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#𝟒𝟏 - 𝖯𝖺𝗋𝖺 𝗌𝖾𝗎 𝖻𝖺𝗇𝗊𝗎𝖾𝗍𝖾, 𝗺𝗮𝗷𝗲𝘀𝘁𝗮𝗱𝗲!

AVISO: ESSE CAPÍTULO CONTÉM CENAS DE TORTURA E VIOLÊNCIA EXPLÍCITA.

Corvos viajavam rápido, só perdiam para os dragões, mas Rhaenyra não poderia mandar montadores a todos os lugares, com perdas consideráveis e uma dor latente que a perseguia, mesmo na capital recém-tomada, restou a rainha dos pretos mandar as aves para avisar a seus aliados sobre o sucesso em ter de volta o castelo em que cresceu, mas que seu irmão Aegon estava desaparecido.

Enquanto a rainha se comunicava com os aliados, seus inimigos seguiam tramando em suas costas, por mais que Otto Hightower ainda achasse que Aegon era uma opção ruim e se arrependesse de algumas decisões que tomou pelo caminho, ele não podia guardar ressentimentos, não naquela altura do jogo, ele não podia retroceder, a melhor chance de chegar perto do sucesso em seus planos era - justamente - apoiando o seu neto.

Com a ausência de Rhaenyra e Daemon na capital, o Hightower via Pedra do Dragão como um antro desprotegido, ele organizou os homens que pode para chegar até a ilha, o mar era sempre bem vigiado pelos Velaryon, mas naquela ocasião eles tomaram uma rota diferente, desembarcando em outro ponto do porto, se misturando ao pouco da guarda que tinha ficado na ilha, uma vez que com a notícia da tomada da capital, a rainha precisou que vários de seus homens fossem ajudá-la a manter seu poderio em King's Landing.

Drasilla descansava em seus aposentos quanto batidas ritmadas na porta foram ouvidas, desde o ocorrido com Rhaenyra, as duas passagens que eram usadas para sair do quarto, além da porta, se mantinham trancadas, ela não poderia abaixar a guarda para que uma traição acontecesse, ela tinha medo, por si, por tudo, até mesmo seu sono era leve. Ao encostar perto da porta ela ouviu a voz de Cadmus, pedindo para entrar, normalmente era ele quem fazia a guarda pelo lado de fora.

── O que houve? ── Ele parecia nervoso, ela leu isso em sua expressão. ── Aconteceu alguma coisa?

── A guarda não está no seu lugar típico. ── Cadmus a empurrou para trás, fechando a porta e a trancando, caminhando até perto da janela dela, que era virada para a direção do porto, um belo cenário ao pôr do sol, mas agora era quase escuro, iluminado pela lua. ── Eu acho que estamos sendo invadidos?

── O quê? ── A princesa parou perto dele. ── Por quê?

── Os veleiros Velaryon e Martell mantém suas velas altas e as tochas, tem uma organização naval específica. ── Cadmus apontou para o porto, depois para mais longe, perto da formação rochosa. ── Eles deram a volta, nossos aliados sabem como se identificar, para não serem atacados, é mais fácil que os inimigos conheçam nossos truques que não conheçam.

── Não são nossos veleiros. ── Os olhos de Drasilla tremeram. ── A notícia da posse da capital já chegou nos nossos inimigos.

── Suspeito que os guardas tenham sido rendidos, podemos estar sendo invadidos. ── Cadmus se aproximou da cama da princesa, tomando em punho a Coração de Valíria. ── Você vem comigo, se eu te mandar ficar aqui, você não vai me obedecer.

── Que bom que você sabe. ── Ela deu de ombros, passando para trás de um biombo e pegando um par de calças, que vestia apressada por baixo do vestido que usava.

── Mas por favor, me obedece dessa vez, você estar viva é um segredo que muitos de nossos aliados não sabem, é nosso trunfo. ── Cadmus se mantinha de costas para o biombo. ── Não podemos perder o fator surpresa.

── Eu não tenho um dragão, Cadmus. ── Drasilla já vestia a camisa carmesim e o colete por cima da mesma, por segurança. ── Eu sou só a porcaria da caseira ou tutora, sei lá como o Daemon quer chamar.

── Você é a guardiã do futuro da Dinastia Targaryen. ── Ele completou por cima, se virando ao ouvir uma risada dela. ── Eu estou falando sério.

── É, eu só acho uma idiotice. ── Ela deu de ombros, estendendo a mão. ── Me dá a Coração de Valíria.

── Você não vai lutar. ── Ele puxou uma adaga, que antes estava presa a sua bota. ── Para sua proteção, mas você vai ficar atrás de mim, protegendo a retaguarda.

── Com essa faca de geleia? ── Ela parecia claramente indignada ao ver a lâmina da arma dada pelo Stark. 

── Você arrancaria o estômago de um homem para foram com muito menos. ── O guarda pendeu a cabeça. ── É o que você tem, vamos logo.

Otto era ardiloso, ele conhecia Pedra do Dragão, servindo a três reis, não era um homem tolo, mas ele não sabia exatamente o que buscar, quando teve Joffrey e Baela em sua posse, ele parou de procurar outros membros da corte de Rhaenyra. Ele sabia que Corlys estava en Driftmark, as notícias sobre Rhaena no Vale sob o julgo de Jeyne Arryn já eram de conhecimento dos verdes, com Daemon e Rhaenyra na capital e seu conselho espalhado por suas próprias causas, ele sabia que não sombrava muita gente, alguns estavam mortos, pela posição e nascimento, fazia sentido que Baela estivesse guardando Dragonstone, então ele parou de procurar.

O erro de Otto foi subestimar fantasmas, apesar de não ser tão assombrada como Harrenhall, o castelo de Dragonstone tinha uma arquitetura única, a noite era fácil confundir sombras com fantasmas, ainda mais um bem vivo. Cadmus Stark não era tão importante assim, Drasilla deveria estar morta, então Otto estava prestes a tomar a dupla como seus prisioneiros, ter Baela e Joffrey em seu poder obrigaria Daemon a recuar, talvez ele pudesse vingar Jaehaerys finalmente, também poderia forçar Corlys a apoiar a causa de Aegon, uma vez que o valente e pequeno Joffrey, era seu herdeiro.

Reunir os guardas que sobravam no castelo não foi uma tarefa fácil e demorou algumas horas, noite adentro, a maioria dos homens de Otto e o homem se reuniam no salão do Conselho Negro, em torno da mesa com o mapa de Westeros, os que vagavam em vigília pelo castelo foram pegos, um a um, sem alarde, por Cadmus, Drasilla e seus homens fiéis, quase como sua própria patrulha, Daemon lembrava como cogitou se juntar aos Mantos Dourados um dia. Quando eles finalmente cercaram a sala pelas três entradas, havia poucos homens com Otto, Baela estava encurralada e Joffrey com uma espada erguida a sua frente, sempre feroz.

Drasilla se escondia entre uma bifurcação de duas pedras, prender Otto era a prioridade do plano, não para tê-lo como moeda de troca, mas para tirar dele a informação que precisavam, o Hightower era uma das cabeças do time verde. Não foi um movimento difícil, mas não exatamente fácil, eles estavam quase no dobro do número dos homens que guardavam Otto àquela altura, bastou esperar, deixar que as sombras inquietassem o antigo mão do rei, de reis, três deles, eles perderam dois homens, mas Cadmus conseguiu prender o homem mais velho, o Stark era um homem adulto, estava recuperado de seus machucados causados por Leo, semanas antes, apesar da barba desgrenhada, ele era forte.

── Rendemos ele, alteza. ── Cadmus mantinha Otto de joelhos, olhou para Baela, depois para Joffrey. ── A Fortaleza foi retomada.

── Me mate. ── Otto se mexeu, mas Cadmus o segurou, movendo a cabeça para que Baela e Joffrey passassem.

── Me deixa enfiar a espada na garganta dele. ── Joffrey deu dois passos na direção do velho, mas Baela o segurou.

── E manchar o chão desse salão? Claro que não. ── Ela riu, emburrando o menino para mais longe. ── Você sabe como sangue é difícil de tirar.

── Definitivamente o Daemon foi uma péssima influência para esse menino. ── A voz que falou aquilo veio das sombras.

Otto as vezes tinha pesadelos com muitas coisas, os anos  deixaram mais paranoico e menos metódico, ele sabia disso, sua ganância e vontade de buscar no sol um local que seu nascimento não lhe deu, levaram o homem a cometer coisas que ele não sonhava que poderia, cruéis, vis em vários momentos, mas todas necessárias ao seu ver, ele não era um soldado, mas era uma das mentes mais afiadas de Westeros, os anos não tinha deteriorado isso ainda.

Mas claro, como homem que peca, ele também teme, a maioria dos medos e arrependimentos não são palpáveis, outros estão mortos, aquele pelo menos ele achou que estivesse, mesmo morto o medo permanecia na mente, a lembrança, a sensação, a paranóia. Quando Cadmus apertou o pescoço de Otto, o obrigou a virar, vendo a figura emergir das sombras, segurava uma adaga pequena, ela estava mais magra do que ele se lembrava.

── Você ... ── Os olhos dele tremiam. ── Você está morta ...

── É, você está certo, eu estou morta. Bem Vindo ao inferno, Otto Hightower. ── Ela parou perto da mesa, o olhando e depois para Cadmus. ── Leve-o para as masmorras e o prenda de cabeça para baixo, pelos calcanhares, no teto.

── O que você vai fazer com ele? ── Cadmus a olhou, mas ela encarava Otto.

── Nós vamos nos divertir. ── Havia um sorriso sádico no rosto dela. ── Pegue seus homens e patrulhe a ilha, veja se tem mais guardas, alguns estavam na vila mais próxima.

── Não quer que eu fique? ── Ele apertou o pescoço de Otto mais forte, com a falta de ar o homem mais velho caiu inconsciente. 

── Não precisa, mas quero que alguém fique com a Baela, o Aegon e o Joffrey. ── Ela então esticou a mão para Cadmus. ── Minha espada ...

── Claro que você ia pedir isso. ── Ele ponderou a entregando, depois se abaixando e jogando Otto no ombro.

Drasilla sentia os dedos tremendo, desde quando ela mergulhou para morte e depois voltou de Dorne, ela pensava bastante sobre como reagiria quando encontrasse os verdes novamente, seus dedos doíam também, suas juntas se lembravam, seus pulmões ardiam, as vezes era um pesadelo sem fim, escutava os gritos de Lucerys e Jacaerys na sua cabeça, implorando por socorro, ouvia seus filhos, ouvia Rasmus, era um aspiral de culpa, mesmo que parte deles tivessem lhe deixado antes do conflito.

Ela demorou para ir até as masmorras, pensando e pensando em como iria tirar as coisas dele, Otto era uma raposa ardilosa, como um segundo filho ele precisou sair das sombras para ganhar seu lugar ao sol, nesse ponto ela até reconhecia que ele poderia ter seu crédito, mas agora os seus débitos estavam altos demais e ele tinha sido pego, sua soberba o levou a errar, queria dizer "Pobre Otto", mas não tinha dó nenhuma dele.

Ela desceu devagar, as masmorras estavam vazias, mas iluminadas, Rhaenyra não gostava de manter prisioneiros, não ali, ela teria pensado sobre Arryk, em consideração a Erryk, mas ambos abraçaram a morte juntos. A princesa parou na frente da cela aberta, puxou um banco e sentou, o olhando, Otto não se movia, a não ser pela respiração, então ela sabia que ele não tinha morrido, a idade o deixava mais fraco.

Drasilla então olhou em volta, além da Coração de Valiria encostada a sua direita, havia uma pequena caixa, com alguns apetrechos que um dos serviçais arrumou pra ela, sem fazer perguntas, não era por medo, mas por lealdade. Próximo a caixa havia um balde velho, o líquido ali dentro não parecia boa coisa, mas pelo cheiro Drasilla suspeitava o que os guardas tinham deixado lá, o aroma desagradável emanava por quase toda masmorra. Ela poderia ter nojo, mas também tinha raiva, pegou o balde e arremessou sob o rosto de Otto o conteúdo, ele acordou de supetão, engasgando com o que quer que fosse, atordoado.

── Acorde Lorde Mão. ── Queria te desejar uma boa noite, mas o dia não vai demorar a aparecer.

── Você jogou mijo em mim?! ── Ele vociferou se mexendo.

── Sim, mas se te acalenta, não é meu. ── Ela meneou as mãos, jogando o balde no chão. ── Fique feliz, em você foi só urina de meia dúzia de guardas, eu acho, no Daemon eu já joguei um balde mesmo.

── Eu não vou falar nada, não vou trair o meu rei. ── Ele se moveu, sem sucesso, suas mãos estavam presas nas costas. ── Me mate e poupe seu tempo.

── Mas eu nem perguntei nada ainda. ── Ela se afastou. ── É um prazer passar um tempo com o grande Otto Hightower, mão de três reis.

Otto permaneceu em puro silêncio, fechando os olhos agora e pressionando os lábios, Drasilla se abaixou, olhando a caixa e puxando um alicate. Ela andou próxima a ele o cercando como uma predadora, um dragão em pele humana, parou atrás de Otto e se abaixou um pouco, ela podia sentir o fedor do xixi que sujou as roupas chiques que ele sempre usava.

── Eu não gosto de você, mas eu obedeço a uma rainha e sei como a Rhaenyra prefere que as coisas sejam feitas. ── Ela pensava também em como Daemon já teria acabado com Otto. ── Eu vou te dar a chance ser um prisioneiro de guerra sem sentir tanta dor e quando a rainha voltar, nós te mandaremos para a muralha, que vai ser mais do que você merece, isso se você colaborar.

── Como você sobreviveu? Eles falaram que seu dragão caiu do céu. ── Otto falava calmo, como quem já aceitava seu destino.

── Eu não caí de muito alto, fiquei presa na cela do Flarion enquanto ele afundava sem vida, serviu para confundir os arqueiros. ── Ela segurou uma das mãos de Otto. ── Para onde foi o Aegon? 

── Eu não vou te contar. ── Ela falou sem se mover muito.

── Ok! ── Ela apertou o alicate no dedo dele, mas Otto não gritou. ── Você é bem durão.

Então ela puxa o alicate, ouvindo o grito dele, durou alguns segundos e parecia música aos ouvidos dela, quando a princesa terminou de olhar pra ele se mexendo, ela agarrou outro dedo da mão, apertando com força, Otto tentou se mexer, mas ele estava preso, ela detinha o poder. Antes de perguntar mais uma coisa ela arrancou mais duas unhas, queria dar a ele a janela de desistência, mas o Hightower era realmente forte e leal.

── O que você ganha apoiando ele? ── Ela perguntou se erguendo melhor, Otto sentia dor, mas não cedia. ── O orgulho de dizer que seu sangue está no trono? Eles nem tem seu sobrenome, quer desesperadamente se provar a seu irmão, Otto?

── Viserys o escolheu. ── Ele vociferou, vendo-a dar a volta a sua frente. 

── Quantas vezes você vai seguir repetindo essa mentira? ── Ela ponderou com a cabeça. ── Você tem a chance de não ter o mesmo destino do Lorde Ormund, ficou sabendo não é? Que eu queimei parte da sua família, não há mais legado.

── Você não tem mais um dragão para me dar o mesmo destino que ele. ── A voz rouca do homem a provocou. ── Eles o tiraram do mar, o seu dragão, desfilaram com a cabeça dele por King's Landing, não importa quantas vezes você volte dos mortos, vocês continuam perdendo, é uma questão de tempo.

Drasilla apertou as próprias mãos, tremendo, a menção a Flarion e ao que tinham feito com seu corpo a fez quase perder o controle, a raiva era uma inimiga letal, ela sabia, mais do que poderia medir, quis partir com todo ódio para cima de Otto, mas soube ali que ele estava jogando com ela, todos conheciam seu temperamento, como ela tinha nascido tão Daemon quanto possível, bastava apenas um passo e pronto, Otto tinha aceitado a morte, só queria que fosse rápido.

Ela soltou os dedos, as palmas das mãos estava avermelhadas, olhou para a caixa e no silêncio que se formou, ouvia as correntes que prendiam Otto se mexendo, se afastou uns passos de dentro da cela e soltou o ar, tudo doía um pouco, mas seguiu o último conselho de Qoren Martell, que havia lhe dito pouco antes de sua partida para casa: Respire e retome o controle, foi o que ela fez.

Caminhou para perto das escadas que davam para o andar superior e parou perto de uma lareira, queimava em fogo baixo, com alguns espetos que os guardas usavam para remexer o que era queimado e não deixar a brasa apagar, o metal estava quente, mas suportável, ela pegou-o, caminhando na direção de Otto de novo, o encostou na porta da cela e chegou perto do homem, abrindo as suas vestes, o Hightower não sabia o que ela tinha em mente, mas estremeceu ao sentir o frio.

── Um corvo me informou que King's Landing só tem cerca de um terço do tesouro deixado por Viserys. ── Ela se afastou, tomando o espeto e voltando a posição de antes, Otto permanecia calado. ── O que vocês fizeram com o ouro da coroa?

── Gastamos com a guerra. ── Otto abriu os olhos, a vendo meio turva.

── Mentira. ── Ela então queimou a pele dele, marcando um círculo perto do mamilo esquerdo. ── Onde está o ouro real?

Otto gritou por cima da fala dela, deveria ter imaginado que ela não se contentaria só em arrancar suas unhas e deixar suas mãos latejando, no fim das contas ela era um dragão, continuaria recorrendo ao fogo para queimar coisas e aliviar a sua tensão, o silêncio dele a irritou, que o queimou de novo, logo abaixo do que tinha feito antes.

── Uma guerra não é barata ou de graça, princesa! ── A voz dele tremia. ── O pequeno conselho administrou os gastos, manter dragões e conseguir aliados custava muita coisa, vários se aproveitavam da emergência que estamos enfrentando.

── Viserys deixou os cofres cheios, vocês não gastaram tudo tão rápido. ── Ela se abaixou, segurando o cabelo dele e puxando seu rosto. ── O seu neto é um idiota, vocês não torrariam todo o dinheiro de forma desesperada tendo que obedecer a ele. Onde está o ouro?

── Não se essa não fosse a unica opçãaaaaao. ── Otto gritou, ao sentir o calor queimar a sua pele e sentir o cheiro que isso emanava.

── Vocês planejavam descartá-lo. ── Ela riu apoiando o espeto no chão. ── E colocar o Aemond no trono.

── Você poderia ter sido rainha, se não fosse uma traidora. ── Ele falou baixo, tremia um pouco pelas dores. 

── Vou te perguntar só uma última vez. ── Ela se afastou, pegando a Coração de Valíria. ── Onde está o ouro?

── Vocês nunca vão vê-lo. ── Ele então cuspiu aos pés dela, juntando a pouca força que o restou. 

── É, mas eu vou ver outra coisa... ── Ela girou a espada entre os dedos, cortando a garganta do homem.

Drasilla normalmente teria um estômago mais fraco, mas o seu ódio era tamanho que ela sequer se importou, não com ele, não agora. Sentou-se em um banquinho fora da cela, após ter colocado o balde abaixo da cabeça de Otto, limpou a espada na barra do vestido e então o olhou se remexer, gota por gota, enquanto  sangue escorria da sua garganta e Otto Hightower morria sufocado com ele, ali ele emitiu vários sons e até pediu perdão, mas nada a fez se mover, assistindo-o definhar e perder a vida a sua frente, o que demorou um tempo, ela tinha que assumir, Otto era um guerreiro.

Quando ele parou os raios de sol já haviam subido aos céus, Drasilla então viu que era sua deixa, subindo escadas a cima, indicando para que os guardas sumissem com o corpo dele. Ela caminhou silenciosa, rumo aos aposentos onde Baela estava com Joffrey e Aegon, os dois mais novos dormiam, na porta Cadmus era quem os guardava, a princesa mais velha chamou a primogênita de Daemon para outro cômodo, para conversarem a sós.

── Conseguiu algo dele? ── Baela quebrou  o silêncio, vendo a barra suja de sangue do vestido dela.

── Eles planejavam substituir o Aegon pelo Aemond, isso me faz pensar que o ataque que ele sofreu em Pouso de Gralhas não foi acidental como o Lorde Staunton nos informou. ── Drasilla soltou o ar. ── Ele não contou sobre o que fizeram com o tesouro real. Estou cansada de segredos e becos sem saída.

── Drasilla ... ── Baela parecia mais pálida que o normal. ── Preciso te contar algo.

── O que aconteceu? ── Os olhos lilás de Drasilla miraram nos de Baela. ── Você se machucou? Fez alguma coisa?

── Fiz. ── Ela ponderou colocando as mãos sobre a barriga. ── Eu estou grávida do Jace.

── Você o que? ── Depois do que tinha ouvido e vivido nos últimos meses, Drasilla não se assustava tão fácil, na hora ela não conseguiu reagir de outra forma se não olhos arregalados. ── Desde quando?

── Tem umas seis a oito semanas. ── Baela falou olhando as próprias mãos, girou um dos seus anéis, nervosa. ── Ele me deu isso.

── Vocês se casaram. ── A mais velha se aproximou, agora mal podia conter o sorriso. ── Pelos deuses, isso é incrível, a rainha sabe?

──  Não, ninguém além da Rhaena e o Joffrey sabiam. ── Baela tremia, ela podia sentir. ── Estava esperando tudo isso acabar para contar a eles, não queria ser mais uma ausência na guerra.

── Você não vai montar um dragão desse jeito. ── Drasilla estreitou os olhos. ── Eu não voei por quase um ano quando tive Aemma, o primeiro filho é complicado.

── Estou evitando isso, mas não hesitarei em proteger minha família. ── Havia um fogo nos olhos de Baela, Drasilla via Rhaenys neles.

── Certo ... ── A morena ponderou, pensando um pouco. ── O que aconteceu hoje deverá ser informado a rainha, também não acho que Dragonstone é seguro, você deveria ir para a Capital com os meninos, ficar com seu pai e a rainha, o Cadmus pode escoltá-los.

── Joffrey não pode se afastar de Dragonstone ou Driftmark, ele é o herdeiro do meu avô agora. ── Baela repousava as mãos na barriga. ── Com essa criança nascendo, ela suscederá a Rhaenyra no trono de ferro.

── Ok, permanecerei aqui com você e o Joffrey, Aegon deverá ficar protegido em King's Landing. ── Drasilla acariciou o rosto de Baela. ── A Rhaenyra vai ficar muito feliz com essa notícia, depois de perder tantas pessoas, nós vamos ganhar outra.

Drasilla estava mais preocupada com Baela que feliz, queria contar a todos a notícia, queria mandá-la para Driftmark para que ela ficasse sob a tutela de Corlys, aquele bebê era um Velaryon, não só de sangue, mas também de nome, mesmo que ao subir ao trono, após Rhaenyra, ele seria um Targaryen, pormenores que não importavam agora. Mas também era sábio, que Lady Baela não sairia de perto da frente de combate, que tinha em mente que precisava proteger Dragonstone, como prometeu a Jace que faria.

Já Cadmus, se encontrava contrariado em cumprir aquela ordem, entrar em um navio e ir para King's Landing, longe dela, depois de algo como aquele ataque, mas os olhos cansados de Drasilla passaram o recado que ele precisava ler, Cadmus entendeu que logo poderia vê-la novamente, Drasilla só precisava contactar os aliados, fortalecer o castelo e encontraria o guarda e sua rainha na capital, tudo na hora certa, eles teriam o tempo, inclusive, de ter uma conversa de verdade, o que vinham evitando.

A notícia da morte de Otto Hightower chegou primeiro em King's Landing, mas logo tomou o reino, não sabiam ao certo dizer exatamente como foi ou quém foi, mas havia sido em Dragonstone e que havia sido uma morte dolorosa, Drasilla cotinuava embebida nas sombras, como um fantasma, enquanto Baela era a aparente senhora e cuidadora do local. As notícias voaram até as Terras Fluviais e deixaram Aemond extremamente irritado, por mais que ele não fosse próximo a Otto ou que Aegon tivesse o afastado do posto de Mão do Rei, o Hightower era um aliado afiado e valioso a causa dos verdes.

Criston Cole precisaria, em breve deixar o Príncipe Regente a sós, enquanto marcharia a outro canto, mas antes foi necessário o fazer prometer que não usaria Vhagar para atacar Dragonstone, seria suicídio e mesmo matando quem estava no castelo, faria com que eles perdessem um grande poderío e assim sua causa estaria extremamente fraca e acabada, uma vez que outros dragões representavam perigo na ilha e haviam notícias de grandes arpões apontados para o céu, outro risco. Cole, por mim, convenceu Aemond a esperá-lo em sua empreitada para o sul, para juntos marcharem para a capital, onde tentariam resgatar Alicent e Helaena, presas por Rhaenyra ao tomar King's Landing, Cole contava que Aemond conseguiria convencer a rainha Helaena a montar em seu dragão e voar com ele contra os negros em Dreamfyre, Syrax seria fácil de derrubar, mas Caraxes seria uma problema.

Cole marchou para o sul, já Aemond ficou sozinho nas Terras Fluviais, impaciente com os acontecimentos recentes, ele queima a Vila do Lorde Harroway, Fivela Amarga, Moinho do Senor, Lagoa de Barro, Swynford e Spiderwood em nome dos verdes. Na sua jornada, Criston Cole encontra um cenário assustador de cadáveres, o que abre uma brecha na defesa dos verdes, ainda abismados com a cena, tentando se reagrupar para identificar o que era e como poderiam reportar aquilo. Roderick Dustin, no entanto, surgira em nome dos negros, surpreendendo Cole e seus soldados, os prendend entre o Olho de Deus e a Torrente da Água Negra, sem Aemond para escoltá-los, a luta tinha se tornado mais difícil, ainda mais que Cole não poderia contar com as habilidades de luta e liderança de pelotão de Gwayne Hightower, que havia voltado para Vila Velha. Aquele confronto seria conhecido posteriormente como o Festim de Cadáveres.

As notícias sobre o que Aemond estava fazendo chegaram a Dragonstone antes da capital, Drasilla sabia que aquilo era só uma forma de chamar a atenção que seu marido havia arrumado, mas os corvos não paravam de chegar pedindo socorro, um deles daca um foco especial em uma luta que já durava mais de uma semana, entre Cole e Roderick, a urgência e o sangue no papel fizeram a princesa tomar uma decisão inesperada, voltar a montar, isso alarmou Baela assim que colocou os olhos em Drasilla vestida com roupas de montaria.

── Drasilla! ── Baela gritou enquanto ela descia pelas escadas da lateral do castelo, indo rumo a entrada para o coração da montanha. ── Onde você vai?

── Corvos vieram das Terras Fluviais, Aemond está queimando nossos aliados enquanto nos escondemos. ── Ela colocava as luvas enquando andava mais rápido que Baela. ── Criston Cole está sendo um problema para Roderick Dustin, ele já perdeu um terço dos seus homens, vou voar até lá e dar um fim nisso.

── E se o Aemond estiver esperando? ── Baela então parou, ao notar que Drasilla tinha parado. ── E voar em quem?

── Se ele estiver lá, eu vou enfrentá-lo, pela Rhaenys, pelo Luke, por tudo que ele nos fez. ── A princesa mais velha se virou, olhou a jovem de cabelos platinados em silêncio. ── Vou voar na Sigmis.

── Você ficou louca? Nós não podemos perder você, já foi um baque enorme, nós acabamos de tomar a capital e você quer partir em um dragão que você só montou uma vez para uma luta que você pode morrer? ── O tom de voz de Baela fazia aquilo parecer absurdo. ── Eu admiro você e a forma como se doa pelos outros, mas pense um pouco em como isso é perigoso. Eu vou no seu lugar, Moondancer é pequeno, mas bem veloz, poderei fugir de Vhagar.

── Meleys também era muito veloz. ── Drasilla subiu dois degraus, colocando a mão na barriga de Baela. ── Eu perdi o Jace, não vou perder o filho dele também. Você, Baela Targaryen é agora  Senhora de Pedra do Dragão, protetora da montanha e guardiã dos herdeiros da rainha, proteja o Joffrey, fortalesça a guarda e em hipótese alguma, saia desse castelo.

── Não vai, por favor. ── Baela segurou a mão dela, seus olhos tinham lágrimas.

── Mande corvos ao Vale, peça a Rhaena que converse com a Jeyne para reforçar o cerco próximo ao Vale de Arryn, conto com você para reunir as informações sobre como estão nossos aliados e informar a rainha. ── Ela tocou a barriga da jovem uma última vez. ── E será Maella.

── O que? ── Os olhos de Baela mostravam uma clara confusão. ── Do que você está falando?

── O nome da bebê, chame-a de Maella. ── Drasilla riu. ── Eu escolhi o nome do Lucerys e sei que se fosse menino o Jace ia querer que ele tivesse esse nome, mas eu sou muito boa em adivinhar e vai ser uma menina, Maella Velaryon, me promete isso?

── Só se você voltar para conhecer ela. ── Baela não queria soltar a tia.

── Claro, você não acha que eu vou deixar o Daemon contar mentiras sobre o Viserys e sobre mim para ela. ── A morena alisou a mão da mais jovem com o polegar, antes de soltá-la.

Enquanto Drasilla descia mais os degraus e deixava Baela para trás, ela pensava em como a filha de Daemon tinha razão em uma coisa, ela só tinha montado Sigmis de verdade uma única vez, anos antes, para o funeral de Laena, não sabia o temperamento dela e nem como ela iria reagir, como seu corpo iria reagir, parte de si sempre sentia que estava traindo seu Flarion, metade de si que nunca mais voltaria para casa. A morena pediu que os domadores levassem dois carneiros para a montanha, para acompanhá-la, também uma das celas de Meleys, Sigmis era grande, serviria nela, esperava só que ela a aceitasse mais uma vez.

A princesa levava um chicote em mãos, querendo ou não, dragões eram selvagens, deixou que os homens que carregavam os carneiros mortos fossem a frente, parando assim que a viram, eles posicionaram as carcaças dos animais, Sigmis ergueu a cabeça, pronta para queimá-los sem preciso, então todos se curvaram, exceto a princesa, mostrar respeito era importante, mas Sigmis precisava saber que Drasilla era uma igual, não uma submissa. Levou tempo, mas a dragão queimou a comida, a abocanhando, não haviam filhotes com ela, desde Tessarion e Arrax, ela não botava mais ovos, Drasilla não sabia porque, mas não havia tempo de pensar nisso.

── Levante-se, Sigmis. ── Ela ordenou, a dragão a olhou, com certa curiosidade, mas não o fez, então a princesa brandiu o chicote.

O rosnado de Sigmis assustara todos eles, até Drasilla que deu um passo atrás, Flarion era grande, maior que Seasmoke, Syrax e Sunfyre, seus irmãos, mas ainda era bem menor que Sigmis, pelas anotações dos antigos historiadores em King's Landing, ela era mais velha que Vermithor e Asaprata, mas ainda mais nova que Dreamfyre, os escritos a colocavam como filha do dragão que agora pertencia a Helaena, Drasilla daria tudo para saber mais sobre ela e sua antiga montadora, Naemisys Velaryon, mas os escritos não falavam muito mais, a não ser que ela e Dreamfyre costumavam voar juntas já que Rhaena e Naemisys eram amigas próximas.

Sigmis então se mexeu, caminhando na pedra, para a entrada da montanha, subindo para o hangar superior, onde os montadores poderiam colocar a cela nela, a princesa olhou para os homens perto de si e acenou com a cabeça, para subirem novamente todos juntos. Assistir um dragão receber uma montaria era uma das coisas favoritas da pequena Drasilla com Rhaenyra, ela ainda se lembrava na primeira vez que Flarion e Syrax passaram por isso e as duas pequenas puderam voar pela primeira vez, quase colocava lágrimas em seus olhos.

Ela só saiu de seu devaneio quando um dos domadores chamou seu nome, vendo a dragão pronta, a olhando, Drasilla ainda estava nervosa, tinha voado com Caraxes, mas Daemon estava junto, não era como agora, que seus dedos pinicavam e sua boca ardia, era diferente. Sigmis ficou parada quando ela subiu, até para a dragão era estranho ter alguém assim em seu dorso, com uma montaria, depois de tantos anos. Quando a princesa já tinha se prendido a ela, Sigmis deu um solavanco, aquilo claro assustou Drasilla, ainda mais quando ela caminhou rumo a saída da montanha, claramente pronta para voar por aí. Drasilla e Flarion sempre foram conectados, como almas irmãs, ele a obedecia e ela o respeitava, ele conhecia caminhos, o jeito dela, seus comandos eram entendidos e as vezes ele até os antecipava, mas Sigmis era diferente.

Era a segunda vez que a Princesa Drasilla voava em Sigmis, em tempos normais, ela ainda estaria de luto pela perda de Flarion, seu fiel companheiro de batalha. Assim como Viserys, ela teria se mantido firmemente no chão na ausência de seu dragão, mas estes não eram tempos normais; eles estavam em guerra. Ela, com o coração pesado e olhos sombrios, estava determinada a agarrar todas as possibilidades possíveis para continuar lutando por sua rainha, mesmo que isso significasse arriscar sua vida indo para a batalha com uma montaria na qual era inexperiente. O vento frio cortava seu rosto enquanto Sigmis alçava voo, as escamas do dragão refletindo a luz pálida do sol, uma lembrança cruel da ausência de Flarion, cujo fogo ardente agora estava apagado.

Enquanto Sigmis subia aos céus, Drasilla sentiu um misto de emoções conflituosas. A familiaridade do voo, o poder que ela sempre sentia ao montar um dragão, era intoxicante e reconfortante, mas o novo dragão não tinha a mesma conexão profunda que ela tinha com Flarion. Cada batida de asas trazia um turbilhão de lembranças, um duelo entre a euforia da liberdade no ar e a dor cortante da perda. O medo se mesclava à determinação, pois ela sabia que não poderia vacilar. O futuro de seu reino dependia de também sua coragem. Cada movimento de Sigmis era uma batalha interna, um teste de sua habilidade e uma prova de sua resiliência, sua dor era grande, mas a urgência em ajudar os aliados era maior.

O vento batia diferente em Sigmis, por ser maior ea mais difícil ver algumas coisas dali de cima, ela teria que reaprender a montar, isso era sábio. Drasilla voava rumo as Terras Fluviais, demorou um pouco mais, pois Sigmis podia ser maior, mas era mais lenta. Quando avistou parte do exército verde, pelso estandartes brilhosos, Sigmis se inclinou, ouvindo o comando, para queimá-los, os homens gritavam, correndo de um dragão, por maior que fosse a ajuda da princesa, Roderick Dustin já tinha tudo sob controle, aquela era a hora de pousar e falar com ele.

Um dragão daquele tamanho era mais difícil, Drasilla precisou de mais espaço e até mesmo descer dele não era fácil, os homens de Roderick seguravam alguns remanescentes dos verdes, entre eles Criston Cole, que não reconhecia o dragão, ele não era um vasto conhecedor, mas poderia dizer quais eram dos negros e quais dos verdes, não aquele, quando Sigmis abaixou a cabeça e todos puderam ver quem a montava, Criston se assustou, achava que Drasilla estava morta, sentia seu coração quase na boca.

── Alteza! ── A voz de Roderick ecoou entre os homens. ── Muito me alegra vê-la com vida e nos ajudando, não achei que fosse você a responder o chamado de nossos corvos.

── Não poderia ficar em um castelo quando os aliados da rainha morrem sem minha ajuda, mas vocês já tinham feito quase tudo. ── Ela o respondeu, com meio sorriso, então olhou para Cole. ── Vejo que vocês tem alguém aqui.

── Sim, o comandante dos verdes, princesa. ── Roderick então jogou Cole, preso com as mãos para trás, aos pés da morena e do dragão. ── É seu para poder queimá-lo.

── Sim, me queime como uma covarde! ── Cole gritou, ainda do chão. ── Como todos vocês são.

Os olhos de Drasilla saíram de Roderick e foram em Criston Cole, ela deu dois tapinhas no dorso de Simis, que se abaixou mais, deitando no chão, a princesa tirou a presilha que a prendia na montaria e escorregou pelo dorso escuro das escamas negras de Sigmis, até o chão, o silêncio só era cortado pela respiração pesada do dragão, quando os homens de Roderick a viram, pegaram Cole, o levantando do chão e o segurando de pé.

A medida que ela se aproximava os olhos dele tremiam, Criston Cole comemorou a morte dela mais do que de qualquer um e como um carma do destino ela estava lá, viva, bem a sua frente, caminhando como um fantasma em uma bela armadura de escamas pretas como o dragão que montava, cabelos presos em uma trança e uma espada reluzindo presa em sua cintura, a imagem da morte, caminhando em sua direção, então ela parou, em silêncio, o olhando.

── Eu não vou queimar você. ── Ela entortou a cabeça, o olhando de cima abaixo. ── Eu admiro você até certo ponto, Cole. Um alpinista social e claro, isso é o máximo que você poderia ser, mas você quis ir mais longe, é o que dizem, quanto mais embaixo, mais você sonha com o topo.

── Ela nunca vai se sentar no trono de ferro, não importa quantas vezes você volte dos mortos. ── Ele vociferou sendo segurado por dois homens de Dustin.

── Ela já está sentada no trono, em King's Landing, a diferença é que você não ver isso. ── Drasilla ponderou com a cabeça. ── Sabe qual o problema se sonhar demais com o topo? Ele não é para todo mundo, mesmo que você deseje muito.

A princesa sacou a Coração de Valíria, dando um sinal de cabeça para os homens de Roderick se afastarem, Criston não fechou os ohos, a encarou enquanto ela cortava-lhe pelo pescoço, em dois golpes, o primeiro fez o guarda estremecer e no segundo a cabea caiu para um lado e o corpo para o outro. Drasilla acenou com a mão, para que os homens se afastassem, foi uma ordem clara, quando eles viram Sigmis se erguer e a morena pegar a cabeça de Cole, quando ela já tinha saído da frente da fúria negra, Sigmis abocanhou o resto do corpo de Criston e o comeu assim, bem mal passado.

── Ela ainda estava com fome, desculpem os maus modos. ── A morena comentou segurando a cabeça com os olhos abertos do antigo Mão do Rei. ── Espalhem a notícia sobre a vitória aqui e a morte dele, quero que isso chegue ao Príncipe Aemond e ele saiba que está encurralado.

── Claro princesa. ── Roderick respondeu.

Ela deu a volta, vendo Sigmis se abaixar para que ela subisse, foi mais difícil que no monte dragão, levou mais tempo em frente a uma platéia silenciosa, mas ela conseguiu, então deu a ordem para que a dragão voasse, ela tinha um destino agora, a capital. Foi um voo longo, fazer isso segurando a cabeça de Criston Cole era complicado, ainda mais que os cabelos dele já não estavam mais tão longos como antes. Quando ela pairou próxima a capital duas flechas foram atiradas, ela teve que desviar, claro que não sabiam que era ela.

Dragão e montadora pousaram perto do fosso, Sigmis estranhava o local a qual não ia a décadas e os domadores se assustaram ao vê-la descer, cochichando sobre balizas e como poderiam tê-la derrubado, Drasilla nada falou, apenas pegou a escadaria rumo a capital, o silêncio por onde ela passava só era cortado por sussurros quando viam que ela carregava uma cabeça consigo, os guardas abriam portas e indicavam onde o conselho da rainha estava, a conversa no grande salão parou quando as portas se abriram e os olhos foram nela.

Alguns tinham olhos trêmulos, Daemon tinha uma face se preocupado, eles só reconheceram a cabeça de Criston Cole quando ela foi jogada sob a mesa do pequeno conselho, Cadmus olhou diretamente pra ela, cabelos sujos, pouco sangue nas roupa, mas nenhum machucado, ela tinha estado em uma luta, mas não algo completamente significativo, a Coração de Valíria estava suja ainda, o silêncio era um misto de pessoas qu não sabiam o que falar.

── Criston Cole está morto, majestade. ── Ela quebrou aquilo sorrindo. ── O exército das Terras Fluviais conteve os avanços dos verdes e eu matei seu comandante.

── Certo ... ── Rhaenyra encarava os olhos de Cole virados para ela. ── Como você ...

── Voei em Sigmis até lá. ── A morena entendia a pergunta e os pares de olhos nela eram de julgamento. ── O que? Roderick Dustin pediu por ajuda, as pessoas estavam morrendo, eu n ão ia mandar Baela até lá e correr o risco de Aemond a surpreender.

── Você voou em um dragão que mal conhece, para uma batalha que poderia te matar. ── Daemon a censurou de imediato. ── Você volta coberta de sangue.

── Ela está linda assim. ── Cadmus falou sem perceber, o que fez os olhares irem nele.

── Outra hora, ok? ── Daemon revirou os olhos. ── Descanse e limpe-se, precisaremos se você nesse conselho.

── Claro. ── Ela passou dos olhos do irmão a Cadmus com um pequeno sorriso.

Rhaenyra estava nervosa, ao mesmo tempo em que parecia orgulhosa de Drasilla por montar outro dragão, ela a consolou em duas vezes, chorando desesperadamente por perder Flarion e a rainha, mais do que todos, conhecia a ligação dos dois, pois estava lá quando foi construída, era bom saber que tinham uma força como Drasilla e Sigmis ao seu lado, mas isso  não deixava a loira menos preocupada com ela, a tia andava agindo no automático, quando isso parasse temia que a dor a consumisse.

Mais tarde, naquele mesmo dia, notícias preocupantes chegaram a capital, Rhaenyra sabia que o Príncipe Maelor, o caçula e herdeiro de Aegon II, estava escondido em algum lugar, só não sabia onde, os relatos que chegaram até o Conselho dos Negros é que o menino foi encontrado em Ponteamarga, por apoiadores rebeldes da rainha, eles tentavam reclamar o garoto de só três anos com um prêmio e brutalmente o despedaçaram vivo. Horas mais tarde, o exército remanscente dos Hightower veio pelo Estrada da Rosa e dizimou os civis que tinham feito tal crueldade em represália. Rhaenyra acendeu uma vela para Maelor na sua oração durante a noite, mais uma vítima inocente de toda aquela guerra familiar sangrente.

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