Capítulo 10 : Mal me Quer
Após aquela situação controversa, os bombeiros chegaram e apagaram o fogo exposto em todo o jardim e sobre todo o ateliê, mas infelizmente todas as obras e todos os quadros haviam se perdido durante as chamas, e não havia nada mais, além de brasas e cinzas.
Os funcionários e os empregados estavam assustados com o ocorrido, afinal, tudo aconteceu em meio a madrugada, enquanto todos estavam dormindo. No entanto, Joanna e Harrigan, eram os únicos que não pareciam surpresos ou assustados com tudo que acontecera de repente.
E em meio a todo aquele caos, eu era a única que ainda permanecia no mesmo lugar...
Talvez eu estivesse chocada, devido as últimas palavras de Sr. Frankfurt, antes mesmo, que ele levasse Aidan para dentro junto a alguns empregados, e o trancasse no quarto.
Aquela última frase me abalou, afinal, eu sou apenas uma garota de 18 anos, talvez ingênua, boba e pretensiosa, que não sabe ainda, que caminho seguir, que decisão tomar e como evitar o meu coração de ser magoado...
Entretanto, o meu coração diz que devo dar uma chance ao Aidan, eu não quero sofrer, mas também não quero que ele sofra ainda mais, sei que estou com medo, mas acho que devo me arriscar por ele, e tentar de novo a sua atenção e confiança...
O nosso real problema foi, ter começado errado, nós não tentamos ser amigos primeiro, mas partimos já para a intenção do namoro, o que com certeza foi o nosso erro, já que não conhecemos devidamente.
Não fomos a encontros normais de amigos (Apenas uma vez), não passeamos em parques de diversão, ou muito menos fomos ao circo, ou ao cinema, não assistimos filmes mesmo que fosse à Netflix, não fizemos absolutamente nada que envolvesse diversão primeiramente entre amigos.
Então, penso, que esta pode ser a chave para um relacionamento saudável entre nós, para que assim, ele se abra lentamente comigo...
O meu maior erro nessa história, foi ter o pressionado, a ponto de acabar com a nossa relação, e mexendo ainda mais com a sua mente...
Não estou dizendo que será fácil, mas acredito que consigo ajudá-lo da melhor forma que eu puder.
Mas, apenas como amigos...
O relógio marcava 4h58min da manhã, quando os bombeiros foram embora, e os funcionários voltaram a dormir, prontos para acordarem no mesmo dia, às 5h30min da manhã, ou seja, eles não dormiriam quase nada.
Cansada, eu decido não ver o Aidan, aquela noite, afinal, senhor Frankfurt estava marcando em cima para que ninguém entrasse, inclusive eu.
Então, minha única opção foi para cama, e tirar uma "boa" noite de sono, se é que me entendem.
Meu vestido, estava fedendo a fumaça, devido às chamas do fogo, o que incansavelmente incomodava o meu nariz, já que eu tinha o olfato sensível para essas coisas. E no mesmo instante me troquei, vestindo um vestido azul de alça para o dia a dia, já que eventualmente o sol iria se pôr.
Empurrei minha cadeira de rodas até a janela, e as abri, alargando suas cortinas, e sentindo ainda o menos cheiro de fumaça do lado de fora, mas não deixei que isso me impedisse de ver o sol, que começava a desabrochar ao longo dos segundos.
Quando eu menos podia esperar, o sol nasceu, e os seus belos raios dourados fizeram reflexo em meu rosto, batendo contra o vidro antigo da janela.
E como o Aidan, disse, o mundo estava com cor novamente, e a noite havia desaparecido para a minha alegria.
Fechei os meus olhos e senti a leveza e a quentura do sol, e me recordei, de tudo que eu já havia passado, tanto das coisas ruins como as boas.
De quando os meus pais faleceram...
De quando conheci o Aidan...
De quando fomos jantar pela primeira vez...
De quando a senhora Elen morreu...
De quando eu me senti sozinha...
Quando eu me mudei para uma nova casa...
E quando tudo que é hoje, aconteceu...
É tão divertido olhar a vida, e perceber os altos e baixos que já passamos, e nos perguntamos, como cheguei aqui?
Porém, uma palavra resume tudo, Deus.
Às vezes nos perguntamos, o porquê? De todas as coisas.
Mas podemos pensar que isso é apenas um processo para podermos nos estruturar e aprender com as consequências da vida.
Posso não ser religiosa a ponto de orar, mas sempre frequentei a igreja com os meus pais, quando mais nova, e posso afirmar, que era um dos melhores momentos da minha vida.
Até que, tudo aconteceu...
No entanto, acredito que encontrar o Aidan, não, foi algo em vão, mas que deveria acontecer, por que através disso, eu tive um lar depois que a senhora Elen faleceu, eu tive alguém para me preocupar, eu tive uma pessoa para cuidar... E talvez, alguém para amar...
Então, Deus, se for para acontecer algo entre nós... Que aconteça, mas só não me deixe morrer mais ainda...
E nesse exato momento, as lágrimas caíram dos meus olhos, e eu chorei, em frente a luz e ao sol que cercava todo o meu ser, e sem perceber eu me recostei, acabei por pegar no sono, e cochilar ali mesmo.
******
Após aquele cochilo, acordei com o corpo todo dolorido sobre a cadeira de rodas, acredito estar com dor de pescoço, penso, mesmo que esta expressão não exista.
Sorri, pensando, você é muito diversa Saara.
Peguei meu celular, e vi que o relógio digital, marcava 8h04min da manhã, e pensei, não acredito que eu dormi tanto tempo assim em uma cadeira de rodas, é impressionante como sou resistente, admito.
Sendo assim, eu ajeitei o meu cabelo, e saí do quarto, na intenção, de encontrar Aidan, em qualquer lugar.
No entanto, um receio veio sobre o meu coração...
Será que ele quer me ver?
Não seria ruim se ele surtasse novamente por minha causa?
O que eu faço?
Fiquei parada no corredor, quase que 5 minutos, pensando no que fazer?
Até que, Joanna, apareceu.
- Bom dia, senhorita Saara.
- Bom dia, Joanna.
- Como a senhora se sente?
- Cansada, mas bem.
- Compreendo.
- Está a procura do mestre Frankfurt?
- Oh... Sim. Ele deve estar tomando café a mesa, certo?
- Não senhorita. O senhor, Frankfurt, o impediu de sair do quarto. Além disso, ele está ardendo em febre.
- Ardendo em febre? Ele está bem? Está doente?
- Não se preocupe, ele está bem, estou cuidando dele. - Afirmou ela.
Enquanto eu pensava no que fazer.
- Joanna, eu sei que é pedir muito, mas me deixe cuidar dele.
- Senhorita, eu não posso desobedecer às ordens do senhor Frankfurt.
- Eu sei. Mas Joanna, eu prometo que serei rápida, por favor, me deixe vê-lo.
- Tudo bem. Seja breve, enquanto o Senhor Frankfurt está fora.
- Muito obrigada, Joanna.
Dito isso, nós prosseguimos, até o quarto de Aidan, ela destrancou a porta e disse:
- Qualquer coisa, é só me chamar. Estarei trancando o quarto por fora, para evitar que os outros funcionários a vejam.
- Certo.
- E Joanna, obrigada mais uma vez.
- Disponha. Estarei aqui para o que precisar.
Sorrimos, e logo em seguida entrei.
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