
➤ Chapter Eighteen
As horas antes do anoitecer pareciam ter sido necessárias para que eu colocasse minha razão em seu devido lugar, visto que aparentemente, ela falhava na presença de Jungkook.
Estava confusa e indecisa, me perguntando se deveria contestar a ele sobre a mensagem que vi mais cedo, entretanto, lembro-me que de qualquer forma nada disso importa.
Afinal, quando essa viagem terminar, ele irá ir embora, e eu não passarei da funcionária que um dia fez sexo com ele.
E está tudo bem!
Não está?
Fico repetindo isso mentalmente, mas ainda não encontrei uma resposta — ou melhor, não consegui aceitá-la.
Quando olho-me no espelho ao sair do banho, pela primeira vez na vida me sinto insegura, porque sei que os acontecimentos recentes tem apenas aberto meus olhos para o que eu temia desde que aceitei a proposta do meu chefe em vir para Paris.
Estou me apaixonando por ele. Perdidamente.
E isso me assusta. Demais.
Não sei o que fazer, já perdi as rédeas da situação e me sinto ridiculamente patética por isso.
Lalisa Manoban nunca perde o controle. Lalisa Manoban sempre está por cima.
Então o que está havendo comigo?
...
Como de costume, cinco minutos antes do horário combinado, ouço o som das batidas já tão recorrentes na porta do meu quarto.
Termino de arrumar minha franja e me apresso para abrir a porta, recebendo um sorriso lindo dos lábios de Jeon Jungkook, que com todo seu poder devastador dá um passo até mim, roçando aqueles mesmos lábios ao pé do meu ouvido, sussurrando:
— Gosto do vestido, ficou ótimo em você. — Sorri atrevido.
É claro que gosta, foi ele que escolheu!
No entanto, devo admitir, o vestido realmente ficou muito bem em mim, deixando boa parte da minha clavícula exposta, mas sem um decote tão profundo.
— Gosta mesmo? — Subo as mãos por seu peitoral, tentando lutar contra os pensamentos que tanto me perturbam.
Passando os braços em torno do meu quadril, seus lábios se aproximam, provocando os meus.
— Sim, Lisa, gosto mesmo. — Beija meus lábios com suavidade, afastando-se e ao mesmo tempo parecendo relutar. — Vamos, não podemos nos atrasar, você está me distraindo.
...
Com Jin no volante, a viagem de carro é transcorre silenciosa, e parecendo perceber minha tensão, Jungkook se inclina levemente, sussurrando em meu ouvido:
— Pensei que estava tudo bem, Lalisa. — Seu dedo traça uma linha irregular na pele exposta da minha coxa, me causando arrepios.
— Estou bem. — Respondo com a voz vacilante, acompanhando com os olhos sua carícia em minha pele.
— Você me parece chateada. — Comenta, pressionando os lábios em um ponto específico atrás da minha orelha.
— Estou bem, de verdade. — Meus lábios ficam secos. — Para onde vamos? — Tento despistar.
Afastando-se para olhar em meus olhos, mas ainda com a mão em minha coxa, Jungkook me lança um dos seus sorrisos que me deixam desestabilizada e que fazem meus joelhos tremerem.
— Você vai gostar. — Dito isso, se inclina novamente para o seu banco.
Minutos mais tarde estacionamos e Jungkook me ajuda a sair do carro, trocando algumas palavras com Jin antes do carro sair catando os pneus.
— Pensei que ele esperaria a gente... — Falo, sentindo as mãos de Jungkook tocando minha cintura e me girando para encostar em seu peitoral.
— Acho que vamos demorar um pouco, então pedi para que ele voltasse mais tarde. — Toca meu queixo. — Completamente a sós, meu anjo. — Sua afirmação me deixa derretida.
— Então, para onde vamos? — Pergunto, provavelmente olhando-o como uma mulher boba e apaixonada.
Bem, isso é exatamente o que sou, mas ele ainda não sabe.
Apontando o queixo sutilmente para um ponto atrás de mim, olho na mesma direção, encontrando um barco com janelas de vidro flutuando a menos de dez metros da gente, como se nós esperasse.
— Vamos andar de barco no Sena? — Olho para Jungkook, esperando que ele confirme.
— Bem, como amanhã a tarde pegaremos vôo, pensei que fazer um passeio em que você pudesse ver Paris com outros olhos fosse interessante.
Meus olhos dançam em empolgação, não posso nem imaginar em como isso poderia me ajudar com a elaboração d...
— Lalisa. — Jungkook interrompe meus pensamentos. — Não quero que pense que veio aqui esta noite para trabalhar, quero que aproveite o momento.
Penso um pouco, por final balançando a cabeça.
— Hum, certo. — Posso fazer isso.
Sorrindo, Jungkook me guia até a ponte que nos leva a entrada do barco, onde somos cordialmente recebidos e levados até uma mesa.
Ao fundo, um músico canta ao som de violão uma canção calma e melodiosa, bem apropriada para clima fresco da noite.
Um garçom nos entrega o cardápio, repleto de pratos que não faço ideia do que sejam e outros que até me são familiares, mas Jungkook é paciente em me explicar tudo antes de decidirmos e fazermos o pedido.
Finalmente sozinhos, as mãos de Jungkook atravessam a mesa e seguram as minhas, acariciando os nós entre meus dedos.
Meu coração bombeia disparado enquanto meus olhos observam nossas mãos unidas e dedos entrelaçados. Minhas bochechas esquentam e por um momento minha língua trava.
Seu efeito continua agindo sobre mim, parecendo cada vez mais intenso.
Minhas reações a ele são instantâneas e incontroláveis, e me deixa boba o jeito como meu corpo responde perfeitamente ao seu.
É patético. Ao mesmo tempo intrigante.
— Você parece tão distraída. — Jungkook tem seus olhos atentos analisando meu rosto enquanto seus polegares se ocupam em acariciar as palmas das minhas mãos.
Endireitando os ombros e forçando um mínimo sorriso, balanço a cabeça.
— Um pouco pensativa, nada demais.
Mesmo desconfiado, Jungkook não insiste no assunto.
— O que pretende fazer depois daqui? — Tento puxar papo, mas sou incapaz de esconder minha curiosidade.
— Bem, após terminar de resolver algumas coisas nos Estados Unidos, certamente pretendo voltar para Coréia o mais rápido que puder.
Murcho levemente, não querendo demonstrar que estou chateada. No entanto, não posso lamentar, a Coréia é seu país e onde sua família vive, é claro que hora ou outra ele teria que voltar para casa.
Mesmo que ela fique do outro lado do mundo.
— E você? — Ele pergunta, interrompendo meus pensamentos. — O que planeja fazer quando voltarmos?
— Trabalhar, muito. E talvez visitar meus pais quando puder. — Dou de ombros. — É o que eu geralmente faço.
— Você não me parece animada com isso.
— Não é isso, só não há nada de tão emocionante.
O garçom interrompe a conversa ao trazer o prato de entrada: Tartere ¹ com torradas, juntamente com as taças de vinho branco.
— Merci. — Jungkook agradece com um leve sorriso, voltando a atenção a mim.
Sinto um tremor quando o barco passa a se mover na água, nem tão lento, nem tão rápido, mas numa velocidade suficiente para que eu consiga observar com cuidado as luzes, edificações e pessoas caminhando nas ruas.
Levando a taça aos lábios, pareço ficar fora da terra por alguns minutos, perdida em pensamentos.
Consigo flagrar Jungkook me observando do lado oposto da mesa, um sorriso e um lampejo tranquilizador passa por seus olhos, e por algum motivo estou me sentindo péssima.
Seus dedos e as costas de sua mão acariciam minha bochecha, o que me faz engolir um suspiro, pois gosto malditamente da sensação.
Pegando um pedaço do tartere com o garfo, Jungkook pressiona-o em meus lábios.
— Coma. — Apesar de parecer uma ordem, vejo que na verdade o homem a minha frente me pede com carinho.
Seus olhos fixam nos meus quando fecho os lábios em torno do garfo, puxando a carne lentamente enquanto ele luta para conter o próprio sorriso.
— Bom?
— Muito. — Murmuro de boca cheia.
— Experimente.
Tomo o garfo dele, pegando o foie e o oferecendo.
Aceitando, seus lábios o tomam na boca.
— Hum, muito bom.
Não consigo evitar o sorriso que nasce em meu rosto, levando outra vez garfo a seus lábios quando ele me pede mais um pedaço.
— No entanto... — Ele toca minha mão assim que termina de mastigar, levando meus dedos até seus lábios. — seu sabor é melhor.
Coro violentamente quando ele beija as pontas dos meus dedos, não desviando seus olhos dos meus nem por um segundo sequer.
— Você me provoca. — Falo baixinho, notando seu sorriso sedutor.
— Tem sido uns dos meus passatempos favoritos.
Maltratando meu lábio interior entre os dentes, solto:
— Então além de ser sua distração, sou seu passatempo favorito de provocação? — Falo, relembrando de sua frase antes de sairmos do hotel.
Os olhos de Jungkook se estreitam, observando-me com cautela. As engrenagens de sua mente parecem girar a mil por hora.
— Você é muito mais que isso, Lalisa — Diz, sério. — Sabe que nunca a reduziria dessa forma, ou a magoaria intencionalmente.
Intencionalmente.
— Sei que não.
Minutos mais tarde os pratos principais chegam, com mais uma garrafa de vinho, dessa vez tinto.
O músico que antes cantava uma série de canções calmas, agora toca uma música mais animada, agitando o clima no barco com apenas casais.
— O que vamos fazer amanhã? — Pergunto, arrumando meus talheres e o guardanapo sobre as coxas.
— Acho que deveríamos descansar, você vai estar muito cansada quando chegarmos aos Estados Unidos, não quero que trabalhe cansada.
— Então ficaremos o dia inteiro no hotel? — Meu tom sai levemente decepcionado, mas devo reconhecer que devo estar bem acordada e disposta para noite de sábado, já que terei que comparecer a New York Fashion Week com minha equipe.
— Bem, se você insiste... — Jungkook divaga. — posso pensar em amarras. — Põe o garfo na boca, olhando para meu rosto com as sobrancelhas erguidas.
Não o respondo, mas não consigo deixar de abrir um sorriso.
— Você gosta de controle. — Afirmo, tentando terminar minha refeição.
— Sim, gosto. — Ele apenas confirma o que eu já sabia.
Lambendo os lábios sutilmente e capturando aquele sorriso reservado apenas para mulheres no rosto do homem a minha frente, pergunto:
— Você é um dominador?
Jungkook tosse, deixando sua taça sobre a mesa e quase cuspindo vinho em mim. Enxuga a boca, olhando-me com um meio sorriso.
— Não preciso recorrer a isso para que uma mulher faça o que eu quero na cama, Lalisa. — Ele diz, calmo. — Sou sim, controlador. — Seus dedos tocam meu queixo, fazendo minha atenção esquivar-se somente para ele. — Mas é só com você.
— Por quê?
— Não sei. — Morde a boca. — Você me deixa louco.
— Então não posso dizer que você tem uma fama de rolo compressor? — O canto da minha boca se levanta.
— Rolo compressor?
— É, você parece sempre muito determinado a ter o que quer, passa por cima de tudo e todos.
Ele ri um pouco.
— É, talvez. Mas é só com você, Lalisa, só com você. — Repete, dessa vez com os olhos doces e concentrados.
Mordo levemente os lábios. Jungkook está comunicativo e bem mais humorado essa noite, então acho que devo me aproveitar — afinal, não sei se isso acontecerá de novo.
— Como é sua família?
Jungkook fica surpreso com a mudança de assunto repentina, mas se dispõe a responder.
— Minha mãe se chama Aurora, mas eu diria que não somos muito parecidos, nem na personalidade quanto na aparência. Minha irmãs até se parecem um pouco com ela no quesito personalidade, no entanto, minha mãe não teve tanta sorte no quesito da aparência com os filhos, todos nós nos parecemos com meu pai.
— Não deve ter sido fácil ser o único filho homem. — Brinco, mas noto quando os olhos de Jungkook perdem seu brilho instantâneamente e seus ombros caem um pouco.
— Ainda não é. — Diz baixinho.
Quando terminamos a refeição, o garçom leva os pratos, voltando em seguida com os queijos do dia e alguns macarons enquanto observamos a cidade luz passar diante dos nossos olhos.
Ainda estou um pouco receosa em fazer a pergunta, mesmo assim, tento:
— Você pretende se casar algum dia?
Jungkook me olha, curioso.
— Por que a pergunta?
Certo, não estava preparada para uma pergunta retórica.
— É que você é tão ocupado, não sei se consigo te imaginar casando ou...tendo filhos.
Jungkook me olha em silêncio, petrificado. Engole um suspiro e termina de beber seu vinho, parecendo frustrado.
— Talvez um dia. — Responde, rouco.
Sério?
Quando o barco para, no mesmo lugar onde começamos, fico chocada pelo tempo ter passado tão rápido.
Depois deixar um maço de notas dentro do suporte de conta, Jungkook me guia para fora do barco, segurando minha mão enquanto entrelaça nossos dedos distraidamente — ou nem tanto.
— A noite está linda, não está? Que tal uma caminhada? — Ele sugere, um pouco inquieto.
— Tudo bem. — Concordo.
A caminhada é rápida e silenciosa, a noite está realmente bonita, e por isso acabo por não notar para onde Jungkook me leva, porque de alguma forma confio nele, mesmo que ele não confie em mim.
Depois de cinco minutos andando, vejo que estamos indo para Torre Eiffel, o que me faz rir, porque depois de toda minha estadia de quatro em Paris percebo que eu havia esquecido completamente do monumento mais importante da cidade.
— Vamos subir. — Jungkook diz assim que nos aproximamos da torre.
Pagamos para usar o elevador — o que eu acho um absurdo — e ainda de mãos dadas subimos aproximadamente trezentos metros acima do solo, o que me faz tremer levemente e me agarrar a Jungkook.
Ele ri um pouco.
— Você tem medo de altura? — Sorri contra os meus cabelos e envolve minha cintura.
— Um pouco. — Admito com vergonha.
— Não vou deixar você cair. — Ele brinca, rindo baixinho próximo ao meu ouvido.
Meus olhos cintilam e eu fico sem fôlego quando as portas do elevador se abrem, me dando uma vista magnífica de trezentos e sessenta graus da cidade.
— Uau. — Sopro, colocando as mãos sobre as barras de aço enquanto tento não olhar para baixo. Sinto o queixo de Jungkook em meu ombro e sorrio. — Isso é tão lindo, Jungkook.
Ficamos em silêncio por um tempo, apenas sentindo o vento batendo contra nossos rosto e o calor da proximidade de nossos corpos.
— Já imaginou estar aqui alguma vez? — Ele sussurra, beijando-me no topo da cabeça.
Suspiro, virando-me para colocar as mãos em seu peito.
— Uma vez, eu acho. — Penso um pouco.
— Imaginei como seria ser beijada aqui em cima.
Ele sorri, tocando as laterais do meu rosto e inclinando-se.
Pressiona seus lábios contra os meus, varre minha boca com a língua e geme quando correspondo. Acaricia seu nariz com o meu e adora minha boca, lambendo, puxando ou mordendo-a com ternura.
Quando perdemos o fôlego, seus lábios roçam levemente nos meus e nossas testas se encostam, a respiração continua curta e ofegante, mas não queremos nos afastar.
Olho em seus olhos.
Eu te amo.
— Feliz?
Eu sorrio.
— Delirantemente.
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¹|Um picadinho de carne crua temperada com azeite, mostarda cebola e alcaparras, e servido com uma gema de ovo fresca ou curada e torradas.
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