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𝕆𝕟𝕖𝕤𝕙𝕠𝕥.

Tobirama Senju.

E então surgiu o vazio, em sua forma mais crua e incolor, não há palavras para descrever o quão intenso pode ser a ausência de algo... de alguém, você apenas sente por entre sua pele e torce para que o segundo seguinte não seja tão dolorido quanto o próximo, e então esse sentimento se mescla com o arrependimento e só é demais para você suportar, chega um momento que tudo que tu imploras é respirar sem sentir seu pulmão queimar a cada lufada, as lágrimas parecem perder o sentindo a cada derramar e teu corpo parece mil vezes mais exausto e te lembra como era os tempos de grandes guerras. Esse é o vazio, você tenta descrever o indescritível e sente que suas palavras não são o suficiente para fazer o próximo compreender, porquê não existe compreensão.

Movo-me lentamente sobre o emaranhado de cobertores e lençóis sentido um latejar em minha cabeça soltando um palavrão em tom baixo, péssima escolha, minhas cordas vocais parecem rasgar minha garganta e clamar por água, um último resmungo foi ouvido antes de meus pés descobertos finalmente conseguirem tocar no chão, senti mais uma pontada de dor na cabeça seguida por uma leve tontura e um tremular de pernas.

Prometo nunca mais beber novamente.

Menti a mim mesmo um pouco decepcionado por saber que estou enganando apenas meu ser, eu iria retroceder no meu juramento e "provar" saquê mais cedo ou mais tarde, iria me arrepender e dar minha palavra de que seria a última vez, toda a ação já está virando um loop eterno de embriaguez e arrependimentos.

Agradeci aos céus por não ter nenhuma lâmpada acesas e recompensei meu eu do dia anterior por não ter esquecido a única janela aberta ou as cortinas dobradas, minha ressaca está ao nível alarmante demais e tudo oque eu menos preciso no momento é de claridade, se é que eu posso chamar o sol de um inverno de claro, as nuvens apenas cobria todo o céu para agraciar o chão com infinitos flocos de neve.

Fui em direção à pequena escrivaninha desorganizada, os papéis da minha pesquisa já esquecida estavam amassados e eu me perguntei se a letra ainda estava legível o suficiente para que o trabalho não fosse em vão, suspirei derrotado quanto tudo que eu encontrei foi uma mancha preta de tinta com palavras tão distorcidas que pareciam as letras de um analfabeto, definitivamente minha inquirição não podia ser salva.
Não houve irritação de minha parte, uma pequena parcela de culpa me atingiu, entretanto, somente isto, meu eu de alguns meses atrás estaria deveras tempestuoso, todavia apenas o vazio existia.

Eu ao menos me lembro para que serviram estes papéis.

Um grande estrondo foi captado por meus ouvidos enviando uma onda de dor ao meu cérebro, não tive tempo de praguejar até a última geração do infeliz que ousou interromper minha reclusão já que a porta havia sido arrombada e dois invasores entraram como trovões em meu quarto.
Ocorreu apenas um milissegundo de quietude antes de eu ser bombardeado de todos os palavrões imagináveis e promessas de execução.

O de cabelos negros como ébano gritava em uma voz rouca palavreados diversos enquanto prometia arrancar minha cabeça fora, seus olhos brilhavam em cor vermelho vibrante banhados em lágrimas de dor, ele era impedido apenas por um grande aperto de cintura proporcionado pelas grandes mãos de Hashirama, esse que no que lhe concerne clamava por calmaria do Uchiha.
Isso se seguiu por alguns minutos antes da voz do Madara ficar tão falha que era impossível dele profanar algo a mais, ouve um desabar da parte do moreno, ele parecia não conseguir ficar mais de pé tampouco segurar as lágrimas com tanta firmeza, ele ficou aos prantos, ocorreu um grito angustiante onde ele desesperadamente tentou liberar toda a dor no clamor, algo pareceu o dilacerar por dentro e tudo que lhe restava era se agarrar aos abraços de Hashirama e prantear.

Tobirama: Eu sinto muito.- pedi em um sussurro.

Não havia mais orgulho em meu ser, não há nada que me impeça de rastejar em busca de migalhas de perdão, naquele quarto não havia Senju e Uchiha, havia o arrependido e o quebrado, eu esqueci de todo o ódio dos Uchihas semeado por anos e anos de guerras a fio, tudo apenas sumiu assim que a katana rasgou as córneas visuais do Izuna, o vermelho vibrante que saiu de lá sujou meu sangue, minha armadura, minha alma, não houve honra em finalmente golpear o pequeno, não me senti satisfeito como sempre me sentia quando arrancava o coração de algum inimigo, o primeiro choque ocorreu e depois o arrependimento assim que o grito agudo saiu da garganta do moreno, eu que só estava acostumado a ouvir grito de guerra do outro me senti tão... assustado que não soube como reagir, e depois veio o reconhecimento de minha própria ação, ali naquele campo de guerra eu acabara de apagar a identidade de Izuna Uchiha e levar comigo um pedaço de sua alma.

Madara: VOCÊ NÃO TEM O DIREITO! Não foi você que ficou cego, é uma afronta se trancar neste quarto enquanto meu irmão apodrece em uma cama!.- ele berrou raivoso, sua voz falhou novamente e assim que terminou a sentença começou a tossir fortemente.

Hashirama não o afastou em nenhum momento, permaneceu ao seu lado como um bom cão adestrado que é.

Naquele momento algo aconteceu em meu corpo, um calor de preocupação se apoderou de mim e eu cheguei até a estranhar a sensação, não possuía espaço para o vazio quando a preocupação existia. Existiu então a compreensão, o entendimento de que eu não era a vítima da história e sim o inimigo, clamar por perdão enquanto seco uma garrafa de saquê é patético e vergonhoso, Izuna é e sempre será o mais machucado do ocorrido, ele não só perdeu a visão como também perdeu a ligação com sua família, seus ancestrais.

Depois da percepção dos fatos comecei a visitar o Izuna todo dia, na primeira semana ele não me deixou entrar e eu tive que ficar do lado de fora contando histórias do passado e torcendo para que o moreno ao menos estivesse escutando, depois o Uchiha me deixou entrar ainda sem falar uma palavra e em todas às vezes eu aguardava até o anoitecer e ficava a velar teus sonhos, e então ele finalmente disse, suas primeiras palavras foram "eu te perdoo", chorei tanto aquela noite que no dia seguinte meus olhos estavam inchados e ao seus arredores grandes manchas vermelhas, nunca abri um sorriso tão grande quanto o daquela manhã. Uma estranha amizade surgiu dali e sem que eu percebesse a primavera começou, Izuna me confidenciou adorar as flores e que sua estação favorita era essa, me senti tão mal por ele não consegui mais apreciar as cerejeiras que fiz uma coroa de flores com todos os brotos mais lindos que achei, ele ficou envergonhado e com as bochechas rosadas prometeu-me a confecção de uma também coroa de flores, quando ele conseguiu produzir a tiara após horas as flores estavam fora do lugar e o arranjo quase se desfazia, eu tenho a coroa até hoje.

Hoje estávamos mais uma vez em seu quarto, o seu corpo repousava em cima da cama e em sua mão havia uma escova de cabelo, a cena mais uma vez se repetia, o pequeno tentava pentear as madeixas e acabava se frustrando por não conseguir desistindo no processo e esperando até a chegada de seu irmão, já está ficando torturante demais ver ele desistir de seus cabelo então decido tomar uma iniciativa.

Tobirama: Ei, você quer que eu cuido disso?.- perguntando levantando-me da poltrona.

Ele pareceu ficar assustado por um instante antes de acenar com a cabeça, essa é uma reação recorrente do moreno, depois do acidente ele acabou por ficar muito assustado com tudo, eu sempre tinha que anunciar minha chegada antes de entrar no quarto e às vezes eu não podia tocar nele sem me pronunciar antes, sempre que isso acontece ele se encolhe um pouco antes de relaxar.

Suas bochechas ficaram um pouco vermelhas antes dele dar um breve aceno com a cabeça, ele se ajeitou na cama ficando com a costa ereta e suspirando derrotado, a tempos eu venho percebendo o quão pra baixo ele está, compreensivo claro, entretanto, o principal motivo era dado por sua vaidade, Izuna sempre foi muito vaidoso e desde que perdeu a visão ficou mais desarrumado, ele se esforçava, porém sem olhos para o guiar a missão era sempre um fracasso, o dito cujo já me disse pedir opinião ao Madara, todavia o outro Uchiha não é um exemplo de ser vaidoso e sempre concordava com o irmãozinho para não o ver magoado, Izuna claro que percebia o estado de si mesmo e ficava decepcionado pelo irmão não ter uma opinião verdadeira ou forte o suficiente.

Parei ao seu lado e lhe pedi o objeto em sua mão esperando até que o mesmo me entregasse, ele estendeu a escova e com cautela minha mão se aproximou da sua, nossos dedos se esbarraram por um segundo e isso me deixou corado, para não causar mais constrangimento tomei o objeto de sua posse e comecei a escovar o seu cabelo com cautela, os fios negros eram finos e macios apesar de estarem embaraçados e eu só pude apreciar o quão sedoso ele é.

Tobirama: Não sei como você consegue manter essa cabeleira.- resmunguei em tom brincalhão.

Um pequeno riso saiu do menor.

Izuna: Seu irmão também tem cabelo grande, talvez maior que o meu.- me lembrou risonho.

Tobirama: E toda vez que ele chegava de uma grande guerra acabava reclamando que algum inimigo quase arrancou o cabelo fora.- disse-lhe rindo das lembranças.

Era algo que eu estava cansado de ouvir, mesmo o Hashirama sendo um ótimo ninja ele ainda cometia alguns erros em campo e um desses era deixar o inimigo agarrar os seus cabelos, claro que isso só interferia a batalha por um milissegundo antes do Senju recuperar a compostura e devolver o golpe, oque importa é que ele sempre reclamava disso como se uma faca tivesse o perfurado e eu sempre ouvia e dizia o quão bom é ter cabelos curtos, ele ficava fazendo caras e bocas por alguns segundos como o bom dramático que ele é e logo depois já mudava de assunto.

Izuna: Jura? Madara e eu nunca tivemos esse tipo de problema.- falou debochado e brincalhão.

Eu ri baixinho de seu humor ácido.

Tobirama: Ei! Não seja tão debochado, eu também nunca tive esse tipo de problema, assim como também nunca precisei ficar meia hora penteando o cabelo.- fingi estar indgnado soltando logo uma risada fraca.

Ele resmungou falsamente indgnado.

Izuna: Pelo menos meu cabelo é mais belo que o seu.- debochou emburrado.

Tobirama: Que belo o que, teu cabelo tá parecendo um ninho de rato.- falei maldoso.

O pequeno pareceu ficar seriamente preocupado e suas mãos começaram a passar por entre os fios, cor ébano, era claro que ele não havia entendido meu tom de sarcasmo e agora procurava desesperadamente por uma imperfeição no couro cabeludo, isso era apenas mais uma prova de que seus cabelos são como uma parte de sua alma, é muito importante para ele e ao pensar que o mesmo está bagunçado ou em ruínas vi seu ser entrar em desgraça. Um aperto no meu peito me deixou sem ar, o bom e velho arrependimento se apossou de mim e um pedido de desculpas ficou preso em minha garganta, só não me desculpei pela milésima vez, pois o moreno já estava cansado demais de ouvir minhas lamúrias.

Tobirama: Eu só estava te zoando, seus cabelos são... perfeitos e eu amo o cheiro do seu shampoo.- elogiei com o rosto em combustão.

Ele parou de procurar as imperfeições repentinamente, suas bochechas ficaram tão vermelhas quanto as minhas, um sorrisinho pequeno e trêmulo surgiu em seus finos lábios rosados, em um ato de timidez ele juntou as pontas dos dedos indicadores.
Ver-lo assim tão acanhado e envergonhado me despertou um sentimento quente, meu estômago se revirou e meu coração se aqueceu, é nova está sensação e eu tive tanto medo dela que acabei me concentrando em seus cabelos novamente para esquecer.

Izuna: Você tá falando sério?.- perguntou baixinho.

Ele continuava com a mesma postura de retraído.

Tobirama: Eu estou falando seríssimo, nunca vi um cabelo tão perfeito quanto o seu.- elogiei novamente desta vez mais meigo.

Quando me dei conta já estávamos no verão, as flores já não eram tão bonitas como anteriormente, o ar era quente grande parte do dia dando espaço para uma mísera brisa apenas ao anoitecer, minhas visitas ao Izuna pararam de ser algo cordial e passaram a ser necessário, sempre que eu perdia um minuto do meu dia sem ver o moreno eu acabava por ficar estressado, chegou ao ponto de até o Hashirama notar meu comportamento perante ao Uchiha, agora sempre que o Senju tem oportunidade acaba me zoando por isso, eu sempre fico envergonhado quando isso acontece.
Descobri que Izuna odiava o verão, por conta de seus longos cabelos o moreno sempre tinha que andar com um coque alto e passar muito protetor solar já que sua pele é tão leitosa quanto a minha, claro que estou sempre ao seu lado ajudando como eu posso, sua cegueira já não era um grande empecilho, o moreno demorou para se adaptar à nova condição, entretanto fez isso com determinação como em tudo que ele faz, Izuna até mesmo faz deboche de sua condição com o humor ácido dele.

Mexi-me novamente sobre a toalha quadriculada, era um pouco desconfortável ficar tanto tempo assim exposto ao sol, mas este é um sacrifício à ser feito, Izuna odiava a temperatura elevada, todavia quando Madara descobriu que ele corria do sol como o diabo corre da cruz o obrigou a tomar um pouco de vitamina d, ele ficou emburrado com essa ideia de sair do conforto de seu quarto onde há um ventilador potente e uma cama confortável, tive que organizar um piquenique apenas para ter sua presença. Agora cá estamos nós, estirados sobre a toalha, fazendo nossa fotossíntese diária.

Izuna: Ei, quando você vai me dar algo para comer, só vim pelos onigiris.- reclamou emburrado.

Ri de seu bico e balancei a cabeça em negação, abri a cesta de palha que continha nossos suprimentos e tirei de lá um pequeno pote onde continha os onigiris de tomate que o pequeno é tão apaixonado, tirei o bolinho feito por mim do recipiente e levei até a mão do Uchiha, claro que anunciando antes de me aproximar, ele segurou a comida sentindo a textura com os dedos antes de levar até a boca e dar uma grande mordida no bolinho, ao redor de sua boca havia um mini grão de arroz.

Tobirama: Tem um pedaço de arroz na sua boca.- avisei.

Ele passou os dedos sobre os finos lábios, o pequeno grão continuava lá e eu não pude deixar de rir com sua ação pouco infantil. O mesmo pareceu ficar raivoso com minha risada oque só acarretou em uma gargalhada mais alta.

Izuna: Queria não ser cego, sabe, só para poder te acertar um tapa na cara.- esbravejou emburrado.

Eu apenas ri mais ainda com sua graça não me contendo, com calma eu me aproximei dele, suas pernas estavam em posição de w e em seu rosto havia uma carranca, com calma levei meu polegar até o grão de arroz tirando se seu lábio inferior, sua face ficou tão vermelha que até poderia ser confundida com seu antigo sharingan, eu paralisei diante de sua atitude, ele pareceu uma obra de arte perante a luz solar que conseguia iluminar tão bem seus olhos vazios e seu rosto corado que não pode deixar de contemplar, era apenas sublime demais, de repente uma súbita vontade de o beijar possuiu meu coração e como ímãs são atraídos eu entrei em órbita sobre a situação e me inclinei lentamente sobre ele.

Izuna: Tobi?.- sussurrou perdido.

Porra!.

Me afastei subitamente resmungando que o arroz já havia saído, droga! Se ele não tivesse falado nada eu... eu continuaria? Eu iria selar os meus lábios com os seus perdendo assim nossa amizade que é tão preciosa?.

E assim se passou o verão, naquele dia o piquenique ficou com um clima constrangedor e eu acabei por ir mais cedo para casa, claro que deixando o moreno em sua residência antes, a estação foi regada de uma timidez que surgiu entre nós dois e sempre era temporariamente quebrada pelo humor ácido do outro. Em uma tarde qualquer enquanto eu lia um livro em voz alta na poltrona do quarto do Uchiha e o mesmo se refrescava na frente do ventilador o quarto foi invadido pelo Madara, ele ficou bravo assim que me viu e estava prestes iniciar uma briga quando seu irmão disse para ele ficar quietinho senão iria ficar de castigo, eu achei tão engraçado a cena que não resisti em rir alto e debochado, Madara não gostou nadinha e falou "não sei o porquê do meu irmão gostar tanto de você, você é algum categoria de namorado dele?", nunca fiquei tão envergonhado em toda minha vida, Izuna foi rápido ao revidar e disse "eu não fico provocando você com o Hashirama, espero que você faça o mesmo", o fato dele não ter negado de que éramos namorados me deixou tão feliz que eu simplesmente esqueci do episódio do piquenique.
Bom, finalmente outono.

As folhas alaranjadas caiam no chão e quase todas as noites choviam forte, Izuna me disse adorar sentir o cheiro da chuva e por conta de sua cegueira o olfato assim como os outros sentidos haviam aumentado, agora o moreno sempre ficava com o rosto colado na janela de seu aposento para poder apreciar o cheiro singular da chuva, como eu sei disso? Passei a dormir em sua casa em algumas noites para o fazer companhia, inicialmente eu estava acanhado e o Madara fazia questão de lembrar que minha presença não era bem-vinda, eu acabava citando sua suposta paixão pelo meu irmão e logo ele ficava de bico fechado e de bochechas coradas, claro que nunca cheguei a comentar com o outro Senju já que suspeito que não é unilateral e tudo que eu menos preciso agora é deles dois juntos.

Meus dedos trabalhavam rápido para poder finalizar sua grande trança sem deixar nenhuma imperfeição, o moreno iria checar durante pelo menos 10 minutos antes de ter certeza de que está deslumbrante e não reclamar, é sempre assim e depois de algumas semanas eu acabei me acostumando, finalizada o penteado pude finalmente me sentar em sua cama.

Izuna: Sabe Tobi, sinto falta de poder fazer o cabelo sozinho.- confessou baixinho.

Naquela noite ele não se deu o trabalho de verificar se todos os fios estavam perfeitamente alinhados, fiquei confuso com seu repentino humor depressivo, claro que eu percebera que de umas semanas para cá ele vem adquirindo uma postura deprimida e silenciosa, dessa vez, porém ele tocou no assunto que tanto o afligia. Um pedido de desculpas ficou entalado na minha garganta só não se libertando pela promessa de nunca mais me desculpar por isso, sem saber como reagir à mudança drástica do ambiente coloquei minha mão em sua cabeça deixando ali um cafuné singelo.

Tobirama: Posso lhe garantir que ele nunca ficou feio.- tentei o animar.

Apenas um suspiro saiu da boca do maior antes de anunciar sua ida até o banheiro.

Uma sementinha cresceu em minha cabeça, havia acontecido algo que eu não sabia? Algum comentário maldoso de terceiras pessoas? Não, se algo do tipo tivesse ocorrido o moreno me contaria, ele sempre me conta tudo, talvez eu tivesse agido de maneira errada perto dele e agora ele está desconfortável diante a minha presença, não, se fosse isso ele não iria requisitar minha presença no seu quarto. Julgo que só irei saber quando conversar com ele, onde ele está? Demorei tanto divagando que ele já deveria estar no quarto, vou atrás dele, talvez tenha ocorrido algum acidente no banheiro.

Levantei-me da cama e sai do quarto dando de cara com o corredor, de uma das portas a figura morena tão odiada por mim, saiu, sua pose tão arrogante quanto suas expressões faciais, assim que nossos olhares se encontraram o Uchiha fez questão de soltar um resmungo de descontentamento, revirei os olhos com tamanho desacato contra minha pessoa.
Eu iria apenas me virar e entrar no banheiro, porém o ninja chamou por meu nome como se fosse um xingamento.

Madara: Quero trocar algumas palavras com você.- me chamou em tom de ordem.

Inicialmente eu iria recusar, ficar no mesmo ambiente com ele por mais tempo que o necessário já é um grande sacrifício ainda mais quando estamos a sós, para mim ainda é um grande mistério ele e Izuna terem parentesco, enfim, não pude recusar já que ele se materializou na minha frente e me encarou com enorme desgosto.
Seus olhos ainda me observavam com grande desdém, seus braços cruzados acima do peito e seu sharingan brilhando era um grande aviso, aviso que eu teria que enterrar mais um Uchiha.

Tobirama: Fale de uma vez.- resmunguei em posição de ataque.

Um suspiro de cansaço misturado com soberba deixou seu nariz.

Madara: Olha, sei que você e o Izuna estão em algum tipo de relacionamento amoroso, claro que eu odeio a ideia, mas o Izuna parece feliz e eu não quero interferir, então não o machuque seu merda.- ameaçou sério.

Ambos sabíamos que suas palavras não eram vazias, havia verdades recheadas em cada sílabas tuas, e apesar de toda sua postura séria e ameaça a altura de seus títulos como ninja não me deixe intimidar, surpreendentemente tudo que eu senti naquela hora foi compreensão e até mesmo uma pontada de admiração distorcida, vi por debaixo de todo aquele ninja um irmão mais velho preocupado com o irmãozinho, nossos clãs sempre se odiavam abertamente e com nós não difere, todavia, mesmo com todo o ódio gritante ele conseguiu não se colocar no caminho do outro Uchiha, ele se preocupa ainda, porém sabe que o Izuna está feliz o suficiente para não interferir, houve identificação com aquela atitude, o óbvio amor do Hashirama com ele também existia e talvez do precisava de um empurrãozinho para começar a dar certo.

Tobirama: Eu também não sou fã de você com o Hashirama, mas eu também não aguento mais ele se declarando para você sempre que está bêbado, sinceramente, se você não fizer nada em questão eu mesmo faço.- falei em deboche.

Não dei tempo dele ter alguma reação já que eu me virei e abri a porta do banheiro, estranhei o fato dela não estar trancado e logo tranco, vi a silhueta do pequeno deitado na banheira sob a cortina branca, por um segundo fiquei um pouco acanhado em puxar a cortina e acabar vendo-o nu, entretanto logo me lembrei que já havia visto o corpo dele como veio ao mundo em um acidente, fico envergonhado só de lembrar, bom, o problema era sua privacidade e eu não vou invadir.

Tobirama: Izu?.- chamei por ele.

Houve segundos de silêncio.

Tobirama: Vou puxar a cortina okay.- o avisei.

E assim fiz.

Vermelho, foi a primeira coisa que eu reparei, meus olhos logo foram atraídos em direção ao seu pescoço que continha agora uma grande abertura, de lá o sangue era expelido como em uma cascata, tão vermelho e vivido como seus olhos costumavam ser, de seus pulsos pálidos enormes rasgos faziam rios sangrentos saírem de lá. O choque inicial ocorreu, não me movi um milímetro sequer, petrificado observava seus olhos vazios ficarem brilhosos pela primeira vez em muito tempo, as lágrimas acumuladas ali deixava o cenário tão irreal, tudo é muito irreal, um categoria de pesadelo? Não, me lembro de ter acordado feliz em minha cama, talvez seja apenas uma kekkegenkai, sim, deve ser isso, tem que ser isto. Aliás, não faria sentido seu suicídio, ele estava feliz, nós estávamos felizes, a prova disso é o sorriso dele, ainda está presente, reluzente como sempre e de orelha a orelha.

Me movo em direção à sua bochecha, resmungando que eu estava me aproximando, não queria assustar o pequeno. Gelado e macio, era tão verdadeiro como em todas as outras vez que eu tinha contato com sua pele, é real.

As lágrimas desceram, a veracidade havia me atingindo como o golpe de uma katana, minhas mãos trêmulas foram em direção ao seu pescoço, desesperadamente eu procurava por uma pulsação em meio ao mar sangrento, tão inutilmente eu clamava seu nome como em uma reza para Deus, não houve atendimento ao meu chamar, isso fez a fagulha de esperança morrer.
Eu agarrei teu corpo leve o tirando da banheira, os ossos estavam salientes, a quanto tempo ele não se alimentava corretamente? Andava vomitando a comida que devorava em minha presença? Tão frágil, tão gélido, um cadáver ensanguentado, senti tanta repulsa por ver as gotas continuarem saindo uma atrás da outra através dos cortes, é a primeira vez que sinto repúdio por ver sangue ser derramado, bom, pelo menos nesse nível.

Izu!.

Por que?!.

Eu te amo tanto, não me deixe!.

Eu gritei, minha garganta pareceu rasgar de dentro para fora, minhas pernas já não aguentava o peso e eu cedi ao chão protegendo o corpo do impacto.
Vazio, em sua mais crua forma, o sentimento tão esquecido por mim com o passar das estações, o vazio nada mais é do que a ausência de quem mais amamos, é um sentimento tão puro e odioso que preferimos nos matar ao senti-lo, eu me pergunto se o Izuna se sentia sozinho, foi por minha culpa? A cegueira que ele tanto debocha ainda era um tabu? Eu o machuquei ao ponto de estilhaçar sua alma junto, tolo eu fui por acreditar que um amor de um arrependido poderia resolver tudo, eu o condenei há muito tempo e mesmo assim ele se manteve forte, talvez pelo seu irmão, talvez por si mesmo, nunca irei saber, não mais.

No inverno eu te condenei me rastejando atrás de migalhas de desculpas ganhando sua amizade e descobrindo que você era doce e gentil mesmo sendo um Uchiha, na primavera eu descobri que você amava a estação por conta do desabrochar das flores e tinha muito talento para fazer coroas de flores, tenho até hoje a minha em cima da minha cabeceira mesmo que as flores já estejam murchas, no verão veio a descoberta que você simplesmente odiava o calor tanto quanto eu, mas mesmo assim se esforçou para tomar um sol em minha presença, no outono tu cheirava a chuva todo dia enquanto eu lhe observava apaixonado. Em cada estação eu fui me apaixonando mais e mais por você.

Minha culpa.

Pensei, quebrei a promessa pela primeira vez em meses, me desculpei em meio às lágrimas, minha culpa, culpa minha, mas eu nem sei do que, por te amar? Te condenar? Ter tentado me redimir durante todo esse tempo? Nunca irei saber.

Não faz sentido...

Viver sem você...

Izuna Uchiha.

E então reparei na pequena kunai ensanguentada na pia do banheiro, deixei teu corpo repousado no chão, fui em direção à pia dando de cara com o espelho oval, quem era aquele? Realmente é minha imagem refletida... o objeto metálico brilhou me atraído até ele, eu roubei a parte mais importante da vida do Izuna e queria me redimir, foi doloroso quando eu arranquei minha mão direita fora e foi mais doloroso ainda quando cortei minhas cordas vocais, meu corpo rastejou até o do Uchiha, ali eu quitei minha dívida, sem uma das mãos e sem a voz era impossível fazer algum jutsu, ainda não é o suficiente, arranquei a outra mão utilizando dos dentes como ajuda. Deitado no chão prestes a morrer eu te prometi lhe amar na nossa próxima vida, ouve um grande estrondo na porta e foi a última coisa que eu ouvi e senti.

Me lancei no vazio do desconhecimento, torço para que em minha alma haja uma bússola que te procure e que assim poderemos nos reencontrar de novo, não é questão de amor, é questão de arrependimento, não me desculpei o suficiente e se um dia for te encontrar espero que se lembre de mim.
Essa história sempre foi sobre um cego e o inimigo, não havia duas almas flamejante em paixão, havia perda e arrependimento, houve compreensão e redenção, e vai haver amor e amor.

Sorri uma última vez para o meu doce Izuna Uchiha.

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Olá queridos (as) leitores (as).

Obrigado a todos que leram minha fic até aqui, inicialmente essa obra ia sair dia 7 só que houve uns contratempos então acabei atrasando.
Eu simplesmente adorei tudo nessa fic, espero que tenham gostado também e prometo que vou lançar um bônus se bater 1k de viws.

Ouçam a música que vai combinar com o cap.

Um beijo, um queijo.

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