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# 𝟑𝟗 - Sob estɑndɑrtes de guerrɑ, 𝘂𝗺 𝗳𝗼𝗴𝗼 𝘀𝗮𝗹𝗴𝗮𝗱𝗼 𝗰𝗼𝗺𝗼 𝗼 𝗺𝗮𝗿

Carmine estava certa, ela só não veria Drasilla assumir isso em voz alta, mas a princesa precisava descansar, do jeito que só a sabedoria de Carmine pode proporcionar, parte da sua mente não desligava, preocupada com sua rainha, com seus filhos, com dragão e o reino, mas seu corpo parecia abraçado a cada sensação de alívio, novamente ela agiu no automático, mas dessa vez para algo que não a prejudicava, mas a deixava mais tranquila.

A lady regente da Campina cuidava da nora com zelo, para Carmine não importava se ela tinha se casado de novo, Rasmus sempre seria seu marido também, então para a loira a princesa sempre seria sua filha. Perder o primogênito era uma dor que Carmine Lannister nunca iria superar, nenhuma erva ou segredo que anos de casamento com Lyonel Tyrell pudesse dar a ela estancaria o sangramento interno dessa dor, mas às vezes ela doía um pouco menos, como cuidando de alguém - um dos raros - que ela de fato amava.

Mas mesmo Carmine e o próprio corpo de Drasilla sabia, sua mente era afiada e sagaz, não se permitiria descansar, não por muito, se sentia suja, errada, não pelas mortes que provocou, mas por aquelas que poderiam ter sido evitadas, então dois dias depois, já no último dia de 130 d.c. ela decidiu ir embora. Flarion já parecia descansado, fora alimentado com ovelhas, não deixou que ninguém se aproximasse para passar algum tipo de medicamento, mas conseguia mexer bem a asa, parte do dragão parecia querer só parecer forte.

O sol estava baixo quando ela montou sob a cela do dragão, sua mente dizia múltiplas vezes, não olhe para trás, encarar os olhos de Carmine seria bem pior, ela tinha que retornar logo para Dragonstone, dar a Rhaenyra a notícia que tinha conseguido o apoio da Campina e sabia que vários de seus vassalos os seguiriam, que tinha dizimado parte de Vila Velha e dos Hightower, isso certamente colocaria um sorriso no rosto de Daemon, talvez não de Rhaenyra, essa última parte talvez fosse a única que não era segredo, uma vez que pode jurar que viu Carmine escrevendo uma mensagem endereçada a rainha, os corvos já deveriam ter chego lá.

Ir de encontro aonde o time dos pretos firmava sua morada de guerra era importante, mas a sua cabeça só conseguia pensar em outra coisa, será que Alys, Aemma e Cadmus tinham chegado sãos e salvos em Winterfell? Sua mente não aquietaria, exceto se ela não tivesse notícias deles, então um desvio foi necessário, fazendo com que a princesa tomasse um caminho mais longo e cansativo no dorso de Flarion, se arrependeu ao beirar Winterfell de não ter se agasalhado mais, de fato o inverno já tinha chegado no epicentro do Norte, mesmo que em torno o chão ainda não estivesse coberto de neve, em Winterfell as pessoas já se escondiam abaixo de grossas peles de animais.

Flarion sobrevoou o castelo, Drasilla não viu arpões para cima, sabia que os nortenhos a conheciam, mas pensou se eles tinham mesmo aquelas armas, elas eram caras, só lembrava de tê-las visto na capital, em Vila Velha, no Ninho e em Jardim de Cima, todos eram lugares que reuniam riquezas ou poderio militar forte, como era o caso dos dois últimos. Flarion sapateou no chão de pedra coberto por neve, até parar, isso o irritou a priori, mas a princesa o acariciou, proferindo algumas palavras com um sotaque carregado em Alto Valiriano, para só depois saltar da cela.

── Princesa! ── A voz grossa de Cregan Stark cortou o silêncio, mesmo que vários pares de olhos os encarassem. ── Voando no inverno sem uma camada extra de roupas.

── Vim um pouco de última hora, deveria estar em Dragonstone agora. ── Ela alisou os braços. ── Mas queria saber se minha filha, Alys e Cadmus chegaram bem.

── Chegaram sim, no dia de ontem. ── Cregan tirou o próprio casaco, colocando sob os ombros dela. ── Vamos entrar, vou pedir que te sirvam algo quente, quer que o Flarion seja alocado nas criptas?

── Não precisa, não demorarei muito. ── Ela parou e virou-se para Flarion, ele estava incomodado com os olhares. ── Se afastem ou ele vai acabar derrubando alguém com o rabo.

O dragão se mexeu, urrando seu incômodo, depois tomou os céus, Drasilla sabia que ele não ficaria muito longe, só precisava de um lugar para deitar e descansar, aquele pátio com toda certeza não do tipo que ele precisava. Quando a criatura azulada sumiu de suas vistas, ambos - o lorde e a princesa - voltaram a caminhar para dentro do castelo, Drasilla olhava para Cregan de lado e pensava em como ele tinha espichado em pouco tempo, talvez ela não tivesse percebendo como as semanas passavam rápido.

── Seus homens já saíram para encontrar o exército da rainha? ── A morena questionou o olhando.

── Não, precisei de alguns para lidar com selvagens além da muralha, o problema com os Mormont está parcialmente resolvido, mas esse outro nunca. ── Cregan relaxou os ombros. ── Também porque quero que a Sara vá com eles.

── Vai abdicar da sua general de armas? ── Havia um genuíno tom de surpresa na voz dela.

── Sim, queria poder oferecer mais a rainha, mas como não posso ceder meus melhores soldados, estou mandando minha melhor estrategista. Sentirei falta dela, só não conte a Sara.

── Você não vai ficar tão sozinho. ── Drasilla bateu o ombro no braço dele. ── A Alys está aqui.

── Sem comentários. ── Ele a olhou de lado. ── Nenhum mesmo.

── Eu não falei nada. ── Ela sussurrou, segurando a risada.

Quando eles entraram no grande salão onde a maioria fazia as suas refeições, os olhos da princesa logo encontraram o trio, mesmo que eles não estivessem exatamente juntos, Alys tentava fazer Aemma comer alguma coisa e ao seu lado, segurando Lyonel, estava uma ama dos Stark, que balançava o garoto - de quase 2 anos - lentamente, ele já dormia. Conversando com outros dois homens ela viu Cadmus, ele ainda estava visivelmente machucado e Drasilla se perguntava porque ele não estava na cama se recuperando.

Um grito animado foi ouvido segundos antes de alguém correr na direção da dupla, Aemma identificou a mãe e correu animada em sua direção, a garotinha de 7 anos sempre sentia saudades de ter Drasilla consigo, desde a morte de Rasmus as duas não passavam muito tempo juntas quanto Aemma gostaria, ela sentia falta dele, muita, mas tentava não chorar, após ter visto a mãe em prantos duas vezes, Alys havia explicado a ela como a mãe se sentia só e triste sem seu pai, Aemma decidiu, no auge dos seus 5, quase 6, anos, que ela não iria chorar, para que sua mãe pudesse chorar pelas duas. Quando a viu tão perto, Drasilla logo abaixou, pegando a garotinha no colo e a abraçando.

── Oi meu bem. ── Ela sorriu, colocando os fios de cabelo castanho-claro da filha atrás da orelha da mesma. ── Está obedecendo à tia Alys?

── Claro ou ela não é dá chá com biscoitos. ── Aemma sorriu colocando as mãos frias no rosto da mãe. ── A gente vai poder voar no Flarion hoje?

── Não, meu bem. ── Havia um sorriso triste no rosto da princesa. ── Mamãe precisa voltar para ajudar a tia Nyra com umas coisas.

── Você pode pedir para o Jace vir me ver? Já estou com saudade dele.  ── Aemma deu um suspiro longo. ── O Luke também, ele me prometeu que quando o dragão dele fosse grande, que ia me levar para dar uma volta, mas o Joffrey não, ele fica puxando meu cabelo.

Os olhos de Drasilla se encheram de água, ela se deu conta de que Aemma não sabia sobre Lucerys, seus olhos foram em Alys, um pouco mais distante e que já se levantava para buscar Aemma, depois ela olhou para Cregan ao seu lado, por alguns segundos, quase minutos, ela não soube como reagir, a dor de perder Lucerys era grande, mas havia sido colocado de lado por um tempo enquanto ela se vingava daqueles que machucaram seu garoto, até onde ela conseguiria se segurar para não voltar a chorar compulsoriamente?

Alys entendia como Drasilla era frágil e explosiva, a princesa apenas beijou a cabeça da filha como resposta, então sua cunhada veio e tirou a menina dos braços da mãe, dizendo que daria chá e biscoitos a ela, a morena só limpou os olhos, sentiu a mão de Cregan em seu ombro, naquele momento o Lorde soube que ela só precisava de um pouco de silêncio para processar isso, antes de seguir. Quando a mão dele saiu do ombro dela, Drasilla ergueu a cabeça, vendo que havia outra pessoa na sua frente, era Cadmus. Cregan e Drasilla olharam para ele, ainda visivelmente machucado, precisaria de um tempo para estar nas condições mínimas, ele acenou com a cabeça para o corredor que ela e Cregan tinham vindo, então em silêncio eles caminharam até o pátio lateral, onde Flarion tinha pousado antes.

── Te pedir para ficar aqui segura com os seus filhos não vai adiantar, não é? ── Ele quebrou o silêncio entre ambos.

── Você sabe a resposta, Cadmus. ── Ela olhava as próprias mãos, um pouco ansiosa e trêmula. ── É uma guerra que eu preciso lutar, não posso dar as costas a Rhaenyra, não suportaria viver em um mundo no qual eu não apoiei a minha irmã.

── Claro ... Então tenho que me curar logo, estar em forma para me juntar a Sara e aos outros. ── Ele se culpava pelos erros que o tinham levado a estar daquela forma. ── E lutar pela rainha-dragão.

── Fique no Norte com o Cregan. ── Pela primeira vez ela o olhou, ele a encarava de volta. ── Ajude-o a lidar com os problemas aqui e proteja os meus filhos, se tudo der errado, se eu não voltar, a Alys saberá cuidar dos dois.

── Você está me colocando em uma situação complicada, de novo. ── Havia um suspiro cansdo vindo do Stark. ── Pedindo para assistir a mulher que eu amo voar direto para morte, sem poder fazer nada.

Os olhos dela brilhavam de lágrimas, ela sabia que não suportaria estar no lugar dele todos esses anos, querendo protegê-la, mas sendo incapaz em vários sentidos, estar perto dos Targaryen era sempre se sentir impotente em algum nível, mesmo continuando lá, mesmo bradando espadas em seu nome, não era apenas sobre não ter um dragão, era sobre acompanhar o ritmo deles. 

As princesa sentiu suas mãos pinicarem, sob as luzes do último dia de 130 depois da conquista, os últimos meses tinham passado tão rápido, o último ano tinha sido uma loucura, desde que perdeu Rasmus parecia que um abismo tinha aberto embaixo de seus pés, que tudo vinha ruindo, talvez houvesse uma explicação cósmica estranha de porque ele parecia o pilar que segurava tudo, mas ela sós e via em queda.

Drasilla, as vezes, só estava cansada demais de engolir os próprios sentimentos, sentia lágrima escorrerem em suas bochechas, quando não tentava mais contê-las, mesmo que o silêncio pairasse entre eles, junto ao vento frio do Norte. Cadmus não sabia como reagir a ela, as vezes, então deixava que ela tomasse o próximo passo, respeitando seu espaço, nem ele - no entanto - poderia prever o próximo movimento, quando ela tomou seu rosto com as mãos em um beijo desajeitado. 

A mente dele tentava processar isso, por alguns segundos só esteve estático, seu corpo ainda doía, beijá-la doía, mas ele só a segurou pela cintura com a canhota e se permitiu aproveitar aquele momento, depois de todas as vezes que ela se esquivou dele, que fugiu colocando o dever em cima de tudo, ela tinha cedido, mesmo quando ele decidiu não avançar, apenas estar no lugar de sempre. Aquele beijo, porém, também o preocupava, se ela estava pronta para ceder ao luxo, finalmente, talvez fosse como um adeus.

── Por que ... ── Ele estava ofegante, mas não deixou que ela saísse de perto.

── Eu amo você ... ── Ela assoprou o ar, seus olhos tremiam encarando os dele. ── Não me peça para explicar nada agora, só saiba que eu não poderia ir embora sem dizer isso.

── Espero que não esteja dizendo só para fazer esse momento ser menos doloroso.

── Eu não seria tão cruel com você assim. ── Ela soltou o rosto dele, se afastando dois passos. ── Cuida deles para mim.

── Só se você prometer que vai voltar.

── Olhe para o céu e vai me ver chegando. ── Ela se permitiu dar um último sorriso antes de se afastar dele. ── Diga ao Cregan que devolvo o casaco dele quando voltar.

Drasilla teve que sair de Winterfell e subir na trilha, rumo a um descampado, a procura de Flarion, demorou quase 2h e a princesa já estava cansada quando o encontrou, o dragão soltou pequenas labaredas, antes de se abaixar para que ela montasse. A princesa ainda mantinha em mente o que tinha acontecido entre ela e Cadmus, era estranho assumir algo assim quando sua cabeça ainda estava confusa e doía um pouco, era inegável se lembrar de Aemond e como - mesmo em sua dor e luto - ela o amou por um curto período e achou que pudesse superar o que sentia por perder Rasmus, se não fosse a guerra talvez tivesse dado certo.

[ 𝙰𝙽𝙾 𝟏𝟑𝟏 𝙳𝙴𝙿𝙾𝙸𝚂 𝙳𝙰 𝙲𝙾𝙽𝚀𝚄𝙸𝚂𝚃𝙰 ]

Voar até Pedra do Dragão custou a princesa mais algumas boas horas, Flarion não tinha tanta pressa assim, talvez montadora e dragão precisassem só de um tempo no ar, mais tranquilos, como se um aguerra pudesse trazer isso a alguém. Nas primeiras horas de 131 depois da conquista, ela pousou em Pedra do Dragão, na abertura da montanha onde os dragões costumavam pousar, Flarion adentrou mais adentro da formação rochosa, enquanto Drasilla tirava o casaco de Cregan preso em seus ombros e caminhava lado a lado com mais dois criados.

Ninguém do Conselho Negro a recepcinou, não que ela imaginasse que receberia uma comitiva, mas sempre que voltava para casa e não encontrava um deles ela temia, já havia perdido Rhaenys e Lucerys, quem mais iria perder até que essa guerra acabasse. Quando adentrou mais ao castelo, ela viu suas pessoas paradas próximas ao corredor, o maior deles, com face séria, parecia esperá-la, era Jacaerys, a outra com um semblante mais triste, era Baela, ambos estavam usando roupas de montaria, em uma guerra como aquela tudo era emergencial, parecia que teriam que voar a qualquer momento.

── Porque você demorou tanto? ──  Jacaerys foi quem interceptou a tia. ── Corvos chegaram antes de você.

── Eu estava lutando pelo seu trono, alteza. ── As luvas que ela usava foram tiradas. ── Mas também cuidando para que meus filhos estivessem seguros.

── Lady Carmine mandou um corvo avisando a rainha sobre seu apoio a ela. ── A voz de Baela saiu baixa.

── De nada. ── Drasilla olhou para ela e depois para Jace, porém, quando foi passar pelo herdeiro ele a interceptou. ── O que foi?

── Você matou um Lorde de uma grande casa. ── Ele a censurou. ── E deixou no lugar dele alguém que nem tem sangue Tyrell, os vassalos verdes podem tentar se virar contra seu suserano, ela não tem experiência militar, como vai liderar o exército da Campina?

── Primeiro, sir. Harold Westerling está voltando para apoiar Carmine e guiar o exército de rosas, a Alys também não deve demorar para retornar de Winterfell e tomar seu posto como herdeira. Aliás, Lorde Cregan mandará a Sara junto com os seus homens, para guiar o exército do Norte. ── Drasilla empurrou a mão de Jace, passando por ele. ── E a propósito, eu não matei um lorde, eu matei dois, Ormund Hightower também está morto.

 Jace e Baela ficaram se olhando, enquanto a princesa se afastava, para só então seguirem Drasilla rumo onde a mesa do conselho dos pretos se reunia. Drasilla queria falar com Daemon, mas não o encontrou ali, somente via Rhaenyra conversando com Bartimos Celtigar, curiosamente avô da garota que Lucerys estava noivo, Vhaera. Não tinha visto Corlys ali também, mas a princesa imaginava que ele e um dos bastardos que ele queria legitimar, Alyn, estavam agora com a Tropa Velaryon, os olhos dela - no entanto - recaíram sobre Joffrey, ele só tinha quase 11 anos, um menino, mas também usava roupas de montaria e observava a mãe.

── Majestade... ── A morena interrompeu o pequeno grupo e Rhaenyra pediu um momento para Bartimos. ──  Onde está o Príncipe Daemon?

── Nas Terras Fluviais no momento. ── Rhaenyra rodava os anéis nos dedos. ── Um corvo chegou com uma notícia aqui, tem algo que eu deva saber?

── Creio que a Carmine já tenha contado sobre o Leo, mas você tem que saber que ele estava mantendo a Alys e a Carmine presos, que ele espancou o Cadmus e usou parte dos homens dele para tentar me interceptar. ── As palavras saíam rápido da boca da morena. ── Precisei usa o Flarion contra ele.

── Ok, você conseguiu o apoio dos Tyrell que havia sido tirado de nós. ── Rhaenyra moveu uma peça na mesa com o desenho do reino. ── Vamos ver como os verdes vão lidar com a falta desse apoio com soldados e munição, a maior parte da Campina está conosco agora.

── Eles também não vão poder contar com os exército Hightower, ou pelo menos uma boa parte dele. ── Drasilla se aproximou, tomando uma peça da mesa e reposicionando. ── Eu queimei Torralta e parte de Vila Velha, não sei dizer se o herdeiro do Lorde Ormund está morto ou não, mas com certeza ele e parte da sua família está.

── Oh ... ── Rhaenyra ficou em um breve silêncio, ponderando com a cabeça. ── Mais alguma coisa?

── Só mais uma. ── Drasilla dessa vez apenas pressionou os lábios, o que deixou a rainha apreensiva. ── O Daeron, ele nos interceptou com o seu dragão quando voltamos de Vila Velha, nós entramos em um combate e o Flarion quebrou o pescoço do Tessarion, ele e o Daeron despencaram dos céus, o dragão esmagou o garoto.

── Você acha que ... ── Rhaenyra sentiu a garganta fechar por breve, o menino era da idade de Lucerys.

── Não sei se a Carmine mandou corvos para capital também, mas se não souberem, logo saberão. ── Drasilla pegou um candelabro sob o canto da mesa e acendeu uma vela apagada. ── Não queria que tivesse sido necessário, mas ele perseguiu o Flarion.

── Nós estamos em uma guerra, isso significa que só estamos tentando igualar os números e ...

── MAJESTADE! ── Uma voz ofegante de um guarda as interrompeu. ── Majes ... tade. O príncipe Aegon e seu dragão Stormcloud foram vistos pousando na praia, o jovem príncipe está em estado de choque, dizendo que os navios foram atacados, ele parece ter conseguido fugir graças ao seu dragão.

── O que aconteceu? ── A rainha rodeou a mesa, Joffrey até então calado a seguiu, Corlys estava junto da tropa Velaryon e os filhos mais novos da rainha, Viserys e Aegon. ── Quais as notícias? Onde está o meu filho? E o Viserys?

── A Frota Velaryon foi interceptada na Goela, pela descrição do escudo que o príncipe fez, parecem ser navios do almirante Sharako Lohar. ── O homem tirava o olho dela e olhava o bilhete. ── Não temos notícias do Lorde Corlys ou do Príncipe Viserys, majestade.

── Eu vou até lá! ── Joffrey andou na frente, mas foi interceptado por Drasilla que segurou a capa da roupa que ele usava. ── Ei, me solta, eu vou queimar aqueles navios.

── Espera, você é o herdeiro de Driftmark, se algo tiver acontecido com Viserys e dependendo da saúde do Aegon, não vamos arriscar mais um filho da rainha. ── Drasilla olhou a criança e depois da rainha. ── Eu vou, Flarion tem experiência voando em desvio, seu dragão é alvo fácil.

── Leve o Jace com você. ── A rainha pediu, Joffrey a olhou irritado, puxando a capa da mão de Drasilla em protesto. ── Bailalua está com a asa ferida, não poderemos mandar Baela e o Daemon não chegaria a tempo.

── Ele é o herdeiro do trono. ── O menor insistiu, indo para próximo da mãe. ── Me deixe voar e morrer em seu nome, majestade.

── Não, isso é uma ordem da sua rainha. ── A loira censurou o filho e depois ergueu o olhar a Drasilla. ── Vá!

O Príncipe Jacaerys e a Princesa Drasilla partiram de Dragonstone numa manhã de céu nublado e ventos impiedosos, rumo à Goela, onde a Tropa Velaryon mantinha seu cerco de proteção, mesmo com os ataques. O mar estava agitado, e o som das ondas batendo nos cascos dos navios ecoava como tambores de guerra, Corlys ainda não tinha se recuperado 100% e vagueava agitado entre os marujos do navio, preocupado com os outros. Os barcos da Tropa Velaryon haviam sido violentamente atacados pelo mercenário e Almirante Sharako Lohar, sob as ordens dos Verdes, a ajuda que Otto tinha conseguido havia demorado, a posição de Mão nem mais pertencia ao Hightower, mas sua ajuda havia chegado. Drasilla e Jace, montados em seus dragões, queimaram parte dos navios de Sharako, quando mergulharam do céu rumo aos navios de velas azuis e amarelo encardido, proporcionando uma vantagem inicial para a Tropa Velaryon e permitindo que alguns navios recuassem para Driftmark e Dragonstone.

No entanto, a vitória parecia distante, eles precisavam ter cuidado, não poderia ser só fogo por fogo, corriam o risco de acertar os barcos de Corlys. Nos navios inimigos, escorpiões com enormes arpões de metal foram preparados, prontos para perfurar o céu e derrubar os dragões, quando a princesa os olhou logo se preocupou em achar Jace, quase como um instinto materno. Drasilla e Jace dançavam no ar, escapando dos arpões de metal afiado e lançando fogo sobre a maioria dos navios, ela era experiente voando com Flarion, ele tinha melhorado bastante nos desvios nos últimos meses. A luta era intensa, o ar repleto de fumaça e cinzas, o que atrapalhava a visão em alguns momentos paa ambos os lados. Drasilla, atenta ao campo de batalha, desviava seus olhos para procurar os navios onde o Príncipe Viserys e o Lorde Corlys poderiam estar, mas não via nenhum dos dois, temia que o filho caçula de Rhaenyra tivesse afundado junto dos navios derrubados, com Corlys havia pouca preocupação. Foi nesse momento que um ganido agudo cortou o ar, o som de um dragão ferido.

── Não ... ── Foi um sussurro que clamou, querendo estar errada.Virando-se rapidamente, Drasilla viu Jace e Vermax despencarem do céu, dois arpões cravados no corpo do dragão. ── NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO

O desespero a consumiu, ali qualquer ponto de racionalidade sumiu totalmente, a memória viva da morte de Lucerys era tão dolorosa quano a que vi. Soltou outro grito longo e sonoro de negação e voou na direção do navio inimigo, queimando os responsáveis pelo ataque. Em seguida, mergulhou em queda para resgatar Jace, ela não pensava em outra coisa que não fosse a necessidade de salvar o herdeiro do trono, o primogênito de Rhaenyra, a dor de Luke fazia seu coração bater tão forte que lhe faltava ar, esse desespero foi o que a deixou vulnerável. Em meio ao caos, um dos arpões atingiu Flarion no pescoço. O dragão, agora desesperado e desorientado, lutava para manter-se no ar, Drasilla demorou algus segundos para perceber o óbvio, ela também estava caindo.

── Não, não, não. ── Ela repetia em desespero, puxando a cela, tentando fazer Flarion subir, mas ele não conseguia. ── Não Flarion, não você, não me abandona, Flarion, por favor.

Ela sequer falava em Alto Valiriano, desesperada só repetia incessantemente o pedido para que seu dragão não a deixasse, mais do que isso, para que seu irmão de alma não a deixasse sozinha no mundo. As lembranças rebatiam na sua cabeça, não havia uma Drasilla sem o seu Flarion, ele nasceu semanas após ela, sempre esteve lá em todas as suas memórias, um amigo fiel, um irmão não só de batalha, mas de coração, a sua ligação mais forte e mais profunda, o seu eu em chamas e agora ele caía, praticamente sem vida.

Flarion, azul-claro e imponente, bateu contra um navio em chamas, e ambos, dragão e princesa, caíram no mar, não havia nenhuma chance para que Drasilla conseguisse se soltar e escapar, não tinha onde pular e o que fazer, ela parecia fadada a morrer ali mesmo, como possivelmente Jace e Vermax, que ela não mais via. Drasilla, presa na cela, sentiu o choque da água fria ao seu redor. Fragmentos de navios ardiam à sua volta e flechas caíam como uma chuva mortal, mas nenhuma a atingiu, seu coração, em uma parte, desejou friamente que isso tivesse acontecido. Ela lutava contra o desespero, o peso da água e a necessidade de ar. Quando suas forças já se esvaíam, conseguiu se soltar, puxando a fivela, e nadou até a superfície, agarrando-se aos destroços do navio.

Quase sem fôlego, Drasilla flutou à deriva, sua mente turvada pelo pânico e pela dor. O mar parecia um cemitério de destroços e cadáveres, um testemunho silencioso da batalha que tinha acabado de acontecer, ela não sabia onde os outros estavam ou se tinham sobrevivido. Seus olhos, embaçados pela água salgada, buscavam desesperadamente por sinais de vida. Finalmente, um pequeno barco, em comparação as embarcações que se degladiavam antes, apareceu no horizonte. Exausta, ela foi resgatada e levada a bordo, haviam um homem, uma mulher e um menino que deveria ter seus 8 ou 9 anos. As figuras indistintas de seus salvadores eram um alívio em meio ao caos, o copo dela acabou por ceder ao cansaço, ali ela desejou não mais acordar.

O barco seguiu a deriva até Ponta Aguda, bem no extremo do Gancho de Massey próximo a Goela, onde o porto pequeno reunia mais curiosos do que pessoas que normalmente estavam ali, que viam distante a luta e o fogo dos dragões, mas ainda sim bem menor do que a maioria dos que Westeros tinha. Drasilla foi ajudada a descer do barco, ainda cansada, tinha acordado próximo a chegada em terra firme,  suas pernas trêmulas mal suportando seu peso. Em terra firme, ela olhou para trás, vendo os destroços de uma guerra que enfrentava mais uma batalha, seus olhso ardiam, seu corpo doía, ela se inclinou, vomitando e chorando ao mesmo tempo, como se seu corpo estivesse próximo do colapso.

── Onde estamos? ── Ela perguntou a mulher do barco que ainda a olhava, enquanto o filho e o marido tiravam algo do barco. ── E obrigada por me ajudar.

── Ponta Aguda. ── Ela respondeu. ── O que aconteceu lá?

── Um ataque ... ── Drasilla se inclinou, vomitando de novo. ── Como eu chego a Dorne?

── Olha fica mui...

── Não perguntei se fica longe. ── Ela se endireitou, a roupa molhada pesava, ela não tinha levado a Coração de Valíria consigo, agradecia por isso. ── Só me diga, como chego a Dorne.

── Vá até Bailepedra, pegue um bom cavalo e em dois dias você estará em Ponta Tempestade. ── O homem que terminava de descarregar o navio a respondeu. ── Entre num navio na Baía dos Naufrágios e em três dias você estará em Lançassolar.

── Obrigada. ── A princesa respondeu passando a língua nos lábios, estava salgado.

A princesa olhou para as pessoas no porto, a maioria não a encarava muito bem, ela procurava algo ou alguém mais vulnerável, o homem tinha razão, ela precisaria de um bom cavalo para chegar a Ponta Tempestade, mas precisaria de um mediano para chegar a Bailepedra e já tinha encontrado uma vítima, um velho andarilho mercador. A cabeça dela voltava a agir no automático, a dor consumia o peito, mas a raiva era maior, ela simplesmente não podia parar, por Jace, por Flarion, por Luke, por Rhaenys e pelo legado que Rhaenyra deixaria, ela não podia voltar para casa sem ajuda e ela imploraria o que fosse preciso para ter a ajuda de Qoren Martell.

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