__-__--_𝕻𝖗𝖔𝖑𝖔𝖌𝖚𝖊_--__-__
·°Música de introdução do livro°·
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_Killing butterflies_
~Lewis Blissett~
"Quando mariposas voam é difícil distingui-las de borboletas."
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— NÃO... POR FAVOR, EU JURO QUE VOU TE PAGAR!
O líquido carmesim pintava o chão daquele lugar escuro, espalhando-se como um mosaico trágico, brilhando em tons de vermelho sob a luz fraca que falhava incessantemente.
— NÃO.... NÃO....
Hoje era o dia do acerto de contas. Eu sabia. Sabia desde o começo que não conseguiríamos fugir da sentença brutal que cairia sobre nossa família se não cumpríssemos nossa parte do acordo.
Eu tentei. Tentei falar com meu pai sobre isso, tentei evitar... Mas ninguém me ouviu.
Ninguém....
Estavam cegos pela arrogância, acreditando que podiam enganar nossos credores. Talvez eu devesse ter feito mais. Talvez... se eu tivesse insistido mais.
Eu poderia ter feito melhor....
— POR FAVOR... EU FAÇO QUALQUER COI-.. AHHH!
Tapei meus ouvidos.
Eu... Eu não sabia que isso aconteceria.... Eu não queria vê-los morrendo na minha frente...
Juro que não queria....
Fui uma idiota. Tentando resolver isso por conta própria.... "Uma criança estúpida", como Jerry sempre me chamava.
Prometi que ajudaria a pagar o que devíamos. Dei tudo de mim.... Mas tudo isso por nada.
Eles prometeram que os poupariam, que não machucaria minha família se eu desse o dinheiro. Eu... eu realmente tentei evitar a tragédia que agora assistia de camarote.
Eles mentiram.
"Como pude ser tão burra?"
Eles me usaram...
Thomas, Jerry, Michael... John... Eles estão caindo um a um. O sangue no chão, os gemidos de dor, as partes espalhadas..... E eu sou a culpada. Sou eu que deveria estar ali.
ERA PRA SER EU PORRA!
Não....
" Se eu tivesse sido mais forte. Se eu tivesse lutado mais. "
Mas no fundo, eu sabia que não adiantaria.
— JORI... POR FAVOR, ME AJUDE...!
A voz de John rasgou o ar, fraca e sufocada, tirando-me do meu torpor.
Eu o vi, mesmo que de forma incerta. Ele se arrastava no chão, sua mão ensanguentada estendida em minha direção, suplicando. Quis ajudá-lo. Juro que quis. Mas meu corpo parecia não me obedecer.
Cada respiração era um esforço, meus pulmões queimavam enquanto eu assistia tudo... sem fazer nada.
— Pai...
Então o estouro.
Virei minha face instintivamente. O calor do sangue dele espirrou em meu rosto, descendo devagar até o meu queixo.
O gosto amargo da culpa me preencheu por completo.
De que adiantava mentir? A quem eu estava tentando enganar?
Se eu não tivesse sido tão intrometida, talvez eles ainda estivessem vivos.
Naquele momento, eu não era capaz de ouvir nada ao meu redor, apenas meu coração acelerado no peito, pude senti-lo queimando. Agarrei minha blusa com força. Doía tanto... Mais do que eu podia suportar.
Minha garganta me asxifiava, não podia suportar olhar para John. Então, abaixei minha cabeça. Esse pequeno movimento quase me fez cair.
Me sentia tonta.
As lágrimas vieram, mas eu as contive com força. Não era o momento.
John... meu pai... estava morto. Por minha causa. Tudo por causa da filha estúpida.
Lembro-me das suas últimas palavras para mim:
"Eu sou o melhor pai do mundo, não sou? Não precisa se preocupar, eu vou resolver isso. E voltar para você."
E agora ele estava ali, totalmente imóvel, seu sangue ainda quente rasgando minha pele. Ele pagou por minha fraqueza.
— Irritante...
Murmurou o homem que havia puxado o gatilho, como se a morte de John fosse apenas um detalhe inconveniente, um obstáculo pequeno em seu caminho.
Eu o traí. Traí meu próprio pai. Por mais que eu tente justificar, a verdade é que sou a responsável. Fui eu que os trouxe até aqui. Eu fiz isso. A culpa é minha. Só minha.
Isso foi culpa minha...
Isso foi culpa minha...
Isso foi culpa minha...
Isso foi culpa minha...
Minhas mãos estavam cerradas em punhos tão apertados que mal sentia meus dedos. Apenas o líquido quente escorrendo de minhas unhas cravadas na pele.
A dor física era uma distração inútil para a dor que queimava meu peito. Eu queria sentir alívio. Qualquer alívio. Mas tudo o que sentia era sufocamento.
...
Com minha cabeça ainda abaixada, vi aqueles sapatos de grife se aproximarem. Eles pararam à minha frente. Lentos e confiantes.
Olhei para cima vagarosamente com meu corpo ainda tremendo, e encontrei o assassino de John ali, tão próximo que podia ouvir sua respiração abafada.
Ele era gigante, muito maior que eu.
— Está arrependido, garoto?
A máscara branca que ele usava em seu rosto ocultava suas expressões, mas seus olhos... aqueles olhos sombrios espreitando por trás das madeixas negras de sua franja, me perfuravam de modo ameaçador. Eu sabia o que ele queria ouvir.
— N... Não.....
Minhas palavras saíram trêmulas, fracas. E mesmo enquanto eu falava, meus punhos permaneciam apertados, minha voz era um eco distante da vergonha e da culpa que eu tentava esconder. Ele sabia. E eu também.
....
Um ódio começou a me consumir por dentro. Em cada momento que eu olhava para ele com aquela arma na mão.... Aquele semblante tranquilo.... O jeito como me encarava...
Eu queria matá-lo...
— Então, por que parece tão abatido?
....
Ele esperava por uma resposta, parecia estar me torturando. Esperava que eu dissesse com todas as letras que estava apavorada e arrependida.
Eu não pude responder, em vez disso, preferi encarar seu rosto com todo o ódio que havia dentro de mim.
Meu medo havia sumido em um piscar de olhos, eu já sabia que iria morrer também, o que mais eu poderia perder?
....
— Senhor, acabe logo com esse moleque. Não podemos ficar aqui por muito mais tempo.
Pude ouvir um dos homens atrás dele conversando. Eles falavam de mim. O último da família Ross.
Mas isso não importava mais. Nada importava. Eu só queria acabar com tudo isso... Ou... Com ele?
Meus olhos vagaram para a direita, vendo alguns cacos de vidro estilhaçados que brilhavam sob a luz fraca.
...
Meu corpo se moveu sozinho, desatando os punhos cerrados em minha carne enquanto ia na direção dos pedaços de vidro.
Agarrei um deles com força, sentindo a dor cortante atravessar minha pele, o sangue quente escorrendo por meus dedos novamente. Mas eu não me importava. Eu queria sentir algo. Qualquer coisa que não fosse essa dor sufocante no peito.
Olhei para ele de novo. Ele ainda conversava com seus capangas, indiferente à minha presença. Até que seus olhos encontraram os meus, aquele olhar me fazia arder por dentro.
Ele me provocava.
Sem pensar mais, eu corri. Corri com tudo o que me restava: aquele caco de vidro em minha mão.
Então, usando toda minha força, cravo a lâmina em seu abdômen.
...
Mais uma vez senti aquela sensação quente em minhas mãos, aquele cheiro familiar que já infestava meus pulmões se intensificaram. Senti as gotas riscando meus braços até chegarem em meus cotovelos.
POR QUE ELE FICOU PARADO?
— Ugh...
Eu tinha sangue em minhas mãos... Não. Em todo meu corpo.
Eu realmente o acertei? Por que???
De repente, ele segura minhas mãos, aprofundando o caco em seu abdômen.
— O..Oque....
Balbuciei confusa. O que ele estava fazendo?? Eu não podia livrar minhas mãos das suas, por mais que eu tentasse. Ele não me deixava sair.
As lágrimas que tanto segurei finalmente deságuam. Eu não podia mais controlar.
— SENHOR!
Os capangas finalmente percebem o ocorrido. Nem mesmo eles parecem ter acreditado que eu o havia acertado.
Lanço um último olhar para aquele homem. Ele me fitava com aqueles mesmos olhos nada surpresos. Nem mesmo uma lâmina cortando seu estômago parecia assustá-lo o suficiente.
O que ele queria de mim?
...
Até que então...
Ouço outro estouro.
Mas dessa vez, junto dele, sinto uma dor alucinante se espalhando pelo meu braço. O impacto foi o suficiente para me arremessar no chão. Senti meu ombro pegando fogo, as chamas subindo para meu peito e garganta, me asfixiando. Mais.. e mais.
Não podia sentir meu braço direito, é como se ele simplesmente não estivesse mais ali. A dor era incessante, mas eu não tinha forças nem para chorar. Em vez disso, tive sono.
Eu estou morrendo?
Meus olhos vagueavam lentamente. Pude ver algumas sombras borradas caminhando inquietamente ao meu redor, eles conversavam entre si, e eu estranhamente não conseguia entender nada do que falavam. O som da minha respiração constante abafava qualquer voz daquele lugar, e chega em um momento que apenas posso me ouvir, buscando desesperadamente por ar. Agonizando até a morte.
Por fim, lutando contra minhas pálpebras que insistiam em cair. Encaro aquela grande e imponente silhueta à minha frente.
Ele ainda continua de pé.
Sinto meus sentidos se esvaindo aos poucos enquanto me culpava novamente. Estou morrendo, e nem pude vingar meu pai... Eu... Sou...
....
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