𝑿𝑿𝑰𝑰. modern love letters.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
Cartas de amores modernas.
OS OLHOS de Theodora já estavam pesados e o corpo dolorido de ter passado o dia inteiro na pista de patinação mas o sono se recusava a chegar. Ela se revirava de um lado para o outro nos lençóis macios tentando arrumar uma posição confortável, na tentativa de calar seus pensamentos.
A garota deitou de barriga para cima, observando os adesivos que brilham no escuro, colados no teto quando era mais nova. As pequenas estrelas luminescentes não combinavam mais com a decoração atual do quarto mas ela nunca tentou tirar porque traziam um sentimento de nostalgia, o conforto da infância.
Por um segundo Theo se perdeu em seu mar de pensamentos de novo.
Afundando nas memórias que a tele transportavam para o passado, quando ainda tinha o cabelo naturalmente castanho sentada no chão daquele mesmo quarto, com as pernas encolhidas contra o peito em posição fetal, enquanto sua cabeça estava jogada pra trás.
Os olhos cinzas estavam estáticos nos adesivos de estrela colados no teto. Será que sua mãe era uma estrela agora? Pra onde iriam a alma daqueles que se foram? Seria a morte um puro triste e escuro vazio?
Era estúpido se perguntar isso. Nem mesmo cientistas brilhantes e religiosos dedicados sabiam o grande mistério da vida após a morte. Por que ela uma garotinha de onze anos teria a resposta?
Theo só esperava que sua mãe estivesse em um lugar melhor. Esperava que algum dia elas pudessem se reencontrar e os braços de Winter estariam abertos para afagar os cabelos escuros da primogênita, herdados de si. Esperava que ela ainda pudesse estar orgulhosa.
A porta do quarto rangeu, indicando a presença de alguém. Mas a garota não se movimentou. Uma silhueta ocupou o lugar ao seu lado, compartilhando a exata mesma posição.
Nenhuma palavra foi dita durante longos minutos.
A única coisa ouvida era os pulmões dos dois em sincronia e a batida rítmica da cortina contra a janela aberta.
── Seu pai disse que você faltou o treino — a voz doce de Robby invadiu os ouvidos da morena. Pelo canto do olho a garota conseguia ver os olhos do amigo sobre si, exalando preocupação.
── Estava cansada — respondeu, rouca.
Não era totalmente mentira, ultimamente a garota não tinha forças para nada. Os dias eram cinzentos e repetitivos, manchados pelo luto.
── Você nunca está cansada demais para ir pro gelo — o garoto inclinou a cabeça pro lado de maneira adorável, a informação compartilhada como um segredo.
── As vezes eu te odeio por me conhecer tão bem.
O comentário arrancou uma risada nasalada do Keene e quanto menos esperava Theodora estava sorrindo também. Os olhos dela pairaram sobre ele, um sentimento reconfortante como uma lareira acesa no inverno se espalhando pelo peito.
A mão de Robby deslizou sobre o tapete, entrelaçando os dedos nos dela. Um acordo silencioso de nunca abandona-la.
No silêncio que preenchia o quarto, Theodora se pegou pensando sobre como o Keene conseguia ler através dela, todo o conflito interno que nem ela própria era capaz de expelir.
Theo havia passado semanas ouvindo as mais bonitas palavras sobre a perda, diversos abraços vazios e buquês de flores que incensavam a cozinha. Mas nesse momento o simples gesto do garoto fez ela se sentir vista e válida.
Antes que pudesse conter uma lágrima escorria pelo rosto pálido.
Ela não havia chorado no funeral. Não havia chorado quando o caixão foi posto sobre a terra. Nem mesmo quando as flores foram arranjadas delicadamente sobre o túmulo. Mas agora não conseguia controlar os soluços que escapavam cada vez mais violentos.
Robby se aproximou, envolvendo o corpo da garota ao redor dos próprios braços delicadamente. Ele estava familiarizado com a dor do luto, ou pior, com a dor de alguém que escolheu partir.
Ambos compartilhavam feridas parecidas de diferentes lados da moeda. E ali no silêncio do quarto semi iluminado compartilhavam da própria vulnerabilidade, sem palavras, apenas ações.
A Theodora do presente não sabe porque essa memória emergiu justamente agora. Ela agradeceu mentalmente pelo escuro do quarto que escondia sua vulnerabilidade enquanto se sentava, colocando os pés nos chão frio e afastando os lençóis.
Os olhos cinzentos vagaram pelo quarto bagunçado parando sobre o computador repleto de adesivos descansando sobre a escrivaninha. A garota se pois de pé, atravessando o cômodo, se esticando para pegar o objeto e voltando para o conforto dos lençóis.
A luz da tela fez a loira piscar atordoada e os dedos logo começaram a trabalhar, enchendo o quarto com o barulho rítmico das teclas sendo pressionadas rapidamente, tentando acompanhar o ritmo dos seus pensamentos.
Ela precisava expelir sua confusão de alguma forma. Se não falada, então escrita. Afinal, quais eram as chances dele responder?
Poucas, mas nunca nulas.
˚ ⊹˚.⋆ ₊
── Isso é uma péssima ideia — Theo disse, jogada no sofá de Johnny, com os pés repousando sobre a mesa de centro. O mais velho estava usando um polia presa ao teto com corda presa ao peitoral de Miguel para levanta-lo, enquanto a garota loira checava a caixa de entrada do e-mail pela centésima vez no dia.
── Vai dar certo — protestou o Lawrence, virando-se para o garoto — Preparado?
── Odeio isso. É ridículo — o Diaz grunhiu tentando firmar os dois pés no chão, o peso do corpo sendo sustentado pelo mais velho.
── O que há de ridículo nisso?
── Eu pareço um bebê gigante — a resposta inesperada fez Theodora soltar uma risada nasalada, abrindo o aplicativo da câmera no celular.
── Olha que bebê lindo, prestes a dar seus primeiros passos! — ela provocou, tirando fotos do amigo.
── Pare com isso — Miguel se esticou para roubar o eletrônico da garota, que foi mais ágil se esquivando com um sorriso arteiro nos lábios. Mas logo em seguida, obedeceu o pedido, abaixando a câmera.
── Do jeito que você está fazendo birra está mesmo parecendo um bebezão — Johnny rebateu, fazendo o garoto bufar impaciente.
── Não há um jeito mais... Descolado de fazer isso?
── Tipo colocar fogo na sua calça? — a loira respondeu afiada, resultando em um revirar de olhos do Diaz.
── Acha que bater o pé te deixou preparado para um treino pesado? Suas pernas ainda são molengas! — refutou o mais velho, puxando um pouco mais as cordas — Pronto pra ficar de pé?
── Sim.
── Um, dois, três...
Ao fim da contagem regressiva o Lawrence soltou as cordas e Miguel deslizou em direção ao chão como se os musculos fossem gelatina. A Young não pode evtar torcer o nariz, imaginando a dor do impacto.
── Você caiu melhor dessa vez — ele disse tentando se manter positivo enquanto o garoto resmungava. Talvez esse treino houvesse muitas falhas mas Johnny tinha conseguido algum progresso, mesmo que mínimo, e não estava disposto a desistir — Vamos fazer uma pausa.
O Lawrence sumiu em direção ao quarto em busca de algo para completar seu plano mirabolante, Theo levantou em um pulo em direção a cozinha e Miguel se arrastou, sentado no chão, até a mesa de centro.
── Minha mãe tem falado muito de você recentemente — o Diaz anunciou em voz alta com os olhos curiosos enquanto assistia a garota loira retirar um pote de sorvete de menta do congelador.
── Sério? — a voz do mais velho soou abafada mas os adolescentes podiam imaginar o sorriso suave no rosto do homem.
── Ela agradeceu por ter me levado no show.
── Só isso? — Johnny surgiu do corredor, disfarçando seu interesse nas palavras de Carmen.
Theodora colocou uma colherada de doce na boca, franzindo as sobrancelhas. Os olhos cinzentos dela procuraram os de Miguel como cúmplice, mas o garoto era lerdo demais para perceber a informação debaixo do seu nariz.
── Sim — o garoto respondeu simples, apontando para o computador do mais velho — Está escrevendo um livro?
A loira engasgou, sufocando uma risada. Johnny Lawrence nem se quer lia livros, quanto mais escrever um.
── Desculpe — ela respondeu, limpando o canto do lábio com os dedos enquanto o Lawrence apertava os olhos na direção dela.
── Não, é uma mensagem no Facebook — o homem se jogou no sofá, passando as mãos sobre a calça jeans e ignorando a resposta anterior da garota.
── Isso? Para quem? — questionou Miguel, surpreso.
── Uma garota da escola — Johnny deu de ombros, tentando soar indiferente — Ali.
── Ali? Tipo A-L-I? A garota da sua história com o LaRusso? — a Young apoiou os cotovelos na bancada, apontando a colher em direção ao sensei. O loiro assinalou com a cabeça fazendo o rosto do Diaz se iluminar com um sorriso cada vez maior.
── Que incrível! Isso é incrível! Mas... Você não vai enviar, vai? — a pergunta deixou o Lawrence confuso — Você não pode mandar essa mensagem.
── Ah qual foi, não deve está tão ruim — Theo protestou, colocando outra colherada na boca.
── Tem no mínimo umas 80 páginas — Miguel continuou — E está todo em maiúscula.
── Oh Deus, é ruim.
── Temos 35 anos de assuntos para colocar em dia — Johnny tentou se defender, puxando o eletrônico das mãos do adolescente.
── Você não precisa escrever um TCC — a garota rebateu, fechando a porta da geladeira e se juntando aos dois na sala.
── Mensagens curtas são mais legais — completou o Diaz — Assim parece que está desesperado.
── E é meio assustador — a garota reforçou, sentando-se em uma poltrona, voltando a relaxar os pés na mesa de centro.
── Enviar isso para ela seria como curtir todas as fotos dela.
Os segundos de silêncio que seguiram a metáfora de Miguel foram cômicos, até que se tornaram preocupantes, revelando a resposta do mais velho.
── Jesus Cristo... — Theodora resmungou, escondendo o rosto nas mãos — Eu desisto de vocês, homens apaixonados.
── Mas eu gostei das fotos! — Johnny murmurou, apontando para a tela do computador — Se tem um botão que diz exatamente isso, por que eu não clicaria?
── Porque ela pode ver — o Diaz instruiu, enquanto Theo já havia derretido de vergonha no seu assento.
── Eu estava animado, tá? — bufou — Ela mandou um sorriso com a bochecha vermelha. Que porra isso significa? Ela está com febre? Com tesão? O que faço?
── É uma carinha. Sorridente — retrucou Theo, com uma careta no rosto enquanto o mais velho revirava os olhos.
── Ela quer saber o que você tem feito. Ótimo. Podemos salvar isso — Miguel interrompeu antes que uma sequencia de implicâncias começasse entre o sensei e a melhor amiga — Vamos fazer um perfil irado para você. Aí estará em uma posição melhor. Primeiro, precisamos de fotos. Tem alguma?
Johnny sorriu, levantando-se em um pulo e voltando alguns minutos depois com uma caixa de fotos impressas. O homem espalhou todas as imagens sobre a mesa de centro, enquanto o garoto analisava as possiblidades.
── São minhas únicas fotos. Não tirei muitas após o ensino médio.
── Tem alguma onde esteja de camisa, talvez? — Miguel perguntou, fazendo Theodora morder os lábios para evitar uma risada.
── Aqui — o loiro estendeu mais duas fotos de si mesmo jovem, utilizando uma regata minúscula na cor branca.
── É melhor que a gente tire fotos novas — concluiu o garoto.
── Tipo nos dias de hoje? — os dois adolescentes concordaram com a cabeça — Não sei se quero que passe óleo em mim. O óleo de bebê destaca tudo.
A Young arregalou os olhos, enquanto torcia o nariz.
── Ew — resmungou — Ninguém vai passar óleo em ninguém.
── Pensei em algo mais contemporâneo — continuou o Diaz ao mesmo tempo em que uma lâmpada se acendia na cabeça de Johnny.
── Sim! Vamos ver quais são os interesses da Ali e tirarei fotos fazendo isso!
── Não acho que esse era o objetivo — os adolescentes murmuraram em uníssono.
── Não farei yoga. Farei carinho em um cão. Será que o aquário me deixa nadar com golfinhos? — o Lawrence começou a listar as coisas nos dedos — Quer saber vamos "fotomatar" isso. Vamos lá, Hot Wheels.
Johnny se levantou em um pulo, caminhando até a porta com entusiasmo. Miguel e Theodora se entreolharam analisando o que poderia dar de errado nessa ideia, até a garota se por de pé também.
── Vamos lá. Temos uma garota pra impressionar.
˚ ⊹˚.⋆ ₊
Miguel já estava cansado de tanto apertar o mesmo botão do celular. O barulho incessante do flash já estava gravado no subconsciente dos adolescentes, eles já haviam fotografado Johnny em uma livraria, em uma exposição de arte e agora em um restaurante japonês.
── Que merda é essa? — Johnny perguntou, enfiando o hashi no meio do sushi.
── Não é assim que... — Theodora tentou contestar mas o homem estava mais interessado em cheirar a comida e torcer o nariz — Esquece.
── É um sushi — o Diaz explicou, pacientemente — Ele tem abacate fresco, pepino picado, caranguejo e unagi em cima.
── Unagi? Que porra é um unagi? — perguntou o Lawrence.
── Enguia fresca.
── Enguia? Tem gente que gosta dessa porcaria?
── Você tinha que escolher o pior prato do cardápio? — foi a vez da loira fazer uma careta enquanto analisava a comida.
── É muito popular. Abra sua mente — rebateu o garoto.
── Só tire uma boa foto.
O Diaz levantou a câmera do celular novamente enquanto Johnny levava a peça de sushi a boca, pousando para a câmera. Assim que o garoto terminou o mais velho cuspiu tudo no prato fazendo Theodora imitar um barulho de vomito e Miguel observa-lo indignado.
── Eu vou lavar a minha boca — o loiro se levantou, com um guardanapo em mãos — Vai querer?
── Não — o garoto na cadeira de rodas respondeu desapontado — Não quero mais.
── Você quer mais alguma coisa? — Theo perguntou, mordendo os lábios. Os olhos castanhos do garoto ainda focados no prato arruinado enquanto ele negava com a cabeça — Eu vou pagar a conta.
A Young se levantou, sumindo em direção ao caixa dentro do estabelecimento. Ela pagou com algumas notas meio amassadas do bolso de trás da calça jeans, deixando uma pequena gorjeta.
Quando estava prestes a sair novamente, seus olhos se encontram com o de Tory, parada na porta de entrada usando roupas de garçonete. As duas congelaram.
Um filme passou na cabeça das duas, elas podiam ter sido amigas, mais unidas do que realmente foram, Aisha era o elo que ligava as duas, agora com a ausência da garota era como se elas fossem estranhas novamente. Ainda haviam preocupações e carinho mútuo mas agora era como se barreiras externas estivessem sido erguidas entre elas, era estranho, desconfortável.
Tory ajeitou a alça da mochila nos ombros, marchando para dentro do estabelecimento, fugindo do olhar preocupado da garota. Ela não precisava da pena de ninguém, Tory Nichols era auto suficiente.
˚ ⊹˚.⋆ ₊
── Concentre-se! — Johnny repetiu ríspido quando Miguel caiu no chão pela centésima vez naquela semana — Vamos lá! Você está pior do que ontem, nem está tentando. O que houve?
Theo estava deitada de cabeça para baixo no sofá, os pés cobertos pela meia apoiados na parede enquanto checava o celular. Sem resposta. Ainda.
Ela precisava esquecer essa história, ele não iria perdoa-lá e tinha toda a razão em não fazer isso. Era como provar do próprio remédio, o rancor.
O Diaz revirou os olhos, soltando ar pelo nariz e consequentemente enfurecendo o mais velho mais ainda.
── Você viu sua ex. E daí?
── Johnny... — a loira repreendeu.
── E daí? Que hipocrisia. Passamos o dia fazendo coisas pra sua ex — rebateu o garoto com o maxilar travado — Fazendo você parecer mais interessante, praticamente outra pessoa. Ao menos eu contei a verdade para a minha ex!
A Young se virou no sofá, ajeitando a postura e sentando atenta. O ar parecia um pouco mais espesso no cômodo, como se as palavras que escapavam fossem faíscas em um balde de pólvora.
── Já parou de choramingar ou está desistindo? — o Lawrence cuspiu.
── Você é que está — Miguel murmurou pra si mesmo.
── O que disse?
── Você está desistindo.
── Eu não sabia...
── Cale-se! — o Diaz gritou, água acumulando no canto dos olhos enquanto o nó que havia se formado na garganta finalmente se afrouxava, despejando as palavras com violência — Você deixou o Kreese tomar seu dojô. Deixou o Falcão, Tory e todos os outros acharem que é fraco.
── Porque começar tudo isso foi um erro — rebateu Johnny tentando se defender, apontando para o garoto — Eu revivi o Cobra Kai e veja o que aconteceu.
── Você ajudou muita gente e foi embora como um covarde.
Theodora cravou as unhas no estofado se sentindo uma intrusa por um momento. Ela concordava com Johnny, o karatê tinha revivido problemas demais, reacendido chamas apagadas, coisas que ela preferia que estivessem trancadas as sete chaves. Entretanto, ela podia entender a frustração de Miguel.
── Você é um sensei. É isso o que você é. Se não consegue enxergar isso, então você está cego — uma lágrima solitária escapou pelo rosto do garoto, fazendo a Young abaixar o olhar para não deixa-lo mais desconfortável.
Os olhos cinzentos dela se arregalam ao olhar para o chão, a realização atingindo a garota com uma onda de adrenalina e formando um sorriso que contrastava com a conversa atual.
── Miguel...
── O que? — o moreno se virou com raiva para a irmã, tentando entender porque ela parecia hipnotizada nos pés dele.
Os pés de Miguel, estáveis no chão. O garoto estava em pé sem nenhum apoio.
── Estou fazendo isso?
Uma risada de alívio escapou dos lábios de ambos os adolescentes. A garota se levantou em um pulo, envolvendo ele em um abraço apertado.
── Puta merda! — Theodora riu, os próprios olhos marejados enquanto os dois se soltavam.
Foi a vez de Johnny gargalhar, emocionado, ignorando a discursão anterior e apertando o mais novo em seus braços. A garota sorriu feliz, eles três eram como uma família nada tradicional, preenchendo os espaços vazios um dos outros.
Ao menos ela esperava que eles continuassem assim, mesmo quando ela dissesse que não planejava voltar ao karatê.
Alex atualizando na quinta-feira, depois de
sumir por quase um mês, que história é essa?
Pois é amigos, vou fazer uma atualização dupla pra compensar o meu período off, tive um bloqueio criativo gigantesco resultante de algumas complicações da minha vida pessoal. Obrigado por serem pacientes, espero que não tenham desistido de mim nem da nossa loira favorita!
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