
➤ Chapter Six
O resto do final de semana passou voando e logo me vejo de volta a minha vidinha monótona de trabalho.
A manhã em si já tinha sido uma bagunça. Uma das modelos ficou doente e de última hora precisamos encontrar uma substituta para sessão de fotos. Felizmente tudo deu certo e ela e meu fotógrafo galinha favorito nos renderam boas fotos.
Olho para o meu relógio de pulso, notando que em menos de cinco minutos se iniciará mais uma reunião, por isso me apresso entre os corredores da empresa para chegar lá a tempo.
Sábado finalmente será o lançamento da coleção de outono e eu fico ofegante só de pensar. Estamos planejando um grande evento para o lançamento, com direito a festa privada e pessoas importantes.
Já próxima da sala de reuniões vejo Russel e o Sr. Jeon na porta, mas ele não parece muito feliz com o que está ouvindo, diferente de Russel, que sorri com insistência.
Meu coração dispara quando que sem querer acabo o analisando. Ele está divino com seu terno grafite e a camisa branca sem gravata, seus cabelos estão alinhados como sempre.
Para minha surpresa não é o Sr. Park que o acompanha dessa vez, mas sim a mulher elegante e autoritária. Suas mãos afagam o braço do Sr. Jeon enquanto seus lábios grossos e avermelhados se inclinam em um sorriso quase exclusivo para ele.
Culpo-me mentalmente por estar analisando-o daquela forma enquanto ela estava ali.
Diminuo a velocidade dos passos ao me aproximar, notando o vestido azul marinho que abraça as curvas da mulher. Seu corpo é definitivamente mais curvilíneo e chamativo que o meu, sendo que hora ou outra Russel disfarçadamente se aproveita para dar uma olhada no decote da mulher.
Decote que por si só humilha meus seios quase medianos.
Sr. Jeon é o primeiro a me notar e sorri para mim, mas não consigo retribuir o sorriso quando a mulher ao seu lado me vê e sua expressão se fecha. Estremeço.
Meneio a cabeça para Russel antes de voltar a minha atenção ao casal.
— Sr. Jeon. Senhorita...? — Cumprimento com a voz aguda logo após engolir um suspiro ao lembrar que não fomos apresentadas da última vez.
— Kim Doyeon. — Ela ronrona ao se apresentar, acariciando o braço do Sr. Jeon com sutileza, mas ele nem mesmo parece fazer menção do contato.
Concordo com a cabeça e continuo meu caminho em direção a sala de reunião. Se continuar aqui não vou conseguir conter a queimação em minhas bochechas ou disfarçar o que parece óbvio aos olhos do Sr. Jeon.
Antes da reunião começar ele decide que quer se sentar em outro lugar, especificamente na minha frente. A namorada logo se apressa para se acomodar ao seu lado. Ele sorri para mim, mas eu desvio o olhar para um documento qualquer em cima da a mesa, fingindo não perceber.
Só quero que isso termine logo.
...
Tudo ocorreu bem, digo, no quesito principal da coisa. Todos estão muito animados para o evento de sábado.
Sr. Jeon deixou claro que não perderia por nada, disse isso olhando diretamente nos meus olhos. Achei que eu estivesse louca, será que ninguém além de mim percebia aquilo? Aquela maldade e luxúria perversa nos olhos dele?
Aparentemente apenas ele, eu e sua namorada, que por sinal não poupou os olhares de desdém e desconfiança quando se refiria a mim. Não poderia julgá-la. Sr. Jeon não continha seus sorrisos charmosos quando me olhava, mesmo com a namorada ao seu lado.
Qual é! Ele não tem respeito algum por ela?
— Terminamos por hoje. — Sr. Jeon anunciou antes que Russel fizesse, se levantando da mesa para dispensar a todos.
Me apressei para pegar meu celular e seguir em direção a saída, mas sua voz me interrompeu.
— Você fica, senhorita Manoban. — Ele disse com autoridade, encarando-me com os olhos profundos e sensuais. Minhas pernas tremularam um pouco. — Pode ir, Doyeon. — Pediu sem olhar para mulher, que agora me encarava com adagas no lugar dos olhos.
Ela pegou sua bolsa de um modo quase agressivo e saiu da sala, batendo a porta em seguida.
Estávamos sozinhos.
Meus olhos ainda estavam na porta, não conseguia olhar para o rosto do Sr. Jeon de jeito nenhum no momento. Meus lábios voltaram a secar e o suor já começava a fazer parte de uma camada da minha pele.
— Senhorita Manoban? Eu estou aqui. — Ele diz, me fazendo tremer de novo.
Não posso deixar transparecer. Não posso.
— Sim, Senhor? — Viro-me finalmente para ele, controlando a respiração quando o vejo no mesmo lugar de minutos atrás, encarando-me seriamente. — Houve algum problema? Posso ver is...
— Sente-se. — Ele ordena, apontando com o olhar duro e impassível para o lugar que antes eu me sentava.
Engulo em seco e faço meu melhor para não parecer coagida. A realidade é que meu coração trabalha de um jeito frenético e eu estou controlando minhas pernas e mãos ansiosas e trêmulas, mas pelo jeito que ele me olha, como se visse minha alma, acho que já sabe como me sinto.
Sento-me na cadeira, acompanhando-o nervosamente com o olhar enquanto ele volta a se sentar também.
Seu olhar não perde o foco do meu rosto, em nenhum momento sequer isso acontece. E por alguns segundos me pergunto se ele realmente pode me ver por dentro.
— Hum... — Limpo a garganta quando ele fica em silêncio enquanto ainda olha para mim. — Houve algum problema, Sr. Jeon? — Torno a repetir, mas ele balança a cabeça levemente em negação.
— Não, não há nenhum problema. Não é sobre isso que quero falar. — Ele admite olhando-me nos olhos. Mordo o lábio inferior ao tentar reprimir um gemido.
— Quero falar sobre a nossa viagem a Paris.
— Diz direto.
E lá vamos nós de novo...
— Ainda não me decidi sobre isso, Sr. Jeon.
ㅡ Apenas Jungkook, por favor. E Lalisa... — Ele volta a dizer meu nome, que parece veludo em seus lábios. — Por que insiste em pensar tanto? Já lhe dei minha palavra de que será uma viagem cem por cento a trabalho e estritamente profissional. Não confia em mim? Se sente insegura?
Não, eu não confio é em mim. E sim, não só me sinto insegura como me sinto uma boba quando você está por perto.
— Eu...apenas preciso pensar um pouco mais.
Seus ombros caem e ele suspira.
— O que eu preciso fazer para você confiar em mim? Sei que não começamos tão bem, mas eu jamais tentaria algo que você não permitisse.
Esse é exatamente o problema, como posso não permitir quando ele me lança sorrisos e olhares como aqueles?
— Não se trata de permitir ou não, se trata de compromisso e intregridade, Sr. Jeon. Eu sinto muito por continuar o chamando desse jeito mesmo contra sua vontade, mas não posso vê-lo de outra forma que não seja essa. Você é meu chefe, nada mais.
As palavras parecem o atingir em cheio, pois ele fica em silêncio e por um segundo seus olhos escuros perdem um pouco do brilho intenso, desviando-se para um canto da sala.
— Sim, você está certa. — Ele solta um suspiro, mas não perde a pose ao voltar a olhar para mim. — Só não quero que sinta-se deslocada quando estiver comigo.
— Não sinto. — Acabo mentindo quanto a isso. — Só estou deixando claro que não me envolvo com pessoas dentro do âmbito de trabalho, muito menos com pessoas
compromissadas. É imoral.
Sua expressão se fecha. Sabe do que eu estou falando.
— Então? — Diz rouco.
— Ainda não me decidi. — Retorno a dizer e ele cruza os braços, olhando-me com determinação. — Prometo te dar a resposta até o final do dia, posso ir? — Respondo controlando minha voz vacilante enquanto me levanto disposta a ir embora. Ele percebe a minha pressa em escapar, e não parece feliz com isso.
— Vou estar na empresa até mais tarde, Russel cedeu seu escritório para mim até o final da minha estadia nos Estados Unidos, vá até lá ou me ligue, você tem meu número. — Ele cospe antes de simplesmente dar as costas e caminhar até a porta da sala, impaciente. — E Manoban... — Diz ao se virar. — Eu quero a resposta hoje, como você prometeu.
Então sai sem dizer mais nada.
Fico estática no meio da sala de reuniões com meu celular em mãos,
pensando em tudo que ele acabou de me dizer.
Concluindo: estou ferrada.
...
Não sai da minha sala pelo resto do dia, não por causa da atolação de trabalho, mas sim porque admito que uma parte minha se sente extremamente excitada ao saber que o Sr. Jeon e eu agora estamos trabalhando no mesmo prédio, ainda que em andares e setores completamente diferentes.
Não posso ficar correndo o risco de ficar esbarrando com ele diversas vezes e me humilhar. Eu praticamente insinuei que ele é um cafajeste que se envolve com funcionárias, mesmo estando compromissado amorosamente — o que não é exatamente uma mentira —, e
aparentemente o deixei furioso.
Além disso havia o fato de que eu sabia que logo precisaria me decidir sobre a viajem a Paris, que aconteceria em pouco mais de uma semana. Eu teria aceitado de cara se fosse Russel, Jennie ou Jongin que me pedissem, mas aqui se trata do Sr. Jeon, que apenas dizendo meu nome me deixa toda quente. Afinal, com ou sem namorada, continua sendo meu chefe.
Oh, merda! Eu deveria aceitar?
Talvez eu deva dar uma chance ao Sr. Jeon, ele tem se mostrado convicto a cumprir sua promessa e está tentando se redimir, mas será que eu sou capaz de me controlar na frente dele?
É uma chance única, ou um ponta pé para muitas delas, e o melhor jeito de resolver um problema é ir de frente contra ele.
E é isso que eu preciso fazer.
Pego meu celular e aperto os olhos ao a luz forte do aparelho me cegar por alguns segundos, já se passa das nove da noite e pelo menos duas horas desde que o meu horário
de trabalho terminou.
Me levanto da cadeira, o que faz minhas pernas bambearem, fiquei cerca de cinco horas sentada e levantar é realmente um alívio. Pego minha bolsa a junto ao celular e saio da sala com determinação.
Dou de cara com o corredor escuro da empresa e vou até o elevador, quando as portas se abrem aperto o botão para subir ao último andar com um suspiro enquanto tento me encorajar.
Fico em silêncio a caminho todo, pensando e repensando no que devo dizer ao Sr. Jeon, além de me martilizar para ter certeza de que estou fazendo a escolha correta.
Quando chego no andar caminho até a antiga sala de Russel, dou três batidas fracas e quando fico sem resposta bato mais três vezes, não obtendo resposta outra vez.
— Sr. Jeon? — Eu o chamo com a voz hesitante, mas o silêncio continua.
Ele já deve ter ido embora.
Solto um suspiro, meio decepcionado e meio aliviado. Talvez seja um sinal.
Dou as costas decidida a ir embora, mas congelo no lugar ao ouvir a porta atrás de mim se abrir pela primeira vez.
— Lalisa? — A voz rouca faz minha pele formigar e morder os lábios com nervosismo, viro-me para trás.
Sr. Jeon está com um braço apoiado no batente da porta e sem o terno, as mangas da camisa social estão erguidas até os cotovelos e os cabelos num estilo meio bagunçado. Sua expressão é curiosa enquanto olha para mim.
— Ah...oi. — Minha tentativa de não tentar gaguejar me deixa ridícula.
— Eu queria falar com o senhor, mas acho melhor eu ir...
— Não! Eu... — Ele se apressa, olhando para dentro da sua sala escura e voltando rapidamente a atenção para mim. — Tenho todo tempo do mundo, entre. — Indica com a mão para que eu entre enquanto abre a porta completamente.
Mesmo estando relutante com o convite, decido aceitar.
A luz de um notebook em cima da mesa do Sr. Jeon é a única coisa que ilumina o lugar, como se ele estivesse ocupado a ponto de não ter tempo para acender a luz, o que me faz questionar se é uma boa ideia estar aqui agora.
— Acho que devemos conversar amanhã, Sr. Jeon. Você parece ocupado. — Me viro a tempo de vê-lo fechando a porta da sala e acendendo a luz para me ver melhor.
— Já disse que tenho todo tempo do mundo, sente-se. — Ele aponta para a cadeira em frente a sua mesa.
Desconcertada eu me sento enquanto ajeito a barra do meu vestido como um tique nervoso.
— Estou surpreso em vê-la aqui a essa hora. Já é tarde, pensei que me mandaria uma mensagem. — Ele diz olhando seu Rolex enquanto dá a volta da mesa e se senta de frente para mim, fechando seu notebook sem dar muito atenção.
Ele cruza os dedos sobre a mesa e olha para mim, as palavras faltam em minha boca quando olho em seus olhos escuros. É como se o que antes estava na ponta da língua tivesse se perdido a partir do momento que eu o vi.
Contenho a necessidade de umidecer os lábios e endireito as costas, respirando profundamente.
— Eu aceito.
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