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𝑿𝑿𝑽𝑰𝑰. icebraker.

CAPÍTULO VINTE E SETE
Quebrando o gelo.

EQUILÍBRIO. Essa era a principal base do karatê do Miyagi-Do, que não se distinguia muito da base da patinação no gelo. É preciso muito equilíbrio para patinar e Theodora passou anos da sua vida treinando isso, se equilibrando em uma lâmina fina sobre um chão quase sem atrito, até conseguir evoluir para seus primeiros pulos e giros. Não seria tão difícil aprender a se equilibrar novo, certo?

Errado.

No momento, equilíbrio era a coisa que mais faltava entre as atividades da Young. Quando a garota não estava treinando até os músculos se esgotarem, ela se debruçava sobre os livros, estudando até os cálculos se transformarem em borrões inelegíveis. E quando o tédio finalmente tomava conta de si, ela arrumava uma maneira de escapar para arena, descontando suas últimas energias em tombos no gelo.

Era uma rotina exaustiva e nada saudável, mas que cumpria seu propósito: sufocar todos os seus pensamentos ansiosos.

Theo se recusava a pensar em Robby, no Cobra Kai, no torneio cada dia mais próximo e em toda a rivalidade que consumia o Valley, como peças em um grande jogo de xadrez. Era como se o mero ato de pensar tornasse as coisas ainda mais difíceis de serem digeridas. Afinal, por que gastar energia lutando contra a correnteza ao invés de deixar-lá lhe levar?

── Que merda é essa? Ele está jogando como se estivesse em um jogo de colegial!

Christopher gritou da arquibancada da arena, os olhos castanhos vidrados no gelo onde os jogadores de hóquei se debatiam desordenadamente. Theodora riu, mesmo que a ação fizesse seus músculos fadigados do treino doerem.

── Bora! Sem brecha para o contra ataque! — ele exclamou batendo palmas, como se fosse o técnico do time.

── Se eu tivesse nascido homem vocês me colocariam no hóquei ao invés da patinação? — perguntou a loira com um sorriso divertido, levando um nacho a boca.

── Sua mãe provavelmente iria — o mais velho olhou para filha compartilhando do mesmo sorriso. Theodora sempre foi muito mais parecida com Winter mas quando seus lábios se contorciam de um jeito travesso um dos poucos resquícios dos genes paternos davam sinal de vida — Ai você poderia juntar a patinação com o karatê.

── Seria uma combinação imbatível — eles riram juntos, enquanto a loira limpava os dedos na calça jeans.

── Ei, seu juiz! Foi falta!

Uma voz familiar gritou do outro lado da arquibancada, sinalizando um dos jogadores na defesa que tinha acertado o taco no oponente. O arbitro apitou, comunicando a punição de quatro minutos no banco e resultando em diversos resmungos frustrados do time e dos torcedores.

── Ah vai se foderos Youngs bufaram ao mesmo tempo.

── Que tipo de idiota pede falta contra o próprio time? — Chris bebeu um longo gole da sua cerveja, em uma tentativa falha de relaxar para o jogo em desvantagem que vinha pela frente.

O jogador numero cinco saiu com pressa do gelo, gritando com o dedo duro na arquibancada. Ou melhor, dedos duros. Theodora estreitou os olhos não acreditando no que estava vendo.

── O tipo Lawrence e LaRusso — ela concluiu, apontando com o queixo para os dois senseis. O Young mais velho quase cuspiu sua bebida com a informação.

── Você não disse que eles não se davam bem?

── Aparentemente estão tentando melhorar isso. Eles tiraram a semana para ensinar os estilos opostos de karatê um pro outro — os olhos verdes dela ainda analisavam a confusão tentando ouvir como a boa fofoqueira que era.

── E aparentemente estão tentando apanhar do Mick — a garota riu.

── Ele disse que você é um covarde e que vai quebrar a sua cara — Johnny gritou calmamente, enfurecendo mais ainda o jogador.

── Chega, ouviu? Pare! — Daniel implorou ao loiro, tentando amenizar a situação.

── Vem pra cima, mocinha! Vamos nessa! — rebateu Mick de braços abertos.

── Eu não falei isso — o moreno respondeu, a ideia de um conflito o deixando ansioso mesmo que tivesse a vantagem do karatê — Peço desculpas pelo meu amigo. Ele é meio instável. Estamos trabalhando nisso. Desculpe.

A raiva do jogador pareceu diminuir, voltando sua atenção para o jogo e contando os segundos para o tempo de punição acabar enquanto o LaRusso suspirava aliviado. Johnny bebeu um gole da sua própria cerveja, analisando a situação, aquela lição não havia terminado ainda.

˚ ⊹˚.⋆ ₊

Após uma vitória árdua do time no qual torciam, Christopher e Theodora conversavam distraidamente na fila da lanchonete da arena, em busca de um lanche para suprir a fome do jantar. Eles mal notaram quando o Lawrence apareceu atrás deles, com as mãos enfiadas nos bolsos.

── Ei garota — ele cumprimentou timidamente, meio envergonhado pelo jeito frio e infantil como havia a tratado nos treinos anteriores.

── Sensei! Theo se virou com um sorriso amigável, aproveitando a oportunidade para apresentar os mais velhos Vocês dois já se conheceram formalmente? Esse é meu pai, Christopher. Pai, esse é meu sensei, Johnny Lawrence.

── Nos conhecemos no último torneio o Young lembrou, apertando a mão do loiroMas você estava com pressa, não sei se lembra de mim.

── Claro que eu me lembro mentiu, abrindo um sorriso simpático.

Após a luta final do ano passado, Lawrence estava tão abalado com a figura do próprio filho ao lado de Daniel que mal registrou os diversos pais de alunos que vieram cumprimentá-lo após a vitória.

── Ele também é o pai do Keene a mais nova complementou, tentando arrumar um assunto em comum para os três.

Espera... Três?

── Ah sim.

── Você conhece meu filho? — por mais que ele tentasse disfarçar seus olhos e tom de voz transbordavam curiosidade, se agarrando a possiblidade de uma revelação mais detalhada sobre a relação de Theodora com seu primogênito.

Pobre Johnny Lawrence. Mal sabia que eles eram uma incógnita até mesmo para si próprios.

── Ele e Teddy costumavam ser amigos no fundamental... — o peito do loiro se contorceu repleto de culpa, se ele não fosse um pai ruim para o filho ele saberia dessa informação.

── Espera, cadê o LaRusso?

A pergunta mal tinha deixado os lábios da garota quando foi substituída por um grito de espanto. Christopher se colocou na frente dela rapidamente quando o citado apareceu no fundo do corredor em meio a uma briga acalorada com quatro jogadores de hóquei.

Johnny deu de ombros, aproveitando a oportunidade para furar a fila e comprar um pretzel enquanto os dois Young assistiam estáticos e espantados a sequência de chutes e socos.

Os olhos da mais nova brilharam e os lábios esboçaram pequeno sorriso ao perceber que ele não usava as técnicas do Miyagi-Do mas sim atacava primeiro, se aproveitando das vulnerabilidades dos inimigos e sem demonstrar compaixão.

Foram necessários poucos minutos para que o Daniel nocauteasse um por um, permanecendo em posição de ataque, com os punhos cerrados na altura do peito ofegante enquanto os oponentes gemiam doloridos no chão.

Theodora não pode conter uma gargalhada genuína, atraindo atenção dos adultos, principalmente a do próprio pai com as sobrancelhas franzidas.

── Você mandou vê! Muito bom, LaRusso. Bela forma de mostrar seu domínio — Johnny comentou contagiado pelo sorriso da aluna, dando uma mordidas generosa no pão recém comprado.

── Onde você estava? — Daniel perguntou revoltado, as sobrancelhas quase se tornando uma só.

── "Não estar na luta" — ele zombou de boca cheia, caminhando em direção a saída.

O olhar do LaRusso suavizou ao perceber a inteligência do Lawrence para colocar em pratica as técnicas aprendidas, talvez ele não fosse um caso completamente perdido. O homem se forçou a acenar com um sorriso amarelo para os dois Youngs antes de girar os calcanhares e sair em disparada atrás do loiro.

Chris permaneceu estático, piscando lento algumas vezes como tivesse acabado de acordar de um sonho muito bizarro.

── Seus senseis são muito estranhos.

── Se eu te contar que isso foi uma das coisas mais normais que eu presenciei entre eles dois essa semana — respondeu Theo com um sorriso orgulhoso de orelha a orelha.

── Vou te tirar do karatê.

── NÃO.

˚ ⊹˚.⋆ ₊

── O que vocês duas estão fazendo? — Miguel perguntou, tentando segurar a risada ao ver Theodora e Samantha esparramadas no sofá da casa dos LaRussos lado a lado, os quatro olhos vidrados na cozinha como se fosse um programa de TV interessantíssimo.

── Shhhhhh — repreendeu a loira, dando tapinhas para ele sair da frente como uma criança birrenta.

── Ai!

── Olha — Sam puxou o namorado pelo braço, obrigando ele a se sentar e apontando para a cena que elas testemunhavam.

Johnny, Daniel e Christopher conversavam harmonicamente, bebendo cerveja e fazendo pizzas para o jantar, nenhum sinal de argumentos ou discursões.

O queixo do Diaz foi ao chão.

── Uma semana inteira de trenos sem brigas e agora isso — ele comentou, vidrado — Impressionante.

── Vocês acham que eles se bateram até o ódio acabar? — a Young perguntou fascinada. Até mesmo seu pai e Daniel haviam deixado suas adversidades para trás em prol da recente amizade das filhas — Ou resolveram isso como... Adultos?

Ela torceu o nariz com a última palavra, a imagem dos dois senseis sendo maduros quase tão utópica quanto um Valley sem Cobra Kai.

── Eu não se o que está acontecendo mas estou gostando — a morena completou.

── Mais uma fresquinha e quentinha! — disse o LaRusso mais velho, retirando uma pizza do forno a lenha, enquanto os outros dois homens estavam apoiados na mesa.

── Tem carne suficiente nessa pizza, Lawrence? — Christopher perguntou sarcástico, tomando um pequeno gole da sua cerveja.

── Tem quatro animais diferentes nisso aí. É uma pizza de macho.

O olhar do loiro rapidamente desviou para um dos sofás na sala, onde Amanda e Carmen conversavam como velhas amigas desfrutando de um bom vinho tinto. Os três adolescentes rapidamente disfarçaram, olhando para o teto ou o chão, qualquer outro lugar que não fosse a cozinha.

── Problemas no paraíso? — Daniel perguntou — Vocês vieram em carros separados.

── Estamos bem. Ela só quer ir devagar.

── Ir devagar? Eu não sabia que Johnny Lawrence podia fazer isso.

Chris riu, escondendo o sorriso travesso atrás da sua garrafa. Ele se sentiu bem melhor agora que o clima tenso entre ele e o LaRusso havia se dissipado e de brinde havia conhecido Johnny, que era uma figura no mínimo peculiar mas muito engraçada.

── É mesmo, sabichão? — o loiro jogou uma tampinha na direção ao ex-inimigo, que em um reflexo rápido impediu o objeto metálico de cair no chão.

── Boa pegada — elogiou o Young.

── Obrigado. Um de vocês pode tirar o brócolis do fogo? Vou pegar outra garrafa de vinho na garagem — Daniel se movimentou, tirando o avental que estava utilizando — É aquele treco verde na panela.

── Sem problemas — o Lawrence repousou a cerveja propositalmente fora do porta copos. Ele se debruçou sobre o fogão para retirar a verdura com o auxilio de um pegador metálico, enquanto continuava conversando casualmente com Chris.

── Pai, você sabe onde está... O que você tá fazendo aqui?

A cara de espanto de Anthony ao presenciar o mais velho tão doméstico e pacífico dentro da casa dos LaRussos foi impagável. O Young tossiu algumas vezes para disfarçar uma risadinha.

── Fui convidado — o loiro respondeu seco — Quem é você? — as sobrancelhas franzidas suavizam com realização — Espera você é o filho? O que aconteceu, te obrigaram a fazer dieta?

── Chama-se puberdade, babaca — cuspiu o caçula, indo em direção a geladeira e abrindo uma latinha de refrigerante com um estalo.

── Ainda continua um merdinha.

── Crianças, jantar! Amanda adentrou a cozinha, tomando seu lugar na ponta da mesa como a boa anfitriã que era.

Os três adolescentes disfarçaram mais uma vez, fingindo que estavam assistindo algo no telefone de Samantha ao invés da interação peculiar na cozinha.

── Olha eu acho que nunca vou me cansar de ver vocês juntos Carmen disse sorridente enquanto Daniel voltava com um novo vinho tinto em mãos. Ele encheu as taças das mulheres e a sua própria enquanto os presentes se acomodavam ao redor da mesa.

── A ultima vez que eles estiveram juntos na cozinha... a LaRusso colocou elegantemente seu guardanapo de tecido no colo, torcendo o nariz com a memória Bem, vamos agradecer que as facas estavam bem guardadas completou sorridente.

Theo deixou uma risada nasalada escapar, recebendo uma cotovelada leve do pai sentado ao seu lado.

── Um brinde a isso! Johnny comemorou.

Todos começaram a se servir, o clima leve como se fossem uma grande família nada tradicional e feliz.

── Como vão os negócios, Daniel? — a Diaz mas velha perguntou simpática, quebrando o silencio composto apenas pelo tintilar das louças passando de uma ponta a outra.

── A concessionária está indo muito bem. Quando a Samantha assumir provavelmente já estará no piloto automático.

── Pai...

── Você vai assumir? Que demais! — Miguel virou-se para a namorada com um sorriso orgulhoso.

── Não, é só uma piada interna — Daniel respondeu pela filha, cujo as bochechas começavam a adquirir um tom avermelhado — Quando a Sam era pequena, andava pela lugar como se fosse a dona de tudo.

── Pode culpá-la? Ela praticamente cresceu no showroom — completou Amanda, nostálgica — E quase nasceu lá — ela torceu o nariz, bebendo mais um gole de vinho.

── Mãe...

── Mas a escolha é totalmente dela. Se ela quiser estudar aqui perto ou ir para a USC, UCLA... Vai ser um bônus.

A cada palavra que deixava os lábios do LaRusso mais velho, a jovem citada ia se encolhendo cada vez mais na cadeira. Ela enfiou um grande  pedaço de pizza na boca para se concentrar em outra coisa que não fosse aquela conversa torturosa e ação não passou despercebida para a loira paralela a si.

── Ou tirar um ano sabático e viajar pela Europa — Theodora sugeriu, olhando para a morena a sua frente com um sorriso — Não querendo soar intrometida mas eu seria uma ótima guia turística. 

Os lábios da LaRusso adolescente se curvaram minimamente enquanto Daniel torcia o nariz. A ideia da sua filha gastando um ano da sua vida fora de casa sem nenhum propósito o incomodando profundamente.

── E você Theo? Já escolheu sua faculdade? — Amanda interrompeu antes que seu marido fizesse algum estrago naquela conversa.

── Ainda não, Sra. LaRusso — a loira virou a cabeça para o outro lado da mesa — Estou procurando o melhor programa de bolsa para atletas.

── Ah você pretende levar o karatê para o lado profissional?

── Na verdade, não — ela se explicou, quebrando a expectativa de alguns presentes ao mesmo tempo que brincava ansiosamente com o pingente no seu colar — Patinação artística.

A bebida que Daniel dava um gole despretensiosamente quase voltou para a taça. Ele tossiu algumas vezes para disfarçar enquanto Christopher cerrava os olhos.

── Uau. Não acredito que temos um projeto de Michelle Kwan na mesa — a mulher arrancou uma risadinha tímida da Young.

── Você patina? — o LaRusso perguntou, atropelando a esposa.

Os olhos escuros dele transbordavam nostalgia ao ver uma cópia de Winter falando sobre os mesmos hobbys que ela cultivava e brincando com o exato mesmo colar de floco de neve. A dor do luto o golpeando fortemente no peito.

── Eu parei por um tempo mas estou voltando. Mas é meio impossível chegar em ritmo olímpico competindo em dois esportes.

── Miguel, como vão as aulas? — o Young mais velho mudou de assunto rapidamente, ao perceber o sorriso da filha diminuindo sobre o olhar de Daniel.

── Bem... Ótimo, na verdade.

── Só está tirando dez — Carmen disse orgulhosa.

── É o maior nerdão — complementou Johnny com a boca cheia de pizza.

── Com notas assim, pode entrar onde quiser — Daniel balançou a cabeça, focando na conversa presente e sufocando a saudade de alguém que não estava mais aqui.

── É, eu... Eu gostaria de estudar em Stanford.

── É uma faculdade excelente — o mais velho sorriu com a escolha ousada do garoto.

── Acho que é a sexta melhor do pais. O campus é lindo... — ele se empolgou, sendo cortado bruscamente pela mãe.

── Com certeza tá no topo da lista. Mas a mensalidade... Nossa! A Faculdade de Santa Monica também tá nos planos, né Miggy? Economize dinheiro, more em casa e veremos se conseguimos.

── É...

Ao notar o desapontamento do namorado, Samantha colocou a mão discretamente sobre o braço dele, fazendo círculos suaves com o polegar. Paralelamente ao casal, Theodora ajeitou a postura, coçando a garganta.

── Stanford também tem ótimos programas de bolsa. Se você quiser eu posso te ajudar a aplicar pra uma — a loira sorriu gentil, tentando aliviar o nervosismo evidente do melhor amigo.

── De qualquer forma a Faculdade de Santa Monica também é ótima — Daniel acrescentou — Pertinho da praia. Você já viu o campus?

── Ainda não...

Miguel respondeu enquanto esticava a mão tremula para se servir com mais salada, o braço esbarrando na taça mal posicionada do LaRusso e espalhando o liquido púrpura sobre a toalha de mesa. O homem grunhiu enquanto se levantava, cheirando como um vinhedo graças a bebida respingada sobre suas roupas escuras.

── Sr. LaRusso! Ai, merda! Me desculpe! — ele se levantou alarmado, mordendo a língua enquanto oferecia guardanapos ao mais velho.

── Não se preocupe. É só vinho, certo? — assegurou Daniel, por mais que o descontentamento evidente na sua face dissesse o contrário.

O resto do jantar seguiu pacífico, outrora mais quieto. O incidente havia deixado Miguel cauteloso, respondendo monossilabicamente e medindo o espaço em que ocupava com frequência. Depois de tanto tempo tentando passar uma imagem perfeita a família da namorada, ele tinha certeza que havia arruinado tudo naquela noite.

── Posso mesmo dar aula para os Presas de Águia amanhã? — Daniel perguntou ao Lawrence enquanto acompanhava os convidados a porta.

── Claro — os dois apertaram as mãos — Tive ideias ótimas para melhorar o ataque dos seus alunos.

── Boa sorte — Theo sussurrou para Sam, enquanto vestia sua jaqueta.

── Valeu — ela respondeu com uma risada nasalada.

── Não deixem esse papinho de defesa deixarem vocês molengas — Johnny alertou aos dois pupilos com o dedo indicador esticado.

── Jamais, velhote — Theo provocou, empurrando a mão dele. O mais velho aproveitou a oportunidade para bagunçar os cabelos descoloridos dela, mesmo sobre protestos — Ei!

── Amanhã será ótimo — a Young sentiu os músculos de Miguel tencionarem a distancia — Contanto que o sensei Lawrence traga todos inteiros — completou o LaRusso sorridente.

── Não prometo.

── É melhor prometer.

── Meninos não comecem — Carmen repreendeu, colocando a bolsa no ombro e se aproximando da porta junto com Amanda e Christopher. Theo achou fofa a maneira como seu pai transitava entre os grupos de adultos, ocupando um papel de pai e mãe ao mesmo tempo.

── Tchau, LaRussos — Johnny se apressou, empurrando os mais novos para a saída enquanto os adultos o seguiam rindo suavemente.

── Eu estou falando serio. É melhor eu não ver um arranhão nos meus alunos!

˚ ⊹˚.⋆ ₊

── Você derrubou uma taça de vinho. E daí?

Theodora revirou os olhos pela milionésima vez só naquela manhã, enquanto Miguel repassava milimetricamente os acontecimentos da noite anterior para Falcão. Os três se alongavam no gramado do dojo, esperando o sensei aparecer.

── Não sei, cara. Você devia ter visto como ele falava do futuro da Sam. Eu mal posso bancar um carro imagina uma faculdade. E se acharem que eu não sou bom pra ela?

── Miguel pelo amor de Deus! O ex namorado da Samantha é o Kyler — a loira colocou as mãos nos ombros dele resistindo a vontade de chacoalhá-lo até o cérebro voltar ao lugar. O amor deixa as pessoas estranhas. Ela pensou consigo mesma — Você pode discordar a vontade mas eu te acho bem melhor do que aquele merdinha.

── Na verdade é o Robby — corrigiu o garoto.

── Ah — ela sentiu a língua pesar dentro da boca, enquanto tirava as mãos de cima dele — Ainda sim, não retiro minhas palavras.

── Cara, você é o El Serpiente. O campeão do regional. Mostra a ele do que é capaz — Falcão comentou, arrancando um sorriso do amigo — Não importa o que ele faça hoje, você vai arrasar.

── Comparado ao treino do sensei, Lawrence hoje vai ser como tirar férias — Mitch se intrometeu confiante, alongando os braços por cima da cabeça.

── Quem vai sair de férias? — como uma entidade invocada Daniel apareceu, amarrando sua típica faixa azul sobre a testa.

── Ninguém — respondeu o garoto gaguejando, enquanto suas bochechas esquentavam.

── O que tem para nós hoje? — o Diaz perguntou, desviando a atenção do coitado.

── Venham comigo — o sensei saiu liderando o grande grupo em direção ao lago — Eu sei que vocês aprenderam a acertar primeiro. Mas o que eu quero saber hoje é o que vocês fazem quando o oponente é mais rápido que vocês? — ele perguntou, subindo em um degrau para ficar mais alto.

── São carpas de verdade? — Bert perguntou, os olhos escuros brilhando através das lentes dos óculos.

── São, sim. Nossa aula de hoje será simples. Peguem um peixe.

Diversos pares de sobrancelhas se franziram, inclusive as de Theodora. Era só isso? Nada arriscado? Nenhuma pegadinha?

── Como eu sei que gostam de competição, vamos deixar isso interessante. O primeiro a conseguir terá a honra de liderar a turma durante a semana. E vai poder escolher o próximo sabor de Gatorade.

── Isso ai! — Mitch se empolgou — Espero que gostem do azul.

── Cadê as varas? — a única garota perguntou, interrompendo a comemoração antecipada do colega.

── Na garagem — o LaRusso respondeu com um sorriso — Vocês só vão precisar das próprias mãos.

── Mas isso é impossível — protestou Theodora cruzando os braços.

── Tenho certeza que acharão um jeito.

O grupo de alunos se reuniu ao redor do lado, ponderando como fariam isso mais rápido que os adversários. Daniel sorriu ainda mais largo ao ver o interesse dos adolescentes crescendo.

── Em posição. Preparar. Valendo!

Theo estava certa. Era impossível.

Já faziam cinco minutos que eles estavam debruçados sobre o lago enfiando a mão abruptamente na água gelada e não chegavam nem perto de encostar em um peixe, eles sempre arrumavam uma maneira de escapar. A garota estava prestes a desistir quando um barulho alto de água a fez levantar a cabeça de pressa.

Miguel havia caído e estava encharcado, da cabeça aos pés. As bochechas do garoto adquiriram um tom avermelhado enquanto ele olhava ao redor verificando se alguém tinha testemunhado seu desastre.

Todos tinham visto.

A loira mordeu os lábios com força resistindo a uma gargalhada enquanto os outros presentes riam descaradamente, inclusive o sensei.

── Parece que você acabou se molhando um pouco.

˚ ⊹˚.⋆ ₊

No dia seguinte. o exercício continuou o mesmo. Eles não iriam trocar até alguém conseguir pegar um maldito peixe e Daniel ensinasse aquela lição mas Theodora mentiria se dissesse que aquilo não estava começando a irrita-la.

Ao menos a relação entre Miguel e o seu sogro parecia menos tensa, graças a tarde que tiveram no dia anterior quando o carro da Srta. Diaz precisou de concerto e o LaRusso se disponibilizou a ajuda-la. A conversa que eles tiveram na oficina ainda rondava a mente do garoto.

"No Miyagi-Do, quando um oponente quer te golpear, nós sempre respondemos em movimento circular. Se movendo na direção contraria no qual o oponente espera. A vida também é assim. Você pode alcançar tudo que quiser mas talvez tenha que trilhar o caminho circular."

── Merda! Como eles fazem parecer tão fácil na TV? — Mitch resmungou pela quinta vez, arrancando um grunhido impaciente de Theo.

── Cala boca antes que eu te jogue nesse lago! — ela cuspiu as palavras, arrancando uma risadinha de Falcão.

── Puta que pariu, isso é impossível! — um dos garotos disse ofegante, as mãos vermelhas de tanto baterem contra a água.

── Paciência — reforçou o mais velho, circulando ao redor deles — Vocês vão dar um jeito.

── Eu preferia a tarefa de passar cera... — a Young sussurrou para o Diaz ao seu lado mas parou abruptamente ao perceber o olhar concentrado dele e um sorriso nascendo no canto dos lábios. Theo conhecia aquela cara melhor do que ninguém.

Miguel havia tido uma ideia.

Ele enfiou o pé propositalmente na água, entrando no lago de roupa e tudo. Daniel precisou morder os lábios para conter um sorriso orgulhoso e Theo franziu as sobrancelhas, analisando o que se passava na cabeça do amigo.

── Vamos, entrem! — ordenou o Diaz começando a andar em círculos, seguindo o fluxo das carpas.

A garota resmungou baixinho, se arrependendo da decisão no momento que a água gelada chegou na sua cintura, ensopando as roupas pretas de academia. Os músculos que quase sempre estavam doloridos aproveitaram o choque térmico.

Um a um os Presas de Águia se renderam, adentrando o pequeno lago e caminhando ordenadamente na mesma direção, como crianças brincando de redemoinho na piscina.

── Está dando certo. Eles estão debaixo da prancha — Falcão disse impressionando, ninguém acreditava que aquele plano fazia sentido.

Atento, Miguel foi o primeiro a enfiar a mão debaixo d'água, emergindo com um peixe laranja que se debatia tentando escapar do aperto.

── Temos um vencedor! — o LaRusso comemorou enquanto o aluno sorria orgulhosamente — Muito bem Miguel.

── Finalmente! — a loira resmungou, batendo palmas para comemorar — Podemos nos trocar agora? Estou congelando.

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