
find compound V | 𝓒𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟒
— CAPÍTULO QUATRO. | TEMPORADA UM.
atualmente | Nova Iorque.
❝ ache o composto V. ❞
ANYA NÃO CONSEGUIU FORÇAS PARA LEVANTAR-SE DA PRÓPRIA CAMA DESDE QUE SE DEITOU NELA, fazia alguns dias que soube da morte de translúcido, para ser exato, uma semana. No dia que saiu da torre e havia chego em casa foi direto para seu quarto evitando os próprios filhos e sua mãe que olhava os mesmos. Com Nate foi fácil já que o mesmo assistia um desenho dos super que provavelmente falava sobre o trem-bala. Meadow terminava de fazer o dever de casa na cozinha e não prestou muita atenção em sua chegada. O que é ótimo. Ela não tem cara para enfrentar a própria filha.
Então passou seus dias assim, maioria das vezes estava dentro do quarto e faltou sua última aula no estúdio por não ter vontade de sair de casa. Meadow precisou ligar para avó, com medo de que tudo piorasse e a mais velha está passando uns dias na casa da filha, até Azálea, sua filha mais nova e irmã de Anya, havia feito algumas visitas nos últimos dias.
Nate apenas vê a mãe quando ela sai do quarto para almoçar ou jantar, Anya sempre lhe dá um sorriso desanimado e isso o machuca por ele saber que ela não está feliz. Mas a mais velha não consegue sequer olhar seus filhos por muito tempo.
O que ela diria? Como ia contar aos filhos que o pai foi brutalmente assasinado. O mesmo pai que os ensinou Nate a amarrar os cadarços, escovar os dentes sozinhos, arrumar a própria cama e a jogar beisebol. Que ensinou Meadow a ser incrivelmente boa em matemática, a controlar seus poderes e ajudou na primeira vez que eles foram expostos, aprender as regras de um jogo de basquete ou até acompanhar a mesma em suas aulas de balé quando era mais nova.
Que acolheu Nate. Como seu filho, não cogitando que fosse diferente. O homem que havia sido um bom amigo, namorado e marido.
Translúcido poderia ter vários defeitos, mas com eles, com sua família, não havia falhado uma vez sequer.
Anya veste um pijama de seda azul escuro, seus cabelos estão bagunçados presos em um coque, ela está deitada no meio da cama encolhida enquanto chora baixinho sentindo sua fronha molhar cada vez mais que suas lágrimas entrava em contato com tecido. Vivenciar o sentimento de luto pelo ex-marido era uma coisa que a Blanchet achava que não viveria nem tão cedo.
É ela estava descobrindo ser uma experiência complexa e profundamente pessoal, mexeu com seu pessoal esse tipo de perda provocou uma avalanche de emoções contraditórias, que refletiram no vínculo que uma vez existiu entre eles quanto a separação que o antecedeu.
Anya fungou baixo sentindo a dor intensa e uma sensação de vazio profundo, como se um buraco no peito abrisse, parecendo impossível de preencher. Mesmo que o relacionamento dos dois tenha terminado, essa perda definitiva trouxe uma sensação de finalidade que foi avassalador.
Translúcido e ela tem filhos, ele foi um ótimo amigo. Seu melhor amigo. Nos últimos anos eles sempre conversaram sobre sua sobriedade, sobre seus problemas e principalmente sua saúde mental. Ele sempre esteve ali por ela e agora, Anya sentia que poderia se abater por isso.
─── Querida... O que houve, meu amor? ─ Magnólia perguntou preocupada entrando ao cômodo caminhando até a cama.
Anya passou a mão pelo rosto limpando suas lágrimas, ajeitando seu travesseiro e tentou disfarçar a expressão tristonha com um sorriso sem muita vontade.
A mais velha de cabelos grisalhos, vestindo calça jeans e uma camiseta social rosa com sapatilhas azuis entrou no quarto deixando um copo d'água e alguns remédios no móvel ao lado da cama, logo em seguida sentou-se na beirada do colchão se aproximando da filha. Passou a mão sobre o rosto da mesma, vendo ela sorrir sem ânimo.
─── O que aconteceu, Marie? Está a uma semana desse jeito, me diga, o que houve? ─ Perguntou angustiada chegando a usar seu segundo nome.
─── Nada. ─ Respondeu com a voz mansa.
Magnólia olhou com um curvar de lábios, sabendo que ela estava mentindo e sendo péssima nisso desde que chegou em casa. Ela ignorou as crianças, tudo bem que eles estavam ocupados mas Anya sempre vai dar um beijo neles quando chega em casa e a Blanchet não fez isso.
─── Por favor, Mãe. Eu conto depois. ─ Ela fungou passando a mão sobre o nariz.
─── Tudo bem! Não vou te forçar a nada, não agora. ─ A mais velha suspirou derrotada erguendo as mãos ─ Mas, sabe que eu estou aqui, não sabe? ─ Olhou acolhedora vendo a mulher assentir ─ As crianças já jantaram, Nate acabou de tomar banho e ele já está pronto para dormir... ele queria vir falar com você mas eu quis verificar antes. ─ Mágnolia explicou.
Anya tem o costume de sempre o colocá-lo na cama, obviamente Nate queria que ela fizesse isso hoje entretanto ela estava sem condições e não queria que ela o visse assim.
─── Eu vou dizer que você já dormiu, pode ser? ─ A mais velha propôs come se lesse a mente de sua filha vendo ela assentir agradecida ─ Seus anti-depressivos estão ali. ─ Apontou com a cabeça para o lado vendo novamente o olhar agradecido da mulher ─ Promete que vai me explicar por que está assim? ─ Pediu ansiosa.
─── Eu vou. ─ Anya afirmou com um fungar.
Magnólia a olhou por mais alguns segundos, dando um sorriso amoroso chegando perto da mesma e lhe dando um beijo na cabeça antes de se levantar e se afastar.
Quando viu que estava sozinha novamente, Anya deixou seus lábios tremerem e sua expressão chorosa surgir novamente. Pensando quem poderia ter matado Translúcido, quem matou um super indestrutível? Ele tinha super força, ficava completamente invisível e além disse era super inteligente, sabia ser persuasivo.
Quem o capturo? Quem conseguiu estoura-ló em pedaços quando sua pele é dura e impenetrável feito um diamante.
Quem matou o pai de seus filhos?
Anya conseguia sentir uma indignação junto de uma determinação a saber quem poderia ser, ela precisava saber disso. Se viessem atrás dela? Atrás de seus filhos? Ela matará quem quer que seja. Toda via, não consegue se acalmar pensando nessa situação.
A mais velha foi tirada de seus devaneios quando Meadow surgiu no batente da porta, vestia uma calça jeans escura, tênis e uma camiseta branca, seus cabelos estão soltos e ondulados.
Anya olhou a garota e sentiu seus lábios tremerem, Meadow respirou fundo olhando a mão indo até a cama sentando-se na borda e retirando seus tênis com agilidade logo em seguida se deitando na mesma.
Anya chegou mais um pouco para trás, ainda continuando encolhida vendo sua filha se deitar de frente para ela na mesma posição.
─── O que aconteceu? ─ Meadow perguntou com a preocupação camuflada em sua voz.
A mais velha sentiu vontade de chorar de novo, como ela queria contar a filha o que aconteceu com pai. Mas ela não sabe por onde começar. Criou os filhos junto de Translúcido, só de pensar na possibilidade de fazer isso sozinha agora a apavora. Ela não é uma péssima mãe, mas sente que o homem se saia um pai bem melhor do que a mãe que ela é.
─── É a depressão. ─ Anya disse sem emoção fungando nariz. Ela não mentiu em tanto, já que lidava com isso há anos.
Quando Meadow foi crescendo ela entendeu os problemas e batalhas internas que a mãe passava consigo mesma, honestamente? Ela odiava. Odiava saber que sua mãe tinha que passar por tanta coisa sozinha e queria que não fosse dessa forma, queria poder tirar toda dor que um dia ela já sentiu ou sente.
─── Eu queria poder dar um soco nessa doença. ─ A adolescente falou com a voz chateada.
Pela primeira vez desde que havia recebido a notícia, Anya deu um riso genuíno, limpando uma lágrima e pegando a mão da filha mais velha dando dois beijinhos fazendo com que ela sorrisse.
─── Quer conversar? ─ Meadow sugeriu amigável.
Anya assentiu em alguns acenos, mesmo não estando bem, nunca negaria nada a filha.
─── Pode falar, eu estou ouvindo. ─ Disse olhando a mais nova concordar ─ Como foi a tarde com a sua vó? ─ Perguntou já que passou o dia inteiro dormindo e chorando em seu quarto.
─── Normal. ─ Falou calma com um leve suspiro ─ Vovó fez cookies enquanto cantava todo o repertório de 'Mamma Mia' pra gente. ─ Contou com leve riso ao se lembrar da cena.
Genuinamente Anya deu um riso nasal quando Meadow começou a cantarolar 'Lay All Your Love On Me' enquanto erguia as sobrancelhas repetidas vezes com uma pequena careta animada.
─── É a minha favorita. ─ A platinada falou com um fungar.
─── Sério? Pensei que fosse 'Dancing Queen.' ─ Meadow riu pouco surpresa.
─── Ela também é. ─ Anya afirmou com um leve sorriso ─ Mas você me chamaria de clichê se eu falasse primeiro. ─ Riu vendo a adolescente rir atônita com a confissão.
─── É óbvio!
Por um momento o quarto que minutos atrás, era preenchido com um clima hostil de dor e tristeza, agora está com som de risadas e uma atmosfera leve e calma.
Com ajuda de Meadow, que sem ao menos perceber conseguia ajudar Anya apenas com sua presença. É inevitável e previsível, ela se sente perfeitamente bem na presença dos filhos.
─── O que foi fazer naquele dia que precisávamos ficar com a vovó? Aliás eu quero protestar. ─ Meadow falou erguendo o dedo com ar de divertimento ─ Daqui algumas semanas eu faço dezesseis anos e acho que já posso ficar sem a vovó em casa. ─ Pontou afirmativa.
Anya sorriu para mesma, até que aos poucos seus lábios se fecharam imaginando o que ela contaria a Meadow. Ou melhor, como contaria.
Como se conta a uma adolescente de 15 anos que seu pai super herói indestrutível foi morto, explodido em pedaços. Como se lida com isso? Anya não sabia nem o que ela faria como Meadow saberia? Como sua filha aguentaria?
Ela não pode. Ela não consegue.
Anya não consegue contar. Não pode falar.
─── Eu fui no estúdio ajeitar alguns papéis, e-eu, resolvi que preciso parar um pouco de dar aulas. ─ Inventou rapidamente.
Sua voz ficou falha e o gosto amargo da mentira dançava em seu paladar, sabia que estava cometendo um erro terrível mas ela não poderia contar isso para Meadow agora.
Não sem matar quem fez antes.
─── Oh! Sério? Mas, você ama dançar e ensinar balé. ─ Meadow dizia com a voz pouco desapontada ─ Não pode parar tudo na sua vida por conta dessa doença, Anya. Estamos aqui. ─ Assegurou esticando sua mão alcançando a da mesma sentindo o aperto forte da mais velha ─ Sempre vamos estar aqui, não importa o que aconteça. Vovó, tia Zizi, Nate, eu... o papai. Sempre e para sempre. ─ Olhou amorosa.
Anya sentiu seu lábio tremer e outra crise de choro lhe atingir, desta vez ela não se importou em esconder e deixou um soluço escapar feito uma criança chorona. Porém não ligava.
Sua relação com Meadow às vezes era complicada, ela teve depressão pós parto e mesmo se recuperando nem sempre esteve presente da forma que queria. Mas, elas sempre tiveram seus bons momentos e esse é um deles, a Blanchet se enche de felicidade quando Meadow é carinhosa ou as vezes que lhe chama de mãe.
E ouvir tudo isso, toda essa declaração da mesma a fez chorar de emoção. E também tristeza.
Meadow se ajeitou no colchão chegando mais perto de Anya, agarrando sua cintura a abraçando descansando sua cabeça sobre o peitoral da mais velha sentindo ela lhe dar beijinhos nos cabelos enquanto fungava por conta do choro.
E as palavras de Meadow são verdadeiras, Nate, Magnólia, Azalea e ela sempre estarão ali por ela. Mas translúcido não mais. E por isso Anya chorava feito criança, porque não o teria nunca mais e por a adolescente não saber.
Anya não é muito religiosa, mas pedia aos céus para que quando contasse a sua filha ela entendesse seu lado de não contar ao imediato, pedia que Meadow não ficasse chateada e que isso piorasse sua relação.
E que eles a ajudem.
ANYA PRECISOU SER MUITO FORTE NO DIA SEGUINTE PARA NÃO DESABAR EM CHORO TODA VEZ QUE MEADOW mencionava o pai ou perguntava pelo mesmo, sempre tentava desconversar e agradecia secretamente a Nate que não gostava de lembrar que o pai está desaparecido e trocava de assunto toda vez. Sabia que estava errada em esconder, mas simplesmente não conseguia contar isso a eles agora, não sem antes saber como aconteceu e quem fez. Quem matou um super? Ou melhor, quem matou Translúcido?
Ela deixou as crianças na escola cedo, partiu para o centro de Nova Iorque onde ficava o studio de balé que a mesma dava aula sendo uma das professoras. Passou toda sua manhã dando aula aos pequenos, sentindo-se minimamente melhor toda vez que escutava um.
'Tia Anya.'
Infelizmente ela não escutaria mais isso três vezes na semana como de costume, Anya havia passado grande parte da noite pensando. Que se quisesse descobrir quem matou Translúcido, precisaria se dedicar totalmente a isso para que encontrasse o culpado logo, sem demora.
Por isso ela se afastaria da escola de dança por um período, por mais que seus alunos fossem uma de suas prioridades e esse lugar lhe faça bem.
Ela precisa de um ponto final na morte do ex-marido, seus filhos precisam disso e ela faria de tudo por eles.
Olhava-se no enorme espelho do estúdio, todas as crianças, meninos e meninas, rindo e fazendo passos desajeitados agora que tocava uma música descontraída enquanto esperavam que seus pais os buscassem.
Refletindo também no espelho está Anya, com um sorriso brilhante os observando. Com sua roupa típica de balé, um body preto de alças finas com um fino casaco branco de mangas longas por cima, nas pernas uma legging preta e um lenço rosa por sua cintura fazendo ilusão a uma saia, nos pés suas sapatilhas de ponta nas cores rosa claro. Seu cabelo é preso por um rabo de cavalo alto, com alguns fios escapando nas laterais.
─── Anya, tem certeza? As crianças te adoram. ─ Brenda uma das professoras do lugar falou triste com a mesma ─ Você é sócia, se esqueceu? Não pode nos abandonar assim. ─ Dramatizou.
Anya riu quando uma garotinha tentou dar um giro mais acabou tropeçando e derrubando mais duas meninas, tirando seu olhos das crianças. Se virou para ruiva ao seu lado, respirou fundo sentindo sua expressão ficar cabisbaixa.
─── Eu não posso agora, Brenda. Me desculpe. ─ Pediu com pesar durante o tempo que cruzava seus braços e voltava a admirar as crianças ─ Vou continuar ajudando vocês mesmo ausente. Sabe disso, não sabe? ─ Lembrou olhando rapidamente com um pequeno sorriso.
─── Eu sei e todos nós somos gratos aqui, obrigada. ─ Agradeceu com um sorriso não só por ela mas por todos os funcionários que faziam a pequena escola funcionar ─ Aconteceu alguma coisa? Estou aqui se precisar. ─ Se solidarizou.
─── Obrigada, querida. Mas infelizmente, não é nada que esteja ao seu alcance. ─ Sorriu triste.
Brenda chegou mais perto da mesma, lhe dando um rápido abraço de lado que fez Anya rir enquanto ganhava um beijo na bochecha.
─── De qualquer modo, estarei aqui se puder ajudar. ─ Avisou amigável.
Anya sorriu sibilando um pequeno 'obrigada.' Vendo a ruiva se afastar lhe mandando uma piscadela, Brenda logo tomou seu lugar atrás das crianças e começou a fazer alguns passos de dança esquisitos que eles imitaram no mesmo instante.
A música não estava tão alta, então foi possível Anya escutar o toque alto de seu celular alguns metros atrás dela na bolsa que estava guardada junto com as mochila dos mais novos.
Ela caminhou em passos rápidos até lá, indo no seu nicho e pegando sua bolsa preta, abrindo e puxando o celular. A tela do mesmo brilhava em um número desconhecido fazendo ela franzir o cenho, Anya não costuma atender ligações de números desconhecidos mas com tudo que está acontecendo ela não pensou duas vezes e deslizou o dedo sobre a tela levando até o ouvido.
─── Ai é a Anya? ─ Uma voz grave disse pouco impaciente.
A mulher engoliu nervosa.
─── Sou eu, Leitinho.
Suas sobrancelhas franziram confusas, até passaram alguns segundos e suspirar derrotada ao se lembrar quem seria Leitinho e consequentemente lembrar que agora está envolvida em alguma merda com Billy Bruto.
─── Oi, Leitinho. ─ Falou com certo desânimo ─ Aconteceu alguma coisa? ─ Perguntou desinteressada.
─── Conseguimos umas informações, parece que o 'composto V' vai sai de um restaurante chinês sei lá. ─ Explicava agora gentil depois de ouvir a voz cabisbaixa da mesma ─ Viemos te buscar.
Anya fez careta.
─── Me buscar? ─ Perguntou descrente.
─── É, estamos aqui na frente da escolinha de dança. ─ Contou fazendo com que a mulher arregalasse os olhos ─ Tem cinco minutos. ─ Avisou.
A mulher afastou seu celular vendo que a ligação havia sido encerrado, tomando espaço para sua tela inicial que exibia uma foto de Nate e Meadow abraçados sorrindo para câmera. Desligou o aparelho, colocando de volta em sua bolsa.
Rapidamente começou a desamarrar suas sapatilhas com destreza, as juntando e pondo em sua bolsa. Agora colocando seu par de tênis brancos, que estavam ao lado do móvel que guardava as mochilas.
Passaram-se alguns minutos até que Anya conseguisse se arrumar, ela colocou sua bolsa sobre o ombro.
Dando um rápido olhar de longe a Brenda, que sorriu triste para mesma com intensidade antes que prendesse a atenção das crianças para que não percebessem Anya indo embora.
Ela havia combinado isso no início da aula, avisou a Brenda que não se despediria deles por dois motivos.
Um. odiava despedidas.
Dois. Ela voltaria assim que conseguisse.
Não queria dar adeus aos seus pequenos ou fazer eles chorarem, por isso preferiu sair discretamente não gerando emoções. Apenas no dia que voltasse a dar aula e provavelmente os verá pulando de alegria.
Anya saiu da sala, passando pelo grande corredor e cumprimentando alguns funcionários e pais de alunos que já chegavam para buscar as crianças da parte da manhã.
Saiu do lugar, vendo a rua movimentada, procurou olhando para os lados e viu a Van preta estacionada no final da rua. Caminhou em passos decididos, poucos segundos depois chegou na porta da frente do veiculo onde ficava o motorista vendo Francês no volante e Leitinho ao seu lado com uma pose descontraída ajeitando os óculos escuros no rosto.
─── Como sabem que eu dou aula aqui? ─ Perguntou curiosa.
Eles se viraram com um leve susto já que ainda não haviam a notado.
─── Calma aí ô Gasparzinho. ─ Ironizou o homem negro ao levar sua mão até o peitoral assustado.
─── Chéri. Quase me matou de susto. ─ Reclamou Francês com seu belíssimo sotaque.
─── Ainda não responderam minha pergunta. ─ Relembrou a platinada com olhar firme ─ Como sabem que eu dou aula aqui? ─ Questionou novamente.
─── Bruto. ─ Francês respondeu simples.
─── Espera aí, como? ─ Riu desacreditada.
Como ele sabia disso? Anya é sim um membro ativo da escola e a mesma é conhecida, mas era impossível essa informação chegar até Billy. Isso não faz parte do mundo dele.
─── Tamo de olho no restaurante da outra rua. ─ Leitinho apontou a frente para próxima esquina.
─── Conseguiram alguma coisa? ─ Perguntou Anya curiosa.
─── Nada, chéri. ─ Francês respondeu tedioso de estar ali ─ Entra aí. ─ Pediu indo até o painel destravando as portas.
Anya acenou dando a volta no veículo, indo até as portas traseiras estava prestes a abrir mas elas forma aberta e por Hughie que a fez dar um sorriso agradecido ao mesmo.
─── Que gentil. ─ Brincou entrando no veículo.
O homem deu um sorriso fechado. Internamente nervoso. Se lembrando todos os dias da última semana que havia matado o ex-marido dela, pedindo a Deus que eles não tivessem mais nenhuma ligação forte um com outro, sendo assim, ela não ficaria com raiva dele.
Ou ficaria?
─── Sumiu, ligamos pra você a semana inteira. Estamos que nem bocós esperando que algo aconteça. ─ Leitinho reclamou subindo seus óculos escuros para cabeça.
Ele se virou olhando para trás, vendo Anya se sentar no longo banco da Van, retirando sua bolsa do ombro a pondo ao seu lado no chão enquanto Hughie a acompanhava se sentando perto da mesma.
─── Eu estive ocupada resolvendo alguns problemas. ─ Se limitou a responder não conseguindo esconder sua frustração ─ Mas como não conseguiram nada, acho que não fiz falta. ─ Deu de ombros com pouco caso.
Leitinho voltou a olhar para frente, indo atender seu celular que começou a tocar e logo iniciando uma conversa com sua esposa.
─── Um restaurante chinês que vende droga fica perto da minha escola de dança. ─ Anya divagou indignada ─ Precisamos trocar de endereço. ─ Falou descontraída mas com uma pitada de verdade.
─── Você da aulas há muito tempo? ─ Hughie perguntou tímido ao seu lado.
Anya se virou para ele, com um curvar de lábios afetuoso por ele se interessar. Não entendia bem o porquê dele estar ali, de todos os homens ele parecia o menos inofensivo.
Entretanto, ela lembra da informação de que Trem-bala matou a namorada dele, acontecimentos tristes nos mudam e nos levam a fazer coisas que jamais pensaríamos um dia fazer.
─── Um tempinho. ─ Ela respondeu franzindo o nariz dando um sorriso pequeno ─ E você? Só trabalha na loja de eletrônicos ou faz algo mais? ─ Questionou curiosa.
Ele havia se passado por um fotógrafo para Luz Estrela, Anya achou ele poderia ser realmente um fora disso tudo.
─── Na verdade é só a loja de eletrônicos mesmo, e no momento, depois de faltar durante todos os dias, eu acho que, bom... eu tô desempregado. ─ Falou com um riso frustado fazendo a mulher lhe olhar com compaixão.
─── Tenho certeza que vai conseguir um emprego novo quando toda essa merda acabar. ─ Ela lhe deu um sorriso amigável.
Hughie sorriu pouco sentindo-se confortável na presença dela, acabou por reparar mais em Anya, sua aparência está pouco abatida. Apesar dos cabelos bem arrumado e da roupa graciosa de professor de balé, sua expressão parece cansada. Pouco triste. Seus olhos parecem perdidos, a bolsas em baixo de cada um deles mostrando noite de insônias, todo seu rosto parece triste.
Então, ele se lembrou, se lembrou que havia matado o ex-marido dela, começando a se perguntar se ela havia dado falta dele. Não havia um maldito único dia que ele se lembrasse de ter matado Translúcido, mas já havia feito e não poderia voltar a trás.
Só esperava que soubesse lidar com isso na hora que contassem a Anya, ou melhor, que ela descobrisse.
─── Foi mal baby é que eu tô trabalhando feito um condenado, você sabe que eu prefiro estar em casa de chamego com você do que aqui separando briga de detento, não é? Mas eu preciso ganhar dinheiro. ─ Leitonho dizia amoroso ao celular fazendo Anya torcer os lábios em uma careta ─ Ah com certeza! Quando a merreca entrar a gente vai para Kay Jewelers ostentar, rios de champanhe. ─ Dizia aos risos fazendo com os três que estavam junto no veículo olhassem com graça ─ Eu tô ligado, eu tô ligado, brincadeira. Eu vou te ligar amor, vou desligar.
Ele mandou beijos fazendo barulhinho que Anya deu um riso nasal cruzando os braços e encostando suas costas na parede fria da Van, Francês ao lado do homem no banco da frente, avaliando com um olhar julgador sobre isso.
─── Que que foi? ─ Leitinho perguntou confuso.
─── Jean-Paul Sartre disse 'O casamento sufoca os desejos masculinos essenciais.' ─ Respondeu em deboche.
─── Uuh! Eu conheço esse. ─ Anya deu um riso erguendo seu dedo feito uma criança.
─── Jean-Paul Sartre também morreu sozinho e na pior. ─ Leitinho retrucou com uma leve irritação ─ Sem falar que a mulher dele tava dando pra outro malandro. ─ Acrescentou irônico.
─── Oui, e era um casamento aberto.
─── Pra que? Pra pegar gonorreia? ─ Leitinho zombou.
Anya riu alto.
─── Qual é Francês? Pra que trabalha pra cacete se não tem ninguém te esperando em casa pra dormir de conchinha contigo? ─ Leitinho debatia sua opinião.
─── Porque eu durmo com alguém diferente toda noite. ─ Respondeu com um sorriso tripudiando e fazendo pouco caso do assunto.
─── Você deve ser uma piranha. ─ Anya opinou enquanto olhava as próprias unhas fingindo estar desinteressada.
─── Chéri?! ─ Francês exclamou ofendido.
Hughie que estava triste desde o início da conversa por lembrar da namorada, riu baixo quando ouviu a mulher zombar de Francês.
─── Ele também é um velho solitário na pior. E vai morrer sozinho. ─ Leitinho apontou firme para o homem que lhe olhava com tédio.
─── É, mas se vocês tem uma relação tão bacana, por que mente sobre o que faz? Duh? ─ Caçou quando teve silêncio do homem como resposta.
A conversa se dissipou e Anya deu um sorrisinho pensando que um assunto sério mas tratado em uma conversa boba como essa, havia arrancado alguns risos sinceros dela.
─── O China, ele catou. ─ Francês anunciou aflito quando avistou a entrega de droga poucos metros longe deles.
─── Já tava na hora, né. ─ Leitinho comentou de forma sarcástica.
Eles abriram rápido a porta saindo dele, Hughie e Anya se levantaram de pressa e o mais novo abriu a porta para ela a fazendo dar um olhar apressado em agradecimento. Os quatro saíram do veículo, andavam juntos, Francês e Leitinho na frente e Anya com Hughie logo atrás.
Ela observava atentamente vendo o homem que eles seguiam entrar em um beco, em passos apressados todos atravessavam a rua e seguiam no beco movimentado que ele havia entrado. Passaram alguns minutos seguindo o cara, que finalmente havia parado quando entrou em um pequeno mercadinho.
Os quatro entraram no estabelecimento, seguindo pelos corredores movimentados e chegando ao açougue, vendo o homem entrar para trás do balcão e abrir uma porta seguindo pelos fundos. Deixando todos eles, impossibilitados a seu acesso por um tempo.
─── A gente vai ter que entrar né? ─ Hughie falou expressando medo em sua voz.
─── Relaxa, mon petit. ─ Francês disse amistoso.
─── Para de me chamar assim, eu tenho 1,83. ─ Pediu frustado.
─── Sério? Eu tenho 1,73. ─ Anya comentou cordial com a expressão inesperada por receber a informação ─ Você da uma bela árvore em peças de teatro. ─ Adicionou sugestiva.
Hughie comprimiu os lábios em um sorriso engraçado fazendo a mulher dar de ombros mostrando que era apenas uma sugestão.
Alguns minutos se passaram e Anya com ajuda de Leitinho distraíram o único açougueiro disponível naquele lugar, durante o tempo em que Francês tentava abrir a fechadura da porta e Hughie ficava de olho para que ninguém visse.
Quando o Francês conseguiu, Anya e Leitinho fizeram um pedido para que o açougueiro desossasse um frango, rapidamente ele se virou dando a chance deles andarem rápido se afastando, conseguindo passar pelo balcão até os outros dois parceiros e passassem pela porta.
Era uma espécie de banker, pouca luz, paredes de tijolos e cheio de caixas, prateleiras e cacarecos espalhados por todos os lados. O cheiro não era dos melhores, sem falar na enorme quantidade de poeira que fazia a Blanchet querer espirrar pensando na última vez que esse lugar foi limpo ou se é que foi limpo em algum momento.
Leitinho andava na frente armado em posição, com Hughie em seu encalço. Francês e Anya estavam no outro corredor, o pequeno homem liderava também armado e a mulher o seguia calma. Afinal, se ela quisesse poderia matar qualquer um que se virasse contra eles.
Do outro corredor, Leitinho e Francês fizeram contato visual vendo que havia alguns homens de guarda no local, assentindo para irem ao outro lado, em passos silenciosos mas precisos para serem rápidos, os quatro agora estavam juntos. Anya e Hughie juntos atrás, com os dois homens armados liderando.
Diferente do Campbell, a Blanchet andava sem medo observando tudo e ouvindo uma música baixa fazendo a mesma franzir o cenho.
Quando chegaram em um certo corredor, Francês e Leitinho foram primeiro para ver se estava limpo e aparentemente não havia ninguém, sendo assim eles entraram na pequena sala que tinham a porta aberta.
─── Rápido, vamo nessa, olha aquelas caixas. ─ Leitinho comandou alarmado olhando para os lados antes de mexer na mesa repleta de papéis.
Anya andou rápido até uma prateleira, vasculhando as caixas, procurando por qualquer frasco ou resquícios de composto V. Hughie a seguiu, indo em um armário ao seu lado.
─── Francês, procura a parada. ─ Leitinho brigou em um sussurro apreensivo vendo que o homem não fazia nada.
A mulher tossiu pouco baixo quando Hughie abriu as portas do armário e uma quantidade enorme de poeira foi sobre eles.
─── Foi mal. ─ Pediu sem graça.
─── Tá de boa. ─ Ela tossia levando a mão ao rosto.
Anya iria fazer uma piada que provavelmente irritaria Leitinho por ver que ela parou de procurar para tossir, aos poucos sua tosse cessou e ela começou a respirar melhor abanando o ar com as mãos.
Presa em seus devaneios, sua testa franziu quando percebeu que a música que escutava lá do corredor, teve a tendência a ficar pouco alta.
─── Francês anda, vamo nessa. ─ Leitinho dizia começando a se irritar com o desinteresse do parceiro de equipe ─ Olha Francês, tá fazendo o que? ─ Perguntou chateado.
Anya viu ele com olhar preso em uma porta de ferro com pequenas vigas, curiosa caminhou até o homem se colocando ao seu lado olhando para o cômodo através das vigas que tinha. Era uma espécie de quarto, mal iluminado, com uma cama, televisão e mesa.
Parecia um cativeiro. E era um.
Os olhos da Blanchet se arregalaram levemente quando ela viu uma mulher sentada em baixa da mesa, de costas para eles parecendo prestar atenção no musical da televisão.
─── Qual foi, Anya? Vai seguir pelo mesmo caminho que o Sr. Sartre aí. ─ Leitinho dizia indignado vendo os dois parados sem fazer nada caminhando até eles ─ Tão surdos, é? ─ Sussurrou bravo.
Quando ele chegou perto dos dois, se colocando atrás deles, vendo a mulher sentada em baixo da mesa, sentiu seus lábios se entreabrirem espantado.
─── Cacete. ─ Afirmou perturbado.
Hughie chegou por último atrás deles, sua reação não foi muito diferente de todos, estavam procurando 'composto V' e acharam provavelmente alguma vítima de um bandido louco.
─── Quem é? ─ Perguntou o Campbell curioso.
─── Eu não sei. ─ Anya respondeu baixo com certa pena.
─── A gente devia soltar ela. ─ Francês pensou.
─── Não, não, não, não. ─ Leitinho negou rapidamente pegando no braço do mesmo ─ Vamos pegar o 'V' e cair fora. Não é missão de resgate. ─ Repreendeu vendo o homem se soltar dele e chegar mais perto da porta.
─── Tá parecendo o Bruto. ─ Hughie se direcionou a Leitinho com um olhar talvez decepcionado.
─── Eu tô parecendo um cara que não quer morrer. ─ Respondeu sem paciência.
─── Se eu quiser eu posso matar quem quer que seja. ─ Anya retrucou com indiferença vendo agora os dois a olharem assustados ─ O que foi? Estou falando como alguém que quer ficar viva. Eu tenho toda essa parada de reviver, mas a última vez que me mataram foi em 2002 e não é tão legal meu corpo pegar fogo e eu renascer pelada. ─ Respondeu gesticulando nervosa só de pensar no possibilidade.
─── Você pega fogo? ─ Hughie perguntou de sobressalto.
─── Ela é uma fênix. Esqueceu, idiota. ─ Leitinho revirou os olhos se remexendo inquieto e se irritando facilmente com o rumo da missão.
─── Ah é! Esqueci. ─ Respondeu triste lembrando que a mesma é super.
─── Olha, vamos pensar no que fazer para ajudar ela. ─ Anya falou com olhar pidão para o homem negro a sua frente.
Leitinho estava prestes a negar e dar um sermão nos dois que o olhavam feito cachorros sem dono, mas um ranger alto de Francês abrindo a porta ecoou por toda parte impedindo chamando atenção deles.
─── Porra, Francês. Cacete! ─ Leitinho voltou a sussurrar raivoso reprimindo sua vontade de gritar.
Anya olhou calma vendo a mulher que estava sentada se virar, seu rosto estava completamente sujo e quando a Blanchet fez menção em se aproximar sentiu Leitinho a segura pelo pulso.
Os homens que estavam armados que viram a pouco tempo atrás entraram no local, gritando e atirando feito loucos.
O primeiro pensamento deles quatro foi correr Anya para dentro da sala que ela estava presa antes junto de Leitinho, os dois se esconderam entre os armários, Francês está junto deles encostado na parede perto da porta e Hughie se jogou no chão em uma parede afastado deles. Fizeram isso e quando pensaram em revidar se protegendo, alguém fez por eles.
A mulher que estava presa.
Ela deu um salto gigante pulando até os homens os derrubando, deu um chute na cabeça de um o desmaiando. Indo no outro lhe dando uma rasteira fazendo ele cair no chão, foi para trás do mesmo e enfiou os dedos em seus olhos os afundando sentindo o sangue em seus dedos ouvindo ele urrar de dor, logo quebrando seu pescoço para o lado o matando de uma vez.
─── Aí meu Deus. ─ Hughie gritou desesperado.
Anya tinha seus olhos arregalados, em todos seus anos de Vought nunca havia visto um super matar com tanta agressividade dessa forma.
A mulher partiu para cima do que estava no chão, lhe dando socos tão fortes na barriga que rasgavam o inteiro pegando seus órgãos com as mãos escutando ele gritar de dor.
Um outro homem entrou armado, mas rapidamente tremeu de medo quando viu que a mulher havia escapado e matado seus dois parceiros. Ela parou o que fazia e o olhou, o homem engoliu seco e levou sua arma até o queixo lhe dando um tiro e matando a si próprio antes que ela o matasse.
─── Fudeu. ─ O Campbell afirmou em puro desespero a ponto de começar a chorar.
─── Hughie, se manda. Vamo bora. ─ Leitinho gritou o chamando.
─── Hughie, corre. Aqui corre. ─ Anya berrou indo até a porta o chamando.
A mulher escutou os gritos e viu que o homem agora estava desprotegido, Hughie tremeu de medo vendo ela vir em sua direção mas não pensou duas vezes e correu feito louco na direção de Anya e praticamente se jogo nos braços da Blanchet.
Leitinho e Francês fecharam a porta de ferro no mesmo momento que ele entrou, enquanto a mulher do lado de fora irritada colocava os braços entre as brechas fazendo eles gritarem assustados.
Aos poucos ela parou e isso os acalmou um pouco vendo que ela olhou para o lado antes de se afastar, correndo para longe dali.
Anya voltava sua respiração sentindo os braços de Hughie em volta de seu corpo ficarem frouxos, olhou para o lado vendo a expressão de apavoro do mesmo se acalmando aos poucos e um olhar agradecido para mesma que a faz acenar em positivo para ele.
Os quatro se entreolharam sem saber muito o que dizer ou pensar agora. Haviam arranjado outro problema, certo?
CAPÍTULO AINDA NÃO REVISADO 🚨
perdão gente, o curso meio que tá me deixando atarefada inclusive, eu to postando isso aqui no segundo intervalo dele KKKKKK 😭 (prometo que quando chegar em casa mais tarde vou revisar ele <3
as interações do Hughie e da Anya 🥺
vou ficar triste junto com ela quando
tudo for pelos ares
Anya e Leitinho tirando sarro do Francês, eu vou AMAR escrever as cenas deles!! Vão ter uma dinâmica muito boa. Só de pensar já to rindo.
Ela tentando lidar com a perda do translúcido 😪 infelizmente nossa mamãe gostava desse Zé ninguém 🙄🙄 Anya tá fazendo merda escondendo da Meadow, mas tudo tem um propósito e nós gostamos de DRAMAAAA
GOSTARAM DO CAPÍTULO? não se esqueçam de votar e comentar bastante me incentiva e ajuda a continuar :)
bjo
amo vcs <33
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro