7. Uma Caminhada No Bosque
Capítulo 7
Todos se desenroscaram dos galhos e casacos com expressões que traduziam sentimentos diferentes.
Susana franzia as sobrancelhas, não completamente certa se podia acreditar nos próprios olhos.
Pedro tinha os olhos arregalados, sentindo-se um tonto por não ter acreditado na irmãzinha.
Sofia tinha um sorriso alegre estampado no rosto, assumindo que aquilo era o fim da nuvem cinzenta que vinha pairando sobre todos eles nos últimos dias.
Lúcia tinha um sorriso triunfante de "agora acreditam em mim", ao passo que o sorriso triunfante de Clarissa tinha um tom um pouco mais levado de "eu avisei".
O sentimento de sucesso de Edmundo não durou muito tempo. De fato, foi-se embora quando fixou os olhos nos dois picos que marcavam o lugar onde finalmente encontraria sua amiga e mais manjar turco.
- Impossível! - Susana balbuciou, os olhos fixos em tudo ao redor e vários sentimentos se misturando em seu peito.
- Tudo bem. - Lúcia falou em um tom matreiro de quem talvez estivesse passando um pouquinho de tempo demais na companhia de Clarissa. - Só pode ser a imaginação de vocês.
- Podem se beliscar. Com certeza estão sonhando. - Clarissa completou no mesmíssimo tom, compartilhando com Lúcia uma risadinha travessa.
- E-eu imagino que... Pedir desculpas... Não é o bastante. - falou Pedro um pouco envergonhado com um olhar apologético para as duas meninas e também para Sofia.
A mais velha deu de ombros, mas sabia pelos rostos das pequenas, ambas estavam prestes a aprontar alguma.
- Não. É pouco. - Lúcia falou com a carinha limpa de emoções antes de assumir aquele olhar de brincadeira e atirar uma bola de neve na cara do irmão com a mira mais impecável que já se vira numa criança de idade dela. - Mas isso basta!
Olhos arregalados e risadas, e antes que se pudesse dizer faca, estavam todos atirando neve uns nos outros. Menos Edmundo, é claro, que tinha uma expressão apática de doer e não estava nada interessado em perder um tempo em que poderia estar se entupindo de manjar turco se divertindo com os irmãos - porque os doces eram na verdade enfeitiçados, e a magia era tão forte que faria uma pessoa come-los até estourar.
Pouco importava, porque no momento ninguém realmente se lembrava de Edmundo, até que Susana lançou uma bola de neve nele.
- Ai! - Edmundo reclamou, indignado como se Susana tivesse feito algo imperdoável ao tirar sua atenção dos montes no meio dos quais ficava o castelo da Feiticeira. - Parem!
Houve um momento de silêncio em que todos olharam para Edmundo como o estraga prazeres que ele era, mas não durou muito tempo, pois Pedro fez questão de apontar assim que se lembrou:
- Seu mentiroso!
- Você também não acreditou! - o menino devolveu, a cada segundo mais de saco cheio de Pedro e todo o resto.
- Peça desculpas pra elas. - Pedro mandou em um tom que apesar de não ser exatamente bravo, era mortalmente sério. Não durou muito, no entanto, diante da indiferença do mais novo, fazendo com que o rapaz avançasse sobre Edmundo com um tom muito mais incisivo. - Peça desculpas!
- Tá bem! - exclamou Edmundo nada contente e não gastando mais que um segundo para olhas as meninas antes de voltar a encarar o irmão. - Me desculpem!
- Não tem problema. - Lúcia respondeu, mas seu olhar demonstrava que ainda tinha problema sim.
- É. Algumas crianças não sabem a hora de parar de fingir. - completou Clarissa com um sorrisinho falso.
- Ah, engraçadinha. - Edmundo soprou com um olhar mordaz. Decidiu que não gostava muito de Clarissa, e o sentimento era muito recíproco.
De fato, Clarissa não gostava nadinha de Edmundo.
- Pelo menos alguns irmãos mais velhos sabem a hora de trazer os mais novos para o mundo real. - Sofia comentou com ninguém em particular, cavocando um pouco a neve com a ponta do sapato. Ela também não gostava nada de Edmundo, e não conseguia morder a própria língua.
O comentário rendeu a volta da cara "chiliquenta" de Edmundo, e fez com que Susana entrasse em modo "contenção de catástrofe".
- Melhor a gente voltar. - declarou a Pevensie mais velha sinalizando o guarda-roupas.
- Mas devíamos pelo menos dar uma olhada! - Edmundo objetou e Clarissa soltou uma risadinha soprada.
Ah, então agora ele queria andar ao ar livre?
- "Não é como se não tivesse ar lá dentro!" - a menina falou numa péssima imitação da voz de Edmundo. - Aposto que na verdade andou querendo voltar pra cá o tempo todo!
- Ah, não enche! - respondeu Edmundo torcendo o nariz para ela e recebendo como contra-argumento uma bela careta de Clarissa com direito a orelhas puxadas, olhos vesgos e língua de fora.
A careta foi logo embora, no entanto, quando a menina recebeu um peteleco da irmã.
- Eu acho que a Lúcia e a Clarissa devem decidir. - Pedro se intrometeu para a felicidade das meninas pequenas e alívio das garotas mais velhas.
- Queria que conhecessem o Sr. Tumnus! - exclamou Lúcia após compartilhar um sorriso animado com Clarissa.
- Vamos conhecer o Sr. Tumnus! - Pedro falou prontamente virando-se de volta para o guarda-roupas para o muito desgosto de Susana, que não gostava nem um pouco daquela ideia.
- Mas não podemos andar pela neve com essas roupas! - ela objetou esfregando o próprio braço que já começava a doer de frio sob seu fino cardigã.
- Su tem razão. - concordou Sofia, por mais que quisesse explorar. - Talvez possamos voltar outro dia? Com roupas adequadas?
- Realmente. - Pedro falou voltando com o braço cheio de casacos de pele e entregou um para Lúcia e outro para Clarissa. - Mas aposto que o Professor não se importa que a gente use os casacos. Enfim, se pensarem... - estendeu um casaco para Susana. - Logicamente, não estamos nem tirando do guarda-roupa. - e estendeu outro casaco para Edmundo.
- Mas é casaco de menina! - o menino reclamou se afastando do casaco como se fosse algo muito nojento.
- Eu sei. - Pedro deu de ombros entregando o casaco para o irmão. Então virou-se para Sofia e abriu um dos dois casacos que ainda carregava como que para ajudá-la a vesti-lo. - Milady.
- Obrigada. - Sofia riu baixo enfiando os braços no casaco e ficando ridiculamente vermelha ao sentir as mãos de Pedro espanarem seus ombros. Virou-se a tempo de ver o rapaz colocar o próprio casaco e estendeu as mãos ajeitando a gola por ele. - Aqui!
Pedro retribuiu o sorriso e ofereceu o braço de forma brincalhona, gesto que a garota aceito com um sorrisinho tímido e trilharam atrás de Clarissa e Lúcia, que já saiam andando.
- Francamente... - Susana murmurou revirando os olhos e os seguindo.
- Ew. - falou Edmundo fazendo careta e se juntando à irmã mais velha.
Caminharam em fila por um tempo apertando bem os casacos ao redor de si para espantar o frio, mas logo o frio foi esquecido diante de toda a beleza da floresta. Chegaram até o lampião e Pedro e Susana o encararam com toda a estranheza que o objeto merecia.
- De onde será que veio? - perguntou Susana intrigada.
- Oh, Sofia! Conte a eles o que tinha dito sobre ele ser como uma árvore! - Lúcia exclamou animada.
- Eu descobri a verdade sobre de onde veio o lampião, Lu. - Sofia sorriu e olhou para a irmã. - Lembra daquela história que tia Polly nos conta, Clare? Aquela com os anéis mágicos, o tio maluco, a bruxa e o leão que cantava?
- Claro que me lembro, Sof! Incrivelmente parecida com aquela que o Sr. Tumnus contou sobre quando Nárnia foi criada. - Clarissa assentiu e então franziu as sobrancelhas. - Não havia aquela parte sobre a briga na rua de Londres em que a bruxa tirou um pedaço de um poste de iluminação para usar de espada e que quando chegaram naquele mundo todo escuro ela o derrubou enquanto o leão cantava e ele... Brotou como um poste de iluminação novinho em folha!
- O lampião acabou de ficar infinitamente mais interessante. - riu Pedro e Lúcia assentiu freneticamente.
- Então aqui tudo o que se derruba no chão brota? - Susana franziu as sobrancelhas cética.
- Suponho que não mais. - respondeu Sofia. - Se não me engano o lampião ter brotado estava relacionado à magia da voz do leão. Uma vez que ele parou de cantar, a magia não deve ter durado muito.
- Será que podemos ir logo ou vamos continuar congelando aqui? - Edmundo perguntou impaciente com as mãos enfiadas no fundo dos bolsos.
- Vá andando se quiser! Não é como se nunca tivesse estado aqui antes. - devolveu Clarissa com uma careta malcriada.
- Vamos indo ou não chegaremos à casa do Sr. Tumnus a tempo do chá. - falou Susana ao mesmo tempo que a pequena Redfield ganhava um beliscão da irmã mais velha.
Continuaram assim sua caminhada pela neve. Em um ponto, Sofia soltara o braço de Pedro para ir caminhar com Susana e ambas cochichavam maravilhadas sobre Nárnia enquanto as pequenas guiavam o caminho e Edmundo permanecia apático e desagradável.
Ao ver uma descida coberta de neve fofinha, Pedro correu à frente numa tentativa de escorregar de pé, mas no fim das contas acabou rolando colina abaixo e se levantando com um sorriso amarelo.
Já iam chegando pertinho da casa do Sr. Tumnus, e muito polidamente Susana perguntou:
- E como é a casa do Sr. Tumnus?
- Oh, é majestosa! - Clarissa exclamou empolgada. - Ele mora dentro de uma grande rocha! E tem uma porta com aldraba de girassol! Parece coisa de contos de fada!
- Sim! E ele também tem montes de livros lindos, e uma lareira quentinha. - Lúcia continuou enquanto viravam a última esquina para a morada do fauno. - Veja, já estamos chegando! Aqui tem muita comida gostosa, e nós vamos beber muito... Chá.
A palavra "chá" deixou a boca de Lúcia quase sem que ela percebesse, pois a menina olhava chocada para a porta - aquela mesma linda porta de contos de fada com rocailles e aldraba de girassol - que estava fora das dobradiças e precariamente caída para o lado de dentro do abrigo.
Clarissa olhou aquilo sem entender. A porta do Sr. Tumnus parecia muito pesada e a neve não facilitava o trabalho de quem tentasse abrí-la. Sabia também que as dobradiças eram de ferro, e não quebrariam com qualquer coisa. Quem era forte o suficiente para fazer algo assim?
- Lu? Clare? - Pedro chamou preocupado, mas nenhuma das duas sequer assimilou aquilo.
As meninas apenas trocaram um rápido olhar que queria dizer a mesma coisa. E se o Sr. Tumnus ainda estivesse lá precisando de ajuda?
Não precisaram compartilhar uma palavra sequer. Antes que se pudesse dizer faca, ambas corriam em direção à porta arrombada.
- Lúcia!
- Clare!
Pedro e Sofia bradaram em uníssono correndo atrás das pequenas, seguidos por Susana e Edmundo.
Chegaram quase ao mesmo tempo que as menores, que tinham as perninhas curtas.
Lúcia soltou um suspiro horrorizado ao ver a destruição lá de dentro e os olhos de Clarissa se encheram de lágrimas.
Sofia abriu levemente a boca em choque enquanto entrava logo após as duas. Mesmo os outros três, quando foram entrando com cautela - quem sabe se quem fizera aquilo ainda não estava lá - ficaram surpresos com o estado do lugar que havia sido descrito como lindo, organizado e aconchegante.
Móveis virados e quebrados, livros rasgados fora de suas prateleiras, toda a prataria e porcelana despedaçados. Nem mesmo o corrimão da pequena escada do hall fora poupado.
- Quem faria uma coisa dessas? - perguntou Lúcia olhando ao redor pesarosamente e segurando as lágrimas ao ver o jogo de chá que fora usado para servir a ela, Clarissa e Sofia em cacos no chão.
Um barulho de vidro arranhando foi ouvido assustando todos e Edmundo rapidamente recuou ao ver que pisara em um retrato com a moldura trincada - o retrato do pai do Sr. Tumnus - e recebeu um olhar irritado de Pedro.
- Olha... - Sofia murmurou se aproximando de uma das colunas de pedra e puxando para si um pergaminho que estava pregado lá. Passou os olhos sobre o conteúdo e sentiu a garganta se fechar. - O-o f-fauno Tumnus f-foi... Foi...
Não conseguiu terminar. Era demais. Pedro apoiou a mão no ombro da garota e tirou o pergaminho das mãos dela - que tremiam - com gentileza, antes de ele mesmo ler em voz alta:
- O fauno Tumnus foi acusado de alta traição contra Sua Majestade Imperial Jadis, Rainha de Nárnia, por abrigar inimigos e confraternizar com humanos. - ele franziu as sobrancelhas confuso. - Assinado Maugrim, Comandante da Polícia Secreta. Viva a Rainha!
O rapaz terminou a leitura olhando para Susana, que tomou o pergaminho do irmão para analisar ela mesma e ver se não havia mais alguma coisa.
- Chega. Agora temos mesmo que ir embora! - ela declarou após terminar de ler o mandado de prisão.
- Mas e o Sr. Tumnus?! - discutiu Lúcia indignada.
- Se ele foi preso só por estar com um humano, acho que não temos muito a fazer. - a mais velha respondeu. Naquela hora, seria melhor ser sincera que gentil.
- Vocês não entendem, não é mesmo? - perguntou a Pevensie caçula com uma seriedade no olhar muito difícil de se achar em crianças da idade dela. - Eu fui a humana. E Clare foi a humana. E Sof foi a humana.
- Isso tinha que ser coisa daquela Feiticeira horrorosa! - Clarissa resmungou se abaixando e apanhando um mapa de Nárnia jogado no chão e espanando a sujeira dele.
- Ela deve ter descoberto que ele nos ajudou! - Lúcia concordou.
- Melhor chamarmos a polícia. - Pedro opinou diante do olhar desolado da irmãzinha.
- Eles são a polícia! - respondeu Susana na tentativa de fazer o irmão ver que deveriam ir pra casa logo.
- Não podemos deixar por isso mesmo! - teimou Clarissa batendo o pé.
- As meninas têm razão. - Sofia falou finalmente. - Mesmo sem querer, fomos nós que causamos a prisão dele.
- Não se preocupem. Vamos dar um jeito. - Pedro prometeu abaixando-se na altura das menores.
- Por quê? - Edmundo se manifestou finalmente, chamando a atenção de todos. Clarissa revirou os olhos. Por um momento havia esquecido que aquele chato de galochas estava ali. - Ora, ele é um criminoso!
- Eu vou bater nele! - rosnou Clarissa avançando dois passos antes de ser contida por Pedro e Sofia. Lúcia só saiu do caminho, achando que Edmundo estava bem merecendo uns tabefes.
Um pássaro chilreou lá fora - mais alto que a maioria dos pássaros do nosso mundo faria - e a atenção dos jovens se voltou para ele quando ouviram claramente um "psiu!".
Susana virou-se para os outros completamente confusa:
- Aquele pássaro fez "psiu" pra nós?
Compartilharam um olhar antes de todos saírem da casa destruída para onde o passarinho os chamara. Susana saiu por último, perguntando-se se estavam em algum tipo de surto coletivo.
Assim que saíram, o pássaro saiu voando e Clarissa se perguntou por que os chamara em primeiro lugar se nem planejava ficar.
Qualquer questionamento foi embora, no entanto, quando ouviram o estalo de um galho se partindo e então sons de algo se movendo pelo mato para perto deles. Quase que inconscientemente, todos foram se juntando mais.
Clarissa se agarrou em Sofia e Lúcia, que se agarrou em Susana que assim como Sofia se aproximara mais de Pedro. Apenas Edmundo - achando-se invulnerável por acreditar que a feiticeira gostava dele - permaneceu longe da aglomeração.
Os barulhos pararam vindo da direção de uma pedra próxima e todos fixaram o olhar na mesma com medo e expectativa.
Nada nunca os preparou para o alívio absoluto que sentiram quando de trás da pedra saiu uma criaturinha com menos da metade do tamanho de Clarissa coberta de pelos marrons acobreados, patas espalmadas, dentuça e arrastando uma cauda achatada atrás de si.
- É... É um castor! - Lúcia falou com o cenho franzido enquanto todos soltavam a respiração que nem perceberam estar prendendo.
O bicho se aproximou deles farejando o ar e Pedro se abaixou um pouco estendendo a mão.
- Vem cá. - o rapaz chamou estalando a língua. - Vem. Vem cá.
- Eu não vou cheirar isso, se é o que você quer! - o castor falou extremamente ofendido fazendo todos se afastarem de susto.
Menos Clarissa e Lúcia, é claro, que sorriam completamente maravilhadas.
- Ah... Desculpe. - Pedro se afastou constrangido ouvindo as gargalhadas abertas das pequenas e uma risadinha soprada de Sofia.
- Lúcia Pevensie e Clarissa Redfield? - o castor perguntou, causando que as gargalhadas cessassem e ambas se aproximassem.
- S-sim. - Lúcia respondeu um pouco sem reação.
- Como sabe nossos nomes? - perguntou Clarissa.
Em resposta, o Sr. Castor mostrou um lencinho imaculadamente branco com delicadas flores bordadas e borda de renda que Lúcia pegou e olhou com cuidado antes de dizer:
- É o lencinho que eu dei pro Sr. Tum-
- Tumnus. - completou o Sr. Castor assentindo. - Ele me entregou antes que o levassem.
- Ele está bem? - perguntou Clarissa.
O Sr. Castor olhou ao redor brevemente antes de sussurrar:
- Sigam-me!
Com isso virou e começou a andar para o lugar de onde tinha vindo, sendo prontamente seguido por Lúcia, Clarissa, Sofia e Pedro.
- O que vão fazer? - Susana ralhou em um sussurro puxando o irmão e a melhor amiga de volta, já que estavam mais perto.
- Tem razão! - acrescentou Edmundo vendo ali uma oportunidade de alcançar se objetivo: quartos e quartos cheios de manjar turco. - Como vamos saber se é confiável?
- Com certeza ele é mais confiável que você! - falou Clarissa mostrando a língua e fazendo careta.
Susana lançou novos olhares incisivos para Sofia e Pedro, cobrando uma posição racional de ambos.
- Ele disse que conhecia o fauno! - respondeu Pedro por falta de melhores argumentos e pelo olhar de Susana podia-se ver seus pensamentos: o irmão perdera completamente a razão.
- Ele é um castor! Não deveria dizer absolutamente nada! - contra-argumentou a Pevensie.
- Susana, estamos numa terra mágica dentro de um guarda-roupas onde tem um lampião brotando do chão feito uma árvore e visitando um fauno. - falou Sofia. - A lógica não se aplica!
- Está tudo bem? - Sr. Castor perguntou aparecendo por cima da pedra por onde sumira.
- Está. Só estamos conversando. - explicou Pedro.
- Melhor conversar num lugar seguro. - sussurrou o Sr. Castor logo antes de sumir de novo atrás da rocha.
Susana voltou a olhar Pedro e Sofia como se estivessem loucos e seu olhar perguntava o que o castor queria dizer com "lugar seguro".
- As árvores ouvem. - Lúcia murmurou olhando ao redor com suspeita.
Susana e Edmundo trocaram olhares. Pedro deu de ombros. Sofia e Clarissa seguiram em frente, indispostas a discutir mais quando podiam estar ajudando o Sr. Tumnus.
A decisão ali era dos Pevensie, e as Redfield não tinham nenhuma séria obrigação de ficar com eles.
Eles poderiam voltar para casa, se quisessem. Sofia e Clarissa ficariam para ajudar o Sr. Tumnus e ajudar os narnianos independente disso.
Logo, no entanto, os Pevensie trilhavam atrás das Redfield em fila, todos seguindo o Sr. Castor.
- Venham. Não é bom ficar aqui depois que anoitece. - chamou o castor guiando-os de volta colina acima como se fossem para o lampião.
No topo na colina, virou em um caminho diferente, indo até uma pequena entrada que levava para um caminho por baixo do paredão rochoso.
Era um túnel sinuoso e iluminado por alguns cogumelos bioluminescentes por um trecho, até que o teto subia, subia, subia e se abria para o céu branco e o sol de inverno brilhando dourado sinalizando o fim da tarde.
Clarissa achava aquele caminho todo gloriosamente majestoso, como se fosse uma exploradora passando por um caminho secreto e o casaco de peles tornava a diversão ainda maior com seu tom de caramelo, os bordados acobreados nas mangas e golas e o peso que dava sentimento de manto real.
Agarrou a mão de Lúcia e sorriu divertida:
- Somos rainhas exploradoras passando por um caminho secreto para resgatar nosso conselheiro real!
Compartilharam uma risadinha.
- É uma honra explorar esse caminho secreto com você, Rainha Clarissa. - falou Lúcia em uma voz pomposa, juntando-se à brincadeira.
- Ora, igualmente, minha cara Rainha Lúcia. - a voz igualmente pomposa de Clarissa arrancou uma gargalhada de Lúcia. - De fato, não há mais ninguém com quem gostaria de ir nesta célebre aventura.
- De fato, minha cara. De fato. - o tom pomposo de Lúcia cedeu para mais gargalhadas.
As pequenas seguraram os braços uma da outra e foram andando juntas tentando coordenar suas passadas, rindo e arrancando sorrisos enternecidos dos mais velhos e um revirar de olhos de Edmundo, que no geral não tinha muita paciência para as brincadeiras da irmãzinha e de fato não gostava nem um pouco de Clarissa.
Bem, talvez um pouco. Ela era uma ótima oponente para jogar xadrez. Eles jogaram uma vez e ele se divertira muito. De fato, Clarissa era uma fantástica enxadrista.
Mas apenas isso. Em todo o restante, Clarissa Eileen Redfield era detestável e Edmundo não queria ter absolutamente nada a ver com ela.
- Ah, que maravilha! - exclamou o Sr. Castor auto e claro quando chegaram do outro lado da garganta rochosa. - Parece que minha esposa já esquentou água para uma xícara de chá!
Olharam ladeira abaixo e lá, na beira de um pequeno lago congelado, estava um adorável dique com fumaça saindo da chaminé e luz amarelada brilhando nas janelas.
- Que gracinha! - Lúcia elogiou prontamente.
- É um dique modesto. Há muito a fazer, ainda nem terminei. - desconsiderou o Sr. Castor apesar de estar claramente lisonjeado pelo elogio tão espontâneo da menina. - Vai dar um trabalho danado.
Pedro, Susana e Sofia riram baixo e todos seguiram o Sr. Castor para o dique.
- Castor, é você? - uma voz feminina chamou quando já estavam chegando lá. - Estava preocupada! Se souber que saiu com o Texugo outra vez eu...
Do lado de fora do dique, estava a Sra. Castor com as mãos na cintura como se estivesse prestes a dar um sermão muitíssimo manjado no marido. Sua expressão mudou quando viu os humanos, no entanto.
- Ah! Não são texugos! Oh! Eu nunca pensei que viveria para ver esta cena! - exclamou exultosa e então olhou para o Sr. Castor com um olhar que todo casal antigo tem dividido entre bronca e amor. - Olha o meu pelo! Podia ter avisado para eu me arrumar!
- Avisaria uma semana antes de fosse adiantar! - devolveu o Sr. Castor com um risinho de quem não falava sério, causando que todos rissem.
- Podem entrar! Vamos ver se consigo alguma comida... E uma companhia civilizada! - convidou a Sra. Castor com um olhar de alfinetada para o marido causando mais uma onda de risadas enquanto guiava para dentro do dique.
- Cuidado. Olhem onde pisam! - avisou o Sr. Castor após parar de rir.
As meninas foram as primeiras a correr pra dentro, Susana já muito mais confortável com tudo aquilo.
- Desculpem a bagunça. - Sra. Castor ia falando enquanto guiava todos por dentro. - Não consigo tirar o Castor da cadeira!
Pedro entrou logo após as meninas, mas Edmundo parou na porta, olhando brevemente na direção das duas colinas que a feiticeira lhe apontara.
Estavam bem mais perto do que esperava!
O Sr. Castor seguiu o olhar de Edmundo e um arrepio lhe subiu pela espinha.
- Apreciando a paisagem? - inquiriu, temendo o pior.
Edmundo apenas balançou a cabeça, deu de ombros e entrou.
***
Eu postando As Redfield duas vezes no mesmo trimestre? ASLAM FAZ MILAGRES MESMO, NARNIANOS!!!
Meu agradecimento nesse capítulo vai no pessoal do grupo Clarissa Fan Club que tem me incentivado muito e sempre me apoiado nos spoilerzinhos!
E a Bren que fez uns crackships lindos de morrer!
E vocês todas que me ajudaram na epifania em que eu resolvi trocar a Cara Delevigne pela Elle Fanning como faceclaim da Clare na versão Wattpad da fanfic!
Se o senhor COVID-19 paralisar as aulas da Unip - o que eu acho muito pouco provável - quem sabe Aslam não opera seus milagres e tenhamos duas postagens no mesmo MÊS?
Beijos de Luz, tia Ari!
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