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# 𝟐𝟒 - Nós dois somos sangue

Aemond estava nervoso com a possibilidade de encontrar a tia em Jardim de Cima, tinha feito tudo para seu corpo se recuperar mais fácil, tinha até mesmo treinado uma aproximação com Vhagar, tudo para não passar vergonha na frente de Drasilla, ele a admirava como pessoa, mas muito mais como uma montadora de dragão, depois que a viu com Sigmis em Driftmark ele ficou vários dias pensando nisso e em como poderia impressioná-la.

Ele não foi voando até lá, não entanto, o grande dragão seguiu a carruagem do príncipe em alguns momentos, pelo tamanho Vhagar sempre chava atenção por onde passava, é claro, ela pareceu seguir os outros, pois se aninhou no descampado, onde Flarion estava, Sigmis parecia ter saído, Drasilla não sabia muito bem o que pensar sobre a dragão, ela tinha ideias próprias, era o que a princesa cogitava, voltaria quando se sentisse mais apta para tal.

Viserys tinha escrito para Drasilla falando sobre Aemond, contando algumas coisas sobre o jovem príncipe, dentro elas que o garoto tinha feito aniversário há poucos dias, isso deu a morena pela menos meia dúzia de ideias, na idade de Aemond, ela e Rhaenyra amavam aniversários, teve um ano em que toda semana elas inventavam que era aniversário de alguém unicamente para pedir bolos especiais a cozinheira, até que a mulher sacou qual era a delas.

── Viserys me disse que foi aniversário dele recentemente. ── Drasilla comentou casualmente com Rasmus enquanto esperavam a carruagem de Aemond já avistada. ── Duvido que tenham feito algo para o Aemond naquele castelo, com aquela mãe narcisista e estranha dele.

── Drasilla ... ── Rasmus falou e ambos se olharam. ── Tem algo em mente?

── Não sei, devemos? ── Ela perguntou sugestiva batendo o ombro contra o dele.

── Temos uma tradição aqui em Jardim de Cima, você sabe. ── Ele riu, amava aniversários também. ── A semana do meu aniversário é sempre a melhor do ano.

── O mês do seu aniversário, você diz. ── Ela riu implicando. ── Eu vejo na cara do Léo o ciúme, pois o dele é sempre só a semana.

── Não é bem assim. ── Rasmus ponderou com a cabeça. ── Eu sou o Lorde, é diferente.

── Você é o Sol de Jardim de Cima, isso sim. ── Ela respondeu logo vendo que a carruagem já parava.

── Não deixe a Alys te ouvir. ── Rasmus comentou por fim andando atrás da esposa.

Aemond estava acanhado, nunca havia estado em um lugar sem um dos pais ou o avô Otto, agora estava ali em Jardim de Cima, ele sabia que ela era sua tia, que estava ali como convidado, mas até suas vestimentas Targaryen ele havia tentado mudar para ficar mais confortável na casa dos Tyrell, ele costumava usar preto, com detalhes em prata, mas tinha usando o verde, Alicent disse que seria melhor, que a Campina veria isso de uma maneira mais afável, mas próxima com seus costumes, mas quando ele colocou os olhos no casal fora da carruagem a visão foi outra.

Rasmus realmente usava cores mais claras, o creme, alguns detalhes em dourado e um pouco de verde, o que ele esperava do Lorde da Campina, mas quando colocou os olhos na tia foi como se visse a imagem mais familiar e calmante que poderia, ela se parecia com Rhaenyra nos vestimentos, muito fora da curva das pessoas que via a sua volta, também era de se imaginar, um dragão não deixava de ser um dragão só porque estava em um jardim, não é?

Drasilla estava um pouco nervosa com a chegada de seu sobrinho Aemond a Jardim de Cima. Seu vestido luxuoso, meticulosamente escolhido para a ocasião, era uma manifestação de elegância e poder, deixava claro que ela era a Lady de Jardim de Cima agora, que não tinha dúvida do seu lugar, sua posição no reino, mesmo que não precisasse provar nada para o adolescente. A predominância do preto, como a noite mais profunda, enquanto detalhes em vermelho e prata adornavam a peça, como se chamas dançantes tivessem sido capturadas em cada dobra do tecido.

A barra do vestido, onde os detalhes em vermelho e prata predominavam, criava a ilusão de pequenas labaredas de fogo que lambiam a orla da saia. Era uma representação simbólica do fogo valiriano que corria nas veias dos Targaryen, uma chama que não se apaga, mas queimava com intensidade.  Apesar das cores escuras que compunham o vestido, o tecido era surpreendentemente leve e fluído, como se fosse uma extensão da própria princesa. Enquanto ela caminhava, o vestido dançava com o vento, revelando uma destreza na escolha do material que proporcionava tanto elegância quanto conforto. Os ombros da princesa estavam delicadamente à mostra.

A luz do dia destacava os tons escuros do vestido, criando um contraste com a pele pálida de Drasilla, enquanto as pessoas a sua volta preferiam tons como verde, azul e amarelo, ela usava preto, pelo luto que sempre jurou estar e lembrança da sua casa. Seu olhar, por trás das íris violetas, refletia um pouco do seu nervosismo e ela deixou que Rasmus se aproximasse do rapaz antes, eles só foram interrompidos quando uma sombra chamou a atenção dos olhares, a grande Vhagar, que logo sumiu no horizonte.

 ── Espero que ela se sinta confortável aqui.  ──  Aemond falou um pouco nervoso também, vendo a direção que o dragão tinha ido.

── O Flarion sempre se deu bem.  ──  Drasilla o acalmou colocando a mão em seu ombro.  ──  Parece que você cresceu uns centímetros nessas semanas.

── Eu já tenho 13, tia. ── Ele falou se inclinando com meio sorriso.

── Deuses, eu lembro de pegar esse garoto no colo. Agora ele é quase um homem. ── Ela riu olhando para o marido. ── Falando em aniversário, ficamos sabendo que foi o seu recentemente.

── Nós temos uma tradição aqui em Jardim de Cima. ── Rasmus comentou parando ao lado dela. ── Sempre oferecemos um jantar especial para o aniversariante, você é nosso convidado, não poderá ser diferente.

── Eu agradeço Lorde Rasmus. ── Ela sorriu gentilmente. ── Mas não será preciso, não quero ocupar o tempo de vocês mais do que já farei.

── Você não entendeu. ── Drasilla riu descendo mais alguns degraus e passando o braço em volta dos ombros de Aemond, ele já era do seu tamanho, mas levando em conta que ela só tinha 1,65, não era surpresa. ── Isso vai acontecer, docinho, vamos!

Aemond não pôde deixar de admirar a beleza de sua tia Drasilla ao vê-la tão próxima a si, ela era o que tinha ouvido do pai ou até de Rhaenyra falando seus filhos. Seu olhar percorreu cada detalhe do vestido luxuoso, onde o preto e os toques de vermelho e prata criavam uma harmonia impressionante. A luz do dia realçava a palidez de sua pele, contrastando com os cabelos escuros que coroavam sua face. Os ombros à mostra acrescentavam uma sugestão de graça e poder, enquanto seus olhos violetas, intensos e penetrantes, revelavam a herança valiriana. Aemond não pôde deixar de sentir uma sensação estranha diante da presença marcante de sua tia, ela tinha um perfume doce, ele só percebeu que estava a tempo demais a admirando quando ela o soltou e começou a caminhar rumo ao próprio marido.

O jovem balançou a cabeça, tentando afastar qualquer admiração a beleza da tia, estava ali para ter lições como um montador de dragão, para se aproximar mais de Vhagar, não para se encantar com uma mulher bem mais velha que ele e também casada, Lorde Rasmus era tão gentil, conversando com ele enquanto subiam as escadas, como se não quisesse deixá-lo desconfortável hora nenhuma. Era um ambiente tão diferente do tom soturno e pesado do castelo em que residia.

Normalmente Aemond tinha que se contentar com a posição que o permitiam ter, de ficar em um canto, observando as coisas, tentando ser melhor que Aegon e em várias vezes apesar de conseguir, não era reconhecido, nada nunca era sobre ele ou para ele. Aegon era o filho mais velho, Helaena a única menina e Daeron o caçula, o que sobrava para o príncipe de um só olho era as sombras e o silêncio, ali ele era alçado a posição do sol e gostou daquilo, de como Jardim de Cima parecia acolhedor mesmo tendo muitos degraus para subir.

Eles se preocuparam em ouvir sobre tudo que Aemond mais gostava de comer, eles genuinamente ouviram o príncipe, mesmo que ele falasse que não era preciso, que não queria complicar as coisas, mas para os Tyrell aniversários eram coisas muito especiais, não havia outro dia de seu nome como aquele, então deveria ser especial. Aemond até se esqueceu por um tempo sobre o motivo de ter ido até lá, ele só aproveitou os presentes e comidas que davam a ele, para as pessoas de Jardim de Cima era sempre bom receber um príncipe, mesmo que Drasilla morasse por lá.

Naquela noite, quando todos se sentavam a mesa, a princesa fez questão de sentar ao lado do sobrinho, ela entendia, mais do que ninguém, o que era se sentir um estranha no ninho naquele lugar, mesmo que a situação deles fosse diferente, Aemond não tinha se casado com um Tyrell, era uma situação passageira, mas mesmo assim ela quis ser uma boa anfitriã, ficava receosa em receber as pessoas como a Lady da Campina, mas ele era sangue do seu sangue, era diferente.

── Então, o que achou da torta? ── A princesa apoiou o cotovelo na mesa e o rosto sob a mão, se inclinando na direção do mais jovem. ── Lembro da Nyra falar que você gosta de amoras ... Ou era o Aegon?

── É o Daeron na verdade. ── Aemon ri colocando um pouco na boca, estava magnífico. ── Mas eu também adoro amoras.

── Oh, deuses! ── Drasilla crispou os lábios. ── Me desculpe, eu não deveria ter cometido esse erro.

── Drasilla, tudo bem. ── Ele a confortou colocando a mão sob a da tia.

Ela estava realmente preocupada com o fato de ter errado o sabor, mas Aemond olhou pra ela conversando com o marido enquanto não tinha tirado a mão dele de cima da dela, as vozes no fundo pareciam mais baixas e ele percebeu que havia a chamado pelo nome e não como tia, como normalmente fazia, foi tão natural. Ela era bonita e ele não ligou que estivesse a encarando tempo demais, deixou que seu polegar acariciasse a mão de Drasilla enquanto ela parecia entretida em falar algo com o marido logo ao seu lado, Aemond só acordou de seu devaneio quando ela o chamou, três vezes, recolhendo a mão com pressa e pensando: O que raios estava fazendo?

Aemond poderia classificar aquele momento como um dos mais felizes da sua vida, pareceu tão leve que ele quase se esqueceu que teria qued voltar para casa em um momento ou que estava ali para ensinamentos sobre montar um dragão e não apenas para visitar os Tyrell e a tia que estranhamente ele pensava mais do que deveria desde antes da morte de Laena quando a viu voando em um segundo dragão.

Na manhã seguinte ele acordou cedo, achando que todos ainda estariam dormindo, mas o sol mal tinha nascido e ele encontrou Drasilla já com as suas roupas de voo, voltando do que parecia um passeio com Flarion, os cabelos levemente desgrenhados e as bochechas róseas, selvagem e bonita, ele se perdeu por pouco a encarando, até que percebesse que ela estava vindo na direção dele.

── Princesa ... ── Ele cumprimentou com um aceno. ── Se soubesse que iria voar cedo, eu teria ido também.

── Teria sido uma boa companhia, querido. ── Ela riu, vendo os empregados andando. ── E só Drasilla, ok? Deixa isso de princesa para os mortais, nós somos a realeza. ── Ela riu batendo o ombro no dele.

── Altezas ... ── Uma criada parou próxima deles os cumprimentando. ── O desjejum já está pronto, mas o Lorde Rasmus não voltou da caçada com Sir. Leo, querem comer agora, milady?

── Carmine, Alys e Fedora já estão de pé? ── Drasilla quis saber tirando as luvas.

── Lady Carmine está em Casterly Rock, a Senhora Fedora não acordou e a Lady Alys foi com os irmãos. ── A criada os informou.

── Que cabeça a minha, esqueci que a minha sogra não estava aqui. ── Ela riu olhando para Aemon e depois a criada. ── Espera, a Alys foi com eles? E o Leo não reclamou?

── Não sei dizer, milady. ── A criada riu. ── O que decidiu sobre o desjejum?

── Sirva perto do lago, só para dois, eu vou ficar mais apresentavel e encontro o príncipe Aemond. ── Ela sorriu olhando o sobrinho. ── Me espera lá?

── Claro. ── Ele ponderou com a cabeça positivamente.

O príncipe tinha que assumir, era um vista muito mais bonita que a da capital com casas empilhadas e um odor estranho, ali tinha uma vista magnífica e aroma de flores. Um dos criados levou a príncipe até onde a princesa tinha dito, era um belo lago esverdeado, a mesa com duas cadeiras estava colocada perto de um arco de flores, nos olhos de Aemond era até um pouco romântico, mas ele afastou os pensamentos enquanto se aproximava e observava uma criada terminar de servir a mesa com algumas coisas, apesar de pequena, havia muita comida só para dois.

Ele não se sentou, rodeou parte do lago, jogou algumas pdrinhas e as viu quicar sob as água, Aemond ficou só por cerca de vinte minutos, até ouvir a movimentação, olhou para o lado e via Drasilla cercada por uma criada e outro homem um pouco mais velho que ela, o príncipe julgou que possivelmente fosse uma espécie de secretário e eles resolvessem algo. Quando a princesa o viu, ela acenou para que ele se aproximasse de onde ela estava, perto da mesa.

A criada e o secretário ainda seguiram Drasilla até a mesa, onde ela se sentou, eles falaram pouco com a princesa, enquanto o príncipe se aproximava e sentava, quando Aemond já estava acomodado Drasilla afastou os outros dois dizendo que conversariam depois, o loiro se sentiu um pouco estranho estando finalmente a sós com ela. Sempre havia alguém, quando não era Rasmus, era outra pessoa na Campina, parecia mais cheio de gente que a capital, mas não era sufocante.

── Como passou a noite? ── Ela quis saber enquanto pegava um pãozinho e a geléia. ── Está quente aqui nessa época do ano, tem chovido na capital?

── Nenhuma gota. ── Aemond respondeu. ── Onde está o inverno que os nortenhos tanto falam.

── Acho que só no Norte mesmo. ── Ela riu ponderando com a cabeça.

── Então ... Quando ... ── Aemond parecia acanhado. ── Poderemos voar em nossos dragões?

── Breve, mas antes nós vamos treinar um pouco sobre como você se sente como um montador e sua relação com a Vhagar. ── Drasilla meneou a mão. ── Me diga, quando pensa em si como um montador o que sente?

── Alívio? ── Ele parecia incerto. ── Fiquei tanto tempo torcendo por isso, mas o peso nos ombros ainda está lá.

── Porque não era sobre isso. ── A morena colocou o pão sobre o pires e o olhou nos olhos. ── Aemond a sua relação com o dragão não é algo que tem que ser obrigatória, nem todos os Targaryens, hoje em dia, tem dragões. Na verdade, em Valíria também, possuir uma relação com um dragão é algo especial e que nem todos tem.

── Então porque eu não me sinto diferente? ── Ele confessou abaixando a guarda. ── Eu monto o maior dragão vivo e é como se as coisas ainda fossem iguais e as pessoas também.

── Ninguém vai te respeitar só porque a Vhagar é grande. ── Drasilla ponderou com a cabeça. ── Talvez alguns te temam, mas não tem que se preocupar com eles, não agora, é com a Vhagar que tem que se preocupar. Nascer com um dragão e ver ele crescer, amadurescer, é diferente de conquistar um, ainda mais um tão calejado como o seu, como a Sigmis.

── Como você fez com ela? ── Os olhos dele quase brilharam de ansiedade. 

── O dragão, qualquer um, precisa sentir que você confia nele e que ele pode confiar em você, que você é um aliado. ── Ela explica esticando a mão pra ele pegar a sua. ── Isso leva tempo, eu levei anos pra conseguir montar a Sigmis, você já tem isso com a Vhagar. Tem voado com ela?

── Só fiz duas vezes. ── Ele ponderou. ── O rei não queria me ver por aí com ela sem antes ... Você sabe, vir aqui.

── Bobagem, precisa exercitar isso, a sua proximidade, sua conexão. ── Ela se endireitou na cadeira, soltando a mão dele. ── Ne sempre estar com um dragão é sobre voar, mas também não pode ter medo ou ser mole com ele, um dragão é uma criatura selvagem, você nunca vai domesticar a Vhagar, ele precisa saber que você tão selvagem quanto ele.

── Selvagem? ── Aemon arqueou a sobrancelha.

── Sim, que vai brigar quando precisar brigar, que vão estar na mesma sintonia. ── Ela sorriu lembrando de Sigmis. ── Que vão estar na mesma sintonia.

── Entendo ... ── Ele ainda processava as palavras dela.

── Eu ganhei um livro sobre Valíria uma vez, vou te dar ele, vai ser uma ótima leitura. ── Ela comentou mencionando o livro que havia ganho de Vaegon. ── Queria te ter aqui por alguns meses, para ensinar mais coisas, mas sua mãe morreria de tristeza e saudade e eu tenho que viajar para Dorne em algumas semanas. Promete que vai me escrever sempre?

── Minha mãe só é um pouco dramática. ── Ele riu. ── Claro, contarei tudo da corte.

── Ela é sua mãe. ── Drasilla respondeu, não gostava de Alicent, mas podia entender as coisas.

── Vai com Sigmis a Dorne? ── Aemond perguntou curioso.

── Não e nem o Flarion. ── Drasilla partiu um pedaço de seu pão e ficou pensativa o levando a boca. ── Dorne não tem uma boa relação com Targaryens e dragões, então dessa vez eu sou só uma Tyrell.

── Um dragão nunca deixa de ser um dragão. ── Ele falou como se a alertasse. ── Lembre-se disso, tia.

── Obrigada, lembrarei. ── Ela concordou, ele estava certo.

Nas semanas que passavam era quase certeza que se você visse o príncipe Aemond em Jardim de Cima, ele estaria na companhia de sua tia, Rasmus precisou viajar até as Terras da Tempestade para negócios e com isso era mais comum que Drasilla e Aemond ficassem desde bem cedo até o jantar conversando e debatendo sobre dragões e Valíria, apesar de Aemond parecer muito animado em compartilhar esse momento com ela, Drasilla também estava animada e aliviada pela primeira vez em muito tempo, como se um nó na sua garganta tivesse sido desfeito finalmente, alguém para conversar assim não era presente na sua vida desde que morava com Rhaenyra e nenhuma delas era casada ou mãe, sentia saudades.

Eventualmente Aemond teve que voltar pra casa, mas ele se sentia muito mais aliviado por isso, não imaginava que passar um tempo longe de King's Landing fosse ser tão proveitoso, mais ainda ao lado dela, na sua mente ele repetia a todo momento, era apenas uma admiração pela pessoa e montadora de dragão que ela era, nada mais do que isso, nada mais do que um puto amor juvenil sem sentido, ela tinha um casamento sólido e saudável. Para Drasilla a ida dele virava sua preocupação para outra coisa, sua viagem a Dorne.

Viserys tinha feito esse pedido dias depois que ela e ele se encontraram em Driftmark para o velório de Laena, o convite do Príncipe Qoren Martell ao rei vinha de uma longa data, Viserys sempre se esquivava, Aegon I não mantinha uma relação cuidadosa com os dorneses a toa, a memória de Rhaenys não tinha sido esquecida tantos anos depois do que tinha acontecido. Viserys não poderia arriscar que qualquer pessoa o representasse em Dorne, Daemon era tempestuoso demais, já Rhaenyra era a herdeira, não poderia arriscá-la, seus outros filhos eram crianças.

O nome de Drasilla era o único possível, na carta que Viserys escreveu a ela as intenções ficavam bem claras, era uma carta longa, escrita com um garrancho, mostrando que o rei em pessoa a tinha escrito a punho, mostrando a seriedade, nada deveria ser dito aos outros, que não fosse a o convite de Qoren Martell. Havia uma frase no final, que a fez tremer, um segredo revelado apenas a reis desde Aegon. Apenas você deve ler essa carta, apenas você deve ir a Dorne, para a segurança de seu marido e em hipótese nenhuma leve o Flarion. Estava escrito logo no começo dela, Drasilla a queimou logo depois.

Foi uma viaem longa e desgastante até Dorne, enquanto descia até o sul de Westeros para encontrar Qoren Martell, ela já sentia o calor emanar por seu corpo, de longe e por terra ela conseguia ver a beleza e imponência de Lançassolar, a residência oficial do príncipe de Dorne e sua corte, mesmo no fim de tarde. Drasilla não foi recebida por Qoren, o que a deixou desconfortável, quem a encontrou foi Belandra Greyjoy, a esposa de Qoren, dizendo que o marido estava ocupado demais e a encontraria após o café do outro dia.

Não havia amizade ou alianças em Dorne, enquanto estava lá Drasilla levou seus próprios guardas de Jardim de Cima não se importando com o que Qoren acharia, ela precisava de segurança, nesse momento, por pouco, desejou que Cadmus estivesse lá, ninguém seria tão leal a ela como ele, ninguém a protegeria com tanto ímpeto e a faria sentir-se segura, ela sabia disso. Foi uma noite longa e cansativa, quente, ela não estava acostumada com isso e demorou a dormir, acordou com o nascer do sol e com as criadas dos Martell batendo na porta, a única que tinha levado consigo, Vídia, a ajudou a vestir e serviu o café da princesa no quarto, até que os guardas de Qoren a chamassem para encontrá-lo.

Os guardas de Jardim de Cima sempre andavam entre a princesa e os outros membros da casa Martell, só se afastaram quando chegaram as portas do aposento em que Qoren a esperava, havia uma bela sacada com visão para o mar, ela adentrou e os guardas iriam seguí-la, mas os do príncipe os impediram, com um aceno de mão ela mostrou que estava ok e as portas se fecharam, a deixando apenas a sós com Qoren, que estava sentado em uma mesa próxima a sacada, tomando o que parecia ser seu café.

── Sente-se, já comeu? ── Ele perguntou descontraído. ── Tome vinho, não é Lannister, mas é bom. Na verdade, é melhor que aquele lixo.

── Já comi sim, obrigada. E estou sem sede. ── Ela recusou o vinho enquanto se sentava. ── Você não me encontrou ontem, quase achei que não se importava suficiente com esse encontro.

── Claro que me importo, alteza. ── Ele riu bebericando de uma taça. ── Só tinha coisas mais importantes que você para resolver e achei que merecia descançar um pouco. Targaryens sempre acham que são o centro do mundo.

── Tecnicamente sou meio Baratheon também. ── Ela respondeu com meio sorriso. ── Me lembram isso sempre que precisam me rebaixar.

── Que deselegante. ── A sobrancelhas de Qoren se uniram. ── Você é tão Targaryen quanto o conquistador, talvez mais, fiquei sabendo que você tem dois dragões, ele só tinha um. Aliás, onde estão eles?

── Dorne é quente demais para o Flarion. ── Ela retrucou.

── Quente demais para um dragão? ── Ele riu incrédulo. ── Ok, querida.

Estar na presença de Qoren era desconfortável para Drasilla, ela olhava em volta, vendo a decoração suntuosa, havia muito ouro, bem mais ostentação do que havia em Jardim de Cima, muito mais do que tinha em King's Landing, ali sim eles pareciam viver como reis, ruas limpas, pessoas com rostos corados e redondos, não havia o fedor da capital, sem falar a bela paisagem, Dorne era um sonho vivo, se não fosse pelo calor demasiado, Drasilla era um dragão, mas se sentia incomodada, talvez devesse colocar mais fé em quem falava que ela era um cervo também, meio a meio.

── Deve se perguntar porque chamei Viserys aqui, na verdade nunca achei que ele viesse, com a saúde dele, foi tão previsível saber que ele mandou você. ── Qoren riu se apoiando na mesa. ── Deixe-me adivinhar, seu outro irmão é um completo descontrole, os seus sobrinhos muito novos e ele não arriscaria o pescoço de sua herdeira aqui, acertei?

── Ou eu sou só boa demais pro trabalho. ── Ela respondeu impaciente, se afundando na cadeira. ── O convite não falava o que você queria com o rei, além da sua presença, não está me exibindo por aí.

── Você não é um troféu e não vale muito em Dorne, princesa. ── Ele riu. ── Não tem porque eu te exibir, vocês Targaryens acham que são muita coisa né? Se bem que isso pode ser um pouco de ego Baratheon também, foi isso que te fez recusar minha proposta de casamento?

── Me chamou aqui porque está magoado? ── Ela respondeu rindo.

── Não, Belandra foi uma opção bem mais adequada, na verdade nunca achei que fossem me dar sua mão ou tive a intenção de ir a King's Landing para seu casamento. ── Ele confidenciou se levantando. ──  Espero que tenha gostado do presente, apesar de ficar triste porque você não a trouxe.

── Isso é um encontro diplomático, porque a traria? ── Ela ponderou. ── E novamente, o que você quer da coroa?

── Na verdade quero de você. ── Ele caminhou rumo a outro ponto da sala. ── Achei que os Targaryen se lembrariam que nos ter como aliados é melhor que virar as costas pra nós.

── Nós só nos preocupamos mais com o sangue. ── Drasilla acrescentou, se levantando também.

── Nós dois somos sangue. ── Ele considerou pegando um livro na estante. ── Na verdade eu quero que o rei dê a mão do jovem Jacaerys Velaryon para um casamento futuro com minha filha, Aliandra.

── Jace está na linhagem do trono, ele será o próximo rei de Westeros. ── Drasilla lembrou ao príncipe. ── Nem Luke seria possível sem forçar a sua filha a abdicar a sua posição de sua suscessora como soberana de Dorne, ele será Lorde de Driftmark. O Joffrey tal...

── Você não entendeu ... ── Ele abriu o livro, pegando o livro. ── Mas você sabe ...

── É, eu li a carta. ── Ela crispou os lábios. ── É obcena a ideia de que nós aceitaremos algo de Dorne depois de você lembrar Viserys disso.

── Eu lembrar? Você e eu sabemos a verdade, sabemos que não foi Dorne que matou a rainha Rhaenys e Meraxes. ── Ele avançou na direção dela.

── Sim, Rhaenys escolheu viver como uma prisioneira para que a guerra acabasse, Aegon a deixou pra trás enquanto vocês a envenenaram até a morte, lentamente. ── Drasilla o respondeu. ── Eu não trouxe o Flarion ou a Sigmis pelo mesmo motivo que a Rhaenys não voltou pra casa. Porque me mandou a espada?

── Nós não a envenenamos, Visenya e sua magia de sangue a fez, esquecendo como ela e Rhaenys era ligadas. ── Qoren a lembrou. ── Dorne derrubou um dragão uma vez, você não vai querer que sejamos inimigos, princesa.

── Eu não posso ofertar a mão dos filhos da Rhaenyra, talvez Aemond ou Daeron. ── Ela considerou nervosa.

── Sangue Hightower? ── Qoren riu, tocando a barriga da princesa. ── Seu filho então.

── Eu não ...

Ela olhou a mão dele e depois para o príncipe, Qoren ergueu as mãos e depois se afastou, assoprando o ar pelos pulmões, ele também não gostava nenhum pouco de politicagem, mas tinha que ser firme, duro, não tinha nada contra Drasilla em questão, ela parecia uma boa mulher, mas não poderia ou iria se ajoelhar aos Targaryen, sabia que ter um deles em Dorne era ter parte deles em suas mãos.

── Eu não estou grávida. ── Ela retrucou o encarando.

── Está, essa será uma menina, mas um menino virá, o fogo viu. ── Ele bebericou ao vinho. ── Avise ao rei, esse é o meu preço, minha aliança.

── Meu filho não é moeda de troca. ── Drasilla vociferou. 

── Mas vai ser, se você quiser continuar viva e isso não é uma ameaça. ── Ele balançou um sino e as portas se abriram. ── É uma aviso. Minha reunião com a princesa acabou, escoltem-na para seus aposentos.

Drasilla sabia que as coisas seriam intensas em Dorne, mas aquilo afastou suas expectativas de forma brutal. Ela voltou para Jardim de Cima antes do cair da noite e na manhã seguinte estava em casa, queria ficar o mais longe possível de Dorne. Drasilla estava tão transtornada com o que tinha ouvido de Qoren, sobre o passado Targaryen, sobre seu filho, que quando o seu marido a viu e a perguntou ela contou tudo, ou pelo menos quase tudo, omitindo a parte sobre os conquistadores como Viserys havia pedido.

Rasmus orientou Drasilla que aguardasse semanas para contar as pessoas sobre sua gravidez, com medo que ela perdesse o bebê novamente, mas eventualmente ficou difícil esconder, seja a felicidade dele ou a barriga dela, pela primeira vez ela sentiu que realmente o seu bebê estaria com ela, que haveria um parto. Ela escreveu duas cartas, compartilhando sua alegria e medos, a primeira foi mandada para Rhaenyra na capital, já a segunda viajou até o Norte, endereçada a duas pessoas, lady Sarah Stark, a filha mais velha do Lorde Rickon e seu primo, Cadmus, o guarda juramentado de Drasilla.

── Isso chegou pra você. ── Sarah o avisou assim que entrou no seu campo de visão. ── Na verdade é pra nós dois, então eu já li.

── Não me importa o que seja. ── Ele resmungou tirando a cela do cavalo.

── Nem se eu falar que é da Drasilla? ── Ela riu balançando a carta.

Cadmus sentiu seu corpo gelar, a tempos não recebia nenhuma carta da princesa, a relação dos dois ficou bem distante e fria depois do beijo em Dragonstone, não sabia se ela tinha perdido a confiança nele ou algo do tipo, mas não parecia precisar de seu guarda juramentado no castelo de flores que vivia em Jardim de Cima, sempre que Cadmus tinha notícias dela, era porque a mulher escreveu para Sarah, de quem era muito amiga, não para ele. Dessa vez ele avançou contra a prima, pegando a carta.

── Ela está grávida. ── Sarah o interrompeu antes de ler a carta. ── Dessa vez parece saudável e bem, eu sinto que vai nascer.

── Você novamente com essa mediunidade estranha. ── Cadmus amassou a carta a jogando de lado. ── Que bom que finalmente vai dar o filho que eles querem.

── Você não está feliz por ela? ── Sarah perguntou cruzando os braços perto dele. ── Eu vou viajar até lá, levar um amuleto de lobo.

── Não é sobre o que eu acho, ela deixou as coisas bem claras entre nós dois. ── Ele resmungou se afastando com a cela em mãos. ── Boa viagem, Sarah.

Sarah não falou nada, apenas se afastou dele, caminhando em direção a sua residência. Dias depois a lady migrou em um viagem a Jardim de Cima, sair um pouco da taciturnidade e frio do Norte, pra o calor, cores e aromas da Campina, era quase um acalento para ser franca. Ela segurava entre os dedos o tempo todo o pequeno lobo que havia esculpido em madeira, um amuleto para a criança da princesa. Quando Sarah colocou os olhos em Drasilla ela parecia radiante, a barriga já apontava, a princesa as levou para uma das salas de chá onde se acomodaram.

── É tão bom ver você. ── Drasilla confessou. ── Eu já estava com saudades.

── Eu também, você parece estar brilhando. ── Sarah brincou com o amuleto entre os dedos. ── Aqui trouxe pra você, é a Loba-Mãe, no Norte acreditamos que ela guarda e guia as grávidas, para uma gestação saudável e um parto tranquilo.

── Oh! Obrigada! ── Drasilla sorriu o pegando, era delicado a lindo. ── Como estão as coisas no Norte?

── Tranquilas, meu pai conseguiu uma espécie de acordo de paz com a minha tia, vejamos quanto dura. ── Sarah relaxou na cadeira que ocupava. ── Ele no entanto ...

Drasilla sempre ficava tensa a menção de Cadmus, a forma como eles se afastaram ainda deixava a princesa nervosa, seus dedos tremiam e formigavam, Sarah pegou a mão dela, a acalmando.

── Ele está bem? ── A princesa quis saber. ── Encontrou alguém? Um propósito.

── Está bem, tem ajudado meu tio, treinado uns soldados nortenhos. Meu pai quis dar a ele a posição de General de Armas do Norte, mas ele não quis, disse que já tinha um trabalho, que fez um juramento, ajoelhou-se ao rei, a você.... ── Sarah olhou nos olhos da princesa. ── O coração dele é seu, Drasilla, ele nunca vai encontrar alguém, ele escolheu ser fiel.

── Sarah eu ... 

── É, eu sei, eu já disse isso a ele, várias vezes. ── A lady ponderou. ── Mas se precisar dele, pra qualquer coisa, de nós, do Norte, não pense duas vezes em nos chamar ok? O Norte é leal a você, Princesa Drasilla.

── E eu sou grata por isso. ── Os olhos de Drasilla marejaram. ── Vamos comer alguma coisa? Ando faminta comento por dois.

── Nunca negaria comida da Campina. ── Sarah riu.

As duas não falaram mais sobre Cadmus enquanto a lady estava lá, mas Drasilla não deixou de pensar nele.

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