
➤ Chapter Forty Two
Há três semanas que estou aqui.
As vezes, sinto uma falta incondicional de Nova York, lá é minha casa, é onde vivi os últimos anos da minha vida, mas recentemente o significado de "casa" tem sido relativo para mim, porque mesmo aqui, com um continente nos separando, continuo me sentindo em casa, e acho que devo isso a Jungkook e sua família.
Nic e eu andamos fazendo progressos. Ele já não me ignora ou me responde como se eu fosse um peso em sua vida, na verdade, ele tem sido um garotinho bem legal. Ontem a noite, ele convidou Jungkook e eu para assistirmos o seu desenho favorito. Não entendi absolutamente nada, mas ri o programa inteiro ao ver que os dois sabiam cantar todas as músicas do desenho de cor.
Jungkook e eu ainda não havíamos tido tempo para ficarmos completamente sozinhos, já que a casa normalmente estava cheia ou ficávamos presos ao trabalho, eu no escritório e ele na Jeon TEC. Por isso, vivíamos todos os nossos pequenos momentos a sós intensamente.
O trabalho tem sido mais difícil que eu pensava. Trabalhar a distância definitivamente não é para mim, só essa semana me atrasei para duas reuniões por me esquecer do fuso horário. Comandar uma produção também não é fácil, e minha única forma de comunicação com minha equipe é por intermédio da minha secretária, que deve estar se sentindo exausta com minha ausência.
— Lucy, por favor, não hesite em me pedir ajuda se precisar. Entendeu? — Falo, me sentindo impotente atrás da tela desse computador. Minha secretária me olha com seus olhos azuis gentis e dá um sorriso tranquilizador, mas sei que está cansada, a pobrezinha teve que acordar bem cedo apenas para conseguir falar comigo.
— Não se preocupe, senhorita Manoban. Vou manter tudo em ordem até que a senhorita regresse da sua viagem.
— Ah, Lucy. Eu não sei o que eu faria sem você. Abraçaria a tela do meu computador agora se não fosse tão constrangedor.
Lucy dá uma risadinha, mas parece se repreender no segundo seguinte, limpando a garganta.
— Você quer que eu lhe mande um relatório sobre a produção?
— Se achar necessário.
Meus pensamentos são interrompidos quando a porta do escritório se abre e Nic coloca a cabeça para dentro, fazendo silêncio ao perceber que estou em uma reunião. Olho para o meu relógio de pulso e tenho um sobressalto. Nossa! Perdi completamente a noção do tempo. Já é uma da tarde e eu nem pisei fora deste escritório.
— Lucy, preciso desligar. Tenha uma boa noite.
— Certo. Enviarei o relatório assim que puder. Tenha uma boa tarde, senhorita.
Com isso, encerramos a chamada com uma despedida confusa e eu abandono o meu notebook em cima da mesa.
— Posso entrar?
Nic pergunta, me deixando surpresa, já que ele nunca pergunta. Faço que sim com a cabeça. O garoto entra e fecha a porta. Aproxima-se da mesa, mas não se senta, apenas fica de frente para mim, ainda sem dizer nada.
— Algum problema, Nic?
— Sim. — Ele fala. — Posso falar com você?
É quando eu noto que ele está segurando uma caixa da lápis de cor e alguns papéis, uns totalmente brancos e outros com rabiscos coloridos e desalinhados. Por alguns segundos, nós apenas nos observamos sem falar nada. Chego a me sentir desafiada por seus olhos escuros, que são tão intimidadores quanto os do pai. Por fim, o menino diz:
— Você me ajuda a fazer um desenho bonito?
Levanto as sobrancelhas de modo exagerado, bastante surpresa com o pedido. Suas palavras e seu tom de voz me deixam comovida.
Nic continua a me olhar com seus olhos escuros e brilhantes, e mesmo que isso nem sequer tenha passado pela minha cabeça, sou incapaz de recusar.
— Você quer mesmo que eu te ajude a fazer um desenho? — Eu falo, emocionada. Por que estou agindo assim? Estou parecendo uma manteiga derretida.
— Sim. — Ele balança a cabeça. — Tia Somi me disse que você faz desenha melhor do que ela. Você vai me ajudar?
— Claro. Vem. Senta aqui comigo. — Digo, tentando não soar afobada. É a primeira vez que Nic me procura para fazermos algo juntos.
Com isso, praticamente cedo o meu lugar para ele na mesa e pego outra cadeira para mim. Nic se senta ao meu lado. Deixa seus lápis coloridos sobre a mesa e me olha, como se esperasse que eu o dissesse qual seria o próximo passo.
— Você trabalha desenhando? — Ele me pergunta.
— Quase. — Eu falo, me acomodando ao seu lado. — Eu desenho roupas para as pessoas usarem.
Quando olho para alguns de seus desenhos espalhados por cima da mesa, começo a analisá-los em silêncio.
Bastante abstrato.
— O que é isso? — Eu pergunto, apontando para uma ilustração monocromática e confusa.
— É um braquiossauro roxo brincando sozinho.
Bem específico.
— Por que ele está brincando sozinho?
— Porque ninguém quer brincar com ele.
Mantenho-me calada, não sei se devo estender o assunto. Talvez seja apenas um desenho e não signifique nada, mas e se significar? E se ele, sem querer, está querendo me dizer alguma coisa?
Muitos dizem que crianças expressam mais os seus sentimentos do que os adultos. No entanto, são apenas crianças, nem sempre conseguem expressar o que estão sentindo com simples palavras. Precisam mostrar isso através de gestos, do tato, do visual. Minha mãe me contou este segredinho materno, por isso sempre sabia quando eu estava triste ou quando havia aprontado alguma.
— Posso ficar com o seu desenho? — Pergunto, olhando-o de volta. Nic me encara, sem entender.
— Por quê?
— Eu o achei bem bonito.
Seus olhos brilham com o elogio, e ele balança a cabeça positivamente.
— Bem, vamos lá, então. Vou te ensinar tudo o que sei.
...
Uma hora depois, ainda estamos no escritório. Metade das folhas de Nic foram usadas e amassadas. Acho que posso dizer que ele é um artista bastante perfeccionista.
Depois de ter dado as minhas melhores dicas, Nic agora está desenhando por contra própria, colocando a ponta da língua para fora e franzindo a testa em sinal de concentração.
— Não vai me contar o que está desenhando?
Nic não me olha, continua concentrado no desenho, mas responde sem cerimônia:
— Não. É surpresa.
Concordo em silêncio, tentando decifrar seu desenho sozinha. Alguns minutos mais tarde, Nic solta seu lápis e me olha com um bico.
— Estou com fome.
— Vamos comer alguma coisa, então. Depois voltamos. — Eu me inclino sobre a cadeira e faço um impulso para levantar.
— Lisa. — Nic me para. — Será que você pode fazer aquele bolo de morango para mim?
Sorrio, achando graça. Dou de ombros e respondo:
— Tudo bem, mas vou precisar de ajuda. Você pode me ajudar?
Nic balança a cabeça e me dá um sorriso radiante. Saímos do escritório e descemos para cozinha, começando a pegar os ingredientes para preparar a massa.
Deixo Nic com a função de lavar os morangos enquanto uso uma colher para misturar os outros ingredientes e fazer o glacê. Quando olho para trás, vejo Nic colocando duas das frutas vermelhas na boca, deixando as bochechas gordinhas quando coloca tudo para dentro ao perceber que estou vendo.
— Ei, seu coelhinho. Achei que tínhamos combinado que você só lavaria os morangos.
Nic faz que sim e dá uma risada, me entregando o restante dos morangos. Por final, decidimos fazer mini bolinhos em vez de um bolo maior, e eu o deixo tomando conta da massa enquanto busco pelas forminhas e guardo parte do glacê na geladeira.
Quando volto, há um pouco de massa no nariz de Nic e grãos de farinha em seu cabelo escuro. Dou risada, não conseguindo deixar de pensar na vez em que Aurora me disse que quando mais novo, Jungkook era o seu ajudante de cozinha. Será que ele também se sujava todo de farinha?
— Estou fazendo certo, Lisa? — Ele me pergunta, agitando a colher dentro da tigela com toda sua força.
— Sim, está fazendo certo.
Nic me ajuda a colocar a massa nas forminhas e eu assumo o risco de colocá-los no forno. Quando volto-me para trás, Nic está sentado em um dos banquinhos no balcão, lambuzando os dedos com os restos de glacê.
— Não vai nem dividir?
Uso um dos dedos para pegar um pouco de glacê e passar no rosto de Nic. Ele fica surpreso, fazendo o mesmo comigo em seguida. Nós dois rimos juntos. E quando percebo, estamos completamente sujos de creme branco.
— Oh oh. — Eu murmuro. — É melhor trocarmos de roupa.
Rindo, Nic concorda, mas quando estamos prestes a sair da cozinha, sua voz me para:
— Lisa... — O menino diz. — Você não vai embora, vai?
Eu o olho, sem entender.
— O que te faz pensar que eu vou embora?
— Papai as vezes vai embora, mas ele volta. — Nic fala, brincando com os próprios dedos. — Se você for embora, vai voltar também, não vai?
Minha garganta trava por um momento e eu não consigo dizer nada. Os olhinhos inseguros acompanham a minha expressão, e me vejo na obrigação de agir. Ficamos um de frente para o outro, e eu me abaixo até estar na sua altura.
— Você sempre foi tão legal comigo. Não quero que você vá embora porque eu não fui um bom menino.
— Isso já não tem importância. O importante agora é que a gente vai tentar se dar bem e ser amigos, tá legal?
Seus olhinhos de repente ganham vida. Estendo o punho para ele e levanto o polegar, pedindo para que ele repita o que faço, então junto nossos polegares.
— Esse vai ser o nosso código da amizade, tá bem?
Nic faz que sim e sorri. Finalmente temos uma trégua.
— Eu sabia que no fundo você gostava de mim.
— É... — Nic fala, fazendo um gesto entre indicador e o polegar. — Um pouquinho assim.
— Só isso? Nem mais um pouquinho?
— Tá bom. — Ele ri. — Só mais um pouquinho.
...
Depois de limpos, Nic e eu estamos finalizando os mini bolinhos com glacê e morangos. O cheiro está maravilhoso, e a aparência até que aceitável.
— Olá.
Quando dou um giro para ver o dono da voz que vem da entrada da cozinha, uma parte minha tem a esperança de que seja Jungkook, mas na realidade, é seu primo que encontro ali.
— Jimin?
Ele acena brevemente, mal tendo tempo para dizer algo a mais, pois Nic rapidamente corre e se joga para receber o abraço do homem.
— Tio Jimin!
— Eai, rapazinho?
Arqueio as sobrancelhas. Ele e Roseanne não haviam passado as últimas semanas juntos? Por que essa volta repentina? Ou melhor, por que minha amiga não me falou nada?
Pela expressão apagada no rosto de Jimin, começo a contestar mentalmente o que minha amiga me disse semanas atrás, sobre o caso dos dois ser meramente sexual. E se os dois romperam justamente por isso?
Rose com certeza me contaria se estivesse apaixonada por Jimin.
Não contaria?
— Não esperava te ver aqui tão cedo, Jimin. — Alfineto, na tentativa de receber uma resposta.
Jimin me olha profundamente. Está muito sério. Talvez apenas exausto.
— Nem eu. — Seu tom é seco, e ele rapidamente desconversa, voltando sua atenção para Nic, que aparentemente não nota a tensão no ar.
Certo. Há algo definitivamente errado acontecendo.
...
— Isso está muito estranho, Jungkook. — Falo, de frente para o meu namorado que acaba de sair do banho. Ele não olha para mim, parece desinteressado. — Você pelo menos está me ouvindo?
— Estamos falando sobre Roseanne e Jimin? — Ele solta a toalha da cintura e a deixa cair no chão. Está fazendo isso de propósito. Quer tirar o meu foco. — Eu já falei que isso não é da nossa conta, Lalisa.
Dou as costas e faço uma careta para o nada.
— Não é da minha conta. — Resmungo.
Segundos depois, sinto suas mãos afastando os meus cabelos das costas, e o calor de sua boca fica rente a minha orelha. Isso é o suficiente para embaralhar todos os meus pensamento. Eu tremo. E ele sorri.
— Ela vai acabar se magoando com essa coisa de sexo casual.
Seu braço envolve minha cintura coberta pelo fino shorts do pijama. Minha respiração já começa a se tornar entrecortada e minha mente cada vez mais desperta.
— Por que pensa assim?
Sua língua traça o caminho atrás da minha orelha, me deixando tensa.
— Ela gosta dele. Sei que gosta.
Insinuando os quadris contra minha lombar, lentamente, mas com precisão, ele me faz arfar. Meus pensamentos começam a dissipar por conta própria.
— E eu sei que Jimin também gosta dela.
Deixo um gemido esganiçado escapar quando seu aperto se torna mais firme. Seu corpo nu e quente está grudado as minhas costas. Estou ficando desesperada.
— Por que eles não podem simplesmente namorar como qualquer casal normal?
— Não é da nossa conta, meu anjinho.
É o estopim. Essa voz, esse aperto, esse calor. Viro-me de frente para ele, e em questão de segundos minhas mãos vão parar nos seus ombros e minha boca na sua.
Lambidas, mordidas e puxões. Tudo isso para pararmos onde deveria terminar. Seu corpo nu está em cima de mim, e a cama sob minhas costas. Mesmo perdendo o fôlego, sua boca não desiste, continua a idolatrar minha pele sem descanso.
— Minha! - Ele rosna no meu pescoço. — Desde o momento que te vi. Minha.
Solto um longo suspiro e esfrego meus quadris nos dele, para cima e para baixo. Está rígido e pronto.
— Lalisa... - Ele sussurra.
Meu celular toca, mas não é capaz de nos parar.
— Tenho uma reunião com Jennie. — Falo nos lábios de Jungkook quando ele começa a atacar minha boca com avidez.
— Deixe tocar. — Ele insiste, decidido a ignorar completamente o toque do meu celular.
Eu poderia facilmente concordar, não pensaria duas vezes em ter que escolher entre fazer sexo com Jungkook ou participar de uma reunião de trabalho, mas não posso escapar disso, é o meu ganha pão. E parecendo ler os meus pensamentos, Jungkook arfa:
— Sou o chefe, e estou mandando que você não saia desta cama.
— Está me dando ordens? — Eu sorrio.
— Sim, Lalisa. Vamos, não pare de me beijar.
— Sinto muito, amor. — Eu o afasto depois de muito esforço, vendo-o se jogar dramaticamente ao meu lado na cama.
Beijo seus lábios suavemente e rio para sua cara nada feliz, pegando meu celular e saindo do quarto.
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Olá, meus queridos! Tudo bem?
Questão bem decisiva aqui:
Pela intuição de vocês, escolham um número:
0
1
9
15
21
Logo vocês entenderão...
Beijinhos da Megan
P.S: Essa "votação" termina quando eu postar o próximo capítulo.
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