
➤ Chapter Nine
É hoje.
Hoje é finalmente o lançamento da coleção de inverno e a última antes que a New York Fashion Week aconteça.
Mal consegui dormir a noite, já que a ansiedade agora parecia fazer parte de um traço da minha personalidade. Pela manhã fiquei descendo e subindo pelo complexo do evento, garantindo que tudo estaria em ordem até a noite. Felizmente Jennie e eu conseguimos manter tudo sob controle.
Saio do banheiro com apenas um roupão cor de rosa pesado cobrindo o corpo, meus cabelos antes ensopados agora estão alinhados em uma perfeita cachoeira negra e ondulada caindo sob meus ombros. Olho para o relógio pendurado na parede do quarto percebendo que falta menos de duas horas.
— Lalisa, você viu meu rímel? — Roseanne pergunta assim que entra no meu quarto feito um furacão, fazendo Coco - que até então dormia em sua cama ao lado da minha - saltar com um miado estridente e correr para fora do quarto. — Acho que assustei a bola de pelo.
Rose está linda com seu vestido preto rendado, que destaca perfeitamente a curva de seus quadris e corpo esguio. Seu cabelo geralmente amarrado em um coque espetado tem seus fios loiros e brilhantes completamente arrumados após uma escova. Ela está radiante essa noite.
— O que foi? Não está aprovado? — Alisa o próprio vestido enquanto me olha insegura.
— Você está linda! — Respondo a e sua face murcha em alívio.
— Oh, que bom. Não tenho tempo para encontrar outro vestido. Agora me mostre o seu! Você me deixou curiosa a semana inteira!
Sorrio e praticamente vou dando pulinhos até chegar ao guarda-roupas, tirando a caixa onde deixei o vestido que tenho trabalhado especialmente para esse evento. É um modelo único, já que fiz especialmente para mim, mas talvez eu consiga convencer minha equipe a colocá-lo na próxima produção.
— Pronta? — Pergunto com entusiasmo e minha amiga balança a cabeça positivamente.
— Sim!
Abro a caixa e tiro o longo vestido carmim, com brilho por todo o tecido. Suas mangas se estendem até os cotovelos e seu decote vai até um pouco abaixo dos seios, mostra um nível considerável de pele, mas nada que seja tão comprometedor. Percebo que também foi aprovado quando vejo Roseanne quase babando em cima dele.
— Isso é tão...sexy e luxuoso. Você definitivamente precisa mostrar isso pra eles! Eu quero um desse também!
— Bem, a estreia é essa noite. Por isso precisamos nos arrumar logo se quisermos obter alguma aprovação. Vamos!
— Ok! Ok! - Rose exclama indo até minha maleta de maquiagens e voltando até mim. — Vamos deixar você ainda mais sexy!
Minutos depois estou completamente pronta e diante do espelho, apenas procurando por alguma imperfeição. O vestido por ter sido feito sob medida caiu feito uma luva e se adequa perfeitamente a cada centímetro do meu corpo. A maquiagem leve e meus lábios avermelhados também combinam com o vestido e os saltos.
— Você está maravilhosa! Essa noite você vai derrubar vários homens. — Minha amiga brinca atrás de mim. Sorrio.
Sim, vou derrubar um homem.
...
Passo algumas horas sendo apresentada a membros da alta sociedade e explicando minha inspiração por trás dos designs da coleção. Jornalistas de revistas de moda com grande credibilidade circulam pelo local fazendo fotos, sendo curiosos em geral. Jennie me arrasta de um lado para outro, proclamando seu orgulho e dizendo para quem quiser ouvir que eu sozinha coloquei a Luxen entreprise no mapa da moda global. Coro violentamente, suavizando toda vez cada uma de suas declarações.
Agradeço aos céus quando Taehyung chega e depois de conseguir distrair Jennie, me leva para o bar. Ele coloca uma taça de champanhe em minha mão e serve outra para si.
— Tim tim. - Diz e batemos as taças, dando um longo gole. — Gatinha, já te disse que você está purrrfeita essa noite? Estou orgulhoso de você.
— Obrigada, Tae. Você também não está nada mal. — Respondo-o, não contendo uma risada. Taehyung realmente ficava bem de gravata borboleta.
Corro os olhos distraidamente pelo salão, batendo as unhas no vidro da taça. Tudo está ocorrendo bem, todos estão sorrindo e parecem estar satisfeitos com o evento, mas ainda me sinto inquieta.
Não queria admitir, mas estava a procura dele.
Não houveram mensagens ou notícias desde sua partida, e não sei porque me sinto assim. Eu mesma havia deixado claro que não havia nada entre nós, apenas um comprometimento profissional. Nada mais.
— Esses sapatos estão me matando! — Roseanne reclama assim que se aproxima, tirando a taça de champanhe das mãos de Taehyung e virando o liquido na direção aos lábios até que a taça esteja completamente vazia. Taehyung xinga, mas ela ignora.
Beberico o meu champanhe com cautela, oferecendo um sorriso amigável a aqueles que me cumprimentam. De longe posso ver Russel conversando com alguns homens, ele sorri de um jeito malicioso quando me nota e até faz a menção de se aproximar, mas é detido por uma enxurrada de jornalistas e flashes indo em direção a entrada.
Desvio o olhar para a mesma direção, sentindo meu coração disparar com a visão de Jeon Jungkook, que como sempre, parece um deus. Usa um terno preto e uma camisa azul-claro, uma das mãos no bolso da calça e a outra descansa ao lado do corpo. Está acompanhado por um de seus seguranças, mas não está prestando a menor atenção ao que o homem diz. Não, seus olhos estão fixos em mim.
Ele abre caminho na multidão com o cenho franzido, sem dar atenção as câmeras ou jornalistas que clamam por um entrevista.
— Oh, Deus! — Roseanne passou a murmurar ao meu lado com os olhos dançando em empolgação.
A bebida já não descia mais e meus pés fincaram no lugar até que ele se aproximasse. Seu cheiro fresco e inebriante invadiu meus sentidos, os desarmando por completo.
— Que bom vê-la de novo, Roseanne. — Se dirigiu a minha amiga antes de voltar a atenção a mim. — Lalisa... — Sussurrou.
Os olhos de Rose vão de um lado para outro, esperando que um de nós diga algo. Com certeza não serei eu.
— Jungkook. — Ela o cumprimenta com um aceno de cabeça. — Com licença. Vamos, Taehyung. Você me prometeu aquela dança. — Ela deixa a taça vazia no balcão e se retira, puxando um Taehyung confuso pelo braço — e eu mentalmente a amaldiçoo.
— Você está linda. — Jungkook murmura assim que ficamos sozinhos.
— Obrigada. — Agradeço tentando trazer ar para os meus pulmões e ficando furiosa com meu coração acelerado. — Fico feliz que você tenha vindo.
— Não poderia ter deixado de vir. — Seus olhos brilham com malícia. É tão sexy.
— Você está bem? Parece um pouco nervosa. — Ele estende a mão e lentamente passa o dedo no meu antebraço nu. — Algo está afetando você?
Engasgo com a minha própria saliva e desvencilho-me de seu toque.
— De jeito nenhum. — Preciso mudar de assunto. — Quer uma bebida? — Aponto na direção do bar, mas sou surpreendida quando ele se aproxima até que a ponta de seus pés roçem nos meus.
— Mais tarde. Você gostaria de dançar? — Indagou ele.
Encarei-o com perplexidade, não imaginava que ele me chamaria para dançar. Ele não parece do tipo que...dança, digo, a música que começou a tocar é um tanto melancólica e a pista de dança está repleta de casais.
Senti que se negasse seria rude e só deixaria mais claro minha falta de controle em relação a ele, o que tornaria nossa relação ainda mais tensa, por isso simplesmente respondo:
— Ahm, claro. — Por que não? Passei o último mês fazendo este vestido fantástico, eu mereço pelo menos uma dança com ele. Além do mais, preciso provar a eu mesma que consigo fazer isso.
Jungkook coloca a mão em minhas costas e deixa-a escorregar até minha lombar, e a sensação foi como se eu tivesse sido marcada. Um arrepio corre por minha espinha e mal contenho o tremor que se inicia em meu coração. Ele me guia até a pista e o tom sedutor de um saxofone juntamente as notas suaves de um piano preenchem o local.
Seus olhos me analisam em silêncio enquanto suas mãos me conduzem de um modo lento pelo espaço, estou inebriada por suas íris intensas e vulneráveis. Acho que até cheguei a suspirar, contendo a vontade de enterrar minhas mãos em seus cabelos escuros e alinhados.
Abraço seu pescoço em um momento, fazendo seu aperto em meu quadril se tornar mais firme. Ouço o barulho e vejo o clarão dos flashes a nossa volta, mas eu não poderia me importar menos. E acho que ele também pensa assim.
— Onde você esteve durante os últimos dias? — A curiosidade fala por mim.
Suas mãos puxam meu quadril, nos colando num encaixe perfeito. Ele sussurra diante dos meus lábios:
— No inferno, Lalisa. No inferno.
A música começa a se tornar mais baixa e eu aperto seus ombros, pensando na possibilidade dele me soltar assim que a música acabar, porque sinto que posso cair.
Dançar com ele foi uma má ideia em muitos sentidos. Como conseguiria superar essa paixão se ficava me colocando em
situações de tamanha proximidade com ele?
Suas mãos não se afastaram mesmo após o término da música. Meus lábios tremiam pela proximidade e seus olhos se estreitaram, um suspiro escapou de sua boca antes que ele xingasse baixinho e me puxasse para fora da pista.
Ele só parou quando estávamos bem afastados do salão, sob as sombras que se projetavam sobre o terraço do complexo. As luzes da cidade cintilavam no céu, e os sons distantes do trânsito interrompiam a quietude que caia entre nós dois.
Por longos segundos ficamos em silêncio, apenas olhando um ao outro entre as sombras. Sei que não vou conseguir dizer não outra vez se ele insistir. Não tenho mais forças, usei todas as minhas reservas durante nossos últimos encontros. Nunca me senti tão desejada quanto quando estou com ele.
Eu estou apavorada.
— Por favor, não. — Minha voz é quase inaudível.
— Lalisa... — Começa.
— Você disse que não tentaria nada.
— Eu menti. — Ele não está envergonhado. — Não consigo fazer isso. Não quero fazer isso. Você quer... maldição, você sabe o quanto quer. — Ele declara, fazendo-me perder o fôlego quando se aproxima e toca meu rosto. — Você lutar contra isso só me deixa mais determinado.
Quero recuar, mas não consigo fazer isso ao ter suas mãos em mim. No entanto o contato é o bastante para me tirar do transe que ele me causa.
— Pare. — Estendo a mão diante de mim, o afastando. — Trabalho pra você. Você é o meu chefe. Não quero estragar tudo que conquistei até agora por algo que está fadado a dar completamente errado. — Falo rápido numa tentativa desesperada de fazê-lo ver o quanto isso é um absurdo.
— Você disse...
— Eu sei, e sinto muito. — Ele abaixa a cabeça, envergonhado, mas logo a levanta, nossos olhares se conectam, e seus olhos descem para os meus lábios.
Meu Deus, nunca vou ser capaz de deter isso.
Seus lábios se abrem e se aproximam dos meus. Prendo a respiração e, quando nossos lábios roçam uns nos outros, ainda que muito de leve, meu corpo se rende, fazendo minhas mãos voarem e segurarem com força seu paletó. Ele geme em aprovação, e suas mãos vão para a base de minha coluna, me puxando para mais perto, nossas bocas pairando próximas, os hálitos se misturando, enquanto trememos de maneira incontrolável.
— Já se sentiu assim? -—Pergunta num sussurro, deslizando a boca pelo meu rosto, até chegar à minha orelha.
— Nunca. — Respondo com sinceridade, irreconhecendo a minha própria voz.
— Você me deixa louco, Lalisa.
Então seus então lábios cobrem os meus num beijo exigente, intenso e quente. E tudo no mundo parece irrelevante.
Ah, Deus.
Eu gemo quando sinto sua língua invadindo minha boca com reverência e erotismo. Entro em combustão e minhas mãos amassam o tecido do seu paletó enquanto as suas tomam posse dos meus quadris, estou ofegando e continuo sendo devorada por seus lábios quando ele me aperta no lugar certo, deslizando os dedos ágeis pela minha lombar.
Minhas pernas tremiam sob os saltos e meus lábios formigavam durante seu ataque, eu estava a ponto de desmoronar em seus braços.
Braços no qual eu não deveria estar, pois pertenciam a outra pessoa.
Afastei-me dele com um empurrão, mas fui contida por sua mão antes que pudesse esbofetar seu rosto. Seus olhos estavam em um tormento, assim como os meus, que agora se enchiam de lágrimas.
— Nunca mais faça isso! — Desvencilhei-me de suas mãos e fugi dali.
Fugir. Era sempre o que eu fazia em relação a ele.
Atravesso o salão o mais rápido que posso para chegar ao lado de fora, preciso de ar. Foi um dia cheio, e, agora que estou sozinha, posso sentir a culpa chegando para me arrasar. Sou uma mulher boba e desesperada.
— Saindo tão cedo?
Meus ombros se elevam e eu me encolho ao ouvir som da voz fria e antipática. Eu me viro, estampando um sorriso falso para Doyeon.
— Foi um dia longo e cansativo.
Ela bebe seu champanhe enquanto me olha desconfiada.
— Conseguiu o que que queria? — Sua voz alfineta minha pele e eu fico sem saber o que dizer. Meu Deus, ela sabe!
— Sucesso para a grife? Sim. — Respondo sem emoção alguma.
Ela me olha de cima a baixo, com uma das mãos na cintura e sua taça pairando diante de seu rosto. Ela sabe.
— Foi um prazer te ver de novo, senhorita Doyeon. — Minto, porque nunca mais quero ver o rosto dela de novo. Então simplesmente dou as costas e vou embora.
Busco alívio no jardim, que não está tão movimentado como o salão, por isso permito que algumas lágrimas rolem. Sento-me em um dos bancos com o coração apertado, suspiro e fecho os olhos, ouvindo o som da água de uma fonte jorrando. É rítmico e relaxante, mas acho que nada vai me fazer sentir melhor nesse momento. Penso em ligar para Rose, mas desisto ao lembrar que ela deve estar se divertindo com alguém agora. Não quero estragar sua noite com os meus problemas.
Ouço o barulho de um galho se quebrando atrás de mim, e por um momento fico enfurecida.
— Me deixe em paz! — Vocifero.
— Há algo de errado, Lisa?
Giro a cabeça ao reconhecer a voz, encontrando Russel parado a alguns metros de distância. Ele me observa em silêncio e com uma postura questionável, está estanho.
— Sr. Russel? — Pergunto, comprimindo os olhos para vê-lo melhor em meio a escuridão.
— Nos conhecemos a tanto tempo, achei que havíamos passado dessa fase de "senhor" e "senhorita". — Ele diz, caminhando até mim.
Limpo as lágrimas, com medo de que ele as veja e comece a questionar.
— Eu...vim respirar um pouco.
Ele não responde, continua vindo até mim, dessa vez com passos mais lentos e um olhar vazio, o que faz um arrepio subir por minha espinha.
— Russel? Você está bem?
— Melhor do que agora? Nunca.
Meu estômago embrulhou quando pude ver Russel com mais clareza, ele estava sorrindo. Um sorriso bêbado. Seu olhar dono de um azul frio deslizava sob meu corpo com malícia.
— Acho que nunca tive a oportunidade de dizer o quanto eu te acho atraente, Lalisa. — Ele ronronou, me rodeando. — É uma pena que seja tão inacessível. — Tentou tocar meu cabelo, mas consegui recuar.
— Você está bêbado. — Gaguejei ao vê-lo se aproximar.
— Você é tão provocante. Eu poderia te promover se você continuasse usando vestidos com decotes como esses.
Recuei um passo, um atrás do outro, enquanto ele continuava a se aproximar.
— Nem tente. — Rosnei.
— Você deve se sentir muito orgulhosa, não é? Ser desejada por cada homem dessa empresa e me provocar com esse vestido. Não seria problema algum comer você, na verdade, seria um enorme prazer.
Minha boca secou e minhas pernas bambearam, eu estava morrendo de raiva, mas principalmente de medo. Gritei quando sua mão agarrou meu braço, me puxando a seu encontro com brutalidade. Baforou seu hálito quente de álcool em meu rosto, prendendo meu braço em seu punho com mais ainda força.
— Não me toca. — Disparei, tentando me soltar.
Seu sorriso se tornou ainda mais cruel, e seu aperto, cada vez mais forte.
— Diga-me... — Russel ria das minhas tentativas de tentar me livrar de seu aperto. — Quanto você cobrou pra ir para cama com o Jungkook?
Congelei com a expressão horrorizada, tentei mover as pernas para poder chutá-lo, mas foi em vão quando seu braço enlaçou meus quadris.
— Por favor, me solta. — Lágrimas já rolavam pelo meu rosto enquanto eu me debatia. Russel usou uma de suas mãos para segurar meu queixo, forçando-me a olhar em seus olhos frios.
— Qual é... não vai me dizer que achava que eu não iria desconfiar que essa viagem a Paris é apenas um pretexto para arrancar dinheiro do chefinho? Eu não sou idiota, Lalisa. — Seu rosto se aproximou até que a ponta de seu nariz estivesse contra a minha bochecha. — Nunca imaginei que uma vadiazinha como você fosse tão ambiciosa... você é das minhas.
Reunindo toda minha força, movi os joelhos para tentar acertar sua coxa, mas a única coisa que consegui fazer foi dar um passo em falso e virar o pé. Ouvi um "crack" e logo depois uma dor quase insuportável se alastrou por meu calcanhar.
Gritei.
— Quieta, mulher escandalosa!
— Lalisa?
As mãos de Russel se afrouxaram ao meu redor e eu aproveitei o momento para escapar, mas então tropreçei novamente, notando que um dos meus saltos estava quebrado.
Ouvi o barulho do baque, então só depois pude ver com clareza os dois corpos na escuridão. Jungkook estava enlouquecido enquanto espancava Russel Mikkelsen, que não conseguia revidar aos ataques, não passando de um corpo inerte no chão.
— Filho da puta desgraçado! — Ele rugiu, puxando a gola de Russel para socá-lo bem no rosto.
Eu estava trêmula, mas não sabia se aquilo era devido ao alívio ou o medo.
— Jungkook! Lalisa?
Ouvi a surpresa voz do Sr. Park se aproximando, ao seu lado vinham os seguranças de Jungkook, então olhei novamente para cena do mesmo espancando Russel no chão, e por um momento aqueles seguranças pareciam inúteis.
— Você está bem? — Jimin perguntou, tocando levemente meu ombro.
Não consegui responder, nem sequer consegui olhá-lo, ainda estava paralisada olhando para Jungkook, que agora gritava xingamentos ao ser afastado de Russel por seus seguranças.
— Não vale a pena, senhor. — Um deles murmurou.
— Tirem esse desgraçado daqui. Você nunca mais coloca os pés em nenhuma na minha empresa! Eu vou arruinar sua vida!
Os seguranças realmente arrastaram Russel para longe, mas Jungkook se manteve no mesmo lugar, respirando fundo enquanto apertava os punhos. Quando finalmente olhou para mim, todo o ódio que escorria de seus poros se esvaiu por completo.
— Lalisa... — Ele sussurrou, sua voz pingava arrependimento. Caminhou até mim, mas não me tocou, apenas permaneceu com seus olhos na altura dos meus. — Você está bem? Ele te machucou?
— Eu... — Tentei falar, mas ainda estava em choque para poder responder alguma coisa, continuava tremendo.
— Jimin, porra, peça um copo de água com açúcar pra ela. — Ofegou. O primo apenas assentiu e não questionou mais nada, voltando na direção de onde virá. — Vem, vamos sentar. — Ofereceu o braço e eu simplesmente aceitei, já que mal conseguia colocar o pé no chão.
Sentamos no mesmo banco em que eu me recuperava a minutos, no qual eu desejava estar o mais longe dele possível, mas que agora a única que eu queria era que ele estivesse ali.
— Está doendo? — Apontou para o meu pé, mas não esperou minha resposta antes que se ajoelhasse e o tomasse nas mãos. Gemi de dor e recuei, ele agora parecia ainda mais furioso que antes. — Ele me paga. — Murmurou para si mesmo, pressionando alguns pontos no meu calcanhar com os dedos de um modo delicado.
Eu não me importei. Não conseguia fazer nada além de soluçar e chorar, estava me sentindo uma inútil.
— A água. — Jimin ofereceu o copo assim que voltou. Cruzou os braços em seguida, me analisando. — Acho melhor você voltar para casa. — Ele disse, e em seguida olhou para o primo. — A noite de hoje já teve muitas emoções.
— Vou levá-la. — Jungkook declarou, se levantando para me ajudar.
— Não...eu preciso levar minha amiga para casa, viemos juntas. Ela deve estar lá dentro em algum lugar, não quero preocupá-la. — Interrompo com a voz falha, mas os dois homens me ignoram.
— Eu cuido da senhorita Roseanne, leve ela para casa. — Sr. Park ordena enquanto Jungkook me ajuda a levantar.
— Mas e o meu carro... — Tento de novo, mas parece que quando esse homem coloca alguma coisa na cabeça, ele não tira de jeito nenhum.
— Cuido disso amanhã. Vou te levar para casa, você precisa descansar. — Jungkook declara novamente, então desisto.
...
Depois que Jungkook coloca a mim e minhas coisas em seu carro, partimos em silêncio, exceto pelos tons graves de "Naked", de James Arthur, vindos do som. Bastante apropriado depois de meu ataque de choro. Passo a maior parte da jornada pensando em tudo o que essa noite memorável me proporcionou, ao mesmo tempo em que Jungkook respira fundo várias vezes, como se fosse começar a dizer algo, mas desistindo no último momento.
Já conseguindo controlar minha respiração e falar sem soluçar, sussurro:
— O que você vai fazer com ele?
— O quê? — Pergunta distraído.
— Russel. O que vai fazer com ele?
Meu chefe solta um longo suspiro.
— Nada com que você tenha que se preocupar, na Luxen ele não coloca os pés outra vez.
Assinto em silêncio, voltando minha atenção para rua.
Russel sempre foi um tanto mulherengo e sem vergonha, não dispensava charme em relação a mulheres, mas eu nunca lhe dei abertura, sempre mantivemos uma boa relação no trabalho. Nunca imaginei que ele seria capaz de falar coisas como aquelas. Tocar-me daquela maneira...
— Lalisa...eu...se você quiser... — Ele engole em seco, mas seus olhos permanecem atentos ao movimento da rua. — Podemos cancelar a viagem.
Voltei a olhá-lo, minha expressão era obviamente decepcionada, e vi quando seus olhos captaram a informação.
— Não. — Balancei a cabeça. — Vou a essa viagem. — Respondi com determinação e ele não voltou a questionar.
Voltamos ao silêncio até que ele estacionasse em frente a fachada do prédio, nós dois ficamos imóveis, com se estivéssemos apenas esperando o próximo ataque. E ele veio.
— Lalisa, sobre o beijo...
— Não. — Respondo. O que fiz até agora já foi ruim o suficiente.
— Por favor, Lalisa.
— Aquilo foi uma burrada fenomenal. Você é um homem de negócios, rico e que leva sua vida num ritmo que não consigo acompanhar, e eu não estou disposta a ser mais uma na lista onde você desconta suas frustrações.
Ele se afasta para olhar para mim, o belo rosto franzido.
— Essa é a última coisa que eu desejo que você seja. — Sussurra. — Eu quero você. Você me faz determinado a lutar por isso. Parece o certo. Seu lugar é comigo — Ele diz como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Então qual é o lugar de Doyeon? — Solto uma lufada de ar ao encará-lo.
— Doyeon? O que ela tem haver com isso? — Ele parece confuso.
É sério que precisarei lembrá-lo?
— Namorada, talvez?
O rosto do meu chefe assume uma expressão inquieta. Ele balança a cabeça e desvia o olhar, apenas para voltar a olhar para mim ao suspirar, mas parece zangado.
— Não me diga que tem fugido de mim com tanta insistência porque achou que Doyeon e eu éramos... — Ele passa as mãos pelos cabelos. - Merda, não!
— Não? — Exclamo. — Ela não é? — Agora estou realmente confusa, a mulher não poderia deixar mais claro que ele a pertencia nem se tivesse feito xixi nele.
— Não, Lalisa. Ela é minha amiga...ela só é um pouco... amigável.
Amigável? Aquela mulher não é amigável!
— Bem, eu... — Agora estou extramamente exausta, e irritada. — Eu preciso dormir, essa noite foi um tanto estressante. — Resmungo.
Ele apenas concorda.
— Te levo ao seu apartamento. — Murmura, mas antes que eu pense em impedi-lo ele salta do carro para abrir minha porta e me ajudar a sair. Segura minha mão e em silêncio, me guia até a portaria.
Meu pé ainda dói um pouco e sinto que estarei mancando amanhã. Estou descalça e com um dos meus saltos quebrados na mãos, então faço um beicinho enquanto o olho, não vai ficar bom nem mesmo se eu tentar concertá-lo.
— Podemos comprar um novo par em Paris. — Jungkook diz assim entramos no elevador.
Apenas balanço a cabeça e aperto o botão para subirmos.
Ele me segue pelo corredor assim que o elevador para, mas não entra no apartamento quando abro a porta.
— Você não vai entrar? — Questiono assim que o vejo parado ao lado do batente.
— Não. Já tomei muito do seu tempo. Você precisa descansar. — Seu olhar vasculha o apartamento com cautela, parando na escada. — Eu deveria...?
— Não, eu consigo sozinha, eu acho. — Dou de ombros.
Ele assente lentamente, voltando a atenção para o meu rosto, seu olhar é cuidadoso, a respiração controlada e os lábios úmidos. Sua mão sobe hesitante por meu pescoço, até que seus dedos estejam enterrados em meus cabelos.
Sua boca toca singelamente minha testa, e eu deixo.
— Boa noite, anjo.
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