Capítulo 1 : Bem me Quer
Sejam bem-vindos! E tenham uma boa leitura!
Outono, de 2017
Após aquele dia, a minha vida toda mudou...
Meus pais estavam mortos, e eu, estava sozinha, em cima de uma cadeira de rodas após levar um tiro na medula espinhal.
Aquela sensação, foi uma das piores sensações que eu já senti, o som da bala, o estalo quando aquele metal colidiu com a minha pele viva, aquela arma perfurar a minha carne, o sangue escorrendo por todo o meu vestido e por fim manchando todo o chão.
A dor era incomparável, e eu podia apenas gritar ao sentir aquela adrenalina, aquele nervosismo, e aquele desespero por ver os meus pais sendo mortos por alguém...
Esse alguém, tinha cabelos cumpridos e castanhos, usava uma máscara branca com um sorriso forçado, cobrindo o rosto, uma capa preta e uma bota de couro.
Seus passos eram firmes em meio ao sangue de todas as vítimas, não tinha nenhuma alma viva naquele lugar, mas apenas eu, que permanecia entre a vida e a morte...
Ao perceber os meus movimentos de dor, o assassino caminhou lentamente até mim, com a arma na mão, ele a direcionou até a minha cabeça, mas antes que puxasse o gatilho, as sirenes da polícia soaram do lado de fora do prédio.
Sendo assim, ele rapidamente prosseguiu para o elevador apressado.
Retirou o capa preta banhada de sangue, e retirou a máscara...
Mas antes que eu pudesse ver o seu rosto, os meus olhos caíram, a minha vista escureceu e eu desmaiei.
Anunciando talvez a minha morte, mas não... Eu sobrevivi, mas apenas para viver em um dos meus piores pesadelos.
Agora, com 18 anos, eu vivo em um conjunto habitacional com uma senhora de 90 anos, já que prometi que lhe faria companhia cuidaria, em troca de um lugar para ficar.
O relógio marcava 18h30 da noite, o tempo já escurecia, conforme as horas se passavam. Eu estava assentada a mesa velha e clássica da vovó, lia o jornal para ela, enquanto ela bebia um gole de seu natural chá de camomila, comia biscoitos amanteigados, fazendo-lhe companhia.
- Mais assassinatos... As coisas estão ficando difíceis aqui em Northwest. - Afirmou Senhora Elen.
- Nem me diga, até parece que estamos em um episódio de Riverdale.
- Riverdale? O que é isso, mocinha?
- Se esqueceu que eu não sou mais jovem como você.
- Mas é claro que não, eu ainda poderia confundi-la com uma garota universitária, que ninguém iria perceber.
- Oh, querida! Não brinque comigo, já sou uma velha de 90 anos. - Sorriu ela.
- Mas, tenho mais é tristeza por você. Sendo uma jovem tão bonita, mas dependente dessa cadeira de rodas.
- Isso não a incomoda?
- Sim... E muito.
- Sei que não vou me casar, que não terei filhos, já que ninguém está interessado em passar o resto da vida cuidando de uma cadeirante como eu.
- Além disso, acho que eu não conseguiria confiar em outra pessoa novamente, ainda mais um homem, já que eu ainda tenho pesadelos com aquele assassino.
- Oh... Sinto muito Saara, você é tão jovem, mas já passou por tanta coisa, tanto sofrimento, que peço a Deus, que quando você se tornar uma velha como eu, possa ter sossego e felicidade.
- Além disso, não se apavore, o homem certo não ligará se você anda de cadeira de rodas ou não, ele apenas irá dar importância aos seus sentimentos e amor que sentem um pelo outro.
- Mas não é essa a questão, o meu real medo e que talvez essa pessoa se arrependa e acabe frustrando a sua própria vida, e tendo que viver para o resto da vida comigo.
- Não se sinta assim, querida. O amor ele tudo suporta, e se essa pessoa te ama ela viverá para sempre com você.
- Como o meu falecido marido, que Deus o tenha.
- A senhora o amava?
- É claro. Foi amor a primeira vista, assim que nossas olhares se encontraram eu soube, ele é o homem que quero passar o resto da minha vida.
- Os meus pais, não queriam aceitá-lo, no entanto, eu não deixei ninguém tirar aquele amor que eu tanto sentia por ele. Então fugi com ele para cá, com o suor do rosto dele, nós alugamos a nossa primeira casinha, nos casamos, e tivemos o nosso primeiro filho, Huberte e depois o Sam.
- Então, minha jovem, nunca deixe ninguém impedi-la de amar alguém. Se você sente que ele é o amor da sua vida, não exite em se jogar de cabeça. Mas antes disso reveja a intenção e o caráter desse rapaz. Pois uma vez que você casa, jamais se separa.
- Acho bonito que a senhora pense assim, ambas as pessoas ao nosso redor, veem o casamento como qualquer coisa e não dão importância a ele, quanto no passado.
- As garotas hoje em dia não se comprometem em se entregar a apenas uma pessoa.
- Entretanto, eu gostaria de poder me casar e me entregar para apenas um homem que eu amasse.
- Mas acho que isso não é possível para mim, afinal, homens querem garotas normais, garotas perfeitas, garotas que não tenham pensamentos e traumas tão complexos como os meus.
- E eu, não sou uma delas...
Após a nossa conversa, que durou alguns minutos, o relógio marcava 19h23 da noite. Estava quase na hora do jantar. Vasculhei os armários, mas nada encontrei de bom e saudável para preparar, pois havia apenas algumas bolachas salgadas, aveia e aspargos na geladeira.
Minha barriga roncava, então me virei para a Senhora Elen, e perguntei:
- O que a senhora gostaria para o jantar?
- Agora que perguntou, bem que eu estava com vontade de comer bolo de carne.
- A senhorita se incomodaria de preparar para mim?
- Mas é claro que não. Vou ao supermercado buscar.
- Oh, mas já está tarde, é melhor deixar para outra hora, não quero que você ande sozinha por aí a noite.
- É perigoso. Os homens poderiam querer tirar vantagem de você só por que você é uma cadeirante.
- Nada disso, vovó. Faço questão de buscar para a senhora. Aliás, se eu não for quem irá.
- Vamos! Me passe a lista do que precisa.
- Já que você insiste... Mas por favor tome cuidado, não quero perder a minha menina. - Suspirou ela, fazendo-me rir com o seu gesto atencioso.
- Pode deixar, eu voltarei em segurança para casa.
Após pegar a lista com todos os ingredientes necessários, vesti o meu casaco branco de frio, calcei um tênis all-star e saí pela porta com uma pequena bolsinha de dinheiro nos bolsos, me despedindo de Senhora Elen:
- Até logo, senhora! Voltarei em breve.
Empurrei rapidamente minha cadeira até o elevador e apertei o botão até o solo. Chegando na portaria, eu rapidamente me empurrei até o lado de fora, prosseguindo até a loja de conveniência mais perto.
Entrei pela porta, enquanto a mesma fazia um barulho no sino após a minha entrada. Me direcionei lentamente até às longas fileiras de alimentos, pegando o que eu precisava.
- Bom, já pequei a carne, bacon, cebola e os condimentos necessários, agora só falta o farelo de pão. - Resmunguei em voz alta.
Dito isso, eu peguei o último elemento, e fui até o caixa, e paguei a conta, saindo logo em seguida.
A rua estava pouco movimentada, os postes já fracos, iluminavam a rua em fileira, enquanto eu seguia com a minha cadeira de rodas tranquilamente. Até que a silhueta de dois homens surgiu atrás de mim, eles se distanciavam de um beco, como se estivessem me perseguindo. E nesse mesmo instante meu coração disparou, o meu corpo acelerou, e eu só ponderava correr o mais rápido possível com aquele cadeira de rodas, que simplesmente parecia ser a minha inimiga naquele momento!
Com o coração já na boca, eu respirava ofegante, olhando de um lado para outro buscando socorro! Mas nada, a rua estava escura e não tinha nenhuma alma viva em lugar nenhum. O que apavorou-me, e me fez rever aquele mesmo trauma passado...
O medo corria desesperadamente por minhas veias, e de repente o meu corpo começou a tremer incomumente, enquanto os homens se aproximavam!
- Fiquem longe de mim! - Gritei, enquanto os homens começavam a rir sarcasticamente apertando mais o passo.
- Queremos apenas conversar, garotinha.
- A mocinha não gostaria de um par de pernas se viesse conosco?
- Eu nunca irei com vocês! - Gritei acelerando mais as rodas.
- Se afastem, ou vou chamar a polícia! - Exclamei agarrando o celular.
- Você não se atreveria! - Assim que ele disse isso, um deles conseguiu me alcançar, empurrando minha cadeira para o chão, e juntamente o meu corpo.
Eu caí de bruços, quase com o rosto no asfalto, o que foi com certeza uma queda feia. E como sempre eu não sentia as minhas pernas, elas estavam rígidas e formigavam como nunca, enquanto eu sentia muita dor.
- E agora cadeirante, como a polícia vai te ajudar?
Os meus olhos já estavam repletos de lágrimas, e pensava, o que esses homens irão fazer comigo?
E de mesmo modo, eu comecei a gritar, pedindo ajuda desesperadamente, enquanto eles apenas riam de mim.
- Não se preocupe, garotinha, nos seremos rápidos. - Disse um deles, indo em direção a mim e agarrando os meus pés, enquanto outro me segurava pelas mãos.
Eu tentei mordê-los e gritar o mais alto que eu podia, mas tudo era em vão sem as minhas pernas...
Porque eu não ouvi a senhora Ellen! Com pesar no coração, eu chorava e temia pela minha vida e o que aconteceria comigo naquele momento...
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