𝐋𝐨𝐯𝐞?
Naquela noite...
Depois de jantarmos, Felix foi o primeiro a ceder ao cansaço. Ele deitou no sofá, dizendo que só descansaria por alguns minutos, mas logo estava dormindo profundamente. Minho e eu permanecemos na sala, um silêncio confortável nos envolvendo. Ele mexia no celular enquanto eu folheava o caderno novo que Felix tinha me dado.
"Han," Minho chamou de repente, sua voz mais séria do que o habitual. Olhei para ele, curioso. Ele colocou o celular de lado e se virou completamente para mim, apoiando os cotovelos nos joelhos.
"Tá tudo bem?" perguntei, percebendo algo diferente em seu tom.
"Eu preciso falar uma coisa," ele começou, parecendo buscar as palavras certas. "Já faz um tempo que eu quero te dizer isso, mas... nunca consegui encontrar o momento certo."
Eu franzi a testa, sentindo meu coração acelerar. "O que foi? É algo sério?"
Ele riu sem humor, passando a mão pelos cabelos. "Pra mim, é muito sério. E antes que você pense besteira, não é nada de ruim. Só... complicado."
Minho respirou fundo e, finalmente, ergueu os olhos para me encarar. Seus olhos tinham uma intensidade que me deixou desconfortável e, ao mesmo tempo, aquecido.
"Han, eu... eu gosto de você. Não só como amigo. Eu me apaixonei por você."
As palavras saíram, diretas e claras, mas o impacto foi como se o tempo tivesse parado. Eu pisquei, tentando processar o que ele tinha acabado de dizer. Minho desviou o olhar, nervoso, e continuou.
"Eu sei que esse pode não ser o melhor momento pra isso. Sei que você está passando por muita coisa, e talvez eu devesse ter esperado mais. Mas, depois de quase te perder, percebi que não queria deixar isso guardado. Eu precisava que você soubesse."
Meu coração parecia estar na garganta. As palavras dele ecoavam na minha cabeça, misturadas com a confusão e o medo de dizer algo errado.
"Minho..." comecei, sem saber exatamente o que dizer. Ele ergueu a mão, como se quisesse me parar.
"Você não precisa dizer nada agora," ele disse rapidamente. "Só queria que soubesse. E não importa como você se sinta, isso não vai mudar o fato de que estou aqui pra você, sempre. Isso nunca vai mudar."
Fiquei em silêncio por um momento, minhas mãos apertando o caderno com força. Finalmente, ergui os olhos para ele, sentindo um calor estranho se espalhar pelo meu peito.
"Eu não sei o que dizer," admiti, a voz baixa. "Eu nunca pensei que alguém pudesse se sentir assim por mim. Ainda mais você."
Minho sorriu, um sorriso pequeno e hesitante. "Eu sei. Você não precisa decidir nada agora. Só queria que soubesse como me sinto."
Eu assenti, ainda tentando absorver tudo. Havia algo no olhar dele, algo tão genuíno, tão cheio de carinho, que me fez sentir menos sozinho, menos perdido.
"Obrigado por me contar," murmurei, meu coração ainda acelerado. "Eu... eu preciso de um tempo pra processar tudo isso. Mas eu prometo que não vou me afastar."
Minho assentiu, parecendo aliviado. "Isso é tudo que eu preciso, Han. Tempo. E, enquanto isso, eu vou continuar sendo seu amigo. Sempre."
**
Mais tarde, naquela noite, enquanto Felix continuava dormindo no sofá, Minho me ajudou a arrumar o futon na sala. Ele ficou me olhando por alguns instantes, como se quisesse dizer algo mais, mas decidiu não forçar. Antes de apagar as luzes, ele se aproximou e bagunçou meu cabelo levemente, algo que sempre fazia.
"Boa noite, Jisung," ele disse, a voz suave.
"Boa noite, Minho," respondi, sentindo meu peito apertar levemente.
Quando ele se afastou e apagou as luzes, fiquei deitado no escuro, olhando para o teto. Meu coração ainda estava inquieto, mas, ao mesmo tempo, havia uma nova sensação ali. Algo que eu ainda não sabia como descrever, mas que, de alguma forma, me fez sorrir levemente.
Talvez, só talvez, fosse o começo de algo novo.
No dia seguinte...
A manhã chegou silenciosa, com os primeiros raios de sol atravessando as cortinas da sala. Eu me sentei no futon, ainda meio sonolento, mas com a cabeça cheia dos acontecimentos da noite anterior. Minho tinha se declarado para mim. A ideia continuava surreal, como se fosse um sonho que eu não sabia se queria acordar ou não.
Olhei para o sofá onde Felix ainda dormia. Ele parecia tão tranquilo, com o caderno apoiado contra o peito. Me aproximei devagar e notei que ele tinha escrito alguma coisa antes de pegar no sono. Curioso, mas hesitante, folheei as páginas até encontrar as palavras mais recentes.
"Minho se declarou para o Han hoje. Não sei por que isso me deixou tão triste. Talvez porque me sinto sozinho? Eles têm um ao outro agora, e eu... só tenho meus pensamentos. Às vezes, sinto que mesmo rodeado de pessoas, continuo sendo invisível."
Meu coração apertou ao ler aquilo. Eu nunca tinha pensado que Felix pudesse estar se sentindo assim, tão... solitário. Ele sempre parecia tão seguro, tão confiante. Fechei o caderno e o coloquei de volta no lugar, prometendo a mim mesmo que faria algo para ajudá-lo.
"Bom dia."
A voz de Minho me assustou, e eu me virei rapidamente. Ele estava parado na entrada da sala, ainda meio desarrumado, mas com aquele sorriso preguiçoso que ele sempre usava de manhã.
"Bom dia," respondi, tentando parecer natural.
"Felix ainda está apagado?" Ele apontou para o sofá, e eu assenti. "Ele deve ter ficado acordado até tarde de novo."
Minho se aproximou e sentou ao meu lado no futon. Por um momento, ficamos em silêncio, apenas ouvindo os sons leves da casa.
"Sobre ontem..." ele começou, mas eu o interrompi.
"Minho, eu ainda estou processando tudo, mas queria te agradecer por ser tão honesto comigo. Não foi fácil ouvir, mas eu fico feliz que você confie tanto em mim."
Ele sorriu, um pouco mais relaxado agora. "Eu não queria te pressionar, só achei que você merecia saber."
"Eu mereço," admiti, meu rosto esquentando. "E prometo que vou ser sincero com você quando entender melhor o que estou sentindo."
Minho assentiu, e aquele sorriso tranquilo voltou ao rosto dele.
"É tudo o que eu peço, Han."
Enquanto isso...
Felix começou a se mexer no sofá, os olhos piscando lentamente ao acordar. Ele nos viu sentados ali, conversando, e por um segundo seu olhar pareceu vazio. Mas então, ele forçou um sorriso.
"Bom dia, pessoal," ele disse, se espreguiçando.
"Bom dia, dorminhoco," Minho respondeu, brincalhão.
Eu apenas observei Felix, me perguntando como ele realmente se sentia por dentro. Ele era um mestre em esconder as coisas, mas depois de ler aquele trecho no caderno, eu sabia que havia mais acontecendo.
"Vamos tomar café?" sugeri, tentando aliviar a tensão.
Minho e Felix concordaram, e fomos juntos para a cozinha. Mas enquanto preparávamos a mesa, minha mente continuava voltando para o diário de Felix e para as palavras que ele havia escrito.
Eu sabia que precisava ajudá-lo, mas como faria isso sem que ele se sentisse exposto? E, ao mesmo tempo, como lidar com o que estava acontecendo entre mim e Minho?
A confusão dentro de mim crescia, mas uma coisa era certa: eu precisava ser forte, não só por mim, mas por todos nós.
A manhã começou fria, mas clara. O céu tinha aquele azul vívido que só o outono podia oferecer, e eu sabia que hoje era importante. Minho, Hyunjin e eu havíamos planejado cada detalhe para tentar trazer um pouco de alegria de volta à vida de Felix. Ele andava tão apagado ultimamente, e não podíamos permitir que continuasse assim.
Felix ainda estava na cozinha quando Minho e eu entramos animados, nossas expressões denunciando que algo estava para acontecer. Ele nos olhou desconfiado, segurando uma xícara de café quente.
"O que vocês estão aprontando?" ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.
"Surpresa!" Minho anunciou com entusiasmo, jogando um braço em volta dos meus ombros. "Você vai sair com a gente hoje."
"Saída surpresa?" Felix perguntou, rindo levemente, mas ainda com um tom de ceticismo. "E o que exatamente vocês planejaram?"
"Sem perguntas, só vá se arrumar," Hyunjin apareceu na porta, cruzando os braços com um sorriso. "Você vai amar."
Apesar da hesitação, Felix suspirou e foi para o quarto. Quando voltou, parecia um pouco mais animado, vestindo uma jaqueta estilosa e calça jeans escura.
"Espero que isso valha a pena," ele disse, meio brincando, meio sério.
"Confie na gente," respondi, tentando soar otimista.
O local era um prédio moderno, com paredes de vidro e uma entrada decorada com faixas que anunciavam a exposição: "A Alma em Cores". Sabíamos que Felix não era apenas um modelo famoso, mas alguém com uma apreciação genuína pela arte.
Assim que entramos, o ar parecia mudar. As paredes eram adornadas com pinturas vibrantes, esculturas impressionantes, e até algumas instalações interativas. Felix ficou em silêncio por alguns momentos, observando tudo ao redor. Seus olhos brilhavam com uma mistura de surpresa e fascínio que há tempos não víamos.
"Isso é... lindo," ele disse baixinho, andando lentamente até uma pintura de um campo dourado sob um céu alaranjado.
Hyunjin sorriu ao nosso lado. "Sabia que ele ia gostar."
Minho cutucou meu braço e apontou discretamente para Felix. "Olha só a expressão dele. É disso que estou falando."
Felix parecia imerso no ambiente, parando em cada peça, lendo as descrições com atenção. Sua postura relaxou, e por um momento, ele parecia genuinamente feliz.
Enquanto caminhávamos, Hyunjin puxou Felix para perto de uma instalação interativa onde as pessoas podiam escrever mensagens em papéis coloridos e anexá-los a uma árvore de metal.
"Você deveria escrever algo," Hyunjin sugeriu, sorrindo.
Felix hesitou. "Eu? Escrever o quê?"
"Qualquer coisa que você sinta," Hyunjin insistiu.
Depois de um momento de dúvida, Felix pegou um papel e uma caneta. Ele escreveu algo rapidamente, dobrando o papel antes de colocá-lo na árvore. Hyunjin fez o mesmo, mas, ao contrário de Felix, ele não tentou esconder o que estava sentindo.
"Eu vou ser honesto aqui," Hyunjin disse de repente, olhando para Felix. "Eu trouxe você porque me importo. E, bom... porque eu gosto de você, Felix. Não só como amigo."
Felix ficou imóvel, claramente pego de surpresa. "Hyunjin..."
"Eu sei que talvez isso seja um choque, mas eu precisava dizer," Hyunjin continuou, a voz firme. "Eu quero estar ao seu lado, não importa o que esteja acontecendo. Você não precisa se sentir sozinho."
Felix abriu a boca para responder, mas foi interrompido por um guia que anunciava que uma das salas interativas estava abrindo. Ele desviou o olhar, claramente processando o que tinha acabado de ouvir.
O dia terminou com Felix mais calado, mas não daquela maneira distante de antes. Ele parecia estar refletindo sobre algo, como se as palavras de Hyunjin ainda ecoassem em sua mente.
Quando chegamos em casa, ele nos agradeceu discretamente antes de subir para o quarto. Minho se jogou no sofá, exausto.
"Acho que foi um bom dia," ele disse, sorrindo para mim.
"Com certeza," concordei, embora soubesse que Felix ainda tinha muito a pensar.
E Hyunjin? Ele simplesmente deu um sorriso enigmático antes de sair, deixando claro que estava disposto a esperar.
Capítulo: O Último Adeus
Han Jisung estava parado no terraço do prédio, sentindo o vento frio tocar seu rosto. A cidade ao redor parecia tão viva, tão cheia de movimento, mas dentro dele havia um vazio impossível de descrever. Era como se estivesse assistindo à vida de longe, sem fazer parte dela.
Os últimos dias tinham sido difíceis, e ele sabia que não havia mais saída. Por mais que tivesse tentado esconder, o peso era grande demais para carregar sozinho. Ele olhou para o céu nublado, desejando poder se perder entre as nuvens, desaparecer sem deixar rastros.
Com mãos trêmulas, Jisung tirou um papel do bolso e se sentou no chão frio. Sua caligrafia era irregular, mas ele continuou escrevendo:
"Para meus amigos,
Minho, Felix, Hyunjin,
Eu não sei como começar isso, mas, antes de tudo, quero que saibam que vocês foram o motivo de eu ter aguentado por tanto tempo. Minho, você trouxe luz aos meus dias mais sombrios, mesmo quando eu não deixava você ver o quanto eu estava quebrado. Felix, você sempre foi minha inspiração, alguém que eu admirava em silêncio, mesmo quando não conseguia demonstrar. E Hyunjin... obrigado por sempre me olhar com tanta empatia, mesmo quando eu não merecia.
Eu tentei, de verdade, mas as feridas que carrego são mais profundas do que consigo suportar. A dor nunca foi embora; ela apenas se escondeu, esperando o momento certo para me consumir. Não quero que vocês pensem que falharam comigo, porque isso nunca foi culpa de vocês. Vocês foram minha família, meu porto seguro, e eu os amei mais do que consegui mostrar.
Por favor, continuem vivendo, continuem amando. Eu estarei em paz agora.
Com amor,
Han Jisung."
As lágrimas molharam o papel, mas ele não tentou limpá-las. Colocou a carta dentro do bolso novamente e se levantou, encarando o vazio à sua frente. O mundo parecia tão distante, e ele finalmente sentia um estranho senso de tranquilidade.
Antes de dar o próximo passo, ouviu a porta do terraço se abrir bruscamente.
"Jisung!"
Era Minho. Ele correra sem pensar, guiado apenas por um sentimento avassalador de que algo estava errado. Seus olhos encontraram os de Jisung, e o coração apertou ao ver a expressão de dor no rosto do outro.
"Minho... por que você está aqui?" Jisung perguntou, sua voz tremendo.
"Porque eu sabia. Eu sabia que você não estava bem, e não importa quantas vezes você tenha tentado esconder, eu sempre soube," Minho disse, dando passos cautelosos em direção a ele. "Você não precisa fazer isso, Jisung. Por favor, volte comigo."
"Não posso," Jisung sussurrou, desviando o olhar. "Eu... já tomei minha decisão."
"Você não entende o quanto você é importante para mim," Minho continuou, sua voz carregada de emoção. "Eu te amo, Jisung. Sempre te amei, e não posso te perder assim. Se você pular, eu não sei se vou conseguir continuar."
Essas palavras pareceram atingir Jisung como um golpe. Ele sentiu suas pernas fraquejarem, lágrimas escorrendo livremente agora. "Você não pode me salvar, Minho. Ninguém pode."
"Então deixe-me tentar!" Minho gritou, finalmente alcançando-o e segurando seu pulso com força. "Se você está caindo, eu vou cair com você. Mas, por favor, me dê uma chance de estar ao seu lado. Você não precisa fazer isso sozinho."
Jisung desabou nos braços de Minho, soluçando enquanto as palavras de desespero escapavam de seus lábios. "Eu não consigo mais, Minho. Eu só quero que a dor acabe."
Minho o segurou firme, ignorando suas próprias lágrimas. "Eu sei que dói. Eu sei que parece que nunca vai passar, mas eu prometo que vou estar aqui, todos os dias, até que você consiga enxergar uma saída. Você não está sozinho."
Jisung, pela primeira vez em muito tempo, sentiu um pequeno fio de esperança. Não era o suficiente para apagar a dor, mas era o bastante para fazê-lo hesitar. Talvez, apenas talvez, ele pudesse tentar mais uma vez.
Enquanto Minho o abraçava, ele sussurrou: "Eu vou tentar. Por você."
E ali, sob o céu cinzento, o primeiro passo foi dado.
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