tem orgulho da garota que está se tornando.
Madelyn sorriu, seus olhos suavizando ao pensar no avô.
── Eu queria que ele estivesse morando aqui com a gente... Queria continuar o karatê com ele, como vocês me ensinaram.
Rosalind engoliu em seco, tentando não deixar a tristeza transparecer.
── Podemos continuar treinando, meu amor. O tio Daniel e a Samantha também podem ajudar. E, sempre que você quiser, pode contar ao vovô no hospital sobre o seu progresso. Ele ficará muito feliz em saber.
── Eu vou me esforçar bastante ── disse Madelyn com determinação ── Ele sempre disse que o karatê era mais do que só lutar, que era sobre equilíbrio, respeito e paz.
Naquele momento, Patrick entrou na cozinha trazendo consigo sua habitual energia leve e brincalhona. Ele estava vestido para o trabalho e se aproximou dos filhos, bagunçando o cabelo de Luke e dando um beijo carinhoso na testa de Madelyn.
── Bom dia, pessoal! Estão prontos para o grande dia? ── perguntou ele, animado como sempre.
Luke revirou os olhos, mas não pôde evitar um leve sorriso.
── Pronto, eu acho. Embora preferisse estar ganhando o campeonato da minha antiga escola do que tentar entrar no time dessa nova escola. E se eles não me aceitarem?
Patrick riu e pousou a mão no ombro do filho, tentando encorajá-lo.
── Entendo, campeão. Se eles não te aceitarem, algo que eu acho bem improvável, quem sabe você não encontra algo novo para gostar por lá? E depois da escola, tem o vovô esperando por você. Ele vai querer ouvir tudo.
── Isso, e eu vou querer saber das suas notas também ── acrescentou Rosalind, com um sorriso de canto ── Vocês precisam se enturmar e encontrar algo que gostem, mas principalmente, precisam se sair bem.
Hana, a filha caçula dos Brooks, apareceu logo em seguida, coçando os olhos enquanto segurava sua mochila.
── Bom dia, florzinha ── disse Patrick, dando um beijo em sua bochecha ── Pronta para ganhar a corrida de natação?
── Bom dia, pai ── Hana respondeu, com um sorriso tímido ── Eu nasci pronta!
── Que corrida é essa? ── Rosalind questionou, confusa sobre o que eles falavam.
── A Hana fez uma aposta ── explicou Luke, rindo ── Diz que nada melhor que o Anthony.
── E eu vou provar! ── Hana respondeu, confiante.
── Tenho certeza que você vai ── disse Madelyn, piscando para a irmã.
Rosalind riu, mas fez uma ressalva.
── Tudo bem, podem fazer a corrida, mas com a supervisão do seu pai, ok?
Patrick, que tomava um gole de café, ergueu a sobrancelha.
── Supervisionar uma corrida? ── ele brincou ── Amanda me disse a mesma coisa. Estou dentro!
O som estridente da campainha ecoou por toda a casa e Madelyn correu para abrir a porta. Lá estava Samantha LaRusso, com sua mochila cor de rosa e um sorriso radiante, ao lado de Amanda e Anthony. Assim que a porta se abriu, Madelyn e Samantha se abraçaram, como se não se vissem há meses, embora tivessem se encontrado no fim de semana anterior.
── Pronta para arrasar na nova escola, Maddy? ── Samantha perguntou, empolgada.
── Se você estiver comigo, com certeza! ── Madelyn respondeu, rindo.
── Ei, Hana! ── Anthony acenou, sorrindo para a amiga ── Quero dizer... quem vai nadar mais rápido hoje, hein?
Hana cruzou os braços com um sorriso competitivo.
── Eu, claro! ── respondeu a garotinha com confiança ── Sou muito mais rápida que você!
── Sonha, Hana! ── Anthony riu.
Amanda e Patrick trocaram olhares de cumplicidade, enquanto Rosalind se aproximava de Amanda.
── Obrigada por levar as crianças, Amanda. Tenho tanta coisa para organizar na galeria hoje.
── E eu tenho que ir para o escritório. Os LaRusso precisam de um advogado à altura ── Patrick sorriu.
── Sem problemas ── respondeu Amanda ── Vai ser bom para as meninas irem juntas. Elas já estão grudadas como irmãs. Samantha passou o final de semana inteiro falando sobre como está ansiosa para mostrar a escola para Madelyn.
Rosalind olhou com ternura para as duas garotas, lembrando de sua própria juventude com Daniel e de como o karatê e a amizade haviam moldado suas vidas.
── E Patrick, nada de favoritismos na corrida de natação, ok? ── Amanda brincou.
── Prometo ser justo... mas estou torcendo pela Hana ── Patrick riu.
── Certo, então vamos lá! ── exclamou Rosalind.
── E você tem certeza que não quer que eu vá com você hoje? ── Patrick perguntou para a esposa.
── Não, eu estou bem, já me acostumei com o trânsito de Los Angeles de novo. Preciso me concentrar na galeria hoje, mas ficarei de olho no celular. Vá fazer sua mágica no escritório, Sr. Advogado.
Patrick riu e a puxou para um beijo terno e apaixonado, um gesto que foi recebido com caretas exageradas pelas meninas.
── Que nojo! ── exclamou Madelyn.
── Eca! ── concordou Samantha, fazendo careta.
Amanda, Patrick e Rosalind gargalharam da reação das garotas.
── Muito bem, meninas! Continuem com nojo de beijo até chegarem aos 20 anos ── brincou Patrick, lançando um sorriso divertido para as crianças.
Luke, tentando manter sua pose rebelde, ignorou e apenas pegou sua mochila sem pressa. Mesmo relutante, ele sabia que havia algo especial em estarem todos juntos, mesmo em uma nova cidade.
── Tudo bem, então ── disse Patrick, dando um leve empurrãozinho nas crianças ── Vamos começar esse dia e mostrar a Los Angeles como os Brooks fazem as coisas!
O carro dos LaRusso avançava suavemente pelas ruas ensolaradas do Vale. Anthony e Hana já haviam sido deixados na escola. No banco de trás, Samantha e Madelyn riam e conversavam animadamente. Luke, sentado ao lado delas, mantinha-se em silêncio, os olhos focados na paisagem que passava pela janela. Amanda, dirigindo, lançou um olhar atencioso pelo retrovisor.
── Estão prontas para o primeiro dia? ── perguntou, sorrindo.
── Sim! Mal posso esperar para apresentar a escola para Madelyn ── respondeu Samantha, se virando para a prima, seus olhos brilhando com animação.
Madelyn sorriu e assentiu.
── Vai ser divertido ── disse ela, tentando parecer confiante.
── E vou te apresentar para Aisha também, ela é minha melhor amiga ── continuou Samantha.
Madelyn fez uma expressão de surpresa e se virou para Samantha, fingindo ciúmes.
── Espera aí... Pensei que eu fosse sua melhor amiga.
Samantha riu de leve, apertando a mão de Madelyn.
── Você é como se fosse minha irmã ── respondeu ela com carinho ── É ainda melhor.
Amanda sorriu, admirando a amizade entre as duas, mas por outro lado, percebeu o silêncio de Luke.
── E você, Luke? Nervoso? ── Amanda perguntou gentilmente.
Luke deu de ombros, mantendo os olhos na janela.
── Só quero ver se o time de futebol é bom ── murmurou ele, tentando esconder o nervosismo.
── Você vai se sair bem. Todos vocês vão.
Assim que chegaram à escola, Luke praticamente pulou do carro, ansioso para se afastar das meninas. Ele avistou um grupo de garotos perto da entrada e se dirigiu para lá, determinado a se enturmar. Samantha e Madelyn trocaram olhares.
── Luke 'tá bem na dele hoje ── comentou Samantha, observando ele se afastar.
── Ele só está nervoso ── respondeu Madelyn, dando de ombros.
As duas meio que entendiam o comportamento de Luke, mas não se preocuparam muito. Elas sabiam que ele gostava de seguir seu próprio caminho.
── Tenham um ótimo dia, meninas! ── Amanda se despediu, olhando para as garotas através da janela do carro.
── Tchau, mãe ── respondeu Samantha.
── Obrigada pela carona, tia Mandy ── disse Madelyn, acenando com um sorriso.
Assim que Amanda se afastou, Samantha puxou Madelyn pela mão com animação.
── Vamos. Nossas aulas vão começar logo e eu ainda quero te apresentar 'pra todo mundo!
── Todo mundo?! ── Madelyn arregalou os olhos, sentindo seu nervosismo aumentar.
Elas caminharam lado a lado pelos corredores movimentados da escola, com Samantha explicando sobre cada canto e grupo de pessoas. Madelyn absorvia tudo, com os olhos curiosos e uma pontinha de ansiedade crescente.
── E ali está Aisha! ── exclamou Samantha de repente, avistando sua amiga do outro lado do corredor ── Vem, vou te apresentar.
Antes que Madelyn pudesse assimilar, Samantha já a puxava apressadamente em direção à amiga.
── Aisha! ── gritou Samantha com uma voz animada ao se aproximar.
── Sam! ── Aisha respondeu com o mesmo entusiasmo, correndo para abraçar a amiga.
Madelyn ficou um pouco atrás, observando com um sorriso tímido. Ela sempre tinha um leve receio ao conhecer novas pessoas, e não queria interromper o momento das duas. Quando finalmente se soltaram do abraço, Samantha puxou Madelyn para mais perto.
── Aisha, essa é a Madelyn. Minha prima que acabou de se mudar para Los Angeles.
Aisha ergueu uma sobrancelha, com um sorriso de quem já tinha ouvido falar muito sobre ela.
── Então... essa é a famosa Madelyn? ── disse Aisha, brincalhona.
── Em carne e osso ── respondeu Samantha, sorrindo.
Madelyn riu, meio sem jeito, enquanto Aisha a olhava de cima a baixo, analisando ela. A ansiedade de Madelyn crescia com o silêncio e ela temia que Aisha não gostasse dela logo de cara.
── Sam não parava de falar de você ── Aisha finalmente quebrou o silêncio com um sorriso amigável ── É um prazer finalmente te conhecer!
Madelyn soltou o ar que nem percebeu que estava segurando e sorriu aliviada.
── O prazer é meu, Aisha! ── respondeu com sinceridade.
── Então, qual é a primeira coisa que a gente vai mostrar 'pra Madelyn? ── perguntou Aisha, claramente já aceitando Madelyn no grupo.
── Pensei em mostrar o ginásio e depois o pátio, onde o pessoal se reúne ── sugeriu Samantha, já traçando o plano.
── E depois o melhor lugar de todos: a cafeteria ── Aisha completou com um tom de mistério ── A gente sempre tem as melhores conversas lá.
── E as piores também ── Samantha acrescentou, rindo.
Madelyn riu com elas, finalmente se sentindo à vontade. O trio caminhava pelos corredores, já parecendo inseparável, enquanto Aisha e Samantha enchiam Madelyn de histórias sobre a escola e o que esperar dos próximos dias.
── Ah, e tem mais uma coisa ── Aisha disse de repente, com um sorriso malicioso.
── O quê? ── perguntou Madelyn, curiosa.
── Samantha andou espalhando que sua prima nova estava chegando, e agora todo mundo está morrendo de curiosidade 'pra te conhecer. Então, se prepara, porque vai ser o centro das atenções hoje.
── Samantha! ── Madelyn exclamou, lançando um olhar severo para a prima.
Ela sempre foi mais tímida e odiava ser o foco de atenção. Só de imaginar todos os olhares voltados para ela, seu estômago já dava um nó.
Samantha levantou as mãos em um gesto defensivo, com uma expressão arrependida.
── Eu só fiquei animada, ok? ── disse ela, já se desculpando ── Mas relaxa, vai dar tudo certo. Estamos juntas nessa.
Aisha riu, tentando aliviar o clima.
── Além disso, você 'tá com a gente. Qualquer coisa, te protegemos de toda essa curiosidade que você tem tanto medo.
Madelyn estava sentada na sala de aula, tentando prestar atenção na matéria que o professor explicava, mas sua mente estava distante. Apesar da companhia de Aisha e Samantha, ela não conseguia se livrar da sensação incômoda de que todos ao redor estavam falando sobre ela. Podia ouvir sussurros, cochichos baixos, e ver olhares curiosos lançados em sua direção. A sensação de ser o centro das atenções a deixava ansiosa.
"Eu só queria ser invisível", pensou ela, sentindo o desconforto crescer.
Os cochichos não paravam. Algumas garotas no fundo da sala trocavam olhares e risadinhas, claramente falando sobre ela. Nem todos na escola pareciam ser legais e gentis como Aisha. Madelyn nunca gostou de ser o foco de atenção e naquele momento estava sendo demais para ela.
Sentindo sua respiração acelerar, ela levantou a mão timidamente e chamou a atenção do professor.
── Com licença... eu posso sair um pouco? ── Sua voz saiu calma, mas havia uma urgência contida em seu tom.
O professor olhou para ela e acenou com a cabeça, permitindo sua saída. Madelyn rapidamente se levantou, agradecida por poder se afastar dos olhares incessantes. Antes de sair da sala, Samantha e Aisha olharam preocupadas, mas ela apenas deu um pequeno sorriso para tranquilizar as amigas.
Quando ela finalmente saiu para o corredor, respirou fundo. O silêncio do corredor vazio era um alívio bem-vindo. Seus passos ecoavam levemente enquanto caminhava, tentando relaxar e recuperar o controle sobre suas emoções. A calma do ambiente era o que ela precisava, mas então, um som distante interrompeu seu momento de tranquilidade.
Vozes altas vinham de algum lugar no corredor à sua frente. Curiosa e ao mesmo tempo cautelosa, Madelyn seguiu o som.
Ao virar o corredor, Madelyn viu a cena que a fez congelar por um segundo. Três garotos mais velhos e grandes cercavam um menino mais baixo e magro. Ele tinha uma cicatriz no lábio, um semblante hesitante, e segurava sua mochila de forma defensiva, como se fosse um escudo.
── Ei, nerd! Vai correr para mamãe? ── um deles exclamou, empurrando o garoto contra os armários.
── Por que você não pede pra mamãe pagar um médico para concertar essa cicatriz bizarra no seu rosto? Aberração! ── outro deles disse, trocando risadas com os outros.
Madelyn sentiu uma onda de raiva subir por seu corpo. Ela não tolerava bullying. Nunca. Sem hesitar, ela caminhou com firmeza até o grupo, determinada a intervir na situação.
── Ei! ── a voz de Madelyn cortou o ar, surpreendendo os garotos.
Os três valentões se viraram, perplexos ao ver uma garota com coragem o suficiente para desafiá-los. Um dos garotos, o maior, deu um passo à frente, tentando intimidar ela.
── Quem você pensa que é? Isso não é da sua conta ── ele disse, com um sorriso debochado.
Madelyn manteve sua postura calma, mas firme.
── Vocês três, saiam daqui. Agora ── ela não levantou a voz, mas sua seriedade fez com que eles hesitassem por um segundo.
O valentão maior riu, embora um pouco curioso com aquela garotinha novata.
── E se a gente não quiser? ── ele deu um passo na direção de Madelyn, achando que poderia assustá-la, mas ela não recuou.
Ela lembrou de como seu avô Miyagi sempre lhe ensinou, o karatê não era apenas para defesa pessoal, mas também para defender os outros. Defender aqueles que não podiam se defender sozinhos.
Com um movimento rápido e preciso, Madelyn deu um golpe simples de karatê — um bloqueio seguido por um empurrão controlado que desestabilizou o valentão, fazendo ele cambalear para trás. Seus amigos, surpresos com a habilidade da garota, deram passos incertos, fingindo coragem, mas claramente assustados. Eles não quiseram arriscar uma briga de verdade. O líder, humilhado, resmungou algo que não deu para ouvir muito bem e por fim, fez um sinal para que os outros o seguissem.
── Isso ainda não acabou ── ameaçou, mas sua voz parecia menos confiante enquanto ele se afastava com os amigos.
Madelyn observava os três garotos irem embora que mal ouviu o garotinho que estava no chão murmurar algo.
── Por acaso você é algum tipo de anjo que sabe karatê? ── ele perguntou com uma voz tão baixa, mas Madelyn ainda pôde ouvir.
Rapidamente ela se virou, encarando a figura no chão. Havia um brilho inocente nos olhos dele, ele estava totalmente encantado com a beleza, bondade e habilidades da garota à sua frente.
Madelyn riu suavemente, se abaixando ao lado dele.
── Bem, a parte do anjo eu não sei... ── ela sorriu, estendendo a mão para ajudar ele a se levantar ── mas eu com certeza sei karatê.
Ele pegou a mão dela hesitante, quase sem acreditar que alguém estava sendo gentil com ele. Quando finalmente ficou de pé, ele a olhou timidamente, o rosto corando levemente. Parecia que queria dizer algo mais, mas as palavras não saíam.
── Qual é o seu nome? ── Madelyn perguntou, tentando quebrar o silêncio desconfortável.
── E-Eli ── ele murmurou, quase sussurrando, mal conseguindo levantar os olhos para ela.
── Eli? É um nome muito bonito. Eu sou Madelyn ── ela disse com um sorriso gentil, esperando que isso o deixasse mais à vontade.
Ele deu um pequeno aceno de cabeça, ainda sem saber como reagir. Eli nunca havia conhecido alguém como ela, alguém que o defendesse sem pedir nada em troca. Tudo o que ele conseguia fazer era olhar para ela com admiração, sentindo uma mistura de gratidão e algo mais que ele não conseguia identificar. Ele estava, de alguma forma, encantado por Madelyn, como se ela fosse a primeira pessoa a enxergar ele verdadeiramente.
── Você está bem? ── Madelyn perguntou com preocupação enquanto observava o rosto dele em busca de sinais de dor.
Eli balançou a cabeça afirmativamente, sem confiar na própria voz. Mas antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, Madelyn percebeu que já havia passado tempo demais fora da sala.
── Eu preciso voltar para a aula... Mas se você precisar de ajuda de novo, pode me procurar, ok?
Eli assentiu rapidamente, incapaz de formular uma resposta adequada. Madelyn deu um sorriso tranquilizador e sem perceber, começou a se afastar. Foi só quando ela desapareceu pelos corredores que Eli notou algo caído no chão onde ela esteve.
Era um delicado colar com um pingente esculpido de madeira com a forma de uma borboleta. Ele o pegou cuidadosamente, os dedos tremendo levemente enquanto segurava o objeto. O colar parecia precioso, e Eli soube imediatamente que pertencia a Madelyn. Ele deu um passo em direção ao corredor para chamá-la, mas ela já havia sumido.
Eli olhou para o colar em suas mãos, hesitando. Ele deveria devolver, claro, mas... algo dentro dele o impediu. Era a única lembrança que tinha dela, daquela garota incrível que o defendeu sem pensar duas vezes. Guardar o colar não parecia certo, mas ao mesmo tempo ele queria manter ele por perto. Como se aquela borboleta representasse algo mais — algo que ele nem sequer entendia completamente ainda.
Guardando o colar no bolso com cuidado, Eli respirou fundo e começou a caminhar lentamente de volta para sua aula.
O dia estava cinzento quando a família Brooks chegou ao hospital. Rosalind, Patrick, Luke, Madelyn e Hana caminhavam em silêncio pelos corredores, o som de seus passos ecoando suavemente pelo local silencioso. O ar estava tinha um cheiro horrível típico de qualquer hospital, algo que Madelyn sempre odiou, mas hoje parecia ainda pior.
Madelyn segurava firmemente a mão de sua mãe, sentindo o coração apertado. Apesar da força que sempre viu em seu avô, ela sabia que as coisas estavam diferentes agora. Ele estava frágil, algo que ela nunca imaginou ver. Luke, ao lado de Patrick, mantinha os olhos fixos no chão, escondendo a inquietação e a tristeza que cresciam dentro de si.
Hana, sendo a mais nova, não tinha a mesma noção que seus irmãos sobre a gravidade da situação. Enquanto caminhavam, ela tentava conter sua empolgação, olhando de vez em quando para Madelyn e Luke, querendo compartilhar algo que estava na sua mente.
── Mamãe, eu posso contar para o vovô sobre a corrida de natação? ── Hana perguntou baixinho, puxando a barra da camisa de Rosalind.
Rosalind deu um sorriso suave para a filha mais nova. Mesmo que a situação fosse delicada, ela sabia que a inocência de Hana traria uma luz necessária ao avô naquele momento.
── Claro, meu amor. Ele vai adorar ouvir.
Ao chegarem à porta do quarto, Rosalind parou, respirando fundo antes de abrir. Ela lançou um olhar para Patrick, que deu um sorriso encorajador. Eles entraram em silêncio.
O quarto estava levemente iluminado pela luz suave do entardecer que entrava pela janela. Miyagi estava deitado na cama, o corpo coberto por um cobertor branco, seus olhos fechados como se estivesse dormindo. O som da máquina de monitoramento cardíaco era a única coisa que quebrava o silêncio absoluto. Mesmo debilitado, sua presença ainda exalava uma paz profunda, como se o espírito de Miyagi permanecesse inabalável.
Madelyn hesitou, mas ao ver sua mãe se aproximar da cama e acariciar suavemente a mão de Miyagi, tomou coragem. Ela soltou a mão de Rosalind e caminhou até o outro lado da cama, pegando a mão do avô, que estava quente, mas frágil.
── Oi, vovô ── sussurrou ela, tentando esconder as lágrimas que ameaçavam cair ── Estamos aqui.
Os olhos do Sr. Miyagi se abriram lentamente e um pequeno sorriso surgindo em seus lábios ao ver sua família reunida. Seus olhos embora cansados, ainda brilhavam com o carinho que sempre teve por todos eles.
── Pequena Madelyn, borboletinha ── murmurou ele com a voz rouca, mas cheia de ternura ── Você cresceu tanto...
Ela sorriu, embora sentisse o nó na garganta apertar ainda mais.
── Eu estou aprendendo muito, vovô. Continuo treinando o karatê, todos os dias.
Rosalind olhou para o pai com olhos cheios de emoção contida.
── Estamos todos treinando. Eu sempre faço questão de lembrar a eles das suas lições.
Miyagi observou a neta, seu olhar carinhoso e atento, até que percebeu algo faltando.
── E o colar? Que Miyagi deu... onde está? ── perguntou ele enquanto observava o pescoço de Madelyn.
O sorriso de Madelyn vacilou por um momento, enquanto sua mão instintivamente subia até seu pescoço vazio. Quando ela percebeu que o colar não estava lá, sentiu seu coração disparar.
── Meu colar? ── ela repetiu com a voz trêmula ── Pensei que ele estivesse aqui... Eu nunca tiro ele, vovô, eu juro! Eu... ── sua voz tremia enquanto ela se sentia apavorada com a falta do colar.
── Tenha calma, filha ── Rosalind tentou acalmar a situação ao ver o desespero de Madelyn ── Você deve ter deixado em casa. Quando chegarmos, podemos procurar todos juntos.
Mas Madelyn sabia que não era assim. Ela nunca tirava aquele colar, um presente tão valioso e cheio de significado. Foi o próprio Sr. Miyagi que o fez, na mesma época que faz a espada de madeira para Luke, há muitos anos atrás. Era um símbolo de tudo que ele ensinou para Madelyn — o equilíbrio, a paciência e a força interior. Ela se lembrava de cada detalhe daquele momento, quando ele colocou o colar em seu pescoço, dizendo: "Esse colar, como karatê, sempre estará com você, Madelyn-san. Cuidar dele é cuidar de si mesma".
── Eu perdi o colar, vovô ── confessou baixinho enquanto contorcia as mãos com nervosismo.
Miyagi ficou em silêncio por um momento, seus olhos serenos observando Madelyn. Ele apertou a mão dela levemente e a garota ergueu o olhar triste para ele.
── Colar é só 'coisa', Madelyn-san ── disse ele com um pequeno sorriso compreensivo ── 'Coisas' vem e vão. Mas lições... coração... sempre ficam.
Madelyn deixou uma lágrima solitária guiar o caminho pela sua bochecha, mas ainda assim, ela podia sentir um conforto com as palavras de seu avô. Naquele momento, ele mostrou a ela que o colar tinha sido importante, sim, mas o que ele simbolizava era mais importante ainda.
── Borboletinha voa sem colar. Sempre voa, porque ela é livre, não por causa de 'coisas', mas por causa de seu espírito.
Madelyn agora sentiu o peso sobre seus ombros sumir. Entendendo o que ele havia dito, ela assentiu. Mesmo no fim da vida, Miyagi ainda estava ensinando uma lição. A questão não era o colar, era sobre o que ele representava dentro dela — a força, a sabedoria, e o amor que ele sempre cultivou nela.
Patrick, que estava próximo, interveio na conversa de maneira leve.
── Estamos todos juntos, Sr. Miyagi. E vamos estar aqui para o que precisar.
O Sr. Miyagi virou a cabeça lentamente para Luke, que se mantinha um pouco distante, tentando esconder sua tristeza com uma expressão neutra.
── Luke-san ── chamou o avô com a voz suave ── Venha cá.
Luke caminhou lentamente até a cama, parando ao lado da irmã. Ele não conseguiu segurar as lágrimas que vieram, apesar de todo o seu esforço. Miyagi, com um gesto suave, acariciou o rosto do neto, limpando uma lágrima solitária.
── Você é forte, como sua mãe ── disse Miyagi ── Nunca se esqueça... a verdadeira força vem do coração.
── Eu vou me lembrar, vovô ── Luke assentiu, segurando a mão do avô com força.
De repente, Hana, que estava quieta até então, puxou o cobertor do avô com entusiasmo. Ela não entendia completamente o que estava acontecendo, apenas sabia que queria compartilhar sua pequena vitória.
── Vovô! Eu ganhei uma corrida de natação hoje! ── anunciou ela, com um sorriso radiante.
Sr. Miyagi olhou para Hana, e apesar do cansaço que cobria suas feições, seu sorriso se alargou ao ver o brilho nos olhos da neta.
── Mesmo? ── ele perguntou, seus olhos brilhando com orgulho.
── Sim! Foi contra o Anthony! Ele disse que nadava rápido, mas eu nadei mais rápido ainda! ── Hana continuou, seus olhos brilhando de empolgação ── Você devia ter visto, vovô!
O Sr. Miyagi riu suavemente, um som fraco, mas cheio de afeto.
── Hana-san, você é muito forte... como sempre. Continue assim... com essa força e alegria.
Rosalind, com lágrimas nos olhos, sorriu ao ver o momento entre seu pai e sua filha mais nova. A inocência e felicidade de Hana iluminaram o quarto, aliviando por um instante o peso da situação.
── Eu vou continuar nadando rápido, vovô! E a mamãe disse que vai me deixar fazer karatê também! Igual à Madelyn e o Luke!
Sr. Miyagi assentiu lentamente.
── Karatê é bom. Natação também... Equilíbrio, Hana-san. Equilíbrio em tudo.
A cena foi interrompida pelo som da porta se abrindo suavemente. Daniel LaRusso entrou, junto com Amanda e Samantha. A atmosfera ficou um pouco mais leve com a chegada deles, como se todos estivessem ali para apoiar uns aos outros nesse momento difícil. Samantha correu até Madelyn e a abraçou, enquanto Amanda e Daniel ofereciam um olhar reconfortante a Rosalind e Patrick.
── Estamos todos aqui, Sr. Miyagi ── disse Daniel, ao se aproximar da cama e colocar a mão sobre a de Miyagi ── Você nos ensinou a ser uma família. E vamos continuar sendo uma, sempre.
Miyagi assentiu, emocionado, observando todos à sua volta. Ele sabia que seu tempo estava se esgotando, mas também sabia que estava deixando um legado que continuaria vivo, não apenas nas artes marciais que ensinou, mas nos valores e no amor que plantou em cada um deles.
Com o quarto cheio de amor e gratidão, a família Brooks e LaRusso permaneceu ao lado do Sr. Miyagi, criando uma memória que eles guardariam para sempre.
𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘨𝘢𝘭𝘭𝘦𝘳𝘺
Meus queridos leitores, voltei com mais uma fanfic do Hawk, porque sim!!!
Eu tenho tanta coisa planejada pra essa daqui que na minha opinião vai ser a melhor que eu já escrevi.
Estava ansiosa demais para postar.
Não posso me comprometer com dia de atualização, mas vou tentar atualizar frequentemente.
Madelyn e Eli bebezinhos de colo são tudo para mim 😭
Sempre que tiver alguma imagem relacionada ao capítulo, irei adicionar aqui nas notas, assim como fiz com essa.
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Agora, algumas pequenas curiosidades sobre a fanfic:
I. Na minha fanfic, o Sr. Miyagi
não morreu na mesma data que
na série, e sim um pouquinho depois.
II. Madelyn, Samantha, Aisha
e Eli estão no sexto ano do
ensino fundamental 'II' durante
o prólogo.
III. O nome da Hana não
é escrito de maneira incorreta.
Ela recebeu esse nome por ser o
significado de flor em japonês.
Por conta disso, seu apelido é
florzinha.
IV. Desde que recebeu o colar
de seu avô, Madelyn é
apaixonada por borboletas.
V. Talvez Miyagi tenha sido a
pessoa que Madelyn mais
amou na vida.
VI. A família Brooks morou
em Los Angeles durante algum
tempo e é por conta disso que
Madelyn e Miyagi são tão próximos.
Eles se mudaram para outra
cidade quando Patrick e Rosalind arrumaram um bom emprego,
mas voltaram agora por conta
da debilitação de Miyagi.
VII. As famílias Brooks e
LaRusso moram em casas
ao lado uma da outra, portanto
estão sempre juntas.
XI. O Sr. Miyagi não é
necessariamente o pai biológico
de Rosalind, a garota era orfã
e ele a adotou quando tinha
apenas 6 anos de idade e
desde então, a criou como
se fosse sua filha.
X. Daniel e Rosalind se conhecem
desde a adolescência e sempre
foram melhores amigos.
XI. Existem mais coisas sobre
o passado de Rosalind, mas
isso só será revelado no
decorrer dessa fanfic,
ou até mesmo se ela chegar
a ter uma fanfic própria.
.・。.・゜✭・.・✫・゜・。.
Voltando a lembrá-los que eu tenho um perfil no tiktok onde posto edits e coisinhas relacionadas a minha fanfic, caso se interessem, é @law.fanfic
(o link também está na bio)
Sou toda ouvidos para sugestões e críticas construtivas.
✭ Espero que gostem! ✭
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