[ 𝐈 ] ── 𝗿𝗲𝘁𝘂𝗿𝗻𝗶𝗻𝗴 𝗍𝗈 𝗼𝗿𝗶𝗴𝗶𝗻𝘀 ❟﹗
❛ 𝐌𝐎𝐍𝐒𝐓𝐄𝐑𝐒 ⌗
( voltando às origens ) 𖤐 ⤸ ❜
A BRISA nos cabelos de Alessia traziam um aroma de grama molhada, uns dos cheiros favoritos da Fawley, pois lembrava sua infância. A volta a sua cidade natal parecia lhe trazer tanto boas quanto péssimas memórias.
Sua vida naquela pequena cidade poderia ser descrita facilmente como algo peculiar. Assim como teve momentos em que ela queria poder parar no tempo, teve outros em que ela mal podia esperar para fugir daquele lugar.
No final, ela acabou deixando a velha cidade ainda nova para buscar seus sonhos e como uma valvula de escape para tudo que passava no momento.
Após 10 anos de sua partida, finalmente Alessia voltava para seu ponto de início, sua cidade natal, Beacon Hills.
Sua repentina volta não foi tão bem pensada como sua saída. Assim como ela sentia no auge de seus 17 anos que precisava fugir daquele lugar, agora só pensava o quanto precisava estar ali, seu passado e presente pareciam puxa-la de voltar para lá, e seguindo seus instintos, o fez.
Já havia passado das nove quando seu carro passou em alta velocidade pela placa de Beacon Hills. A estrada parecia vazia, então ela nem sequer se importou com a velocidade em que passava.
A viagem havia a deixado exausta, o caminho de Washington até Beacon Hills, na Califórnia, não era nada rápido, dois dias, para se dizer com mais exatidão. Por mais que ela amasse seu carro, não aguentava mais se manter dentro do mesmo.
Sua sorte era de que a casa de sua irmã, Natalie, não ficava tão longe da entrada de Beacon Hills.
Ela nem sequer havia avisado a mulher que viria, foi tão repentino, e a Fawley realmente esperava que a irmã pudesse abriga-la, mesmo sem falar com a mesma desde sua partida.
A única coisa que ela realmente planejou foi sua transferência para o pequeno e único hospital de Beacon Hills, que nem se comparava ao hospital em que ela trabalhava na capital.
Entretanto, isso não parecia importar para Alessia, ela apenas queria voltar novamente a cidade pacífica em que viveu desesperadamente.
A morena então entrou na rua de sua irmã e percebeu o quão próxima estava de vê-la. Talvez ela nunca admitisse, mas uma parte sua sentia saudade tanto dela quanto de sua pequena sobrinha, que agora, com certeza, estaria enorme.
Não demorou muito para Alessia parar em frente a casa de Natalie, mas ficou pelo menos trinta minutos dentro de seu carro pensando se aquela era realmente a decisão certa a se tomar. A garota tomou coragem, e sem se importar com a bronca que levaria tanto dela, quanto de, futuramente, sua mãe, ela foi até a porta e tocou a campainha.
Nem mesmo 10 segundos depois disso, Natalie abriu a porta confusa, não parecia esperar por ninguém, muito menos sua irmã mais nova que não via a anos. Isso lhe surpreendeu, o choque e a confusão pareciam ter tomado seu rosto.
— Não sei como dizer isso, mas... Oi? — Alessia foi a primeira a se pronunciar, e antes que ela pudesse dizer algo a mais, Natalie, para sua surpresa, repentinamente lhe abraçou.
A mais nova ficou confusa por um momento, mas logo retribuiu seu abraço.
— Você está realmente aqui? — Natalie disse desacreditada após se afastar e agarrar o rosto de sua irmã — Senti saudades — Afirmou e a abraçou novamente, isso surpreendeu a Fawley. Ela esperava todos os tipos de reações, menos essa.
— Eu... posso entrar? — Questionou envergonhada com tamanha recepção. Os olhos de Natalie levemente marejados se direcionaram novamente a Alessia e ela rapidamente concordou.
Então ela finalmente entrou oficialmente dentro da casa de sua irmã. Era exatamente como lembrava, desde sua saída, nada parecia ter mudado.
— Mãe, quem era? — Uma garota ruiva desceu das escadas questionando sua entrada, e isso deixou Alessia surpresa.
— Ah, Lydia. Essa é sua tia, não se lembra? — Natalie disse enquanto tentava se recompor de sua surpresa — Alessia, por que não se senta? — A Martin apontou para o sofá na sala ao lado, e Alessia seguiu até lá em passos relutantes enquanto ainda estava surpresa em quão grande estava sua sobrinha.
— É uma linda casa — Alessia disse enquanto se sentava no sofá de Natalie. A mulher ainda parecia estar nervosa com a presença de sua irmã.
— Obrigada — Natalie se sentou ao seu lado e ficou um tempo em silêncio, mas logo se pronunciou — Então, por quê está aqui? Não me entenda mal, eu estou realmente feliz em te ver, mas isso foi tão repentino — A morena desviou o olhar e ficou em silêncio por uns momentos, ela realmente não poderia dizer do que fugia em Washington.
— Digamos que eu apenas tenha sentido falta de nossa cidade. De você, da pequena Lydia e da mamãe. Falando nisso, onde ela está? Senti falta de suas broncas aqui — Brincou e sua irmã a olhou com um olhar de pena, a garota não entendeu.
— A viajem deve ter sido longa, certo? Por quê você não vai para o quarto de hóspedes e descansa um pouco? — A mulher rapidamente mudou de assunto, isso deixou Alessia desconfiada, mas ela concordou, pois realmente estava cansada — Lydia, querida, por quê não pega as bagagens de sua tia? — Natalie deu um olhar a garota e ela concordou.
A Fawley decidiu ignorar as estranhas ações de sua irmã e subiu as escadas procurando o quarto de hóspedes.
Assim que ela o encontrou, se jogou na cama mesmo com todas as suas roupas sujas. Ela dizia para si mesma que ficaria apenas alguns minutos, mas sabia que se continuasse ali, não ia levantar tão cedo.
Alessia suspirou e se levantou novamente, antes de tudo, ela precisava de um banho.
Ela retirou sua jaqueta, que por mais que o clima estivesse quente, era altamente necessária. E isso era realmente visível principalmente quando ela a tirava.
Seu braço esquerdo estava enfaixado, enquanto o seu direito continha alguns arranhões. Abaixo dos curativos havia algumas aberturas pequenas e uma extensa que seguia por todo seu antebraço. Apenas olhar para aqueles ferimentos a fazia ficar extremamente frustrada, pois as lembranças anteriores a sua viagem.
— Aqui estão suas malas, entregues! — Lydia exclamou adrentando no quarto sem nem sequer anunciar sua entrada, o que surpreendeu Alessia.
— Lydia! — A Fawley gritou assustada enquanto tentava esconder seus ferimentos, mas falhou miseravelmente.
— Isso... — A morena lhe interrompeu.
— Não é da sua conta. Sem querer ser grossa, mas saía. Agora — Disse seriamente e a garota lhe obedeceu. Realmente não era algo de sua conta, mas a ruiva ainda havia ficado preocupada.
Entretanto, não importava quem havia entrado por aquela porta, ela nunca seria capaz de explicar os motivos de suas contusões, talvez pela vergonha de passar por tudo aquilo ou pelo assunto complexo demais para se resumir em uma noite.
— Bom dia! — Alessia desceu animada pelas escadas até a mesa de jantar sua irmã.
— Bom dia, quanta animação tão cedo — Natalie disse enquanto colocava o café da manhã na mesa.
— Onde está Lydia? — A morena questionou quando viu que sua sobrinha não parecia estar sentada na mesa de jantar.
— Ah, ela foi para a escola mais cedo. Tenho que estar lá daqui a pouco também, mas esperei que acordasse — A mais nova se sentou na mesa e começou a saborear os aperitivos.
— Nossa, essa panqueca está uma delícia! Realmente senti falta disso — Natalie riu e se sentou ao lado de sua irmã.
— Fico feliz que tenha gostado, não se sobrevive só de miojo — Alessia riu — ]}Mas então, o que fará hoje? — Questionou interessada.
— Eu irei ao hospital de Beacon Hills resolver uns assuntos com o diretor de lá — Natalie ficou confusa.
— O que tem a resolver com ele?
— Eu não te contei, não é? Eu vou ficar em Beacon Hills por um tempo, e você sabe, eu não consigo ficar sem trabalhar — Natalie arregalou os olhos — Então conversei com ele antes de vir e vi se tinha alguma vaga para mim, ele disse que o hospital estaria de braços abertos. Eu só preciso ir lá cuidar de umas papeladas.
— Isso... isso é ótimo, Alessia — Natalie disse ainda em choque pela notícia.
— Pode ficar calma, eu não vou ficar mais por muito tempo na sua casa. Eu também acredito que irei resolver isso hoje. Voltarei a ser uma cidadã de Beacon Hills — A mulher riu — Bem, acho que vou indo! — Alessia beijou testa de sua irmã e saiu as pressas da casa.
Um novo começo parecia realmente anima-la.
O passeio de carro foi relaxante para Alessia. Rever novamente alguns locais de sua infância parecia tê-la deixado mais animada ainda para explorar a cidade novamente. Quando ela parou em frente ao hospital, algumas memórias não tão felizes quanto as outras vieram a sua mente, mas ela rapidamente as afastou.
A morena saiu de seu carro e começou a andar em direção ao hospital. Em frente ao hospital, o diretor parecia a esperar ansioso.
— Srta. Fawley, que honra vê-la aqui! Suas pesquisas, seu trabalho em si é espetacular! — O homem se aproximou de Alessia animado, a garota sorriu envergonhada.
— É um prazer lhe conhecer também, Sr. Watson! Eu espero que possamos trabalhar muito bem juntos — Watson sorriu.
— Mas é claro que iremos, é um prazer tê-la aqui. Apenas precisamos resolver algumas papeladas em meu escritório, você se incomoda? — A Fawley negou.
— Vamos, mal posso esperar para trabalhar aqui — Watson sorriu novamente e a guiou para dentro do hospital.
A primeira coisa que a Fawley pode perceber era que aquele hospital parecia bem mais pacífico que o seu antigo trabalho. Antigamente, a cada segundo passava algum grupo de enfermeiros apressados levando alguém para uma sala de cirurgia. Era desgastante.
Entretanto, no hospital de Beacon Hills, apesar de ser o único da cidade, parecia estranhamente tranquilo. Ela não sabia ao certo se gostava disso ou não.
— Bem, entre aqui — Apontou para uma porta assim que subiram as escadas. Alessia lhe obedeceu e entrou em seu escritório — Não ligue para a bagunça — Disse pegando alguns papéis embaralhados na mesa, o que fez a morena rir — Então, aqui estão os papéis. Esses ficarão comigo e esses com você — Lhe entrega dois montes de papéis — Pode assinar este e levar esse para casa, então lê-lo com calma.
— Claro, obrigada. Mas acho que consigo lê-lo aqui mesmo — O homem assentiu pacientemente e se sentou em sua mesa.
Alessia se sentou em uma poltrona próxima e começou a ler o contrato calmamente. Haviam 10 páginas no total, e ela conseguiu lê-las rapidamente, em torno de alguns minutos. O salário era ótimo.
— Certo, está ótimo para mim — Alessia se levantou rapidamente e assinou os dois papéis, surpreendendo o homem que a esperava pacientemente.
— Isso está perfeito! Você pode começar amanhã? — A morena sorriu.
— Achei que nunca perguntaria — Deu um forte aperto de mão em Watson e saiu alegremente de seu escritório, sua vida parecia finalmente estar indo para algum rumo.
A Fawley passeou alegremente por todo o hospital, cumprimentando a todos que via pela frente, nada poderia tirar sua alegria. Estava até mesmo em fazer um jantar para sua irmã e sobrinha.
Seu telefone começou a tocar.
A morena imediatamente atendeu a ligação, sem sequer olhar a barra de idenficação.
— Encontrei sua casa dos sonhos, é em um dos bairros nobres de Beacon Hills — Alessia ia falar algo, mas ele lhe interrompeu — Eu sei que disse que não queria nada muito grande, mas você sabe que tem dinheiro suficiente para comprar toda Beacon Hills, por quê continua com isso? — A morena revirou os olhos.
— John, já te falei. Eu quero o apartamento mais próximo da casa da minha irmã, e que não aja nada além do básico — O homem pareceu ficar frustrado — Eu não preciso de nada além de um banheiro, um quarto e uma cozinha com um fogão.
— Quem está querendo enganar? Você pede comida feita e sua maior especialidade é miojo. Como médica, você deveria saber que isso não é saudável — A Fawley revirou os olhos.
— Eu não preciso de dicas saudáveis do meu corretor — A garota massageou suas têmporas — De qualquer forma, resolveremos isso amanhã. Eu preciso fazer um almoço em comemoração ao meu emprego novo.
— Com o salário que provavelmente compra um restaurante. Você deveria tomar vergonha, sabia? — Alessia desligou na sua cara e riu. John foi um de seus amigos na escola, ela nem sequer acreditou quando o encontrou novamente.
Alessia havia tentado fazer um bom jantar para sua irmã, havia mesmo. Porém, parece que a receita idiota que havia visto não contava com sua proeza para queimar qualquer comida que faz.
No fim, a garota jogou tudo no lixo, pediu comida mexicana, botou em algumas panelas e depois organizou toda a mesa, apenas esperando com que sua irmã chegasse.
Não demorou muito para que pudesse escutar o barulho da porta. A morena rapidamente se levantou da mesa e ajeitou sua postura, para que pudesse surpreender sua irmã.
Entretando, era Lydia que havia chegado e ela parecia ter trago algumas companhias.
— Ah, Lydia — Alessia sorriu para sua sobrinha, que parecia confusa — Eu fiz o jantar — Apontou orgulhosa para as panelas, então viu que um garoto branquelo parecia encarar o balcão.
Quando ela olhou para o mesmo, percebeu que não havia jogado fora uma das embalagens do fast food. Ela rapidamente correu até ela e lhe jogou fora.
— Se não contar para sua mãe, eu te dou mil pratas — Os amigos de Lydia pareciam ter ficado surpresos com a quantia.
— Eu posso até não contar, mas nunca que ela irá acreditar que você fez tudo isso. Ela ainda conta sobre o Natal de 2004 — Alessia arregalou os olhos.
— Isso foi um erro de cálculo, ok? Não era para aquele frango estar lá! — Lydia riu e então saiu com seus amigos — NÃO ERA PARA ELE ESTAR LÁ! — Gritou para a garota que já estava na escada.
— Oh, Lessia — Nathalie disse entrando rapidamente na casa, parecia apressada — Que fofa, comprou o jantar — Ela beijou sua irmã e a mais nova ficou chocada.
— Por quê não acredita que eu fiz? — Nathalie a encarou por um tempo.
— Mas é claro que fez — Riu e consolou sua irmã com batidinhas na sua cabeça.
— Ok, deixe isso de lado. Não vai acreditar — Disse animada e sua irmã pareceu compartilhar do mesmo sentimento — Consegui o emprego!
— Isso é ótimo, querida! Meus parabéns! — A Martin abraçou sua irmã, que retribuiu com felicidade.
— Não é? Mamãe ficará louca quando souber. Quero ver ela que problema ela achará nisso — Riu e então Nathalie fechou seu sorriso aos poucos.
— Lessia, tem algo que preciso lhe contar. Estou guardando isso desde ontem a noite — Disse séria, o que lhe confundiu — Sente-se — A irmã mais velha puxou a cadeira. Ela não gostava daquele olhar, pena. Ela já havia visto ele tantas vezes, ela odiava isso.
— Eu quero ficar em pé.
— Lessia... — A garota lhe olhou com firmeza — Não sei como contar isso. Ela estava muito doente e... — Alessia lhe interrompeu.
— Se quer falar algo, fale logo.
— A mamãe morreu, ano passado. Eu queria te contar, queria mesmo, mas não tínhamos notícias de você a anos, nem sabia seu celular. Não tínhamos nada — Alessia ficou em choque, um nó parecia ter se formado em sua garganta — Mas ela te amava, você precisa saber disso, que apesar de seus desentendimentos, ela ainda faria tudo por você. E ela estaria tão orgulhosa do que se tornou, tão linda e brilhante — Nathalie segurou os ombros de sua irmã, que estava estática.
— Claro que sim — Disse ironicamente para sua irmã, o brilho de suas lágrimas podiam facilmente ser vistos em seus olhos — Eu preciso de tequila, muita tequila — Deu uma risada irônica e andou rapidamente até às chaves de seu carro.
Toda aquela casa agora parecia estar querendo engoli-la por inteiro. Ela tinha que sair daquele lugar a todo custo.
𝐍.𝗢𝗧𝗘𝗦
Oiê, meus amores! Quanto tempo, decidi respostar a fic já com um capítulo novo. Espero que tenham gostado! É isso <3
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