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𝑿𝑿. i hate it here.

CAPÍTULO VINTE
Eu odeio aqui.

             THEODORA passou mais tempo observando sua figura no espelho do que devia. A porta do banheiro estava trancada e havia uma caixa de tinta sobre o balcão da pia mas a garota estava estática, com a camiseta levantada, revelando um pouco do top preto que usava, enquanto passava a ponta dos dedos sobre as costelas.

Não havia nenhuma dor. Nenhuma cicatriz. Nem um sinal de que aquela área havia sido fraturada. Theo parecia novinha em folha, graças aos milagres das células do corpo humano.

Deus, como ela queria que as coisas fossem fáceis assim no caso de Miguel.

O garoto agora esperava por uma cirurgia de alto risco, que poderia lhe fazer voltar a andar ou alimentar falsas esperanças enquanto gerava uma dívida mortal a Senhorita Diaz.

A Young suspirou, apoiando-se na bancada da pia e deixando a camiseta cinza voltar para o local original. Ela analisou o próprio cabelo cujo o comprimento começava a passar do ombro e o tom voltava a cor natural, castanho escuro.

Será que algum dia ela voltaria a se sentir confortável com o cabelo natural? Ou será que estava condenada a viver o resto da vida em um mar de descolorante e tintas agressivas? Será que Miguel voltaria a andar? E enquanto a lutar? Será que Catherine Lewis a odiava? Será que algum dia ela conseguiria perdoar Robby?

A loira não soube como seus pensamentos viajaram tão rápido para o passado. Quando menos esperava lá estava ele de novo, com seus olhos verdes a encarando enquanto era detido pelos policiais.

Theo sentiu um arrepio subindo pela nuca. Raiva? Culpa? Arrependimento? Ela não sabia dizer. O Keene teve o que mereceu. Não teve?

A Young se sentia sufocada, afundando em um mar de incertezas.

A pergunta certa seria: Será que Robby algum dia a perdoaria?

Theo se inclinou sobre o balcão alcançando a tesoura e a caixa de tinta para cabelos. A única coisa que sabia no momento era que seus cabelos não voltariam a cor que ela havia herdado de Winter.

˚ ⊹˚.⋆ ₊

A risada suave de Miguel preenchendo o quarto de hospital fazia o coração de Theodora um pouco mais leve e a mente um pouco mais quieta. Os lábios da garota se curvaram levemente para cima, enquanto um episódio de 'How I Met Your Mother' passava na TV. Ela estava sentada no pequeno sofá e o garoto ainda não havia saído da maca.

── Nem acredito que eu nunca tinha visto essa série — o garoto comentou, se aconchegando nos travesseiros.

── Isso é porque você é um desaculturado — a Young riu, também se ajeitando para ficar mais confortável.

── Ainda não vou assistir Game of Thrones — rebateu Miguel, sabendo dos planos de doutrinação da amiga.

── Você está sendo preconceituoso.

── E você é uma nerd.

── Você também.

── Mas você é mais — a loira esticou a lingua na direção dele, fazendo o moreno cair na gargalhada.

Theo já podia ter voltado ao colégio mas o seu atestado de seis semanas ainda estava válido. Então todo e qualquer tempo que ela pudesse passar com o Diaz e sem os olhares curiosos, comentários ácidos e trabalhos tortuosos, a garota estaria aproveitando.

Os dois irmãos voltaram a atenção para o seriado, rindo de mais uma piada besta, quando uma silhueta se fez presente na porta. O ar presente no quarto ficando mais espesso conforme a tensão aumentava.

── Oi — Samantha disse baixinho, abraçando o próprio corpo. Theo rapidamente pausou a televisão, ajeitando a postura.

── Oi — o garoto respondeu sem graça.

Hora de se retirar. Letreiros com luzes neons piscaram na mente da loira enquanto ela secava as mãos suadas na calça jeans e se colocava de pé.

── Eu vou... Pegar um chocolate na maquina de lanches.

A Young e o Diaz se entreolharam. O garoto acenou com a cabeça, respondendo pergunta silenciosa da melhor amiga se ficaria bem sozinho.

── Foi bom te ver, LaRusso — a loira sorriu simpática, sendo retribuída desanimadamente.

Quando Theo atravessou o quarto ela não pode deixar de notar a cicatriz exposta no braço de Samantha, feita pelo golpe com a pulseira de Tory. A garganta da garota fechou aos poucos, tornando a saliva densa de engolir.

Se ela não estivesse parado, se a voz de Johnny não tivesse invadido sua cabeça durante a briga, aquele também seria o estado de Catherine. E o pior de tudo, ela seria a culpada.

Uma imensa tempestade de pensamentos estava tomando conta de Theo contra a vontade dela. Ela não conseguia controlar a direção e muito menos a velocidade. Estava de mãos atadas, completamente vulnerável. Quanto mais ela pensava, mais as coisas simples transformavam-se em uma espiral afundando cada vez mais pra baixo, a torturando lentamente.

A loira caminhou sozinha pelo corredor familiar e antisséptico, enquanto abraçava o próprio corpo, admirando a ironia do destino por alguns segundos.

Theo costumava odiar hospitais. Eles a lembravam do tratamento contra o câncer da sua mãe e a assustavam com a possibilidade de uma herança da doença. O sentimento só piorou com a briga na escola mas agora a impotência das paredes brancas e do forte ar condicionado não tinham o mesmo efeito sobre ela. O problema não era o local, era dentro da cabeça dela.

A garota avistou a máquina de lanches, depositando algumas moedas e apertando alguns botões enquanto o chocolate escolhido fazia seu caminho.

A mente da garota voltou as consequências da briga na escola. Os olhos verdes de Robby ainda estavam cravados no subconsciente de Theo, alimentando a curiosidade da garota sobre seu estado no reformatório. Ela estava com raiva, tudo que mais queria era se livrar do garoto e agora que estava longe o suficiente, ele a assombrava dentro da sua cabeça. Assim como tinha feito anos antes... A historia estava fadada a se repetir.

A Young pegou o celular no bolso de trás da calça jeans, digitando rápido com os dedos trêmulos. A respiração dela começou a desregular enquanto o aparelho era colocado no ouvido e o barulho de chamada ressoava.

── Polícia de All Valley. Como posso ajudar?

Theodora não se lembra de como passou da primeira fase da ligação. Parecia que seu coração havia ficado tão agitado quanto da primeira vez, ansiando por ouvir a voz dele. Em contrapartida, seu cérebro gritava o quão estúpida essa ideia era. O que ela deveria dizer? Oi, desculpe por te mandar pro reformatório mas você meio que mereceu?

── Alô? — Robby soou sério do outro lado da linha.

Theo foi obrigada a segurar a respiração, o sangue correndo intensamente pelos ouvidos, enquanto a voz dele dele ecoava em meio ao silencio do ambiente, em contraste com o barulho das inúmeras vozes dentro de sua cabeça.

── Senhor LaRusso? Por favor pare de ligar...

A garota desligou, ficando estática com o celular em mãos e o chocolate esperando ser pego na máquina.

Por que ela havia feito isso? Por que não conseguia tirar Robby Keene e seu maldito olhar de culpa da mente? E acima de tudo, por que havia essa estranha preocupação com o estado do garoto? Por que não conseguia se sentir aliviada que ele estava pagando pelos seus erros?

Theodora pegou o doce da máquina mas o apetite havia sumido. Ela girou os calcanhares caminhando em direção ao quarto de Miguel, o caminho registrado no subconsciente.

A garota precisava arrumar um jeito de calar a própria mente, de sufocar esses pensamentos antes que a impulsividade tomasse conta dela. O karatê não era mais uma opção.

Ela estava a alguns metros de distância do destino quando subitamente parou, o tom da conversa que Samantha e Falcão estavam tendo em frente ao leito despertando Theodora dos seus devaneios.

── É muita coragem vir aqui depois do que seu namorado fez — cuspiu o de moicano vermelho.

── Não me importo com o que você pensa. Só quero ajudar — a LaRusso respondeu, sem se deixar abalar pela ameaça ou pela proximidade do garoto.

── Acho que já fez o bastante, princesa — Falcão rebateu com seu sorriso de canto afiado, sumindo em direção ao quarto. Samantha abaixou o olhar cabisbaixa, se dirigindo a saída.

Theodora se viu em meio a uma encruzilhada e antes que pudesse pensar melhor sobre a situação para tomar uma atitude racional, seus pés caminharam contra sua vontade, seguindo a morena.

── Samantha — a garota se virou, um pouco desacreditada com a abertura da loira. Theo remexeu os dedos ansiosamente — Eu só queria saber se você e a Catherine estão bem.

A LaRusso mentiria se dissesse que estava esperando essa pergunta, principalmente de Theodora e seu histórico com o Cobra Kai. Ela cruzou os braços, descansando os dedos sobre a cicatriz como uma maneira de se proteger.

── Estamos bem, obrigada — Sam respondeu, tentando soar amigável por mais que seu desejo fosse fugir de qualquer pessoa que pudesse está relacionada com sua agressora.

── Só queria dizer... — a loira se atrapalhou com as palavras, gaguejando. Ela mal conseguia entender o que estava passando na sua cabeça, quanto mais verbalizar — Deixa pra lá. Tenha um bom dia.

Theodora sorriu sem graça, dando meia volta. Samantha fechou os olhos respirando fundo enquanto ponderava uma ideia idiota por alguns segundos.

── Ei, Theodora — chamou, fazendo a loira se virar, também levemente surpresa — O Miagyi Do vai fazer um lava-jato amanhã, para arrecadar fundos para a cirurgia do Miguel. Se você quiser se juntar a nós — a morena mordiscou o lábio. Era como se ela estivesse negociando paz com o inimigo — Eu sei que você é do Cobra Kai e tudo mais...

── Eu vou ver se posso ir — Theo colocou a mão nos bolsos de trás do jeans, compartilhando um meio sorriso com a LaRusso.

˚ ⊹˚.⋆ ₊

── Você não vai? — Christopher apontou para a televisão ligada no jornal local, onde Samantha anunciava o lava-jato beneficente. O mais velho parecia apressado, lutando contra o nó da gravata.

── Eu só sei que Miguel precisa de ajuda. Nós te amamos, Miguel — a LaRusso disse angelicalmente olhando em direção a câmera. Sentada na beira do sofá, tomando seu café da manhã, Theo não pode deixar de notar como o cabelo dela parecia esculpido ao redor do rosto. A garota fazia jus ao apelido de 'Senhorita Perfeitinha.'

── Já fizemos nossa doação direto para o hospital — lembrou a loira, dando uma mordida barulhenta na sua torrada — Além disso, é uma ação do Miagyi Do.

── Eu pensei que você ia esquecer esse negócio de rivalidade de dojos — o mais velho retrucou com a sobrancelha franzida.

A Young mais nova torceu o pescoço para observar o pai.

── É exatamente por isso que eu não vou. 

── Bom, eu vou precisar do carro — Chris mudou de assunto, agora ajustando os punhos do terno — Se você for visitar o Miguel, vai precisar ir de ônibus.

── Na verdade, eu tenho outros planos — Theo respondeu, atiçando a curiosidade do mais velho, que infelizmente, estava atrasado demais para continuar os questionamentos.

── Me conte tudo no jantar — ele depositou um beijo no topo da cabeça dela antes de pegar a maleta com seu mais novo projeto e se dirigir em direção a saída da casa  — E não faça nada estúpido.

── Mas você está levando toda a estupidez com você — implicou a loira com um sorriso no rosto, resultando em uma risada do Young mais velho, antes de bater a porta.

Theo não havia mentido sobre erguer bandeira branca em toda a guerra entre os dojos, ela estava se retirando do tabuleiro, virando a Suíça.

Mas isso não impedia a necessidade da garota de clarear seus pensamentos, alinhar sua ansiedade que estava loucamente descontrolada. Ela precisava se mexer para colocar a cabeça no lugar.

A pista de patinação estava vazia, apesar de ser um sábado, o karatê realmente tinha ameaçado todos os outros esportes de extinção no Vale. Theo estava sentada na arquibancada, apertando os cadarços do patins, que graças a deus ainda a serviam.

Ela se levantou, caminhando até o gelo, retirando a proteção das lâminas dos solados. A sensação de deslizar sobre o chão quase sem atrito era mágica, era como se a garota estivesse flutuando.

Theodora deu algumas voltas na arena para balancear o equilíbrio, ela ainda tinha uma memória muscular muito boa por mais que estivesse enferrujada.

Ela fechou os olhos, ganhando velocidade enquanto se preparava para fazer um salto simples. A brisa gelada beijando o rosto da garota enquanto ela se mexia com elegância.

Os pés saíram do chão, uma pirueta, duas...

A Young aterrissou, ou melhor, caiu de bunda no gelo. Ela passou alguns segundos em silêncio, os olhos cinzentos analisando ao redor, percebendo que ainda estava sozinha e ninguém havia testemunhado seu desastre.

E então, Theodora riu. Ela riu sozinha até as bochechas doerem, enquanto se levantava para tentar novamente. Havia uma leveza emocional em patinar, mesmo que na parte física fosse o oposto. Ela tinha usado o karatê para esquecer a paixão pelo esporte e agora estava fazendo o contrário, usando a patinação para fazê-la esquecer do dojo.

Theo tentou uma, duas, três, vinte vezes até conseguir aterrissar um dos saltos simples que costumava fazer. Quando ela finalmente atingiu o objetivo com maestria, a garota ficou estática sorrindo sozinha enquanto o peito subia e descia rapidamente tentando regular a respiração.

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