#𝟑𝟐 - Como pode ser 𝒕𝒂̃𝒐 𝒄𝒆𝒈𝒐 se só perdeu um olho?
Um grupo compunha o conselho dos verdes em torno de uma mesa onde normalmente o pequeno conselho se reunia, havia as mesmas faces de poucos amigos, como se a tensão no ar fosse quase palpável de fato, a intensão era se organizar o mais rápido possível para encontrar lordes importantes em Westeros para a causa de Aegon, todos ali sabiam que Rhaenyra e Daemon não desistiriam de lutar pela causa da primogênita de Viserys Targaryen.
── Porque ela está aqui? ── A voz de Otto, a mão do rei, chamou atenção de todos, direcionado a Drasilla.
── Minha esposa está conosco, Lorde Mão. ── Aemond respondeu, tocando a mão dela por baixo da mesa. ── Ela poderia ter ido embora, mas decidiu respeitar a decisão do antigo rei.
── Claro. ── Aegon responde de pronto, em uma risada anasalada. ── Ela não iria muito longe também sem aquele dragãozinho dela.
── Só um de nós se escondeu atrás da mãe quando a Princesa Rhaenys estava pronta para queimar a todos e não foi nós quatro, majestade. ── A voz de Drasilla era baixa, mas letal. ── Mas claro, não daria para ir longe com o Flarion, por isso o deixei livre para ir onde quisesse, quando apoiei a decisão do meu irmão em seu leito de morte.
O silêncio se instaurou, Aegon revirou os olhos, ele sabia, desde sempre, que provocar a tia era pedir para tomar algo de volta, mas mesmo assim gostava de fazê-lo, só para ver a face de Aemond, para o mais velho dos filhos de Alicent só comprovava como seu irmão caolho era como um bichinho para a esposa, seu outro dragãozinho, Aegon certa vez até fez essa piada em voz alta e a tia respondeu que era verdade, já que montava o marido a noite, isso deixou toda a mesa desconfortável, mas Aegon gostava de causar desconforto.
Otto era quem puxava a conversa, discutindo entre eles sobre como os verdes buscariam o apoio dos lordes e como aquela era a cúpula mais importante, mesmo que o pequeno conselho fosse composto por outras pessoas, como Jason Lannister, que tinha voltado para Casterly Rock para falar com Tyland e comandar o exército de leões para a causa de Aegon. A morena permanecia calada enquanto ouvia a conversa, um pouco aérea até, Aemond alisava sua mão com o polegar, enquanto ativamente falava, aquilo brevemente lembrou Drasilla de Rasmus e ela sentiu seu nariz queimar.
── Eu irei para a Campina. ── Drasilla assoprou o ar, mal prestava a atenção na conversa deles.
── Princesa ... ── Otto solta a mesma risada que Aegon havia soltado antes, desacreditando nela. ── Lord Leo Tyrell não precisará ser convencido, ele é bem próximo da minha família a anos, apoiará nosso lado.
── Meu irmão Gwayne irá até lá, apenas para se certificar do apoio. ── Alicent completou com meio sorriso. ── E falará com nosso tio Ormund.
── Você e o Príncipe Aemond irão até Pona Tempestade, podem voar juntos se quiserem em Vhagar. ── Otto não apenas sugeriu, mas ordenou. ── Ele é vosso primo, ficará mais inclinado a apoiar o rei Aegon com a sua presença.
── Porque não mandá-la a Winterfell? ── Aegon sugere rindo.
O silêncio toma conta do grupo, as mãos de Drasilla coçam só de pensar em pisar em Winterfell e ter que encarar os Stark, mas ela sabia que a provocação de Aegon dizia respeito ao seu guarda real, quando afastou Cadmus ela sabia que seria um problema tê-lo na capital, mas que ainda precisava dele. Drasilla ficou claramente desconfortável, puxou a mão da mão de Aemond alisando a sua, encarou Aegon com uma face de poucos amigos, que o fez desviar o olhar, também desconfortável.
── Não terão aliados no Norte. ── A voz da princesa cortou o silêncio. ── Eles se ajoelharam para Rhaenyra, um Stark nunca esquece um juramento, eles não serão convencidos que Viserys mudou de ideia em seu leito de morte. E eu irei à Campina, com Gwayne ou não, quero ver meus filhos.
── ... ── O silêncio acompanha a rainha Alicent pairou ao ser encarada pela princesa. ── Certo, claro Princesa.
── Partirei o mais rápido possível. ── Ela se levanta devagar. ── Se queremos organizar o exército Tyrell para ter a vantagem, também precisamos de proteção extra em King's Landing, Daemon tem aliados na Patrulha da Cidade.
── Querida, espere. ── Aemond se levanta indo atrás dela, mas para ao ouvir o pigarreio de Otto.
── Você só perdeu um olho. ── O Lorde Mão direciona ao neto. ── Como pode ser tão cego?
O caolho só permaneceu em silêncio, partindo atrás de Drasilla, como se não se importasse com o fato de ouvir aquele tipo de coisa vinda de Otto Hightower. Ele a perde de vista, mas conhecendo a princesa, havia alguns lugares em que ela confiaria para se recolher, a morte do rei tinha abalado bastante, então acontecia algo que normalmente não veriam vindo dela, Drasilla chorava, ele via na expressão dela quanto segurava isso na reunião anterior. Encontrá-la no quarto não foi difícil.
A princesa se apoiava na cama, chorando quase debruçada sob o móvel, sua respiração estava descompassada, o loiro só a encara, em puro silêncio, dá dois ou três passos a frente, mas era responde de imediato, o afastando com um aceno de mão, no exato momento ele se aquieta, respeitando o espaço, Aemond como a maioria não sabia muito bem como lidar com Drasilla na maioria do tempo, só parecia anestesiado a encarando agir como queria.
── Volte para lá. ── Ela o pede, limpando as lágrimas e se levantando da cama. ── Vocês tem muito o que planejar se querem agir antes do Daemon. Eu estou bem, só preciso de um tempo e estarei ótima.
── Não vai. ── Ele respondeu a olhando, com as mãos para trás. ── Não hoje ou amanhã, nem tão cedo. Não minta para si.
── Eu não consigo agir a sangue-frio. ── O choro voltava novamente. ── Eu amava o Viserys, não sou a pedra que todos acham que eu tenho que ser, tudo dói, o tempo todo dói, ele estava lá desde quando eu nasci, ele me pegou no colo antes da minha mãe, eu não quero viver sem ele, não quero ter que lutar com o Daemon.
Aemond estava sentindo as suas mãos pinicando, seu olho tremia, encarando a esposa, a mulher que havia desejado por tanto tempo, desabando lentamente na sua frente sem poder fazer muito. Era estranho, para ele, por muito tempo, ela era só uma muralha difícil demais de transpor, alguém fora do alcance, mas lá estava ela, casada com ele, sofrendo por perder o rei. Como Viserys poderia significar tanto para Drasilla e tão pouco para Aemond?
── Nós podemos ir embora. ── Ele se aproxima dela e ela não o repele dessa vez. ── Quando isso acabar.
── Porque não agora? ── Ela o encara então, com seus olhos vermelhos. ── Vamos subir na Vhagar, ir para algum lugar, Flarion vai ver e nos seguir.
── Essa família precisa de nós. ── Ele responde cansado. ── Os dois.
── Certo. ── Ela desvia o olhar dele, para outro ponto. ── Eu vou encontrar o Gwayne, a noite partiremos pela Estrada da Rosa, rumo a Jardim de Cima.
O casal se separa, por mais que quisesse ficar no encalço da esposa, Aemond entende que seus deveres para com a coroa são mais importantes, pelo menos por agora. Drasilla por sua vez, tem uma pessoa em mente enquanto caminha pelos corredores da Fortaleza Vermelha de forma apressada, ela conhecia várias passagens, mas naquele momento, um pouco cansada e emergencial, ela tomou o caminho principal até o alojamento aonde parte da guarda ficava, encontrando um Harrold Westerling arrumando suas coisas em uma bolsa, usando roupas civis, era a primeira vez que ela o via sem sua armadura.
── Ainda bem que o encontrei antes de ir. ── Drasilla bloqueava a saída. ── Sabia que não estaria aqui por muito tempo.
── Me desculpe Princesa. ── Ele parou o que fazia, não o agradava deixá-la sozinha ali, mas eram suas virtudes. ── Não reconheço o usurpador como rei.
── Nem eu, meu caro. ── Ela respondeu de pronto, o que o fez estreitar os olhos, dando um sorriso, aquela garota sempre tinha um plano. ── Preciso de um último favor, pode fazer por mim?
── Claro, por você sempre, alteza. ── Ele respondeu fazendo uma reverência.
── Encontre e prenda Gwayne Hightower. ── Ela respondeu de pronto. ── Isso precisa ser feito, em nome da legítima herdeira.
── Mas e você? ── Ele quis saber.
── É hora de voltar para casa. ── Ela comenta séria. ── Obrigada Harry.
Drasilla passa o dia organizando mentalmente os seus próximos passos, era complicado agir assim, ela se sentia cada vez mais sozinha, longe de Rhaenyra e Daemon, com seus filhos na Campina, com ela cada vez mais se isolando e com seu amado Flarion. A preocupação durante o dia foi garantir que algum dos domadores do fosso tinha visto seu dragão, ela sabia que seus informantes eram limitados, quem estava com os verdes? Quem era leal a Rhaenyra. Já era noite quando ela terminava de se trajar com roupas de montaria, não gostava que ninguém a ajudasse a se vestir, então estava só no quarto quando Aemond a encontrou.
── Draköri? ── Ele chamou-a do apelido em alto valiriano que tinha lhe dado. ── Porqu está com essas roupas se vai de carruagem com Gwayne?
── É possível que o Flarion esteja na Campina. ── Ela respondeu terminando de trançar o cabelo. ── Precisarei dele se quero lutar em uma guerra, levarei um domador do fosso conosco, não sei como o humor do Flarion estará, dragões são instáveis.
── Você não terá que fazer isso. ── Ele logo segurou uma das mãos dela. ── Lutar com seu dragão.
── Só você e Aegon montariam dragões pra uma guerra desse lado. ── Ela falou ponderando com a cabeça. ── Helaena nunca montará Dreamfyre para fazer o trabalho sujo por Aegon e não podemos arriscar a integridade do rei, então somos só você e eu nisso. E só um de nós conhece os pontos fracos do Caraxes, não é você.
── Não vou deixar você se matar em uma luta contra o Daemon e a Rhaenyra. ── Ele confesa. ── Eu farei isso.
── ... ── Ela pensa em responder algo, mas de início só fica em silêncio, vendo a raiva no olho dele. ── Só um de nós vai ser chamado de regicida e que seja eu, pois eles não vão deixar um regicida sentar no trono de ferro, eu vou matar a Rhaenyra.
── Mas meu irmão ...
── Aemond ... ── Ela o corta, soltando seu braço dele. ── Nós dois sabemos que o Aegon não irá muito longe, não entraria nessa luta se não achasse que havia alguém adequado no trono no fim e muitos lordes vão achar o mesmo.
── E se ele não cair? ── Ele a encarou, passando por si. ── Você vai matá-lo?
── Tendo a pensar nos problemas quando eles chegam, espero não ter que pensar nesse. Te vejo em breve, querido. ── Ela sorriu dando as costas ao marido e saindo pela porta do quarto.
As mãos da princesa tremiam e estavam um pouco dormentes, Drasilla sabia o risco das decisões que tomava, enquanto descia para o pátio lateral ela fazia uma contagem mental, tal qual como ela e Rhaenyra faziam quando elas eram jovens, agora era o que a acalmava, não totalmente, mas lembrar do passado a deixava mais centrada. Seus olhos encontram logo Harrold, ele ainda estava sem suas roupas de guarda, mas tinha uma espada presa em sua cintura.
── Boa noite, princesa. ── Ele fez a referência. ── Trabalho feito.
── Como ele está? ── Ela quis saber.
── Um dos meus comandados mais fiéis embebedou o alvo. ── Harrold riu de leve. ── Foi fácil achá-lo na rua da seda, agora mal consegue se manter de pé, cambaleando pelos becos da cidade, estava comemorando que Aegon agora é rei.
── Minimamente asqueroso. ── Drasilla se moveu, vendo uma carruagem se aproximar. ── Obrigada por isso.
── Sempre serei leal aos apoiadores da Rainha Rhaenyra. ── Harrold também olhou a carruagem. ── Não ordenei que o matassem, pois sei da índole de vossa alteza.
── Você é bondoso e leal. ── Um guarda de verdade, ela pensou, vendoa carruagem parar. ── Quero que entre na carruagem e vá para Jardim de Cima, alguém precisa chegar lá, proteja meus filhos, confio em você, Lorde Comandante.
── E sir Cadmus? E você, princesa? ── Ele perguntou e ela sabia que Harrold queria fazer outra centena de perguntas.
── Eu preciso fazer outra coisa, um aliado me informou que viu o Flarion na encosta atrás da Colina de Rhaenys, não posso partir sem ele. ── Ela o avisou, ainda pensativa. ── E sobre o Cadmus ... Acho que nos veremos em breve.
── Ok, tome cuidado, Drasilla. ── Harrold pediu a olhando e depois entrou na cabine da carruagem.
A princesa olhou para a carruagem com Harrold Werterling partir, ela queria ir para a Campina, abraçar os filhos e resolver toda a situação, mas agora tinha outras coisas para fazer. Ela se apressou, se alguém visse que ela não partiu com a carruagem e que Gwayne não estava com ela, com toda certeza fariam perguntas. Ela caminhou rápido até os estábulos, celando um cavalo, o rosto era coberto por um capuz, para que não fosse reconhecida.
Teve que partir pela estrada lateral, fazendo os eu cavalo galopar rápido, ir por dentro de King's Landing era se jogar no meio dos leões, mesmo que fosse mais rápido. O cavalo já estava cansado depois de quase duas horas de galope, até se aproximar da Colina de Rhaenys, onde ficava o Fosso dos Dragões, outrora majestoso, agora cercado de guardas, silencioso demais, quase uma grande lápide. Pelo que o informante tinha lhe dito Flarion tinham se abrigado na encosta, Drasilla saltou do cavalo, se esgueirando entre as pedras, se algum guarda a visse ali, seria perigoso.
Flarion era tão inteligente, quanto selvagem, ele possuía uma montadora e era leal só a ela, muito se discutia sobre quão um dragão podia realmente entender o seu montador, mas quando ela disse para o dragão branco-azulado voar, ele sabia que tinha que se manter por perto e esperou, escondido por ela, Flarion sempre esperaria por Drasilla, ela sempre iria até ele, não importasse onde. Drasilla nunca iria embora sem seu Flarion, Flarion nunca partiria sem sua Drasilla.
Também havia o grande risco de não só Flarion estar escondido na encosta, outros dragões sempre ficavam sobrevoando o fosso, então ela se esgueirava. Ao ver o dorso de um, aninhado entre dois pedregulhos maiores, ela reconheceu Flarion, por alguns segundos ela só ficou parada, ele ainda usava a cela, era desconfortável a longo prazo, ela queria o deixar livre. O assobio de Drasilla chamou a atenção do dragão, que ao reconhecer o cheiro de sua montadora ergueu a cabeça, soltando chamas ao vê-la.
── É querido. ── Ela sorriu se aproximando dele já com a cabeça baixa. ── É hora de ir pra casa, vamos voltar para Pedra do Dragão.
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