⚞𝐶𝑎𝑝𝑖́𝑡𝑢𝑙𝑜 13 - 𝐴𝑙𝑔𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑔𝑖𝑎⚟
- In, você está bem? - perguntou An, com o rosto preocupado mostrando sua testa franzida.
A chuva me pegou de jeito, eu tossia a cada minuto, meu corpo estava quente, porém sentia frio. E uma dor de cabeça que parecia que alguma coisa estava esmagando ela.
- Não muito. - falei com uma careta. Ela apertou os lábios balançando a cabeça, se sentando na ponta da minha cama.
- Fique em casa hoje. Vou preparar um almoço maravilhoso para você. - disse com um sorriso. Neguei fazendo ela estreitar os olhos.
- Eu preciso ir para a universidade. Prometi que ajudaria na construção do cenário da peça de teatro. - expliquei, apertando minha têmpora em uma tentativa falha de que a dor latejante na minha cabeça, diminuísse.
- Por que você prometeu isso? - soltei uma risada fraca pela sua pergunta.
- Estavam precisando de voluntários, então quis ajudar. O Krit e os meninos também vão ajudar. - ela assentiu acariciando meu calcanhar.
- Está bem. Tome um banho e desça, quero você bem alimentado para não cair no meio da universidade.
- Sim, senhora. - ela sorriu e se levantou. Antes que ela pudesse sair, minha pequena sobrinha entrou escancarando a porta.
Ela ainda estava de pijama com desenhos de sapinhos, com seu cabelo solto e bagunçado.
- Tio In, você está bem? - perguntou correndo até mim. Ela subiu na cama com dificuldade pela altura e se sentou ao meu lado. Alin me olhava com preocupação.
Acariciei seus cabelos negros e falei:
- Não se preocupe, querida. Estou bem. - ela fez um biquinho que parecia querer se convencer do que eu disse.
Alin me abraçou e disse:
- Meu abraço vai te fazer bem, tio In. - meu coração se encheu de carinho por aquele gesto lindo e inocente.
- Já estou me sentindo melhor. - ao falar isso, seu sorriso se formou em seus pequenos lábios.
- Vamos, Alin. Seu tio vai se arrumar. - admitiu An, pegando a Alin.
Em segundos, elas estavam fora do quarto. Ao me ver sozinho, minha dor de cabeça aumentara. Respirei fundo pedindo que isso passasse logo.
Me levantei devagar, passando as mãos em meus cabelos. Me sentia como se estivesse em um barco a velas, sentindo o balançar do mar. Não estava bem, mas prometi que iria ajudar. Vai ficar tudo bem, eu repetia para mim mesmo.
Depois de tomar um banho frio, desci a escada de casa uniformizado e com os cabelos ainda molhados.
- In, seu cabelo está encharcado. Venha, deixe-me secar. - disse An, largando uma travessa de pães na mesa.
Me sentei à mesa, percebendo o dia sem qualquer sol à vista.
- Mamãe, deixe que eu seco o cabelo do tio In. - sorri para Alin que corria até An que vinha com uma toalha branca.
Alin subiu na cadeira de madeira ao meu lado para ficar na minha altura. Ela colocou a toalha sobre minha cabeça e começou a secar meus cabelos de um jeito desastroso.
- Devagar, Alin. Assim seu tio vai ficar sem um fio de cabelo. - ri do que tinha dito. Percebi que Alin tinha entendido o recado ao sentir ela passar a toalha com mais delicadeza.
An se aproximou e colocou o dorso da sua mão em minha testa. Ela estalou a língua com o semblante preocupado.
- Você está com febre, In. - contou - Vou te dar um remédio antes de ir. E se alimente direito. Nem vou insistir para que fique, porque sei que você vai de um jeito ou de outro. - apertei os lábios vendo Alin pegar uma mecha do meu cabelo e começar a pentear entre seus dedinhos.
- Obrigado por cuidar de mim, An. Vou ficar bem. - ela respirou fundo e assentiu.
Depois de Alin pentear meu cabelo enquanto eu tomava café, peguei minha mochila e saí de casa. O dia nublado não trazia nenhuma animação para esse dia.
Suspirei e segui meu caminho. Um sentimento estranho me pertenceu por toda a trajetória. Não sentia que estava sozinho, e sim, acompanhado, mas por algo desconhecido.
Várias vezes parava para olhar para trás, procurando por algo que sentia que tinha. Mas não encontrava nada. Em um determinado momento, me convenci que essa sensação era porque estava abatido da tempestade que peguei noite passada.
Adentrei na universidade e fui direto para a área aberta do campus. Meus colegas já estavam a postos para a construção do cenário.
- In! - chamou First, que acenava para mim. Ele franziu o cenho quando me aproximei - Você está bem? - ele perguntou passando a mão pelos seus cabelos tingidos de loiro.
- Com dor de cabeça. Mas vai passar. - sorri para tranquilizá-lo - Onde está Krit? - perguntei sobre meu melhor amigo.
- Não chegou ainda. - apertei os lábios assentindo.
Não demorou muito para minha dor de cabeça aumentar. Que droga, falei internamente. Eu não deveria fazer qualquer esforço.
- In? - chamou First apertando meu ombro - Você está mal, cara. - disse, querendo me convencer que eu não deveria estar ali.
- Vou para o pátio, está bem? - falei, tentando sorrir. Precisava me sentar.
- Está bem. - disse por fim.
Andei em passos lentos até o local. Estava em horário de aula, todas as mesas estavam vazias e o ambiente silencioso.
Me sentei à mesa, e apoiei minha cabeça em meus braços estendidos sobre a mesa. Soltei o ar, sentindo o vento frio passar por mim, a dor de cabeça aliviara mais, por estar simplesmente descansando.
Várias sensações passaram pelo meu corpo, corpo febril e cabeça latejante. Não sei quanto tempo passei ali, estava navegando em meu próprio consciente esperando algum sinal de que eu estivesse melhor.
- In! - ouvi uma voz suave e familiar. Devagar abri meus olhos, ao mirar para frente, vi Korn com rosto preocupado.
- Tudo bem? Você parece extremamente preocupado. - falei, ele soltou o ar dando um singelo sorriso.
- Estou preocupado. Com você. - ele se aproximou e se sentou na cadeira próximo a mim.
Seus olhos negros demostravam carinho e preocupação. Via suas íris dançarem ao olhar cada canto do meu rosto procurando o que estava errado.
- Fui te ver e um dos seus amigos me disse que você estava doente. - explicou. Respirei fundo, apertando os olhos tentando ignorar a dor latejante na minha cabeça.
- Pelo visto a chuva não me caiu muito bem. - P'Korn estreitou os olhos com a piada.
- Até nesses momentos você consegue fazer brincadeiras. - dei de ombros depois de apoiar meu rosto na minha mão com o cotovelo escorado na mesa. Me sentia cansaço.
Korn se aproximou e colocou o dorso da sua mão na minha testa, me senti bem por um curto momento, por sentir a frieza da sua mão.
- Tome. - Korn estendeu onde ele segurava uma garrafa de água e remédio. Nem tinha reparado que ele trouxera isso.
Em segundos, tomei o remédio, sentindo o pesar do olhar de P'Korn. Ele soltava o ar a todo momento, ainda preocupado.
Mirei em seus olhos, ele sorriu pequeno. O vi se aproximar mais e escorar sua testa na minha.
Suspirei, sentindo a dor de cabeça diminuir um pouco e deixando meu corpo descansar nesse simples contato.
Ele acariciou minha nuca e disse:
- Nunca mais vou deixar você ficar na chuva. - soltei uma risada genuína pela primeira vez naquele dia.
- Por favor, não deixe mesmo. - falei, vendo ele rir também. Era uma visão bonita, Korn não sorria muito, e ver seu sorriso, era como ver um pedacinho de algo perfeito.
Franzi o cenho ao sentir aquela sensação de novo, sentimento de algo que nos acompanha. Olhei para todos os lados e nada.
- O que foi? - P'Korn perguntou, sua seriedade voltou ao me ver daquele jeito.
- Você não está sentindo? Algo que nos vigia. - ele franziu o cenho.
- Como assim? - encarei ele e vi a preocupação voltando a tomar conta. Estalei a língua e sorri.
- Deixe pra lá, deve ser porque estou doente. Está tudo bem. - tentei tranquilizá-lo. Ele segurou minha mão e colocou a traçar desenhar com seus dedos no dorso da minha mão - Obrigado por cuidar de mim. Estou me sentindo melhor. - ele sorriu, assentindo pelo que falei.
- Está bem. Então... Vou te levar para casa. - não protestei. Queria ter ajudado com o cenário, mas não podia.
P'Korn segurou minha mão e me guiou para fora da universidade. Naquele caminho, o abracei sem medo de sermos visto porque todo mundo estava em suas salas. Me senti feliz e tranquilo.
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