Sempre quis escrever uma carta
para quem sempre nos dominou.
Seja o passado ou o futuro,
nada disso restou.
Pois sinto que vou me desgastando,
sem uma chance para voltar,
não me sinto satisfeito,
pelo que estou a me tornar.

Sem ingresso de volta
o nosso trem vai andando.
Pode parar de repente,
passageiros sacrificando,
e eu só observando.
Devo agradecer ou chorar?
Pelo tempo que se foi,
e não pretende retornar?
Ou deste trem pular?

Nem eu sei mais,
o que vai ser de mim.
Forçado a cultuar certas coisas,
me deixando assim.
Com minha alma desgastando
de pedaço em pedaço.
Como um vidro que cai,
e logo vira estilhaço.

Queria poder discutir
mas meu tempo está acabando.
Minhas forças diminuindo,
meu ser se esgotando.

Deixo essas questões para trás,
e me pergunto se realmente
eu já tive algum valor,
que desvanece lentamente .
Sou facilmente substituível,
quero sair do quarto.
Sentir o ar nos pulmões,
e o tempo se esgotar.
Pois o relógio não para,
e jamais deve parar
Porque sempre veremos
o ponteiro se movimentar.
Até o tempo acabar.