➤ 𝖢𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 𝖮𝗇𝖾
Estou uma pilha. Meus nervos formigam à flor da pele. Sei que estou fazendo a coisa certa, tive longos momentos de reflexão para pensar sobre isso e eu não poderia estar mais feliz em casar com a mulher da minha vida. Sei que momentos preciosos com ela serão rotina de agora em diante.
Hoje é o dia do nosso casamento.
O dia que Lalisa se entregará a mim por toda minha vida, e eu a ela. Não que eu precise de um documento assinado e alianças para saber disso, mas ela merece. Merece ter uma lembrança memorável sobre o dia que iniciará o nosso felizes para sempre.
Depois de uma proposta mais tradicional, dois meses depois de ter me ajoelhado diante dela, estou finalmente me casando. Não sou mentiroso a ponto de dizer que não estou feliz com isso. Geralmente consigo o que quero.
Olho para o teto e giro os ombros, tentando aliviar a tensão. Não vejo Lalisa desde ontem mais cedo, depois que Roseanne a sequestrou para sua despedida de solteira ou qualquer merda assim. Nic e eu passamos o dia juntos jogando, e a noite os caras apareceram na tentativa de me distrair com whiskys caros.
No entanto, sinto que agora estou prestes a infartar se não vê-la. Sei que ela está em alguma das suítes privadas desse enorme salão que reservamos para cerimônia, entrando em seu vestido de noiva para me encontrar mais tarde.
Junto as mãos e dou um giro no banco, ficando de frente para o balcão do bar. O barman serve uma taça de vinho branco para Jimin, sentado ao meu lado enquanto conversa com Nam.
— Eu vou querer também. — eu chamo a atenção do barman com um aceno, mas Nam me para.
— Não vai beber antes de se casar, idiota. — ele me avisa, dispensando o funcionário — Não sou eu que vai te levar cambaleando até o altar.
— Uma taça não vai deixá-lo bêbado a ponto de cambalear. — Jimin fala com uma risadinha.
— Eu não vou pagar pra ver. — Nam me olha — Prometi para garota que ia cuidar de você e que ela teria um noivo inteiro no altar.
— Você está certo. — eu apenas murmuro e encolho os ombros, ficando de costas para o bar.
De longe, vejo Kim Taehyung se aproximar com as mãos nos bolsos da calça e um sorrisinho de lado. O sujeitinho não me desce, mas tenho aprendido a aturá-lo por Lalisa.
Jimin tensiona ao meu lado, terminando de beber a taça de vinho branco num gole rápido, deixando-a sobre o balcão e se movendo com desconforto no banco.
— Olá. — o amigo de Lalisa fala, em seguida levantando a mão para o barman — O que há de mais forte. Por favor. — sua mão volta para o bolso da calça e ele olha para mim, ainda sorrindo — Preciso de algo bem forte para me esquecer do que vi.
Eu arqueio as sobrancelhas levemente, apertando a mandíbula. Nam não parece ter ouvido e Jimin não move nenhum músculo sequer, limitando-se a encarar Taehyung como um copo de Vodka.
Jimin detesta Vodka.
— O que quer dizer? — pergunto, querendo desafrouxar o nó da gravata borboleta envolta da minha garganta.
Isso está me matando.
Taehyung sorri mais uma vez, pegando o líquido amarelado que o barman deixou sobre o balcão.
Se eu socá-lo, talvez seu sorriso desapareça.
— Lisa. — ele faz um longa pausa ao dar um gole — No vestido de noiva.
Eu me levanto bruscamente, quase derrubando o banco do bar. Namjoon abaixa o celular e pela primeira vez olha na nossa direção, alarmado. Jimin continua inexpressivo.
— Você viu minha noiva? — eu jogo as palavras uma atrás da outra, desenfreado — Onde ela está?
— No quarto no final do corredor. — ele sinaliza, apontando o queixo na direção das escadas.
Eu não lhe dou uma resposta. Esquivo-me dele com rapidez e vou para o salão para chegar até as escadas, mas é difícil fazer isso com várias pessoas me parando e parabenizando pelo casamento a cada passo que dou.
Sei que sou a porra de um cara sortudo. Não preciso ficar ouvindo isso o tempo todo.
— O salão aberto está absolutamente lindo. Você e sua noiva tem muito bom gosto. Eu compraria o salão apenas para me casar de novo. — um dos meus sócios elogia, alisando a gravata na barriga saliente.
— Eu sei. — respondo.
Já vi o salão e está mesmo bonito. Nadia, nossa cerimonialista, garantiu isso. Lalisa pouco trabalhou nos preparativos do nosso casamento, queria poupá-la de se estressar demais, mesmo assim, ela resistiu e ajudou na escolha das fitas e flores.
O velho continua a falar. Ele deve ter percebido que não estou interessado, mas não parece o suficiente para que ele se cale. Com um sorriso potencialmente nervoso, interrompo-o:
— Agora, se me dão licença. — tentei ser cordial a medida que me afastava, mas pareceu apressado.
Quando me vi finalmente subindo as escadas, senti que estava a caminho dos céus. No corredor haviam várias suítes, todas desocupadas por enquanto, exceto por aquela última.
Primeiro ouvi risadas escandalosas e femininas, depois o som de passos vindo na direção da porta.
O porta de madeira branca com detalhes dourados se abriu e a mãe de Lisa apareceu usando um vestido de mãe da noiva. Eu sorri para ela, mas seu sorriso murchou em resposta. Ela deu um passo para trás e bateu a porta.
Bem na minha cara.
Que diabos.
Coloquei a mão na maçaneta e girei, chacoalhando.
— O que você está fazendo aqui, Jungkook? — a mãe de Lisa fala num tom exasperado, empurrando a porta e girando a chave por dentro.
Ainda com a mão na maçaneta, falo entre dentes, forçando um tom suave:
— Quero ver minha noiva, Vanna.
— Ainda não está na hora do casamento. — ela rebate, muito nervosa.
— Preciso ver minha noiva, Vanna. — tento reformular a frase na tentativa de convencê-la a abrir a maldita porta — Abra a porta, mamãe.
— Jungkook, nós vamos brigar se você não fizer o que eu te digo. — ela esbraveja — Você não tem nenhum respeito pelas tradições, menino?
— Nós não vamos brigar se você abrir a porta.
— O que está acontecendo?
Lalisa.
Empurro a porta, chacoalhando a maçaneta com mais força.
— Jungkook quer te ver, mas sua mãe não quer deixar.
Escuto a voz de Jisoo do outro lado, abafada por uma risadinha.
Traidora.
— Deixe-me entrar, Vanida. — estou cerrando os dentes e prestes a derrubar uma porta.
Quando disse que passaria por cima de todos para chegar até Lalisa, não incluía excessões.
— Não! — a mulher insiste — Agora vá, Jeon Jungkook! Você vai vê-la em meia hora.
A mãe de Lalisa está dando tudo de si, não que isso vá funcionar. Acho que o pouco de convivência que tivemos foi suficiente para que ela entendesse. Insisto.
— Peça para que ele saia, Lisa! — Vanna não está nada feliz.
— Está tudo bem, mãe. Apenas me dê cinco minutos com ele.
Um sorriso involuntário aparece no meu rosto e meus olhos brilham com aprovação.
— Você ficou louca? — a mãe de Lalisa berra, histérica — Mas e a tradição...
— Vamos, Vanna. Uns minutinhos não vão fazer mal, e ele nem mesmo precisa vê-la. — a voz de Roseanne soa próxima.
Ouço o som de resmungos e passos se afastando da porta, depois um longo silêncio que faz meu coração disparar em expectativa.
— Lalisa? — pergunto, o silêncio está me sufocando.
— Estou aqui. — ela murmura num tom sussurrado, bem próxima da porta, eu presumo.
Acho que nunca odiei tanto uma porta como agora.
— Você quase passou por cima da minha mãe. — ela tenta esconder o desejo na voz. Sei que quer me ver também.
— Ela estava meu caminho. — minha voz é baixa — Você vai abrir a porta?
— Isso dá azar. Não deveria me ver antes do casamento.
— Isso é besteira. Eu estou com saudades. — minha testa se inclina e toca a madeira da porta.
— Não faz nem um dia inteiro. — sua voz é rouca, controlada.
— Muito tempo.
— Você pode tentar adivinhar quantos botões do meu vestido você vai precisar se desfazer mais tarde enquanto espera por mim. Acho que isso vai ocupar um grande espaço na sua mente.
Eu gemo.
— Não pode me pedir isso quando não posso te ver, Lalisa.
Meus sentidos estão saturados. Meu corpo emana calor e pede pelo dela. Envolvo a mão em torno da maçaneta e aperto, fazendo-a tremer.
— Está pronta para dar esse passo? — pergunto baixinho.
Há um breve silêncio antes que ela responda.
— Está me perguntando se ainda quero me casar com você?
Eu sorrio muito de leve.
— Eu espero que ainda queira, mas só queria saber se você está pronta. — mordo os lábios — Você está nervosa, não quero que fique.
Mais uma vez ela fica em silêncio, como se considerasse minhas palavras.
— Vai me adorar mais tarde? — sua pergunta me faz sorrir delirantemente.
— Como uma deusa, Lalisa.
Tenho a sensação de que ela está sorrindo agora também.
— Acho melhor você ir embora. Não quero deixar meu noivo esperando.
— O que ele faria se soubesse que eu vou te adorar esta noite? — entro no jogo dela.
— Oh, ele acabaria com você. Tipo, te castraria, e depois perguntaria se você prefere ser enterrado ou cremado. Algo assim.
Eu arregalo os olhos.
— Ele parece meio louco. Não sei se quero encarar ele.
— Ele é. Meu louco. — ela dá uma risadinha
— Vejo você no altar. Vou ser a noiva.
Sorrio.
— Estarei lá.
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