— prólogo.
nunca sofrer a dor da perda.

ADELAIDE BRIDGERTON é primogênita do casal Olívia Ledger e Edward Bridgerton, a criança mais desejada do mundo assim como Beatrice. Por serem as únicas filhas do casal, elas cresciam sendo muito paparicadas tanto pela mãe quanto pelo pai e principalmente pelo pai. Adelaide se recorda de todas as vezes que a mãe se mantinha firme na educação delas e Edward era mais coração mole, mas ele não poderia evitar. Amava muito suas filhas. Apesar de criança, Adelaide via o casamento dos pais e achava extraordinário.

Olívia e Edward se casaram por interesses de família, ele é o filho mais velho de um Visconde e seu pai havia acabado de falecer e os olhos da Lady Ledger - Mãe de Olívia - Logo cresceram-se para cima do rapaz em busca de o apresentar para sua filha mais velha.

Mesmo sendo algo movido por ambição, ele a amou no primeiro segundo que a viu, se tornaram inseparáveis, eles eram amigo, confidentes, companheiros e amantes um do outro. Não existia Edward sem Olívia e Olívia sem Edward.

Mas passou a existir.

Aos oito anos de idade Adelaide perdeu seu pai por uma terrível dor de cabeça que lhe tomou o homem e quando ele veio a falecer, sua mãe ficou desolada. O grito alto e estridente que Olívia deu ficava grudado em sua mente sempre que se lembrava de seu pai, ela cansou de contar as inúmeras vezes que pegou sua mãe chorando pelos cantos aos prantos que nem as condolências de suas criadas eram capaz de acalma-las. Beatrice por ser muito pequena ainda não entendia para sentir a morte do pai e Adelaide, ela ficou péssima para um criança de oito anos anos.

Foi seu primeiro contato com o luto, ela odiava a forma como uma dor gigante crescia em seu peito cada vez mais quando pensava, falava ou via quadros de seu pai.

Com a morte repentina de Edward, por ele não ter nenhum herdeiro homem, o título de Visconde passou a Edmund Bridgerton. Seu irmão mais novo. E Violet se tornou a nona viscondessa, isso mesmo, cada irmão Bridgerton se casou com uma Ledger, mas como poderiam evitar? Elas são incríveis.

Mas sobre o novo título que recebeu, o homem odiou, era como estar em um posto que não lhe pertencia, a morte de Edward doeu e doía todos os dias. Teve que sair de sua casa no campo em Aubrey Hall para se mudar com seus filhos e esposa para o casarão Bridgerton, quando chegou em Londres vendo a cunhada e sobrinhas inconsoláveis, praticamente implorou para que elas ficassem já que Olívia queria partir o quanto antes mas ela ficou poucos dias pela insistência de Violet.

Os poucos dias foram essenciais, Adelaide ficava outra criança na presença de Daphne, por terem idades iguais, elas eram muito próximas e estavam se tornando melhores amigas uma da outra. Beatrice tinha um largo sorriso sempre que estava junto de Eloise e Francesca. Sem falar nos meninos, Anthony, Benedict e Colin. Eles eram certeiros quando queriam arrancar alguns sorrisos calmos de Olívia ao conversarem com a tia.

Com isso, Edmund e Violet perceberam que eles eram uma enorme família e não deveriam se separar nunca, fizeram questão que as três ficassem para ajudar no processo de luto e queria ajudar a criar suas sobrinha não querendo que lhes falte uma figura paterna. Olívia pareceu receosa por não querer incomodar, mas ela estava tão quebrada emocionalmente sem o marido que sabia que não conseguiria sozinha. Então ela ficou, quando Violet disse.

'Vamos fazer isso juntas, irmã.'

E elas fizeram.

Olívia não havia ainda superado luto, não sabia quando conseguiria ou se conseguiria. Mas todo mínimo avanço foi com ajuda deles, dos Bridgerton, de sua família. Sua irmã sempre a verificando e bordando com ela, com Edmund e suas histórias cativantes, suas filhas e sobrinhas com os risos e conversas animadas e seus sobrinhos com as discussões bobas e divertidas. Ela estava bem com eles, até ter que lidar com Luto novamente.

Três anos depois de Edward falecer, Edmund faleceu apor ser picado por uma abelha no quintal da casa de Campo em Aubrey Hall. Violet estava grávida do oitavo filho, então todos resolveram partir para lá e fazer companhia nas ultimas semanas da gestação da mulher que tinha de ser calma. Mas infelizmente não foi.

Assim que viu o marido morto no quintal de casa, Violet entrou em trabalho de parto e deu a luz a bebê Hyacinth.

Todos estavam um caos, Beatrice, Eloise e Francesca já começavam a entender e perceber tudo e Daphne e Adelaide. Céus. Elas estavam despedaças igualmente os três mais velhos, principalmente Anthony que teve que ser tornar o novo Visconde.

As semanas e messes passaram-se voando e tudo ainda parecia doer muito, Olívia quem cuidava de Hyacinth na maior parte do tempo por Violet ainda estar lidando com luto do marido mas não deixava de cuidar e amar sua filha, mas estava meio aérea com todos e agradecia muito por sua irmã fazer este papel materno quando não estava por perto.

As Ledger fizeram um pacto. Já haviam perdido seus maridos e na mente delas só estavam um pensamento, como criariam todas as crianças sozinhas. Após Edward falecer, Edmund foi a figura paterna de Beatrice e Adelaide e todos os outros, agora que ele também se foi não havia mais ninguém. Então elas juraram uma para outra, não importa o que acontecesse, elas criariam todas aquelas crianças com as mais perfeitas ideologias e boas maneiras. Sentiriam falta dos pais, seria inevitável, mas Olívia e Violet seriam tão excepcionais que seriam gratos por isso.

As semanas agora lá passavam-se devagar demais, apesar das situações as crianças permaneciam com a harmonia feliz e vibrante. Com exceção dos mais velhos.

Daphne e Adelaide por serem melhores amigas sempre estavam juntas, Daph sempre que estava triste pedia a Addie que lesse um livro para ela e a mais nova sentia-se assim agora.

Então a pequena Adelaide de onze anos estava adentrando à biblioteca em busca de algum livro aventureiro para que pudesse levantar o astral de sua prima, sua irmã.

O casarão Bridgerton era enorme e a biblioteca gigante com milhares de livros de dezenas histórias quantas pudessem imaginar, Adelaide passava o dedo entre as prateleiras em busca de algo que lhe chamasse atenção até escutar um coçar de garganta.

A menina ergueu o olhar vendo Olívia e Anthony sentados um de frente para o outro nos pequenos e elegantes sofás que haviam ali, Adelaide arregalou os olhos temendo que tivesse atrapalhado algo.

─── Desculpe-me, mamãe. ─ Pediu envergonhada passando as mãos pelo vestido.

Olívia sorriu calma, o vestido azul bufante e rodado deixava a garota como uma completa princesa. Os cachos no cabelo que ela tanto amava fazer a lembrava muito de Violet quando era mais nova, sem dúvidas, Adelaide estava se tornando uma mistura dos Ledger com os Bridgerton que deixava qualquer um encantado com sua aparência e gentileza.

─── Não, querida. ─ Olívia pediu vendo ela ir se retirar ─ Fica. ─ Pediu vendo a confusa ─ Quero falar com você também. ─ Chamou com um dedinho.

Mesmo desconfiada Adelaide caminhou até o pequeno sofá em passos calmos, sentando-se ao lado de Anthony que parecia mais confuso que a mais nova.

─── Aconteceu algo, minha tia? ─ O mais velho perguntou preocupado.

─── Não. ─ Olivia afirmou o aliviando ─ Na verdade, quero presentear vocês dois.

─── Meu aniversário já passou, mamãe. ─ Adelaide falou ─ E o do Anthony faltam semanas ainda. ─ Lembrou os fazendo sorrir.

─── Continua boa com datas. ─ Brincou o Bridgerton.

Ambos trocaram sorrisos amigáveis, Anthony tinha um carinho enorme por todos seus irmãos e ele nem considerava Beatrice e Adelaide como primas, para ele era só algo formal de se afirmar porque todos sabiam que elas haviam se tornado suas irmãs e assim seria.

Olívia finalmente abriu a pequena caixinha dourada sobre seu colo chamando atenção dos mais novos, virando a caixinha para eles aberta. Um veludo vermelho se mostrou e guardado nele havia um relógio de bolso e um brazão com pingente de uma rosa e ambos dois sabiam exatamente de quem eram os objetos.

De seus pais.

Edward havia herdado o brazão do Lord Ledger, pai de Olívia. E o relógio era dos Bridgerton, passado na mão de Visconde por Visconde, Edmund amou o relógio e viveu com ele nas mãos nos últimos três anos.

─── Isso e-era, do meu pai. ─ Anthony falou com a voz trêmula.

Ele chegou perto quando Olívia estendeu a caixa em suas mãos, voltando a se recostar no sofá. Pegou o relógio em mãos sentindo toda saudade e carinho do pai, passando a caixa para Adelaide.

A garota pegou em mãos olhando o brazão de ouro com a rosa amarela, ela engoliu seco antes de erguer o olhar até a mãe.

─── Por que nos deu isso? ─ Perguntou sem delongas.

Olívia sentiu-se pressionada vendo o olhar nervoso deles.

─── Conversei com a Violet ontem, ela achou que já estava na hora de te entregar e pediu para que eu fizesse. ─ Falou calma e Anthony suspirou sabendo exatamente o motivo dela não lhe entregar e sim sua tia ─ E o brazão, deveria ser passado para meu filho mais velho, mas eu tenho uma filha, então... ele vai ser do seu marido.

Adelaide arregalou os olhos.

─── Daqui alguns anos. ─ Anthony rapidamente falou vendo a expressão amedrontada dela ─ Uns bons anos. ─ Disse baixo protetoramente.

─── Isso, daqui há muito tempo. ─ Olívia afirmou passando a mão pelo pescoço nervosamente ─ Gostou? ─ Perguntou ansiosa em expectativa.

─── Não quero me casar.

Anthony e Olívia deram sorrisos divertidos olhando a careta da menina, mas por alguns segundos a expressão deles se tornou curiosa em ver o olhar tão duro e ao mesmo tempo tão perdido de Adelaide.

Ela não queria mesmo se casar.

Obviamente sabia que teria um dia mas não seria por sua vontade, ela almejava um casamento como de seus pais e como os de seus tios. Mas e agora? Eles morreram e deixaram as esposas desoladas.
Adelaide não quer se casar e se apaixonar se isso significar que seu amado marido morrerá e ela terá que lidar com a dor da perda, se ele deixar ela e seus filhos por uma terrível dor de cabeça? O que ela irá fazer? Chorar? Ela não quer. Não quer mesmo ter que passar por tamanha dor.

─── Não quero me casar porque um dia meu marido pode morrer, igual papai morreu. ─ Adelaide falou com os olhinhos brilhando e a expressão vazia ─ Não quero sofrer a dor da perda.

A expressão neutra de Olívia aos poucos se tornou em uma dolorosa e perdida, não demonstrou mas o choque emocional havia a pego quando escutou uma frase tão forte sair da boca de sua filha de onze anos.

Não sofrer a dor da perda.

─── Toma, eu não quero isso. ─ Adelaide levantou e colocou a caixinha na mesa de centro.

─── Addie. ─ Anthony vendo a menina se afastar em passos pesados ─ Adelaide. ─ Chamou novamente dessa vez mais firme sendo completamente ignorado.

Olívia viu ela sair apresada e Anthony se virou para tia preocupado, a mais velha sorriu sem emoção e limpou a rápida lágrima que desceu enquanto pegava a caixinha e a fechava guardando o brazão. Ambos preocupados com esse pensamento forte da menina aos onze anos.

Mas como ela poderia evitar? É uma criança que presenciou constantemente a dor da perda em Olívia e agora Violet.

Adelaide amava o pai incondicionalmente e sentia tantas saudades que seu peito doía, se isso lhe arrebatava. Imagine sua mãe? Saudade é o preço que estamos dispostos a pagar quando vivemos momentos inesquecíveis. E mesmo sabendo que um dia suas vidas iriam acabar, nenhuma delas três - Bea, Addie e Liv - estavam preparadas para perder Edward.

A pequena Bridgerton sabia que cresceria e imaginava que sua mãe desejasse um casamento tão épico como dela, porque encontrar o amor é mágico. Para Olívia foi como reencontrar pequenas partes dela que foram perdidas pelo caminho.

E para Adelaide seria como achar pedacinhos que desconhece, descobrir e estranhar a sensação. Ficará meia atordoada com as peculiaridades que chegará a todo instante. Será uma sensação de paz. E muita desconfiança. Ela irá pensar. Realmente mereço tudo isso?

O medo irá lhe arrebatar de imediato e todos os piores pensamentos surgiram, mas o amor vira como alívio e Adelaide Bridgerton vai perder o medo de que seu futuro poderá se tornar solitário. Descobrirá que seu começo, meio e fim. Terá alguém ao seu lado.

NOTAS AUTORA!

espero que tenham gostado do prólogo,
já podemos ver o quão sensível Adelaide
será desde sempre.

aqui eu seguirei acontecimentos do livro juntamente da série ok? 'O duque e eu' é bom mas a temporada da série foi mil vezes melhor, mas não deixarei de seguir alguns acontecimentos e diálogos do livros ;)

até o próximo capítulo <3