#𝓞𝟑 - 𝖭𝗈 𝖺𝖻𝗂𝗌𝗆𝗈 𝖽𝗈𝗌 𝐯𝐚𝐥𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐟𝐨𝐠𝐨
Antes de seguirmos com essa história você deve saber de uma coisa: Drasilla é uma força da natureza, tudo nela é potencializado ao máximo, se ama é intensamente, se odeia nunca mais quer ver, seu maior problema é a impulsividade e quando ela saiu daquele castelo fugindo e com raiva de Viserys ela pensou até em voar até as ruínas de Valyria, não se importando em morrer por isso, mas em um lugar da sua mente a sanidade brotou, ela não voltou pra casa, mas soube que se iria viver por aí com um dragão ela teria que sobreviver de outras maneiras.
Por semanas ela vagou caçando com Flarion, o dragão nunca tinha de fato precisado caçar para sobreviver, mas o instinto dele era o que o guiava por além dos muros de Kings Landing. Ela também não tinha abandonado a todos, era muito vista e querida pelos senhores em Pentos, já que eles eram silenciosos quanto a estadia dela, passou algumas vezes em Driftmark, Reanys desaprova o comportamento da garota, mas tentava não intervir, sem Corlys lá ela se divertia na companhia de Leana e de Drasilla, mas só escrevia a Viserys quando ela já tinha ido embora.
O rei tentava cercar a garota, mandando guardas para onde seus emissários diziam ter visto Drasilla, mas não conseguia chegar a tempo, nuncam vez ou outra Rhaenys eram quem dava notícias sobre ela ao primo, uma vez que a garota mandava cartas para ela, uma figura que confiava e talvez em Driftmark fosse onde ela passava mais tempo, como naquela ocasião, quando resolvia se dedicar ao Alto Valiriano, sempre tinham a ensinado com certo desdém, como mais algo que ela não podia ou deveria aprender por causa de seus cabelos, da sua idade, mas ela insistia.
— Tem certeza que não está a tempo demais alimentando essa raiva contra meu primo? — Rhaenys parou a leitura que fazia ao lado de Drasilla para confrontá-la. — Já faz quase um ano, querida, está na hora de voltar para casa, Flarion sente saudade do Fosso e dos outros dragões.
— Kings Landing não é a minha casa, Rhaenys. — Ela respondeu em alto valiriano e a mulher mais velha sorriu. — Não tem pelo que voltar, Daemon também não está lá.
— Ele sabe? Sobre você ter ido embora? — Ela questionou novamente.
— Não por minha parte e duvido que Viserys tenha dito. — Drasilla suspirou. — Ele está ocupado com a Triarquia também, não precisa se envolver nisso.
— Certo ... — Rhaenys decidiu não insistir, apenas deixou a mais jovem com seus livros, Drasilla é instável, como um dragão, era melhor não contrariá-la.
Drasilla ficou em silêncio por um tempo, anotando as coisas enquanto pensava, o suspiro longo chamou a atenção de Rhaenys, mas a mulher ainda não falou nada, a jovem a encarou, como se a mais velha pudesse ler sua mente.
— Eu tenho medo, é isso! Do julgamento das pessoas, de como vai ser. — Drasilla pressionou os lábios. — Como os lordes de Westeros vão reagir, pois não duvido que Viserys queira me casar depois disso.
— Os lordes de Westeros são ovelhas. — Rhaenys quebrou o seu silêncio. — Você é uma ovelha?
Drasilla ficou em silêncio, ela uniu as sobrancelhas enquanto pensava.
— Não! Você é um dragão. — Rhaenys respondeu de pronto. — Seja um dragão.
— Mas ...
— Sem mas. — A mais velha a interrompeu. — Não tenha medo deles.
Ela ainda permeneceu em Driftmark por alguns dias, mas Flarion não era muito fã daquele lugar, não se dava bem com Meleys e Seasmoke como se dava com Caraxes e Syrax, era a hora de partir, seguir semanas pulando de lugar em lugar, para uma nova aventura, do jeito que Drasilla mais gostava, dormir olhando as estrelas, ouvindo o sol da maré, ela poderia se acostumar com isso, com essa vida selvagem, enquanto era jovem o suficiente para ter tal disposição, era fácil sugir dos guardas do rei, uma vez que ela tinha um dragão e eles não.
Mas acontece, que até Flarion se cansa em algum momento, enquanto sobrevoava perto da ilha de Pedra do Dragão, que no momento não era habitada por nenhum Targaryen já que Daemon estava lutando contra a Triarquia, uma tempestade forte fez com que Flarion perdesse altitude e com isso voasse muito perto do solo, naquela ocasião o dragão que era jovem ficou assustado e em um movimento derrubou Drasilla de seu dorso, para sua sorte não era uma distância muito alta e ela caiu no mar, as águas abraçaram o corpo da montadora, que mesmo dolorida da queda ainda teve forças para nadar até a margem, percebendo que estava em um ponto muito distante do castelo.
Ela ficou deitada na areia por um porção gigantesca de horas, não viu Flarion, então assumiu que seudragão talvez estivesse machucado, ele sempre a procuraria, algo tinha acontecido. O corpo dela doía, mas subindo as pedras rumo a campina ela olhava em volta, havia de longe a silhueta de dragões selvagens, como já sabia da existência em Pedra do Dragão, mas nenhum deles era tão branco e do porte miúdo de seu Flarion, ele tinha a mesma idade de Syrax e também o mesmo tamanho, quando o encontrou, depois de horas de caminhada, o dragão estava acuado entre alguns pedregulhos, como se tivesse medo.
Drasilla nunca viu Flarion temer nada, muito pelo contrário, ele era valente, então se aninhou ao dorso dele, depois de se anunciar, ficando assim até entender que não muito longe havia um dragão selvagem rondando, ele era maior, tinha o porte de Caraxes, dragões selvagens eram muito violentos, Flarion poderia ter tentado fugir, mas teve medo de ser atacado. Drasilla tinha em sua mochila pouco alimento, que teve que racionar durante três dias que ficou ali, escondida, junto ao seu dragão, só não sentia frio pois o corpo de Flarion era quente, mas dormia pouco, vigiava o outro dragão.
Ao fim do terceiro dia ela decidiu que iria tentar ir até ele, fazer algum contato, ela poderia morrer, mas de fato daria a Flarion uma oportunidade de fugir, ela pensava mais na saúde dele, que poderia viver séculos, do que na sua. Caminhou pela campina, o vento bateu em suas costas, levando seu cheiro para além das plantas, então em meio a colina se ergueu um grande dragão negro como a noite mais escura, com um leve tom avermelhado, a lembrou vagamente de Balerion, mas bem menor. Por suas escamas e seu porte ela percebeu que se tratava de uma fêmea, não havia ovos, não era o tipo de lugar que um dragão os colocaria, então Drasilla ficou mais calma nesse ponto, ela não poderia demonstrar medo a aquele dragão que chamou de Sigmis.
O dragão rugiu tão forte para ela que seus cabelos foram jogados para trás, abriu as asas e Drasilla pode ver as marcas, haviam alguns buracos e notou ali que tinham tentado matá-la, a garota até estendeu a mão, mas o dragão não gostou e comçou a projetar chamas. Ela se afastou, ainda tensa, olhando para um Flarion atento, que já havia se levantado, para proteger sua montadora, o medo que o pequeno dragão sentia nada era comparado com o medo de perdê-la.
— Fique, Flarion! — Ela ordenou em alto valiriano ao mesmo, enquanto se afastava, havia entendido que a dragão a sua frente não a queria, isso seria um processo longo.
Os dias passavam, Flarion conseguiu sair do lugar e por ser pequeno ele facilmente caçava, voltava com ovelhas para aquele mesmo lugar e Drasilla vez ou outra descia rumo a enseada, para pescar como havia aprendido em Driftmark, não era fácil, mas ela não passava fome, se recusou a sair dali até conseguir se aproximar daquele dragão, por mais que nos olhos de Flarion ele implorasse para irem embora.
Lembrava das lições que Rhaenys tinha dado, um montador só pode domar um dragão, mas ela de fato estava disposta a desafiar o sistema e tudo que vinha com ele. Por dias ela foi se aproximando, aos pouco, ofereceu até comida ao dragão que chamou de Sigmis, sempre voltando a Flarion, para mostrar que não havia o abandonado, não queria que seu amigo de toda uma vida se sentisse mal, então colocou um prazo, para que isso acontecesse, para que o dragão pelo menos a deixasse se aproximar.
Por uma última vez ela tentou, depois disso eles voariam para Pentos, onde passariam dias mais calmos, tempos mais tranquilo, onde Flarion descansaria e seria bem tratado. Ela se aproximou, Flarion a olhou de longe, Sigmis ergueu a cabeça, mostrando os dentes a ela, a garota parou, não podia demonstrar medo.
Drakari pykiros
Tikummo jemiros
Yn lantyz bartossa
Saelot väedis
Hen ñuha elēnī:
Perzyssy vestretis
Se gelyn irūdaks
Anogrose
Perzyro udrýssi
Ezīmptos laehossi
Härossa letagon
Aōt väedan
Hae mērot gierüli:
Se hāros bartossi
Prümýsa sõvili
Gevi daerī
Cantava em alto valiriano a música que havia aprendido com Daemon ainda na infância, Sigmis cuspiu fogo, sob a cabeça dela, Drasilla sentia a perna tremer mas manteve a cabeça erguida, ela não precisava de outro dragão, mas queria provar que era capaz de domar um. Sigmis se abaixou em seguida a olhando, ficou assim por minutos, a garota estendeu a mão e ela permitiu ser tocada.
Drasilla podia sentir a estranha conexão, mas não abusou da sorte, voltou para perto de Flarion, após a reverência. Naquela noite ela dormiu tranquila na relva e acordou antes do sol nascer, montou em Flarion e tomou o céu, sumindo nas nuvens rumo a Pentos, o que Drasilla não imaginava era que Sigmis a seguiria, não de forma agressiva, mas instintiva, parecia que agora ela tinha um novo dragão. Flarion não pareceu gostar a priori, mas ela afagava o dorso do jovem dragão, ele ainda era seu primeiro grande amor.
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