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ψ 01 𖦹 ❛ 𝑼m loiro em chamas caí no mar ❜

       

𓊝 RIPTIDE - vance joy
'  lady, running down to the riptide
taken away to the dark side  '




              ﹏﹏﹏﹏﹏  OLHE, eu não queria ser uma meio-sangue. É perigoso, é assustador, é fatal. Sem contar que, na maioria das vezes, acaba com a gente de um jeito injusto e nada legal. 

Se está lendo isso porque acha que é só mais um conto mitológico, se acha que é apenas ficção, então ótimo, você está a salvo. Eu bem queria que fosse apenas ficção. Agora, se acredita que pode ser um meio-sangue, feche esse livro nesse momento. Estou falando sério. O melhor que pode fazer é acreditar em qualquer mentira que seus pais — ou tutores, ou o que for — lhe contaram sobre seu nascimento e sobre as coisas estranhas te acontecendo. Faça isso antes que sua vida vire de cabeça pra baixo e tragédias aconteçam.
       
Digo isso porque foi o que aconteceu com todos ao meu redor. É quase sempre a mesma história que se repete: ser chamado de louco, ser perseguido por algum monstro assustador, sofrer um trauma que vai agir como um fantasma assombrante pra sempre e, então, descobrir quem é. Mas como disse, sei disso porque foi o que aconteceu a todo mundo que me rodeia, não porque aconteceu comigo. Comigo foi diferente.

Mas se você insiste em continuar a ler essa história, então seja bem vindo, caro leitor, a vida de uma semideusa que não foi perseguida por monstros gigantes, mas sim pelo rancor. O bom e velho desejo de vingança que consome os semideuses mais odiados desde o início dos tempos.

         


          Era um dia completamente normal — pra mim, pelo menos —, igual a todos os outros que lembrava de viver: na ilha onde eu morava chamada Ogígia, alternando as atividades entre tecer, cuidar de plantações, cozinhar, ler alguma coisa e nadar no mar. Tudo isso, na maioria das vezes, na companhia de Caly. Jogar conversa fora, sonhar com o mundo fora da ilha, tagarelar sobre coisas sem sentido e sobre o que faríamos quando estivéssemos livres, era o que nós fazíamos.
       
Acho que um pouco de contexto seria bom. Eu, Eleftheria, vivia ali, em Ogígia, desde que era só uma bebê. Por que fui deixada lá, aos cuidados de Calypso — que tinha sido trancada naquela ilha incontáveis anos atrás —, eu não tinha ideia. Obviamente não lembrava do dia que cheguei lá, e Caly se recusava a me contar muito sobre, dizia que não podia. Só sabia que tinham me deixado ali e que nunca me dexariam sair. Estávamos presas, eu e Calypso, e só tínhamos a companhia uma da outra.
       
Calypso era como minha mãe. Sério. Cuidava de mim e se importava comigo como ninguém mais tinha feito — talvez porque ela era a única pessoa que já havia me conhecido —, e tinha até mesmo me nomeado! Sem contar que, apesar da aparência de adolescente, tinha idade pra ser minha mãe, ou avó, ou tataravó... enfim.

Isso não importa muito agora. Voltando a história, eu tinha acabado de sair do mar, estava enxugando o cabelo loiro  encharcado com a toalha bege que Calypso jogara pra mim. A citada estava sentada na areia mesmo, tecendo algo, seus cabelos cor de caramelo presos numa trança.
   
Eu me aproximei, sentando ao lado dela, não me importando com a mistura de água e areia que ficaria nas minhas pernas e no biquíni.

────── Se seca direito, menina. Vai acabar pegando um resfriado ────── ela advertiu.

────── Eu não, você sabe que eu adoro a sensação de ficar molhada, mesmo que a água esteja gelada a ponto de me fazer tremer.

────── É, eu sei. Se quisesse, você poderia passar horas na água sem se molhar, ou a menos sem molhar o cabelo. Mas nãooo, prefere ficar encharcada da cabeça aos pés! ────── ela disse, num tom divertido.

Eu só ri, sabendo que era verdade. Chegava a ser engraçado, as vezes que eu saía do mar e percebia que estava completamente seca, então voltava pra água literalmente só pra me molhar.
   
Depois de um tempo em silêncio, disse:

────── Sabe uma coisa? ────── eu joguei o corpo completamente pra trás, e Caly desviou o olhar da roupa que estava fazendo pra me olhar ────── Um dia, quando a gente estiver livre daqui, vamos viajar pelo mundo, e eu vou conhecer todas as praias possíveis.

Um travesseiro grande apareceu do nada, graças a Calypso, e ela deitou o corpo pra trás como eu e apoiou a cabeça no objeto, deixando espaço pra que eu fizesse o mesmo.

────── Depois de anos presa numa ilha, você ainda vai querer conhecer outras praias? ────── ela riu, e eu abri um sorriso, agora nós duas com as cabeças apoiadas no travesseiro.

────── Bem, sim...

Fui brutalmente interrompida por uma estranha bola de fogo do nada surgindo no céu e caindo no mar.

Eu e Caly nos aproximamos com cuidado, o fogo se apagando conforme o que quer que tivesse caido afundava.

────── O que acabou de acontecer? ────── disse, sabendo que não teria resposta.

A mais velha olhou pra mim, balançando a cabeça negativamente, a testa franzida.

────── Eu vou... ────── indiquei a água com os olhos.

────── Você não vai!

────── Precisamos saber o que 'tá afundando! ────── dito isso, antes mesmo que Calypso pudesse protestar, eu pulei no mar, dessa vez me concentrando pra não me molhar.

Eu poderia ficar o tempo que precisasse lá, juntando minha insistência com o fato de que posso respirar debaixo d'água, mas não foi preciso. Eu avistei a "bola de fogo" — que já não pegava mais fogo — logo que passei os olhos bem abertos pela água, se afundando lentamente. Me assustei quando percebi que era uma pessoa. Nadei um pouquinho mais a fundo, conseguindo pegar num dos braços da pessoa. Tentei puxar, mas convenhamos que eu nunca fui alguém com muita força.
   
Então fiz com que o mar agisse a meu favor, uma onda empurrando a mim e a pessoa pra cima. Com a cabeça agora pra fora da água, consegui ver Caly correndo até mim e me ajudando a levar a pessoa antes em fogo para a areia.

────── Pelos deuses! ────── Calypso exclamou, seu olhar preocupado.

Nós encaramos a pessoa jogada na areia, era um menino. Aparentava ter minha idade, suas roupas estavam queimadas ao extremo e seu corpo estava cheio de queimaduras. O cabelo loiro encaracolado cobria boa parte do rosto, mas ainda era possível ver uma feição de dor. Notei que ele ainda respirava.

────── Ele está seco.

────── E você também! E, por tártaro, como fiquei preocupada. Sei que você não pode se afogar, mas...

────── Eu 'tô bem, Caly ────── abri um sorrisinho ────── Ainda bem que sei lá quem seja me deu poderes que envolvem água.

Não sabia muita coisa sobre mim, mas sempre soube que tinha controle sobre água.

────── Mas, aqui, eu 'tô seca, e ainda respirando, por causa desses poderes. Mas e esse... menino? Ele não está seco por minha causa e, quando entrei no mar, ele estava respirando, mesmo que estivesse desacordado. E por que, aliás, ele se parece tanto comigo? ────── mesmo com a aparência dele chamuscada, a careta de dor e o rosto coberto pelo cabelo, eu consegui perceber as semelhanças.

────── Não sei, Theria. Acho que o melhor que podemos fazer por agora é cuidar dos ferimentos dele e esperarmos que acorde.

────── É, certo.


𓇼


          Eu estava lendo um livro em grego antigo — a única língua que eu consigo ler facilmente — qualquer quando o menino acordou pela primeira vez. Estava sentada num banquinho perto dele, então eu percebi quando tentou se sentar e fez uma careta de dor.

────── Se aquiete ────── eu larguei o livro e coloquei uma mão no ombro dele, o empurrando pra trás pra que deitasse de novo ──────, você está muito fraco pra levantar.

Olhei pra Calypso, que pôs um pano úmido na testa dele e depois enfiou uma colher cheia de Néctar dos deuses na boca dele.

Ela começou a cantar, sua música curando os ferimentos do menino. Lembrei das vezes que me machucava — porque nunca conseguia ficar parada, então acabava batendo em alguma pedra grande, ou algo assim — e Caly cuidava de mim, cantando com sua mágica.

────── Quem? ────── o menino disse. Estava dizendo coisa com coisa, até mesmo durante o sono, chamando uma de Annabeth e falando de um vulcão.

────── Shh, menino que pega fogo. Descanse e melhore, especialmente porque ainda precisa explicar o que aconteceu.

Caly me lançou um olhar de repreensão com a última frase.

────── O que foi? ────── sussurrei, dando de ombros. A mais velha balançou a cabeça, rindo baixo.

────── Nenhum perigo o alcançará aqui. Eu sou Calypso, e essa é Eleftheria.

Ele dormiu novamente.

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