𝑰𝑿. nothings new.
CAPÍTULO NOVE
Nada é novo.
O CHEIRO do ar-condicionado do automóvel causava um certo conforto em Theodora, que encostava a testa no vidro gelado, assistindo as paisagens passarem pelos seus olhos rapidamente, enquanto os músculos fadigados relaxavam pouco a pouco.
A imagem do seu sensei não comemorando a vitória ainda estava marcada na mente da loira, em looping. Ela sabia da rivalidade de anos com Daniel LaRusso, mas porque o homem teria ficado tão afetado com Robby ser o aluno dele?
E Robby...
Robby Keene era um maldito fantasma.
Justamente quando a Young achou que estava conseguindo lidar melhor com o passado, focando no presente, o garoto resurge abrindo os portões do inferno. A garota apertou o maxilar, involuntariamente, o que atraiu a atenção de Christopher.
── Você está bem? — o mais velho perguntou, batucando no volante a música que ressoava baixinho. The Smiths, a loira reconheceu depois de alguns segundos.
── Hm... Estou — Theo se ajeitou no banco, olhando para o troféu no seu colo — Terceiro lugar, pela primeira vez competindo é muito bom. Eu só fui pela participação.
Chris sorriu suavemente, desviando o olhar da estrada por alguns segundos.
── Eu sei, você arrasou muito — a resposta sincera do Young mais velho arranca uma risadinha nasalada da garota — Mas eu estava falando do problema Keene...
Claro que Christopher estava atento aos detalhes, ele era um pai preocupado. Os cantos dos lábios de Theo curvaram levemente com a brincadeira.
── Estou bem, cem por cento — ela disse — Juro de dedinho.
Christopher esticou um dos mindinhos na direção dela, sem tirar os olhos da estrada, a Young mais nova riu baixo antes de entrelaçar o dedo no dele.
Mas por quanto tempo ela estaria bem?
Um encontro com Robby foi um acidente... Dois, era o acaso... Agora três? Mais do que isso?
A garota não sabia como reagiria ao fardo que a presença dele carregava, principalmente ao lado de Samantha LaRusso já que agora eles eram supostamente amigos.
˚ ⊹˚.⋆ ₊
── Tenho que admitir, é bem legal está numa festa da vitória — Demetri comentou, roubando uma porção dos nachos dispostos na mesa. O grupo de amigos estava em um restaurante comemorando o resultado no torneio.
── É, mas você não teve nada a ver com a vitória — rebateu Falcão, roubando o alimento da mão do amigo. Theo se remexeu levemente desconfortável, enquanto os lábios de Demetri se partiram, chocados.
── Vou considerar que é a festa atrasada da nossa vitória na competição de codificação. Lembra? — ele sorriu gesticulando — Demetri e Eli, irmão binários.
As risadas das três garotas presentes na mesa ecoaram mas Eli manteve uma carranca com o maxilar travado.
── Pega leve com as nerdices — o garoto de cabelos azuis sussurrou, resultando na diminuição do sorriso do amigo.
── E o Miguel? — Moon o cortou — A comida vai esfriar.
Os amigos se entreolharam, enxergando o Diaz sozinho em uma mesa, com uma feição não muito agradável em direção a tela do celular.
Duas palavras: Samantha LaRusso.
── Isso definitivamente não é bom — sussurrou Aisha para a loira paralela a ela.
── Nem um pouco — a Young respondeu, dando um gole do próprio refrigerante e se levantando junto a amiga.
Falcão se juntou as duas, se aproximando da figura cabisbaixa.
── El Serpiente! Aí está você.
Theo envolveu os braços nos ombros dele, o abraçando por trás, resultando em um sorriso murcho do Diaz. E logo em seguida se sentou ao lado do amigo, junto a Aisha e o Moskowitz.
── É assim que você comemora o troféu de campeão? — a garota de óculos pergunta tentando descobrir o que havia acontecido.
── Ela me bloqueou.
A resposta do amigo fez a garota loira torcer o nariz involuntariamente. Péssimo sinal.
── O que você faz quando é bloqueado? Contra-ataca — Falcão argumenta, com um sorriso de canto — Mas não bata nela dessa vez.
Imediatamente o Moskowitz foi fuzilado pelo olhar das duas garotas presentes.
── Que foi? Cedo demais? — Theodora afirmou com a cabeça — Olha, o que eu estou dizendo é para não desistir.
── Estraguei minhas chances com ela — Miguel resmungou.
── Dá um tempo, a Sam vai repensar — Aisha aconselhou, em um tom sábio e delicado.
── Ou talvez não — todas as cabeças voltaram-se para o garoto de cabelos azuis, os lábios da Young se separaram mas nada foi dito — Você é o campeão! Pode pegar qualquer garota do Vale! Você é tipo o Drake. Aproveite.
Falcão se levantou com uma feição animada, sem se preocupar com o que havia acabado de dizer, voltando para o lado da namorada.
── Jesus Cristo, coitada da Moon — a loira sussurrou pra si mesma e em seguida balançou a cabeça se expulsando do transe.
── Não sei se quero ser o Drake — respondeu Miguel, desapontado.
── Relaxa, você não é — rebateu a Young, arrancando sorrisos suaves dos presentes — De qualquer forma, Aisha está certa, dê tempo ao tempo.
˚ ⊹˚.⋆ ₊
── Já era hora — Theo se desencostou na parede em frente ao Cobra Kai, quando Miguel e Falcão chegaram, em cima do horário.
Um pequeno grupo de alunos novatos esperava o inicio das aulas animados, os olhos dos de cabelo azul ignoraram completamente a garota, voando na direção das próximas vitimas enquanto os cantos dos lábios se curvavam de forma maquiavélica.
── Alunos novos? — o Diaz perguntou, franzindo as sobrancelhas com curiosidade.
── Carne fresca — Falcão deu algumas batidinhas no peito do amigo, caminhando em direção aos novatos.
O Diaz e a Young se entreolharam, ela deu de ombros e ambos seguiram o caminho.
── Os campeões — um garoto alto com a pele negra sussurrou altamente.
O sorriso de falcão se alargou, como um vilão de desenho animado.
── Olha só.
Alguns resmungos protestantes ecoaram da Young e de Miguel, mas isso não impediu a ordem de saltar da boca do Moskowitz.
── Ei, cabeças ocas, saiam — disse rispidamente.
── Desculpe — o garoto respondeu animadamente, enquanto seu amigo se esquivava saindo do caminho — Eu abro a porta.
── Querem ser cobra kais? — o de cabelos azuis analisou os dois garotos antes de cerrar os punhos e pular em um ataque falso, fazendo os novatos recuarem assustados — Tem muito chão pela frente.
Theo e Miguel mordiam os lábios para conter um riso nasalado e quando o grupo de amigos finalmente adentrou o dojo, a garota liberou o sorriso, achando a situação engraçadinha. Não tinham feito nada demais no torneio, mas o acontecimento recente fez parecer que o grupo era celebridades.
── Eu poderia me acostumar com a mordomia — a Young confessou, rindo.
Mas os três rostos imediatamente se fecharam perplexos ao ver o espelho que faltava, claramente havia sido quebrado, e os resquícios de fuligem na parede combinados ao alarme de incêndio disparado.
── Que porra aconteceu aqui? — questionou o Diaz.
── Parece que o sensei deu uma festa — Aisha deu de ombros, se alongando.
── Deve ter sido boa, teve até fogos — Falcão analisou o ambiente sorrindo.
O grupo de amigos retirou os sapatos, subindo no tatame e se juntando ao grupo que já se aquecia. Enquanto o grupo de novatos parecia um burburinho ambulante.
── Silêncio! — o tipico grito do Lawrence fez o barulho se extinguir — O dojo está fechado para novos alunos hoje.
── Mas viemos por causa do torneio...
── Preciso repetir? — Aisha e Theo se entreolharam, se dependesse do humor do sensei o treino do dia não seria nada leve — Saiam. Voltem amanhã. Com cheques.
O grupo desapareceu tão rápido quanto surgiu.
── Todos, em formação!
Os veteranos se alinharam no tatame.
── A festa foi boa sensei — provocou Falcão.
── É, comemorou o fim de semana? — Miguel se juntou, ambos sorriam.
── Comemorei o que? Meus alunos são mulherzinhas.
A expressão dos dois amigos murchou, Theo automaticamente se virou na direção de Aisha sussurrando sem emitir som: "Estamos fodidos."
A de óculos mordeu os lábios em uma mistura de ansiedade e riso.
── Diaz, Falcão, aqui na frente — os garotos obedeceram o comando, curiosos — Falcão. Você atacou seu adversário pelas costas?
O Lawrence rodava os alunos como um gavião olhando para suas presas.
── Sim, sensei — respondeu hesitante.
── Diaz, atacou de propósito a lesão do seu adversário?
── Sim, sensei — a resposta saiu mais firme dos lábios de Miguel.
── Acha que são valentes? — o Diaz e Eli se entreolharam. Era uma pergunta retórica? Uma pegadinha? Eles haviam ganhando o torneio certo? Feito o que era preciso para acontecer. Por que Johnny estava agindo assim? — Pergunta difícil? Talvez precisem de ajuda. Senhorita Young!
── Sim, sensei — Theodora endireitou a posição, colocando as mãos atrás do corpo.
── Duas cobras em uma selva — a loira franziu as sobrancelhas tentando imaginar onde isso ia parar — Uma mata o leão mais forte, a outra mata um macaco aleijado. Qual cobra quer ser?
── A que mata o leão, sensei.
── Por quê?
── Porque matou o animal mais forte.
── Correto! — o grito do Lawrence fez os dois garotos travarem o maxilar — Um cobra kai é valente. E o mais valente é aquele que vence o seu adversário que está no seu melhor. Não quando está de costas — repreendeu o sensei, cara a cara com Falcão — Nem machucado — repetiu, dessa vez de frente para o Diaz — Entendido?
── Sim, sensei — o dojo inteiro respondeu.
── Isso significa que chega de trapaça. De golpe sujo. Daqui em diante, isso será coisa de fracote. E não querem ser fracotes, né?
── Não, sensei.
── Ótimo. Pedi que viessem de faixa branca porque vamos recomeçar — os olhos de Theo se alargaram com a informação, ela e Aisha trocaram um olhar semi desesperado. O que caralhos havia ocorrido no final de semana para enlouquecer ainda mais a mente de Johnny Lawrence? — Diaz e Falcão, 50 flexões de mão fechada. Senhorita Robinson, lidere o aquecimento.
── Sim, sensei.
Aisha se dirige a frente do tatame, enquanto Miguel e Falcão se esquivam no canto, cumprindo a ordem do mais velho.
Theo conseguia sentir no ar o clima tenso, algumas peças faltavam no quebra cabeça dela. Johnny estava escondendo algo, mais profundo do que a estúpida rivalidade com o LaRusso e ela iria descobrir.
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