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𝑿𝑿𝑰𝑰𝑰. i was born a daughter and not a son.

CAPÍTULO VINTE E TRÊS
Eu nasci uma filha e não um filho.

ROBBY KEENE podia contar nos dedos as noites de sono completas que teve desde que chegou ao reformatório. Em parte porque não confiava nos garotos ali presentes, especialmente Shawn Payne que tinha o dobro da sua altura e resolveu marcar um alvo gigantesco nas costas do garoto.

A outra parte era inteiramente por causa dela.

Toda vez que fechava os olhos, abraçando a escuridão e esperando o sono chegar, o olhar dela surgia na imaginação, repleto de culpa, raiva e tristeza. O garoto sabia que de todas as oito bilhões de pessoas no mundo ele não deveria está pensando na garota loira que nutria um ódio mortal por ele. Mas como ele podia esquecer-lá?

A mão do Keene deslizou sobre a mesa, mudando uma aba do computador para outra. Ele aproveitou seu momento de paz, longe dos olhares dos valentões para checar a caixa de entrada do e-mail.

Os olhos verdes passaram tediosamente sobre as inúmeras mensagens do LaRusso e de sua mãe, se exaltando ao perceber um nome diferente brilhando na tela. O coração de Robby errou uma batida. Ele estava alucinando? Não era possível.

A mensagem foi aberta com certa hesitação, cada letra formando uma sílaba, cada sílaba formando uma palavra, cada palavra formando uma frase que o garoto conseguia ouvir no tom de voz de Theodora.

Não era um pedido de desculpas, era um esclarecimento. Mas era algo. Era algo, partindo dela.

Antes que ele pudesse escrever uma resposta ou se quer assimilar a informação, o computador subitamente apagou. Alguém havia removido a máquina da tomada.

── Ops — Shawn Payne tinha um sorriso divertido nos lábios enquanto brincava com o cabo entre os dedos — Você estava escrevendo para sua namorada? Espero que não tenha perdido nada.

A raiva que preencheu o peito de Robby fez a voz de John Kreese e sua recente visita ao reformatório ressurgir, como um diabinho em seu ombro, enquanto ele se colocava de pé. Talvez o mais velho estava certo, Miyagi Do servia para marcar pontos em torneios, mas isso era a vida real, ele precisava aprender a atacar primeiro.

── Por que não me deixa em paz, cara?

── Isso nunca vai acontecer — o sorriso no rosto do rapaz se tornou mais sombrio, aquela era a sugestão mais estúpida que ele tinha ouvido.

Os punhos do Keene se cerram enquanto ele dava um passo a frente. O Payne sorriu mais ainda, havia conseguido arrancar uma reação diferente do garoto. Mas antes que os dois pudessem terminar o que tinham começado um policial adentrou o cômodo.

── Acabou o intervalo. Voltem para suas celas.

O olhar do Keene se suavizou, porém antes que pudesse caminhar em direção a saída a mão de Shawn envolveu o seu braço em um aperto firme.

── Teve sorte dessa vez, vadiazinha.

── Vamos idiotas — o policial repreendeu, fazendo os garotos se soltarem relutantes, o maxilar do Keene estava travado quando ele seguiu seu caminho.

Ele iria atacar primeiro, só precisava do momento ideal.

˚ ⊹˚.⋆ ₊

Os primeiros dias de aula de Theodora competiam entre si para saber qual eram os piores. Havia o primeiro dia na quarta série quando ela entrou atrasada na sala errada e todos riram exceto uma garota ruiva chamada Maeve que a ajudou a encontrar a sala certa. Ou talvez na oitava série quando sua menstruação desceu pela primeira vez no banheiro feminino e foi obrigada a ouvir uma palestra educacional do próprio pai quando chegou em casa. Ou pior ainda, o fatídico dia da briga...

Mas esse havia se superado.

A garota havia escolhido usar uma blusa preta e jeans básicos, na tentativa passar despercebida mas nada parecia diminuir os sussurros e olhares que a perseguiam a cada aula.

Miguel era visto como o herói, o garoto que havia sobrevivido, Tory e Robby eram os vilões da narrativa, a garota por ter começado a briga e o garoto por ter terminado. Já Theodora e Samantha eram diferentes, elas eram o alvo de todo o criticismo.

Os sussurros nos corredores culpavam a LaRusso por ter beijado Miguel enquanto ela estava com a Nichols, como se beijar fosse o ato que havia começado a briga e não sua motivação. E culpavam a Young pela sua reação exagerada, chamando-a de louca e inventando boatos sobre sua relação com o Diaz, como se ela estivesse secretamente apaixonada por ele e envolta no quarteto amoroso cada vez mais complexo.

Theo sentiu a falta de Aisha aumentar a cada minuto que se passava. Claro que ainda conversava com a garota virtualmente mas não era a mesma coisa. Elas estavam gradativamente se afastando, Aisha estava construindo sua nova vida em uma nova cidade e Theodora estava congelada no tempo, em um verão que já tinha acabado.

── Bom dia — Miguel cantarolou com um sorriso animado, encostando nos armários azuis.

Os treinamentos malucos de Johnny haviam feito efeito, levando o garoto a trocar a cadeira de rodas por muletas e em seguida voltar a andar normal. Ele franziu as sobrancelhas com a falta de resposta, revelando o pouco entusiasmo da garota.

── Você está bem?

── Eu? Estou ótima — a loira respondeu forçando uma falsa empolgação e agarrando o grande livro de álgebra.

── Tem certeza? — questionou uma ultima vez, recebendo um aceno com a cabeça como resposta — O sensei e eu queríamos falar com você sobre o novo dojo...

Theodora fechou os olhos com força, ela sabia que com o apoio de Miguel o Lawrence voltaria a ser sensei, ela só não esperava que fosse tão cedo. Como ela anunciaria para os dois que não planejava voltar para o karatê? Como eles iriam reagir? Seria uma quebra de laço tão grande que afetaria a amizade dos dois? Ou melhor dos três?

── Miguel... — os lábios da garota se partiram, na tentativa de vomitar as palavras presas mas foi interrompida por um grito animado de Falcão.

── El Serpiente! Bem-vindo de volta, cara! a Young se calou, os músculos tencionando enquanto os dois garotos se cumprimentavam.

── É bom estar de volta — o olhar do Diaz recaiu sobre a garota, levemente deslocada na conversa. O de moicano vermelho finalmente notou a presença da mais baixa.

── Oi loira. Bom te ver também.

A garota parou de apertar a alça da mochila para dar um pequeno aceno, um sorriso amarelo presente nos lábios. Falcão voltou sua atenção para Miguel.

── Você está usando pernas biônicas ou algo do tipo?

── Não, são as mesmas boas e velhas pernas humanas — disse o moreno, sorrindo.

── É? Você consegue lutar? Precisa defender o seu título — o garoto brincou dando alguns soquinhos no ar — Vai ter que passar por mim primeiro.

A Young sentiu os músculos tensionarem novamente, enquanto aumentava o aperto dos livros nos braços. Tudo em All Valley girava em torno de karatê, ela não tinha como escapar desse assunto a não ser que corresse e se trancasse no banheiro feminino como uma garotinha chorona.

── A não ser que seja a vez de temos uma vencedora — Falcão virou-se para Theodora novamente. Um sorriso estampava o rosto dele como se o clima tenso entre os dois nunca tivesse existido, agindo como nos velhos tempos — O que diz loira? Quando vai voltar pro Cobra Kai?

A Young engoliu em seco, o nó que se formava na garganta dela se apertando cada vez mais. Ela sentiu como se estivesse se afogando mas sem nenhuma água por perto.

── Na verdade, eu queria falar com você sobre isso — Miguel cortou, notando o desconforto da amiga. Theo estava sem saída, sentindo o desespero fazer as palmas das mãos suarem e a respiração desregular. O sinal ecoou pelos corredores, anunciando o início da primeira aula — Podemos conversar no almoço?

── Claro — Falcão abraçou o amigo, antes de caminhar para sua sala.

── Te vejo no almoço? — o Diaz perguntou dessa vez para a loira, estranhando o distanciamento da garota.

── Se eu sobreviver até lá — ela respondeu com um sorriso suave  — Tenho duas aulas seguidas de matemática.

── Por favor não morra — o garoto sorriu também, antes de se despedir com um pequeno aceno e sumir entre a multidão do corredor.

Theodora apertou a alça da mochila com força, caminhando em silencio e tentando ignorar os sussurros e olhares que pareciam sempre a acompanhar.

Um ótimo dia para esquecer seus fones de ouvido.

Ela subiu a escada em passos hesitantes, sentindo a respiração acelerar a cada degrau. A garota adentrou a sala, abstraindo os pescoços que quase quebraram para julgar-la da cabeça aos pés, ela respirou fundo caminhando até a antepenúltima carteira e se sentando ao lado de Demetri.

── Eu soube que ela estava dormindo com Miguel quando ele e Tory estavam juntos, por isso que ela chorou tanto.

── Que vadia. Tory deva ter batido nela também.

A Young ouviu os sussurros nada discretos de duas garotas sentadas na primeira fileira. Ela fechou os olhos e cerrou os punhos, respirando fundo, a ansiedade, dor e raiva submergindo. Não podia surtar, isso só pioraria os boatos, o melhor que ela poda fazer era esperar passarem.

── Ei, você voltou! Bem-vinda de volta — Demetri exclamou, finalmente percebendo a presença da garota ao seu lado — Eu tenho todas as anotações de quando você faltou, se precisar.

Theo sorriu genuinamente, ao menos ela ainda podia contar com ele, não importa quanto tempo passasse. Entretanto, o sorriso da garota rapidamente se desmanchou enquanto os olhos se alargavam, ao notar o gesso que envolvia o antebraço dele até um pouco acima do cotovelo.

── Que caralhos aconteceu com seu braço? — a loira questionou preocupada.

── Fratura no radio proximal — Demetri deu de ombros como se não fosse nada, ele esticou um marcador vermelho para ela — Quer assinar?

Theo o repreendeu com o olhar, querendo respostas mais concretas.

── Temos muito o que conversar — o garoto respondeu, percebendo que não tinha como engana-la.

˚ ⊹˚.⋆ ₊

Foi impossível para Theodora não marchar em direção ao refeitório quando o sinal do almoço tocou, a raiva transparecendo nos olhos cinzentos dela enquanto ela interrompia a conversa de Miguel e Falcão.

── Você tem merda na sua cabeça? — exclamou a Young se colocando entre os dois garotos.

── Eu não sei o que você tá falando, loira — o de moicano vermelho acrescentou com um sorrisinho de canto, provocando a raiva da garota.

── Theo... — Miguel tentou interromper.

── Ele quebrou o braço do Demetri.

As palavras que saíram dos lábios de Theo fizeram o sorriso de Falcão despencar enquanto o moreno se virava indignado.

── O que? — questionou o Diaz, sua feição endurecendo enquanto ele ficava ao lado da garota, como um guarda costas.

── Como você pode fazer uma coisa dessas? Ele era seu melhor amigo — Theo acrescentou, resistindo o desejo do próprio punho de encontrar a face dele.

── Devia me agradecer por te vingar — cuspiu Falcão para o amigo, ignorando as palavras duras da Young — Eles começaram a briga. Nós terminamos.

── Não foi isso que o sensei ensinou — rebateu Miguel.

── Ele não é o meu sensei.

── Depois de tudo, você ainda o trai?

── Ele nos traiu primeiro.

── Não é você falando isso. É o Kreese, ele entrou na sua cabeça... — o Diaz disse, a voz se tornando mais mansa conforme a raiva desaparecia. Theodora sufocou uma risada sarcástica. Como Miguel podia perdoa-lo tão rápido?

── Você é um covarde de merda — foi a vez da garota cuspir as palavras apontando para o peito dele — Você acha que Kreese liga pra você? — a voz dela se arrastou, em um sussurro afiado fazendo os olhos do garoto se exaltarem — Somos todos peões no joguinho sádico dele. Mais cedo ou mais tarde ele vai achar alguém pra te substituir e eu vou estar lá pra dizer 'eu avisei.'

── Você pode mudar isso — Miguel ignorou as palavras duras da melhor amiga, dando um passo a frente esperançoso — Saia do Cobra Kai e venha para o nosso dojo. Se você vier, outros seguirão. Podemos mostrar que não somos valentões. Pode ser como antes.

A menção do novo dojo junto ao pronome possessivo "nosso" fez o nó na garganta da garota se apertar novamente. Ela não queria criar um terceiro caminho naquela briga, ela queria fugir, queria ser covarde e voltar a viver no mundo normal, mas essa opção parecia cada vez mais distante.

── Novo dojo? — Falcão franziu as sobrancelhas.

── Ei galera! Vejam esse cara andando por ai com um pau na mão — Kyler gritou, atraindo todos os pares de olhos na cafeteria para Demetri e a pichação recém feita no gesso do garoto. Um coro de risadas escandalosas se formou enquanto o garoto se encolhia e se retirava.

── Ótimos novos amigos, Eli — Theodora comentou, sem se preocupar com o ódio crescente do garoto graças a menção do antigo apelido. Saindo do refeitório com passos pesados.

˚ ⊹˚.⋆ ₊

── Vai ver ela só está atrasada — Miguel comentou, checando o celular novamente para ver se Theo havia respondido alguma mensagem. Johnny andava de um lado para o outro, afundando a grama do parque enquanto marchava — Assim como os outros.

Após a revelação do acidente de Demetri, a Young havia sumido pelo resto do dia. Chegando até mesmo a perder o confronto do sensei com seus ex alunos, em especial Falcão.

── Dane-se isso — o Lawrence amaldiçoou, chamando a atenção dos cinco alunos presentes, os rejeitados do Cobra Kai — Vamos começar.

Os garotos se entreolharam confusos, se alinhando na posição inicial enquanto Johnny continuava andando de um lado para o outro discursando.

── Este é o primeiro dia. Já estivemos aqui antes. Mas as coisas mudaram. Tentaram nos derrubar. Não funcionou! Disseram que precisávamos de um teto e quatro paredes. Que se dane! Esse parque será nosso novo dojo. Porque não é preciso ter um dojo para ser um dojo.

Miguel torceu o nariz, ao menos o mais velho estava tentando.

── Entenderam?

── Sim, sensei! — os garotos responderam em uníssono fazendo um pequeno sorriso surgir nos lábios do Lawrence.

── Eu comecei o Cobra Kai com um nerd. Isso aqui já é um avanço — Johnny apontou para os pupilos — E se vamos levar isso a serio, precisamos de um nome que mostre respeito. Um nome que evoque poder e domínio. Najas são fortes. Podem mandar na selva, mas o mundo é mais do que isso. E só há um animal que pode matar uma cobra.

── Um mangusto? — o Lawrence franziu as sobrancelhas com a resposta inesperada, fazendo uma careta.

── Um animal que existe, Bert.

O mais velho rebateu, se virando para alcançar uma caixa de papelão cheia de camisetas vermelho escarlate com uma estampa de águia no meio.

── Conheçam o Karatê Presas de Águia!

── Mas águias não tem presas... — antes que Mitch pudesse terminar seu comentário o loiro atirou uma camisa na direção dele, ordenando a todos os alunos que vestissem.

── Certo pessoal, em formação.

── Sensei, olhe — o olhar de Miguel focou no horizonte, onde Falcão se aproximava junto a alguns outros garotos do Cobra Kai, resultando em um sorriso feliz de Johnny.

── Ainda tenho o dom — o loiro murmurou pra si mesmo — Parece que nossa turma acabou de ficar maior, abram espaço.

O sorriso do mais velho rapidamente despencou quando o próprio Kreese se juntou ao grupo de alunos, marchando com a cara fechada. O Diaz reconheceu alguns rostos familiares, Falcão, Tory, Kyler e até mesmo Catherine ao lado do mais velho.

Se Theodora estivesse ali o Diaz poderia ouvir sua voz resmungando sem filtro sobre a hipocrisia da garota de feições asiáticas. O medo dela em não conseguir derrotar o inimigo, fez a Lewis se juntar ao inimigo.

── Eu te disse. Cobra Kai é para sempre — o garoto de moicano vermelho disse afiado, enquanto John colocava a mão sobre o ombro dele orgulhosamente.

Os dois senseis deram passos a frente para conversar em um tom de voz mais baixo.

── Relaxe, Johnny. Eu não vim lutar — o mais velho disse retirando os óculos de sol.

── Então porque está aqui? — o Lawrence cuspiu as palavras, apertando o olhar.

── Quero lhe fazer uma oferta pra voltar ao Cobra Kai, que é onde você pertence.

── É louco se acha que eu vou me juntar a você de novo — resmungou — O lixo que ensina pra eles, as merdas que estão fazendo, virou um desastre. E a culpa é sua.

── Terei que discordar. Eu me importo com os meus alunos. Eles são fortes e verdadeiros lutadores — o olhar do Kreese recaiu sobre o garoto atrás de Johnny com um sorriso debochado — Eles não cometeriam o erro de mostrar compaixão e acabar em um coma.

Com a menção do acidente, Miguel deu um passo a frente se juntando ao sensei protetoramente, fazendo Falcão fazer o mesmo ao lado do Kreese, como dois cães de guarda preparados para brigarem.

── É isso, Johnny. Não haverá outra chance.

── Ótimo — o Lawrence rebateu com os dentes trincados, resistindo a vontade de começar uma briga ali mesmo.

Os lábios do mais velho se partiram enquanto um sorriso maquiavélico iluminava a face dele.

── Você fez sua escolha. E você vai se arrepender.

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