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ⓒ 𝘸𝘳𝘪𝘵𝘵𝘦𝘯 𝘣𝘺 𝗅𝖺𝗐𝗅𝖾𝗍𝗍𝖾𝗋𝗌
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A 3ª LIÇÃO

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Desde que você jogue o meu jogo
Eu vou deixar você ganhar

Telepathy — ††† (Crosses)

          O SOL ATRAVESSAVA AS CORTINAS iluminando o ambiente com um toque suave e amarelado. Uma brisa fresca entrava no quarto, mexendo levemente os cabelos de Lilith enquanto ela abria os olhos, e assim que ela abriu, a visão ao seu lado fez ela sentir um leve arrepio por todo o seu corpo. Ao seu lado, Falcão dormia tranquilo com o moicano amassado e uma expressão serena.

As memórias da noite anterior vinham como um filme em câmera lenta: ela e Falcão, o beijo intenso, o momento que compartilharam... O que ela havia feito? Havia dormido com o seu melhor amigo, aquele que era perdidamente apaixonado por ela.

Ela se levantou com cuidado, tentando não acordá-lo e vestiu suas roupas rapidamente. Ela precisava sair daquele quarto com urgência, não só por causa do torneio que seria em algumas horas, mas também porque ela não saberia como agir depois de tudo que eles compartilharam na noite anterior. Rezando para não ter um encontro embaraçoso com a família de Eli, Lilith abriu a porta e saiu de fininho.

A enorme casa dos Moskowitz estava silenciosa, um alívio para todas as preocupações de Lilith. Ela atravessou o corredor e começou a descer as escadas com pressa. Quando chegou a porta de entrada, assim que sua mão tocou a maçaneta, uma voz ecoou de outro cômodo e seu coração quase saiu pela boca.

── Lilith? ── a voz ela reconheceu na hora sendo de Demetri.

Ela soltou um suspiro e olhou para o lado, onde Demetri vinha da cozinha segurando um copo d'água.

── O que você faz aqui essa hora? ── Lilith perguntou a ele, tentando evitar a mesma pergunta vinda dele.

── Eu tenho meu próprio quarto aqui. Como a festa acabou tarde, decidi ficar ── ele respondeu dando um gole em sua água ── Mas e você? ── a encarou intrigado.

── Eu... bem... o mesmo que você ── ela respondeu um pouco nervosa.

Demetri percebeu seu nervosismo e estreitou os olhos, estudando a garota.

── Eu não te vi em nenhum dos quartos de hóspedes ── ele jogou um verde ── Onde você dormiu?

── Eu dormi... hum... ── ela tentou encontrar outra resposta rapidamente mas falhou miseravelmente.

── Aha! ── Demetri apontou o dedo na cara dela e sorriu como se tivesse desvendado o mistério do século ── Você estava com o Eli, não estava?

── O quê? ── ela questionou indignada ── Óbvio que não!

── Nem tenta, eu já te peguei.

Lilith bufou e desviou o olhar um pouco envergonhada.

── Espera... ── Demetri parou de rir quando a realidade veio em sua mente ── Você... você dormiu com ele?

Ela desviou o olhar, o silêncio dizendo mais do que qualquer palavra.

Demetri esfregou o rosto, tentando assimilar o que havia acabado de descobrir. Por alguns longos segundos ele encarou Lilith com uma feição que ela não conseguia decifrar.

── Talvez isso tenha sido um erro ── disse ele com sinceridade.

Lilith ergueu uma sobrancelha, desconcertada com o que Demetri disse naquele momento. Talvez isso tenha sido um errinho bobo, mas quem é Demetri para jogar isso na cara dela? Apenas ela ou Eli poderiam admitir que aquilo foi um erro.

── Qual o problema, Demetri? ── ela questionou ── Uma coisa levou a outra e nós dois ficamos.

── O problema é que o Eli é totalmente obcecado por você e agora você parece ter dado esperanças a ele.

── Nós decidimos que não ia ser nada demais. Apenas duas pessoas que queriam algo de uma noite.

── E você acha que é assim para ele?

Lilith desviou o olhar, o dia havia trago todas as consequências de suas ações, e ela não eram boas. Mas na verdade Lilith estava cansada de se sentir mal por cada passo que dava.

── Quer saber, Demetri? Quem é você pra ficar aqui apontando o dedo na minha cara?

── Eu sou alguém que se importa com vocês dois.

── Eu sei que suas intenções são boas, Meat ── Lilith usou o apelido de Demetri, e dessa vez sua voz saiu mais suave ── Mas eu 'tô cansada de me arrepender de cada escolha que faço.

Demetri a encarou por um momento, os olhos analisando sua expressão. Ele soltou um suspiro pesado e apoiou o copo vazio em um móvel perto da porta.

── Não é sobre te fazer se sentir culpada, Lilith ── ele cruzou os braços ── É sobre proteger o Eli. Talvez você não saiba, mas ele não é o cara mais... equilibrado quando se trata de sentimentos. E sinceramente, não acho que você está pronta para lidar com isso.

── E quem te disse que ele precisa ser "protegido" de mim? ── Lilith retrucou com um tom defensivo.

Demetri ergueu as sobrancelhas, como se a resposta fosse óbvia.

── Porque eu vejo as coisas que vocês dois não veem. Eli é intenso. Sempre foi. Ele não sabe separar as coisas como você talvez consiga. E... olha, eu te conheço bem o suficiente pra saber que você não sente por ele o que ele sente por você.

Lilith desviou o olhar. Ela não queria admitir, mas a verdade era que Demetri estava certo... sempre certo.

── Eu... ── ela começou, mas sua voz vacilou ── Não é tão simples assim, Demetri.

── Eu sei que não é ── ele disse com serenidade, se aproximando um pouco mais dela ── Mas se você não for honesta com ele, isso vai acabar machucando vocês dois. E honestamente? Não acho que você quer carregar isso nas costas.

── Eu não planejei nada disso, tá? Aconteceu, e foi... sei lá, algo que nós dois queríamos no momento.

── E agora? ── Demetri perguntou, genuinamente curioso ── O que você vai fazer com isso?

Ela hesitou, os olhos fixos no chão por um instante antes de olhar para Demetri.

── Eu não sei. Ainda 'tô tentando entender como me sinto sobre tudo isso.

── Tudo bem, eu entendo. Só... não deixa isso crescer como uma bola de neve, Lilith. O Eli é meu melhor amigo, mas eu me importo com você também. Eu não quero ver nenhum dos dois se machucando mais do que o necessário.

Lilith ficou em silêncio por um momento, pensando sobre o que ele havia dito.

── Obrigada, Meat ── ela agradeceu com um tom baixo.

Ele sorriu levemente, abrindo a porta e empurrando Lilith.

── Vai, some daqui antes que a mãe do Eli te veja. Aí a gente vai ter outro problema pra resolver.

Lilith soltou uma risada curta enquanto era empurrada pra fora.

── Te vejo no torneio? ── ela perguntou antes de Demetri fechar a porta.

── Claro ── Demetri confirmou ── Vou precisar de uma caixa de som 'pra acordar o Eli, mas estaremos lá.

          CHEGANDO EM CASA, Lilith não teve a recepção mais calorosa do mundo. Muito pelo contrário. Sua mãe estava sentada no sofá, com um robe de seda, tomando café e olhando fixamente para a TV, mas desviou o olhar assim que ouviu a porta se abrir.

── Bom dia, mãe ── Lilith cumprimentou enquanto pendurava as chaves na entrada.

── Onde você 'tava? ── a voz de Diana saiu fria, acompanhada de uma expressão de desgosto que Lilith já estava acostumada a receber.

Lilith respirou fundo. Ela sabia que esse interrogatório viria e logo já se transformaria em um confronto entre as duas.

── Na casa de uma amiga, fui pra lá depois da festa de ontem ── ela não respondeu mais que o necessário.

── Uma amiga? ── a mulher riu de maneira sarcástica ── É impressionante como você sempre encontra tempo 'pra vagabundar, mas nunca 'pra fazer algo de útil.

Lilith fechou os olhos por um segundo, reunindo forças para não responder na mesma moeda.

── Eu não quero discutir. Só vim tomar banho e me preparar para o torneio.

── Ah, o torneio ── a mãe ergueu uma sobrancelha, o tom carregado de desdém — Mais uma desculpa para você brincar de lutadora e fingir que tem um propósito na vida.

Lilith sentiu o peito apertar, mas se manteve firme. Ela não iria deixar as palavras cortantes da mãe derrubarem seu equilíbrio. Não hoje, não no dia do torneio.

── Carmen vai passar aqui mais tarde para pegar o Apólo. Ela vai levar ele para assistir o torneio.

── Carmen? ── Diana cruzou os braços, como se o nome fosse algo ofensivo ── Claro, a mãe superprotetora. Que ótimo! Talvez ela possa te adotar também e me poupar o trabalho de aturar você.

── Talvez fosse melhor mesmo ── Lilith não conseguiu segurar a resposta afiada.

── Olha como você fala comigo, garota ── o tom de Diana subiu um pouco, mas Lilith apenas a encarou por alguns segundos antes de se virar.

── Eu vou tomar banho ── Lilith deu sua palavra final.

No corredor o som abafado da TV ainda ecoava, mas Lilith já não prestava atenção. Ela fechou a porta do banheiro e encostou as costas nela, respirando fundo.

Por mais que tentasse, não conseguia ignorar as palavras da mãe, sempre afiadas como facas. Durante 16 anos, Diana se empenhou em transformar cada pequeno traço de confiança de Lilith em pó, como se seu único propósito fosse garantir que a filha acreditasse ser insignificante. E por muito tempo funcionou. Houve noites em que Lilith se olhou no espelho e viu exatamente aquilo que Diana dizia: um completo nada.

Mas agora era diferente. Algo dentro dela começava a mudar, a se rebelar contra as palavras de Diana. Talvez fossem as pessoas que conheceu recentemente, o karatê, ou até mesmo um lampejo de força que sempre esteve escondido esperando o momento certo para emergir. Seja o que fosse, Lilith não aceitava mais a derrota quando se tratava de Diana, pelo menos não sem lutar.

          APÓS UM BANHO de alguns minutos, Lilith trocou de roupa, amarrou os cabelos em um coque apressado e pegou sua mochila com tudo que era necessário. Após conferir tudo pela última vez, ela saiu do quarto.

Quando ela chegou na sala, sua mãe não estava mais lá. Dessa vez, Apólo se encontrava sentado no sofá, vidrado nos desenhos animados que passavam na TV.

── Ei, baixinho, vem cá ── ela acenou para ele, e o menino se levantou imediatamente correndo até ela.

── Você 'tá atrasada? ── ele perguntou, notando o coque bagunçado dela.

── Talvez um pouquinho ── Lilith se abaixou para ficar na altura dele ── Escuta, a Carmen vai passar aqui daqui a pouco 'pra te levar pro torneio, tá?

Apolo concordou, mas fez uma careta.

── Não é justo. Eu queria ir com você.

Lilith deu um sorriso e bagunçou os cabelos dele.

── Eu sei, mas prometo que a gente se encontra lá. E olha, torce por mim, ok?

── Eu sempre torço! ── ele respondeu animado.

── Então é isso que eu queria ouvir ── ela deu um beijo rápido na testa dele, se levantou e foi até a porta ── Até mais tarde, baixinho.

Apólo fez um pequeno aceno enquanto ela saía, e Lilith respirou fundo antes de descer as escadas do prédio.

No andar de baixo, Miguel a esperava encostado em um dos postes do prédio, a expressão fechada. Ele estava de braços cruzados e a mochila jogada no chão ao se lado.

── Bom dia 'pra você também, raio de sol ── Lilith provocou assim que se aproximou.

Miguel apenas bufou, levantando um olhar cansado e ranzinza para ela.

── Vamos? ── Lilith disse assim que percebeu o mau humor de Miguel.

── Tanto faz ── ele pegou sua mochila do chão e começou a caminhar ao lado dela sem olhar diretamente.

Lilith o acompanhou, mas não conseguiu deixar de revirar os olhos.

── Ainda chateado por causa de ontem?

Miguel bufou, chutando uma pedrinha no caminho.

── Como você acha que eu deveria estar?

── Olha, eu não 'tô dizendo que você não tem motivo, mas hoje não é dia de chorar pela Samantha, tá bom? ── Lilith falou, tentando soar firme ── A gente tem que vencer esse torneio e você não vai conseguir se não estiver focado.

── Ah, claro. Porque você 'tá super tranquila depois de tudo que rolou.

Lilith parou de andar, se virando para encará-lo.

── O que isso quer dizer?

── Você empurrou o Robby no chão ontem ── Miguel finalmente a encarou  ── E eu nem sei por quê.

── Porque ele 'tava sendo um babaca, Miguel ── Lilith cruzou os braços ── E você sinceramente não ajudou quando acertou sua namorada.

── Eu? Era 'pra ter acertado no Robby! Ele 'tava grudado na Samantha! ── Miguel gesticulou, a frustração transbordando.

── E isso ajudou muito, né?

── Como se você estivesse ali defendendo ela ── Miguel soltou uma risada sarcástica e ácida.

── Eu só queria expulsar aquele idiota da nossa festa, mas parece que a cena virou um verdadeiro circo, pra nós dois.

Miguel respirou fundo, como se tentasse se acalmar.

── Tá, eu sei que você disse que não queria falar sobre isso, mas preciso perguntar de novo ── Miguel disse, ainda parecendo hesitante ── Como você e o Robby se conhecem?

O coração de Lilith disparou, mas ela se esforçou para manter a expressão neutra.

── Por que isso importa agora? Eu já falei que ele é só alguém que eu conhecia, nada demais.

── Porque claramente tem alguma história aí que eu não sei.

Lilith apertou o passo, tentando evitar o olhar insistente de Miguel. O peso do passado que ela vinha enterrando ameaçava vir à tona, cada vez mais. Ela odiava reviver seus fracassos, mas ao mesmo tempo, Miguel ainda era seu melhor amigo. Ele merecia saber.

Ela parou de andar e suspirou, se virando para ele.

── A gente já namorou.

Miguel parou, incrédulo.

── O QUÊ?! ── ele praticamente berrou pra rua toda ouvir.

Lilith suspirou, mas continuou andando.

── Foi antes de eu vir para o Cobra Kai, antes de conhecer você. Não é algo que eu goste muito de lembrar.

Miguel a alcançou, ainda chocado.

── E você não achou que deveria ter me contado?

── Por que eu contaria? ── ela o encarou ── Não tinha a mínima relevância. Você nem sabia quem ele era.

── Ah, claro. Porque isso não explica nada sobre a maneira como ele agiu ontem, 'né? ── Miguel estava claramente frustrado, mas Lilith não tinha paciência para lidar com aquilo.

── Miguel, olha só, o que importa agora é o torneio ── ela parou novamente ── Tenta parar de pensar no que aconteceu ontem.

Miguel bufou, mas se calou, encarando a calçada com um bico enorme.

Eles continuaram caminhando lado a lado, apenas o som dos passos no passeio era ouvido entre os dois.

Lilith só queria esquecer e focar em vencer o torneio, mas aquilo estava impossível naquele momento com todas as encaradas acusatórias de Miguel.

── Então... você e o Robby ── Miguel quebrou o silêncio, como seu ainda não acreditasse naquilo.

Lilith suspirou pesadamente.

── Você ainda 'tá nisso? Eu vou socar a sua cara se não parar de falar sobre esse assunto.

── É claro que eu tô nisso. Isso tudo é muito estranho. Você namorava o cara que tá dando em cima da Samantha e também trabalha pro pai dela ── ele parou no meio da calçada, forçando ela a olhar para ele nos olhos ── Como eu deveria reagir?

── Com um pouco menos de drama, talvez? ── Lilith cruzou os braços e revirou os olhos ── Olha, foi no passado, Miguel. A gente não deu certo. Ele me magoou, eu superei. Fim de história.

── Pela maneira que você reagiu ontem, eu não diria que é fim de história ── Miguel lançou um olhar significativo para Lilith.

── Acha que eu ainda sinto algo pelo Robby? ── Lilith encarou Miguel e deu uma gargalhada sincera ── Se eu tenho algum sentimento pelo Robby, pode acreditar que é o mais puro e sincero ódio.

Miguel conhecia Lilith bem demais para saber que ainda havia algo mexendo com ela. A garota estava magoada, mas não magoada do tipo que quer um pedido de desculpas, magoada do tipo que quer vingança.

── Espero que seja verdade ── Miguel voltou a andar ao lado de Lilith.

── Pode acreditar que é.

O ginásio finalmente apareceu no campo de visão dos dois. O lugar era enorme, mas não havia muitas pessoas ainda.

O Sensei ainda não havia chegado, então Lilith e Miguel esperavam pelos outros na entrada do ginásio.

Miguel pareceu escutar um pouco os conselhos de Lilith, pois ele parou de falar sobre o assunto e se concentrou em praticar socos no ar, tentando queimar toda a sua raiva.

Enquanto isso, Lilith se distraiu conversando com Aisha e Bert, que foram os primeiros a chegar.

── Se alguém me derrubar hoje, vou processar ── Bert brincou, arrancando risadas de Aisha e Lilith.

── E você acha que tem chance de ganhar, baixinho? ── Lilith provocou com um sorriso debochado.

── Ei! Grandes coisas vêm em pequenos pacotes ── Bert rebateu, gesticulando exageradamente para parecer mais imponente, o que só aumentou as risadas.

── Lilith ── Aisha começou, seu tom agora mais tranquilo enquanto ela tocava o braço da amiga para chamar sua atenção ──  Posso falar com você rapidinho?

Lilith percebeu o olhar sério de Aisha e assentiu.

── Claro, vamos.

As duas se afastaram um pouco do grupo, deixando Bert continuar suas provocações com os outros.

── Tá, o que foi? ── Lilith perguntou, ajeitando a alça de sua mochila enquanto olhava para Aisha.

── O que aconteceu ontem na festa? ── Aisha perguntou, curiosa ── Eu vi você e o Falcão sumirem e depois mais nada.

Lilith suspirou, já sabendo no que aquilo iria dar.

── Foi... complicado ── ela hesitou, o olhar desviando para o chão.

Aisha levantou as sobrancelhas e encarou Lilith com solidariedade, tentando incentivar a amiga a continuar.

— A gente ficou.

Aisha abriu a boca, surpresa, mas fechou logo em seguida, processando a informação.

── Ficar, tipo, só um beijo? Ou ficar, tipo...

Lilith desviou o olhar, mordendo o lábio enquanto mexia nervosamente no zíper da mochila.

── Não foi só um beijo.

Aisha arregalou os olhos, claramente chocada, mas segurou o grito na garganta.

── Lilith!

── Shhh! ── Lilith gesticulou para que ela abaixasse a voz, olhando ao redor para se certificar de que ninguém as ouvia.

Aisha apertou os lábios, mas um sorriso enorme começou a aparecer.

── Eu sabia que isso ia acontecer. Ele é louco por você e vocês dois tem muita química, era só questão de tempo.

Lilith bufou, tentando esconder o rubor que subia ao rosto.

── Foi coisa do momento, Aisha. Não significa nada.

── Não significa nada? Lilith, você tá ouvindo o que tá dizendo? ── Aisha parecia indignada, mas o sorriso no rosto dela mostrava que estava mais animada do que brava ── Eu acho que você gosta dele, e ele claramente gosta de você.

Lilith hesitou, mas deu de ombros.

── Talvez... não sei. A gente precisa conversar, mas eu não 'tô pronta pra isso agora.

── Tá, tudo bem. Não vou te pressionar ── Aisha levantou as mãos, indicando que respeitaria o espaço da amiga, mas não conseguiu conter o sorriso ── Só quero que você saiba que 'tô feliz por você, de verdade.

Lilith finalmente cedeu a um pequeno sorriso, se sentindo um pouco mais aliviada por ter contado.

── Valeu, Aisha.

Aisha deu um leve tapa no ombro dela, voltando a andar ao lado da amiga enquanto se dirigiam de volta ao grupo.

Lilith e Aisha voltaram para o grupo em silêncio, mas os pensamentos de Lilith ainda estavam presos na conversa. Ela tentava manter uma expressão neutra, mas sabia que Aisha estava quase explodindo de felicidade ao seu lado.

O grupo estava espalhado, cada um ocupado com alguma coisa: Bert tentava intimidar alguém com suas poses de "lutador profissional", Miguel continuava com seus golpes no ar, e os outros apenas riam e conversavam.

Antes que Lilith pudesse se misturar completamente, uma voz conhecida cortou o ar.

── Alguém chamou o campeão?

Era Falcão. Ele vinha com sua típica confiança, mochila jogada no ombro e o moicano chamando atenção como sempre. Assim que se aproximou, o olhar dele encontrou Lilith quase instantaneamente. Uma sombra de um sorriso de canto passou por seu rosto, mas ele rapidamente desviou os olhos para o grupo.

── Até que enfim! Achei que tinha desistido ── Bert provocou, fazendo graça.

── Desistir? Eu? Só tava dando tempo pra vocês ensaiarem suas desculpas pro fim do dia, quando eu for o campeão ── Falcão respondeu, arrancando risadas de alguns, mas Miguel permaneceu imóvel, lançando um olhar rápido para ele antes de voltar aos seus socos.

Aisha cutucou Lilith com o cotovelo.

── Vai me dizer que ele não 'tá diferente hoje? ── sussurrou, provocando a amiga.

Lilith revirou os olhos.

── Ele é sempre assim, Aisha.

Falcão então caminhou até a roda, mas parecia hesitar levemente ao se aproximar de Lilith.

── E aí? Pronta pro torneio? ── ele perguntou casualmente, mas o tom parecia carregado de algo mais.

Lilith cruzou os braços, arqueando uma sobrancelha.

── A pergunta é se você 'tá pronto. Não vai querer se envergonhar hoje, 'né?

── Eu nunca me envergonho ── ele deu um sorriso convencido, mas seus olhos não deixaram os dela, criando uma tensão palpável que nem mesmo o resto do grupo conseguia ignorar.

Aisha percebeu imediatamente e, com um sorriso malicioso, deu uma cotovelada no braço de Lilith, que rapidamente desviou o olhar, tentando disfarçar. Falcão por sua vez, limpou a garganta e procurou algo, ou alguém para focar.

── Miguel, relaxa aí. Guarda um pouco 'pro torneio ── ele falou enquanto observava o amigo socando o ar de forma insistente.

Miguel lançou um olhar frio para Falcão, mas não respondeu e continuou com os movimentos.

── Nem perde seu tempo ── Lilith disse, dando um longo suspiro ── Ele está todo dramático depois do que aconteceu na festa.

Falcão arqueou uma sobrancelha, intrigado, mas logo desviou o olhar para Miguel novamente, observando por alguns segundos antes de voltar a falar.

── Cadê o Sensei? O torneio já vai começar.

── Ele já vai chegar ── afirmou Aisha.

── Não sei não... ── Bert disse, hesitante.

── Que história é essa? ── Lilith o encarou com curiosidade.

── Eu vi ele ontem no centro comercial ── Bert começou a contar ── Eu 'tava... comprando leite.

Lilith arqueou as sobrancelhas, claramente duvidando.

── Sério, Bert? Eu já te vi indo naquele centro comercial umas mil vezes, e nunca te vi comprando leite ── ela provocou, arrancando risadas de Aisha e Falcão.

Todos sabiam das revistinhas proibidas que Bert gostava de comprar no centro comercial.

Bert ficou vermelho como um tomate, mas continuou.

── Enfim... eu ouvi ele gritando no estacionamento. Quando eu fui ver, ele 'tava caindo de bêbado enquanto mijava no próprio carro. Eu perguntei se ele 'tava bem, e ele me respondeu exatamente assim: "Vamos todos morrer, garoto! Vamos todos morrer!". Aí ele jogou a garrafa no chão e saiu acelerando.

Agora todos encaravam Bert incrédulos.

── Por que não falou isso antes? ── perguntou Aisha.

── Ah, sei lá. Eu acostumei a ver ele bêbado. Achei que não era nada grave ── Bert deu de ombros.

── Estamos aqui e ele não. Então deve ser grave ── reclamou Falcão ── E se aconteceu algo?

── Tipo o que? ── Bert perguntou.

── Sei lá, ele pode ter se jogado de um penhasco, ou comprado uma arma e estourado a cabeça.

── O Sensei nunca se mataria. Seria uma jogada covarde ── Aisha disse, levando uma encarada de Lilith.

── Tá certo, vamos todos nos acalmar ── Lilith interveio ── O Sensei vive bêbado. Ele só deve ter perdido a hora por causa da ressaca, daqui a pouco ele chega.

── Dane-se, o torneio já vai começar. A gente vai ter que fazer isso sem ele ── disse Falcão.

── Fazer o que sem mim? ── A voz de Johnny cortou a conversa.

O grupo se virou para encontrá-lo se aproximando, carregando uma bolsa de ginástica no ombro.

── Sensei! ── Aisha exclamou aliviada.

── Achamos que não ia aparecer ── Falcão comentou.

── Posso não ganhar sempre, mas nunca fujo de uma luta ── Johnny respondeu.

── Ótimo. Vamos entrar ── Miguel disse, já começando a andar.

── Ainda não ── Johnny impediu ── Tenho mais uma lição para ensinar a vocês.

Curiosos, os alunos seguiram Johnny para dentro do ginásio, onde ele parou no centro e ordenou que todos formassem um círculo ao redor dele. Seu olhar era firme enquanto avaliava cada um dos rostos.

── Vocês aprenderam a acertar primeiro, a serem agressivos, e não perdedores ── ele começou a andar em volta do círculo, encarando cada aluno por alguns segundos ── Ensinei a acertar firme, a colocar todo todo seu poder em tudo que fazem. Mas não ensinei a 3ª lição do Cobra Kai... ── ele fez uma pausa estratégica, deixando o silêncio aumentar a expectativa ── Sem compaixão ── a frase cortou o ar como um golpe direto ── Com o tempo, vocês verão que a vida não é justa. Você acorda um dia se sentindo ótimo, e a vida te dá um chute rodado no saco. E caga em cima de você. Você tira zero em um exame. É suspenso. Se apaixona por uma garota, e aí vem outro cara e a rouba. Seu carro é incendiado.

Os alunos começaram a trocar olhares, alguns tentando conter risadas enquanto processavam os exemplos um tanto... inusitados.

── Quando acha que está tudo indo bem, tudo desmorona. É assim que funciona. A vida não tem compaixão, então nós também não. Faremos o que for preciso para sobreviver. Faremos o que for preciso para seguir em frente ── pequenos sorrisos surgiam nos lábios dos alunos enquanto Johnny continuava ── Faremos o que for preciso para vencer!

Um entusiasmo começou a crescer no grupo. Os rostos, antes confusos, agora mostravam sorrisos determinados.

── Lembrem-se de quem são. Vocês são durões. Não estão nem aí. Vocês botam pra quebrar. Vocês são Cobra Kai!

── Cobra Kai! ── Miguel gritou.

── Sim! ── o restante dos alunos gritou, compartilhando do mesmo entusiasmo.

Johnny parou no centro novamente, satisfeito com a reação dos alunos.

── Muito bem, pessoal. Vamos lá meter a porrada em todo mundo ── Johnny finalizou.

── Isso! ── Miguel comemorou, tirando a mochila e pegando o kimono branco.

Johnny ergueu uma sobrancelha ao ver o kimono na mão de Miguel e soltou um sorriso.

── Não ── ele balançou a cabeça ── Não vão usar isso.

Com isso, Johnny abriu sua bolsa de ginástica, revelando kimonos pretos com detalhes em amarelo. Cada peça tinha o símbolo do Cobra Kai bordado no peito e o nome de cada aluno cuidadosamente costurado acima.

── Agora sim ── ele disse, enquanto Lilith e Aisha pegavam os kimonos e os distribuíam entre os colegas.

── Esses são incríveis! ── Falcão comentou, admirando a o kimono com um sorriso.

── Todos para o vestiário. Vocês têm cinco minutos para se trocarem! ── Johnny ordenou.

── Sim, Sensei! ── responderam em uníssono, correndo para se preparar.

Olá, leitores!

Demorei mas voltei.
Agradeço a todos pela paciência.

Tenho até dó da Lili, pq tudo que ela faz, julgam como errado.

Tentarei terminar o ato 1 esse ano ainda, prometo!!!

Espero que gostem! 🫶

S C A R S
© 𝖻𝗒 𝗅𝖺𝗐𝗅𝖾𝗍𝗍𝖾𝗋𝗌, 2022.

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