𝓟.𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄
❛ 𝐌𝐎𝐍𝐒𝐓𝐄𝐑𝐒 ⌗
( prólogo ) 𖤐 ⤸ ❜
A MORTE, em diversos povos, não é muito bem vista. É algo impensável e o fim de tudo. Porém, em outras, é um momento de celebração e renascimento, o fiel pensamento de que seu ente querido estará em um lugar melhor.
Para Henrik, a sua morte não foi apenas um estado de renascimento, mas também uma segunda chance, uma resposta do universo lhe dizendo que ele teria um longo caminho a percorrer, e isso era certo.
Seus olhos se abriram apavorados enquanto o garoto ainda tentava compreender tudo que havia acontecido. As memórias de seu ataque atordoavam sua mente.
Ele não sabia ao certo onde estava, a única coisa que ele tinha certeza era de que uma enorme floresta o cercava e ao seu lado, havia uma enorme e deslumbrante árvore, ela lhe trazia a impressão de exalar um enorme poder sem nem sequer se esforçar. Ela parecia o puxar para si.
O Mikaelson, que estava tão concentrado na árvore, se assustou quando escutou um galho se quebrando próximo a ele.
Naquele momento, o garoto não pensava em nada além de sua vida e como ela poderia estar em perigo. Seus instintos estavam a flor da pele e lhe imploravam para correr, mas por mais que ele quisesse, não conseguia se mover.
Assim que ele tomou coragem e se virou para ser o que lhe ameaçava, se acalmou momentaneamente. Ele não viu o que mais temia, e sim um homem alto, forte, de olhos claros, com cabelos loiros escuros e desgrenhados, uma feição relativamente gentil e preocupada dominava seu corpo.
— Quem é você? Por que uma criança como você está aqui sozinha a essa hora e completamente sujo? Não deveria já estar em sua casa? — Questionou o homem ao garoto, que não fez nada além de engolir o seco — Você é de alguma alcatéia próxima?
Ao não ouvir uma resposta de Henrik, o desconhecido tentou se aproximar do garoto, mas ele automaticamente se afastou com temor.
Ao invés do homem se enfurecer como Henrik pensava que aconteceria, ele apenas o olhou com compreensão e se ajoelhou para igualar sua altura com a de Henrik, mas sem tentar se aproximar novamente.
— Qual é o seu nome, garoto? — Desta vez, o homem lhe perguntou com mais calma, o que fez Henrik se sentir menos ameaçado — O meu é Sten — O menino estava prestes a lhe responder algo, provavelmente dizendo seu nome, quando mais passos foram escutados, o fazendo se assustar novamente e ficar em silêncio.
— Sten, isso não é justo! Você saiu antes de falar um — Uma mulher de cabelos loiros como o sol e cacheados, olhos claros como o mar e uma pele bronzeada, disse enquanto se aproximava tentando recuperar o ar perdido em sua corrida, o homem rapidamente se virou em sua direção frustrado — Oh, quem é esse?
— Era o que eu estava prestes a saber, Siv — Disse em um tom arrogante enquanto revirava os olhos. A mulher se enfureceu e deu língua para Sten, deixando o ambiente mais leve.
— Isso são modos de tratar uma dama?! — Questionou orgulhosamente.
— Se a dama for você... — Respondeu sarcasticamente, o que fez Siv arregalar os olhos e lhe bater.
Siv então voltou sua atenção a Henrik, que se mantia em silêncio no meio daquilo tudo.
— Mas então querido, como é o seu nome? — Voltou sua atenção ao garoto próximo a eles, que parecia um pouco mais relaxado.
— Ele não vai te... — Antes que Sten pudesse terminar a frase, a criança loira a respondeu.
— Henrik — Sussurrou timidamente enquanto olhava para algumas folhas no chão.
— E você está perdido? Precisa de alguma ajuda? Sabe onde é sua aldeia? — Lhe bombardeou com perguntas sem sequer o dar tempo de responder, enquanto Sten ainda estava sem acreditar que ele havia dito algo. Henrik simplesmente não soube ao certo como responder, suas memórias ainda estavam confusas, então continuou ficou em silêncio — Tudo bem, então você virá com a gente.
Henrik se surpreendeu, mas não negou e Siv levou isso como um sim, então ela se aproximou do garoto e pegou sua mão para o guiar até sua aldeia.
Sten revirou os olhos ao ver que sua amiga o esqueceu e seguiu a loira enquanto a mesma os guiava.
— Bem-vindo a nossa casa! — Exclamou animada enquanto passava pela entrada de uma pequena aldeia, aquele tipo de estrutura parecia familiar para Henrik, mas suas memórias ainda estavam completamente bagunçadas.
O pequeno amontoado de cabanas estava extremamente movimentado e iluminado, parecia que algo grande estava prestes a acontecer.
As cabanas, por mais que fossem de cores neutras e sem vida, estavam extremamente organizadas e alinhadas, além de que seus tecidos pareciam ser grossos, provavelmente para se protegerem do frio.
Aquele ambiente, por mais simples que fosse, parecia ser tão caloroso e confortável. Ali todos estavam se ajudando mutuamente, tanto homens quanto mulheres se juntavam para preparar alimentos ou organizar a enorme mesa que havia no meio do acampamento, onde as crianças corriam em volta como loucas.
— Graças aos céus vocês estão em casa, pensei que não chegariam para o jantar. A anciã Marie já estava prestes a preparar um castigo para vocês, algo como limpar o restante da cerimônia sozinhos — Os olhos dos dois amigos se arregalaram como nunca e seus rostos pareciam aterrorizados com o provável acontecimento — Vocês sabem que não podemos faltar a um jantar de Lua Cheia — A mulher de cabelos castanhos cacheados, olhos amendoados e roupas muito bem arrumadas disse os repreendendo, sem nem notar o garoto ao lado de Siv — Oh, quem é você? — Questionou assim que notou o desconhecido que os acompanhava.
Antes que o garoto pudesse responder, Siv se pronunciou.
— O nome dele é Henrik, encontramos ele perdido na floresta e decidimos trazê-lo para cá. Você sabe, Elie. A Lua cheia está quase no seu ápice, poderia ser perigoso se ele continuasse na floresta — A castanha concordou imediatamente com sua amiga e olhou para todo o tumulto logo atrás dela, as pessoas estavam começando a se sentar na grande mesa.
— Bem, se arrumem rapidamente, daqui a alguns minutos começará a cerimônia. Vocês sabem que é hoje o jantar da lua cheia terá a cerimônia de laços — Os dois reviraram os olhos simultaneamente, fazendo Elie soltar uma leve risada.
— Bem, deixe eles irem se arrumar e enquanto os esperamos, e eu te explico a você enquanto andamos até o centro da aldeia — Sugeriu a Henrik, mas o Mikaelson ficou meio hesitante, então olhou aos conhecidos ao seu lado, já que por mais que tivessem se encontrado a pouco tempo, eram as únicas pessoas que ele tinha um mínima relação.
— Pode ir com ela, ninguém irá fazer nada com você aqui. Está seguro! — Siv tentou conforta-lo o máximo que conseguia e então começou a se afastar com Sten, o que fez Henrik entrar na defensiva imediatamente.
— Venha! — Elie o chamou enquanto andava e ele apenas a seguia ainda um pouco assutado — A cerimônia de laços é um tipo de jantar cerimonial, onde os anciãos da nossa aldeia oficializam os casais diante da força que nos une, a natureza e a Lua — Apontou para a grande Lua cheia que tomava o céu — Eu irei me unir essa noite com alguém — Disse com um sorriso em seu rosto enquanto andava pelo acampamento com Henrik e o loiro não sabia ao certo se olhava para Elie ou para as curiosas pessoas que os rodeavam — Você o verá quando começar a cerimônia, ele é um dos guerreiros de nossa aldeia — Disse em um tom apaixonado e com brilhos em seus olhos — A Lua o fez para mim, e por incrível que pareça, apenas nós noivaremos esse ano — Disse sorridente — Mas acho que já falei demais sobre a gente, o que acha de falarmos de você agora? Da onde vem? É de uma aldeia próxima? — Questionou curiosa enquanto guiava Henrik até a grande mesa da ceia.
— Eu não lembro — Sussurrou suas primeiras palavras para Elie, o que a fez ficar surpresa, mas logo tocou em sei ombro como consolo.
— Iremos resolver isso amanhã, ok? Até lá, aproveite toda nossa hospitalidade e comida, você é muito bem-vindo aqui! — Afirmou em tom de consolo e a pequena criança apenas assentiu, mesmo achando que não era possível — Oh, a cerimônia já irá começar! — Exclamou assim que viu praticamente todos se reunindo em volta da mesa — Sente-se aqui — Apontou para um assento próximo a eles e o garoto se sentou.
Não muito tempo depois, Siv e Sten, que antes pareciam estar morando em uma floresta cheia de lama sem um banho a três dias e três noites, agora estavam devidamente arrumados de acordo com evento, lindamente brilhantes como Elie, e correram rapidamente até a mesa, onde se sentaram próximos a Henrik e Elie.
— Já irá começar? — Sten questionou a Elie, que estava ao seu lado, mas a mulher apenas lhe pediu silêncio e voltou os seus olhos a uma velha senhora bronzeada, de cabelos pretos com alguns fios brancos que chamavam a atenção em seu tom de cabelo escuro como a noite.
Todos na mesa ficaram imediatamente em silêncio quando a anciã se levantou, marcando sua grande presença.
— É de ciência de todos aqui que hoje, que diante a luz dessa brilhante Lua cheia, iremos oficializar as uniões dos casais dessa aldeia, hoje em questão, apenas um — Elie abriu ainda mais o sorriso que havia em seu rosto — Diante da natureza, iremos consagrar a união de dois seres ligados por um laço — Levantou um grande pano vermelho brilhante com suas mãos — Com este pano sagrado, que já formou todos os casais de nossos ancestrais, uniremos duas almas em uma só hoje, amanhã e para sempre. Um casal hoje sairá daqui unidos pela nossa natureza, por toda uma eternidade — Finalizou seu discurso e imediatamente todos aplaudiram, mas logo o silêncio tomou conta do ambiente novamente.
A senhora se sentou e entregou o pano ao senhor do seu lado, que rapidamente se levantou e junto dele, 2 pessoas se levantaram, Elie e provavelmente seu noivo. Os dois olhavam claramente um para o outro apaixonados.
A morena parou em frente ao ancião e o homem alto, bronzeado e olhos tão escuros como o cabelo de Elie se posicionou ao seu lado.
— Através do laço da união, eu os uno por toda uma eternidade — Afirmou e enrolou o laço vermelho em seus pulsos, os unindo — Que suas almas caminhem juntas a partir de agora e para todo o sempre! — Exclamou e todos aplaudiram imediatamente, indicando o provável fim da união. Elie nunca esbanjará tanta felicidade em sua vida quanto parecia demonstrar naquele momento, e isso facilmente poderia ser dito com as mesmas palavras se fosse descrever seu noivo.
— Que comece a festa! — A anciã exclamou com felicidade, todos gritaram de alegria e imediatamente uma música começou.
Os primeiros a irem aproveitar o som foram o casal da noite, que não demorou muito para serem rodeados por diversas pessoas animadas para curtir a música.
— Henrik — Siv chamou o garoto, que estava concentrado em todo o tumulto — Venha! — Exclamou e puxou o garoto para a roda de dança próxima, onde Sten já estava mostrando sua medíocre em dança.
Enquanto a loira o rodava por todos os cantos, Henrik começou a se sentir atordoado e decidiu se afastar de todos os sons e tumultos próximos.
A loira não demorou muito para perceber que Henrik não estava mais próximo, então foi procurá-lo.
Repentinamente, a Luz que iluminaba toda a aldeia, começou a escurecer e se tonificou em vermelho sangue, fazendo que toda a festa parasse imediatamente.
Todos pareciam apavorados, mas Siv ainda sequer tinha notado, ela estava tremendamente concentrada em sua procura a Henrik.
Em pouco tempo de procura, enfim ela o encontrou não muito adentro da floresta, ele parecia extremamente atordoado, mas ela nem sequer se importou com isso, Siv se aproximou do garoto preocupada.
Sten apareceu imediatamente após isso e quando ela ia se virar para dar-lhe atenção, o Mikaelson ao seu lado segurou seu braço com tanta força que parecia que ia arranca-lo.
A loira se assustou e imediatamente se virou para o garoto, sem se importar com a dor que sentia naquele momento.
Henrik estava com lágrimas em seus olhos e parecia estar em extrema dor, o que preocupou ainda mais a jovem.
Entretanto, sua feição preocupada mudou para pavor quando encontrou os olhos vermelhos da criança, tão escuros como a lua acima deles, e a sua mão que segurava Siv, pressionava garras em seu braço.
E tudo isso, na visão de Henrik, estava ainda mais aterrorizante, uma dor insuportável tomava conta de todo o seu corpo, ele podia sentir cada osso seu se quebrar e não conseguia fazer nada quanto a isso. Tudo ao seu redor parecia estar em câmera lenta e cada parte do seu ser implorava por um descanso.
No meio de tudo isso, ele pode escutar a voz de Siv, que a tão pouco tempo conhecia, mas ainda sim seu sorriso caloroso lhe trazia extrema segurança. Então tudo que ele pode fazer foi procurar por essa voz e agarra-la o máximo que conseguia.
Siv não sabia ao certo o que fazer, seus instintos a pediam para correr dali, mas ainda sim, quando ela olhava os olhos de Henrik, só conseguia pensar em quão solitários pareciam.
Sten, por outro lado, no momento que processou todo o acontecimento, correu até a garota para tentar afasta-la. O que de certa forma funcionou, pois Henrik a soltou, mas por outro lado, a criança a sua frente não demorou muito para começar a se contorcer novamente em agonia e se tornar um lindo lobo.
Isso parecia tão lindo quanto apavorante para os dois amigos loiros. Eles achavam aquilo extremamente peculiar, mas o medo de serem engolidos vivos pela fera sem controle era maior.
Por isso, tentaram ao máximo se afastar lentamente do lobo, que os olhava fixamente, principalmente para o braço de Siv que parecia escorrer cada vez mais sangue.
Um barulho de passos na direção deles foi o suficiente para distrair Henrik, e naquele momento, Sten pensou que poderia correr juntamente com Siv até a aldeia, mas o lobo levou isso como um tipo de ameaça e a avançou no loiro, que gritou assim que sentiu os dentes do animal em sua panturrilha.
A pessoa que andava até o local onde se mantinham era Ellie, e sem conseguir controlar, apenas soltou um alto grito de pavor a toda aquela cena sanguinária, e Siv não ficou muito atrás.
Isso pareceu assustar o Mikaelson, pois o garoto recém transformado correu para mais adentro da floresta, deixando os seus conhecidos sozinhos.
— Mas o que aconteceu aqui?! — Elie exclamou extremamente assustada, assim como Sten e Siv.
O que eles não sabiam era que aquilo era apenas o começo.
— FELIZ ANIVERSÁRIO! — Siv gritou enquanto pulava em cima de Henrik, que agora completava seus 18 anos.
O garoto simplesmente bufou e tentou adormecer novamente, falhando miseravelmente.
Muita coisa havia acontecido desde sua chegada a aldeia. Para começar, após o incidente da lua cheia, Henrik foi achado pela manhã por alguns guerreiros da aldeia, que junto a ele haviam se transformado na noite em questão, já que eram lobisomens sem controle.
Assim que o trouxeram de volta, diferente do que o garoto imaginava, ele foi recebido com abraços preocupados em sua volta. Siv e Sten, que antes tinham se ferido, pareciam completamente curados até o momento.
Não demorou muito tempo para tentarem procurar pela família do Mikaelson. O que não adiantou muito, pois de início, sua procura foi completamente inútil.
Nenhuma aldeia de lobisomens conhecia a criança, e se conheciam, com certeza não iriam querer um garoto sem controle de volta.
Inevitavelmente, o garoto, que agora estava loiro, continuou por anos na aldeia que agora considerava como sua verdadeira família.
Por infortúnio desconhecido, Siv e Sten pareciam ter despertado sua maldição. Eles não sabiam ao certo o porquê, mas tinham quase certeza que era graças a noite em que Henrik se transformou.
— Certo, já acordei. Saia de cima de mim — A garota suspirou e quando estava para se levantar, Sten pulou em cima dos dois, praticamente esmagando a garota.
— Céus! STEN, VOCÊ É PESADO! — Gritou a garota que estava sendo esmagada, fazendo o loiro sair de cima dos seus amigos.
— Feliz aniversário, Henrik! — Bagunçou um pouco o cabelo do Mikaelson que se levantava de sua cama.
— Obrigado gente — Disse um pouco envergonhado por tamanha animação. Ele sabia que aquele não era seu verdadeiro aniversário e lhe frustrava não saber a data exata, mas esses sentimentos sumiam rapidamente quando ele via o quanto seus amigos davam atenção a isso. Não só eles, e toda a aldeia.
— Vamos, se arrume rápido, estão todos te esperando lá fora! Nós vamos te deixar a sós para que possa se arrumar — Siv disse rapidamente e puxou Sten para fora. Henrik não sabia se era por ter recém acordado, mas suas palavras pareciam estar embaralhadas.
Henrik não demorou muito para se levantar, botar uma roupa que comum e sair de sua tenda, sendo recebido por um grande banquete na mesa central e o início de uma música animadora.
— Feliz aniversário, querido — A mesma senhora de cabelos grisalhos da noite de lua cheia a anos atrás o parabenizou — Que você tenha dias gloriosos pela frente — Disse sabiamente e tocou na cabeça do garoto, que se curvou levemente para que ela pudesse alcança-lo.
— Obrigado, anciã — Respondeu respeitosamente e recebeu um sorriso orgulhoso da senhora.
— Sei que não parece um bom momento, mas temos notícias do que pode estar acontecendo na floresta — Da mesma forma que o sorriso da idosa apareceu, ele sumiu rapidamente.
Há pouco tempo, a floresta parecia estar estranha. Desde a última lua cheia, os animais praticamente não apareciam, os pássaros não cantavam, eram poucos os cervos que apareciam nas caçadas e os peixes dos lagos sempre apareciam mortos na manhã. Todos os animais pareciam estar com medo de algo, e ninguém sabia explicar o que era.
— Eu entendo, isso é importante — A senhora concordou.
— Eu preciso de você agora. Sinto que não possa comemorar seu aniversário — O garoto sorriu tristemente, mas por dentro, ele não se importava tanto assim, aquela conversa poderia definir o destino do vilarejo, então ele não se importava em que momento aquela reunião aconteceria, ela só precisava acontecer.
A idosa a sua frente apenas concordou e começou a andar até uma grande cabana, a cabana principal. Henrik imediatamente a seguiu.
— Oh, chegaram! — Um senhor ao lado de Amilin, o marido de Ellie, exclamou sorridente — Feliz aniversário, garoto! — Se aproximou de Henrik e apertou suas bochechas, fazendo Amilin rir.
— Feliz aniversário, Rik! — Parabenizou o garoto de longe e deu um pequeno sorriso, Henrik retribuiu o ato — Bem, vamos direto ao assunto — Todos ficaram sérios imediatamente — Em uma patrulha, achamos algumas coisas estranhas — Disse e puxou diversos animais mortos de debaixo da mesa que ficava na lateral da cabana. O loiro sentiu por um momento uma vontade de vomitar, das carcaças dos animais saía um cheiro insuportável.
— Céus, que cheiro é esse? — Henrik comentou tampando sua boca e seu nariz, os lobos na cabana franziu o cenho.
— Mas não tem cheiro nenhum, foi isso que achei estranho. Sem contar que esses animais estão aqui a 4 dias e nem sequer se decomporam — Amilin afirmou confuso, o que fez Henrik ficar mais confuso ainda.
— Isso é impossível, não estão sentindo esse cheiro? Cheiro de... morte, escuridão — Todos na sala ficaram confusos, realmente não sentiam o cheiro de nada.
— Enfim, achamos estranho também o fato de não haver marcas de mordidas ou armas, eles morreram sem sequer um arranhão — Amilin continuou, ignorando a observação de Henrik — Porém, por outro lado, suas expressões mostram extremo estresse. Como se algo estivesse os apavorando antes da morte — Puxou a cabeça de um cervo apavorado de debaixo da mesa, o que fez todos pularem de susto.
— Bonitos chifres — O Mikaelson comentou tentando quebrar o clima sombrio que havia ficado.
Antes que Amilin podesse o responder, um grande barulho e gritos foram escutados, estavam vindo de fora da cabana.
Todos os quatro da cabana saíram rapidamente, se surpreenderam com o que viram.
A enorme mesa, que antes estava no centro do acampamento, agora estava despedaçada no lado oposto em que todos estavam, e próximo a onde a mesa deveria estar, estava uma mulher loira.
— Oh, está aí — Disse assim que seus olhos se encontraram com Henrik. Ele não sabia ao certo o porquê, mas todos seus instintos o pediam para correr dali.
— HENRIK, SAIA DAQUI! ELA ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ! — Sivelyn gritou ao garoto, mas foi estirada para longe apenas com um movimento da loira.
— A POSTOS! — Amilin gritou e todos guerreiros se transformaram repentinamente em lobos, incluindo Amilin e cercaram a garota. Uma cortesia de Henrik, em suas pesquisas, descobriu que uma pedra, juntamente ao seu dom, podiam fazer com que os lobos se transformassem como quisessem.
— Isso vai ser divertido — A garota sorriu e alguns lobos começaram a tentar lhe atacar, falhando miseravelmente.
— Henrik! — O garoto pode escutar um sussurro lhe chamando, então se virou para trás — Venha! Precisamos sair daqui — Sussurrou Sten escondido atrás de uma cabana, Div estava apoiada em suas costas.
O garoto, percebendo que a garota estava concentrada nos lobos, correu até onde os seus amigos estavam.
— Vamos, iremos ficar no nosso esconderijo na floresta até tudo se acalmar. Ellie nos dará cobertura — Apontou para a garota, que estava a espreita na divisa da aldeia para a floresta.
— Eu não posso, tenho que ajudar. Eu sou o único que tem chance de ganhar ela, você sabe — Acendeu uma pequena chama em sua mão e logo a apagou, mas Sten negou.
— Você não pode, não vê? Ela é muito poderosa, se for para lá, entregará o que ela quer. Iremos voltar quando tudo estiver mais calmo. Olhe como Siv está, não podemos ganhar — O Mikaelson suspirou e concordou com o garoto, que rapidamente correu até a floresta com Siv inconsciente em suas costas, Henrik logo o seguiu.
— Já não corremos o bastante? Eu lembro do esconderijo ser do outro lado — Disse Henrik cansado, eles estavam caminhando há horas.
— Só mais um pouco — Afirmou determinado. Até aquele momento, Siv já havia voltado a consciência, mas sua perna parecia estar machucada, então Sten continuava a carregando.
Henrik, percebendo o quanto seu amigo parecia estar exausto, ia pedir para levar Siv a partir do momento, mas antes que pudessem, a mesma mulher de que corriam, apareceu repentinamente na frente deles.
Siv se assustou e rapidamente saiu das costas de Sten, apenas segurou seu braço, apavorada.
— Bom trabalho! — Elogiou sorridente, ela olhava diretamente a Sten.
— Como assim? — Henrik questionou confuso e o loiro ao seu lado abaixou sua cabeça.
— Céus, você não sabe — A mulher gargalhou, parecia estar se divertindo com isso.
— Me desculpe, eu precisava proteger nossa aldeia, precisava proteger Siv — Enfim olhou para Henrik, que no momento se sentia traído.
— Mas o que está havendo? Sten, o que fez? — Sua amiga questionou apavorada, não podia acreditar naquilo.
— Bem, deixemos de formalidades — A mulher prendeu os três adolescentes em árvores com magia — Laurien, é um prazer lhe conhecer — Disse a Henrik e prendeu algemas em suas mãos, o garoto ainda estava em choque, então nem lutou por aquilo.
— SUA VADIA! — Siv se debatia em sua árvore, seus olhos brilhavam em um amarelo amendoado.
— Oh, que cadela selvagem — Disse indo até a garota e tocando em seu rosto, Siv tentou morde-la.
— Deixe ela! Você disse que se eu te ajudasse, todos ficariam a bem, não machucaria ninguém, muito menos Siv — O loiro disse apavorado.
— Está certo — Afirmou a mulher — Disse que nenhum de vocês sofreriam —Falou calmamente e arrancou o coração da garota a sua frente rapidamente.
— NÃO! — Sten gritou desesperado e começou a se debater em sua árvore — Você disse, você prometeu... — Henrik estava em choque, Sivelyn, sua amiga de anos, a única pessoa que realmente havia o acolhido e o protegido até o fim, estava morta.
— Eu disse que não sofreriam — Tocou no rosto do lobo e em um movimento arrancou a cabeça de seu corpo, fazendo o sangue jorrar em Henrik, o garoto estava em choque — Bem, preciso limpar essa bagunça — Afirmou e repentinamente, tudo começou a queimar, cada árvore já estava em chamas — Está na hora de irmos, querido Henrik Mikaelson — Repentinamente, Henrik se sentiu sonolento e sua última visão foi o corpo de seus amigos mortos cedendo ao fogo, toda a floresta em que cresceu era banhada pelas chamas.
A dor e o medo que sentia no momento, não estava nem perto do que ele estava prestes a sentir.
𝐍.𝗢𝗧𝗘𝗦
Olá, como estão?? Espero que tenham gostado do prólogo, sei que está um pouco longo, mas eu tinha muitas coisas para explicar. Espero que tenham gostado! Até logo! <3
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