ℙ𝕚𝕝𝕠𝕥𝕠.
Chorei até meus olhos ficaram
vazios como os teus.
Yamaguchi Tadashi.
{01/02/2023}.
07:32.
O céu amanheceu nublado naquela fatídica manhã, as nuvens que voavam de um lado para o outro sem nenhuma pretensão eram cinzentas e grandes, é um cenário muito triste se parar para analisar, o tempo fechado com alta porcentagem de uma chuva densa e a casa silenciosa e vazia me fazia parecer um personagem de um livro de drama, bom, normalmente minha vida tem realmente parecido com um livro dramático que contém várias reviravoltas.
Vida...
Um suspiro arrastado e cansado saiu de mim e pareceu mil vezes mais alto por conta da quietude e solidão da casa, eu observava minha insignificância da janela do quarto enquanto planejava os próximos passos do rumo da minha vida, vida essa que eu agarrava nas minhas mãos e que se esvaziam como areias da praia.
A crise existencial era contemplada com certa leveza, talvez por não ser a primeira vez nem última vez que isso acontece, ou talvez pelo álcool tornar tudo um pouco mais leve.
Mais um suspiro saiu de mim quando percebi a ausência de uísque no meu cantil, meus olhos um pouco turvos com mãos trêmulas e com a secura na garganta me levava a pensar o quão parecido eu sou com minha mãe, a matriarca voltou a beber assim que pegou os resultados do exame e desde então seu copo vive transbordando o mesmo líquido que agora queima em minha garganta.
Patético.
Relembrei à palavra de deboche do loiro que se encaixava perfeitamente com o cenário de caos silencioso, um adolescente sozinho em uma manhã nublada com uma bebida saqueada da adega da própria mãe se afundando na melancolia, um cenário verdadeiramente patético.
Se o Tsukki estivesse aqui ele provavelmente iria me olhar raivoso por eu estar gastando meus últimos suspiros com reflexões de um bêbado e com um contemplar de tempo chuvoso.
O barulho de notificação do meu celular foi alto por conta do silêncio e me deu um mini susto, rindo da minha própria covardia me afastei da janela com um acenar de mão para as nuvens cinzas, minhas pernas estavam um pouco molengas e era estranho me locomover com elas estando levemente alcoolizado, por esse motivo eu acabei batendo minha canela no pé-da-cama e me desculpe comigo mesmo, os lençóis e cobertores de mesma cor estavam bagunçados, entretanto não me importei, o celular com capinha verde que repousava naquela bagunça foi resgatado por minha mão.
A tela do aparelho foi ligada irritando meus olhos não acostumados com tal brilho, assim que consegui focar minha visão na barra de notificação não fiquei surpreso com a mensagem que brilhava na tela inicial, lá estava o nome do platinado na identificação de identidade do aplicativo de mensagem com uma mensagem curta, você está bem?, uma pergunta simples, porém que era carregada de uma preocupação sincera, preocupação essa que eu tenho certeza de que todos do time estão sentindo e talvez até em proporções maiores, eu não sabia o que responder a ele, se eu falasse a verdade eu teria que conversar sobre meus sentimentos e em como toda a situação em si, é uma droga.
Estou bem.
Enviei a mensagem curta, todavia objetiva, era realmente uma mentira? Todos sabiam bem oque está acontece bem como têm ciência de como eu lidei com isso no primeiro momento, porra, obviamente não está nada bem e temo que não ira melhorar, responder que estou bem é uma mentira deslavada, entretanto, perante à primeira reação é como se eu tivesse tomado 1 litro de suco de maracujá. Claro que a ficha ainda não caiu completamente, mas estou seguindo, então a dúvida fica no ar, eu estou realmente bem?.
Uma pontada de dor atingiu minha cabeça fazendo-me soltar um resmungo grogue do fundo da minha garganta ressecada, uma tosse seca deixou meus lábios e logo em seguida vieram mais, me deitei na cama de barriga para cima e olhos embasados pelas lágrimas que finalmente foram libertas junto à crise de tosse que eu tentava inutilmente fingir inexistência, agora as palavras que mamãe disse fazem sua relevância, você vai morrer... Eu tenho todo direto de beber, e ela realmente tem todo o direto, bem como eu tenho todo o direto de fingir que nada está acontecendo mesmo que as coisas ao redor só indique que isso é real.
Mais um som saiu do aparelho que agora repousava na minha barriga, o transe que eu me encontrado foi cortado pela possível chegada de mais uma mensagem carregada de preocupação de algum membro do time ou, novamente, do próprio Sugawara, não querendo repetir novamente que estou bem todavia não querendo ser grosseiro com algum dos meninos eu decido pegaro celular.
Eu estou aqui na porta.
Brilhou a mensagem na barra de notificação, curta e objetiva como tudo que envolvia o loiro. Saltei de minha cama derrubando o lençol e a coberta no processo, meus pés nus tocaram o chão gelado novamente e logo se puseram a correr, abri a porta do quarto que dava acesso ao lado de fora e observei a escuridão do pequeno corredor, o interruptor ficava no final foi corredor então seria desperdício de tempo eu acender a luz, por isso eu apenas corri até a outra porta que dava agora acesso à cozinha ignorando as duas portas no corredor.
Minha mão tocou a maçaneta de ferro da porta principal da casa de modo hesitante, eu realmente queria encarar o Tsukishima? De todos os meninos do time tinha que ser logo o Kei, a aproximação que eu tinha com ele é maior que com qualquer outro membro da Karasuno, mesmo que o dito cujo odeie falar abertamente sobre sentimentos sei que ele vai querer saber como eu estou de fato, eu só não estou totalmente pronto para ter uma conversa tão profunda assim com ele.
Suspirei fundo e girei a maçaneta abrindo a porta, mesmo não estando pronto não podia deixar o Tsukki plantado na porta de casa sem dar satisfação.
A primeira coisa que eu reparei foi nas grandes olheiras cinzentas que marcavam os olhos marrons claros do grandão, nas suas orbes um sentimento de abate que ficavam escancaradas com a opacidade baixa que neles refletiam, não tinha nenhum tipo de brilho no olhar dele, era um olhar de uma pessoa morta.
As palavras morreram na minha boca, eu engoli a seco sentindo os resquícios do uísque em meu paladar, nuca o vi tão miserável assim e eu não sabia nem oque pensar, eu deveria o confortar? Tsukki já deixou claro que não gosta de abraços muito menos de papo furado então como eu deveria o reconfortar?.
Ele foi o primeiro a tomar uma atitude, quando eu menos esperei seus braços já estavam ao redor de meu tronco puxando-me contra seu peito, o tecido branco do uniforme escolar tinha um cheiro floral e eu acabei me perdendo no aroma que emanava do bloqueador.
A posição que nos encontrávamos era nova e um pouco assustadora, talvez por conta das circunstâncias que estamos ou por conta da surpresa pela sua ação totalmente voluntária e inesperada.
Tsukishima:Eu não quero que você morra.-disse devastado, sua voz saiu tão rouca que parecia que o loiro não a utilizava à um bom tempo.
Um sentimento borbulhante preencheu meu peito, raiva, era isso que eu sentia, pela situação e por como todos ao meu redor lidava com isso, diziam-me que não queria que eu partisse como se eu já estivesse no caixão, porra! Eu ainda estou aqui! Se eles utilizassem desse mesmo tempo para conversar comigo não estariam tão deprimentes assim, se eles não ficassem fazendo perguntas óbvias e sim perguntando oque eu gostaria de fazer tudo estaria melhor.
Eu vou sim, morrer, não tem como lutar contra isso, se tudo vai acabar mesmo, porque não aproveitar os últimos momentos?.
O dei um empurrão de repente, os seus olhos vazaram lágrimas gordas que escorriam como cachoeira pelas bochechas já avermelhadas, Kei, não parecia surpreso pela minha reação tampouco pela minha face de descontentamento, para dizer o mínimo.
Agora nos olhávamos avidamente, em meus olhos a pura fúria e nos dele a pura tristeza, parecia um yin yang, a raiva e a bondade desta vez trocadas de lado, os soluços contidos saiam um pouco mais alto de sua garganta enquanto a minha clamava por mais um gole da bebida alaranjada.
Yamaguchi:Não fale como se eu estivesse morto!.-gritei com ele.
A casa antes silenciosa e solitária se preencheu dos meus berros bem como da companhia do loiro que entrou assim que me abraçou, contudo novamente o silêncio se fez presente e a presença do Tsukki era como a de um fantasma, me sentia novamente sozinho.
Não era a primeira vez que eu gritava com ele, já havia acontecido antes todavia por motivos bem mais triviais, agora era uma literal questão de morte, não sabia como ele iria reagir desta vez.
Tsukishima:Mas você vai, Yamaguchi, você vai morrer! Como você quer que eu reaja?!.-gritou de volta comigo mesmo seu tom não sendo raivoso e sim desesperador.
Yamaguchi:Eu só quero que você não pense como se eu já estivesse no caixão, porra, é a merda de um câncer, Tsukki, eu de todas as pessoas sei bem que vou morrer, não preciso que fique lembrando toda hora muito menos que fale que queria que isso não acontecesse!...Só saía daqui.-gritei de volta ordenando sua retirada.
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Olá queridos(as) leitores(as).
Anúncio essa nova fanfic com muito orgulho, essa obra foi possível graças à uma votação que ocorreu lá no meu perfil.
Vou explicar algumas coisas.
Essa fanfic terá apenas 10 capítulos e talvez 1 extra mas isso não é 100% de certeza.
Em outras fics minhas eu sempre deixava a recomendação de uma música porém aqui as músicas vão ser de extrema importância para a história então é uma obrigação vocês ouvirem as músicas.
Sempre deixarei novidades de quando vai sair mais um cap lá no meu perfil então dêem uma olhadinha.
Em média os caps terão 2500 palavras e esse só tem isso por ser um piloto.
Eu tenho outras fics para atualizar então essa vai demorar bastante para sair cap novo.
É isso.
Espero que todos vocês fiquem até o fim dessa jornada comigo.
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