Toronto? Toronto!
Depois de terminar a escola, todos os dias eu ia para uma escola de música no centro de Paris ter aulas particulares de canto e violão. Eu realmente não esperava que cantar fosse se tornar uma paixão minha, como acabou acontecendo. E eu dei um jeito de continuar cantando, mesmo que fosse só por hobbie — e mesmo após o Stars From Nightmare decretar o seu fim.
Por mais de um ano nós ficamos na ativa, sem alterar a formação da banda ou nos envolver em alguma polêmica. Porém, nem tudo dura para sempre. E, infelizmente, eu e a banda caímos nessa "maldição" do fim.
Nós lançamos um álbum de estúdio um mês depois da minha formatura, e este álbum vendeu mais de um milhão de cópias na França em quatro meses. É um número considerável, não? Ficamos famosos no país. Muito, muito famosos. E com a fama, vieram os compromissos: fizemos uma turnê. Passamos por várias cidades francesas, até chegar no final do ano novamente. E, ao final da turnê, nós estávamos ainda mais famosos do que quando a iniciamos. A gente também tinha decidido a elevar a nossa carreira à nível internacional, porém aconteceu algo que nos fez abortar essa ideia.
Nada se pode manter escondido dos fãs. Quando você é famoso, eles pesquisam tudo sobre a sua vida e ficam sabendo até mesmo dos mínimos detalhes — que é uma coisa que, a princípio, eu me assustei muito. Quando fui ver, os meus fãs sabiam coisas sobre mim que até eu mesma já tinha me esquecido! Eles eram capazes de escrever um livro sobre a minha pessoa, e caso façam isso algum dia, eu virei aqui dizer que tudo o que está escrito ali é verídico.
Obviamente as pessoas conheciam a minha treta com a Debrah. A minha fanbase ficou do meu lado e me defendeu de muitos ataques nas redes sociais (que eu recebi por causa da polêmica — mesmo ela sendo relativamente velha).
Só que, mesmo assim, diante desse hate excessivo, eu optei por desativar as minhas contas temporariamente. Todos aqueles comentários negativos não estavam me fazendo bem psicologicamente e eu achava que, fazendo isso, eu teria tempo de avançar na terapia (que eu comecei a fazer), e os haters teriam tempo de esquecer do motivo pelo qual estavam me atacando.
Só que o meu tiro saiu pela culatra.
As pessoas começaram a me xingar através das redes sociais da banda — e dos outros integrantes. Eu fiquei tão mal por isso que cogitei deixar o grupo, porém fui impedida pelo Dimitry. Ele teve uma conversa séria comigo, dizendo que as pessoas comentavam mesmo e que eu não deveria ligar para a opinião alheia — o que, convenhamos, me fez erguer a cabeça por um momento, engolir o choro e dizer pra mim mesma que eu aguentaria aqueles ataques e que tudo era passageiro.
Só que não.
Foi tudo uma farsa, na verdade. Isto porque, meses depois, percebi que os comentários me afetavam demais, ainda. As pessoas não paravam, e isso me fazia ficar mal comigo mesma. Então eu cheguei no líder e falei que a minha decisão era definitiva e que ele não deveria tentar me impedir, dessa vez.
— Tudo bem. — ele me disse, em resposta. — Farei um post anunciando a sua saída, amanhã.
E, de fato, fez. Porém o post foi um pouquinho diferente do que eu imaginava que seria: ao invés de apenas anunciar a minha saída, ele anunciava a separação do grupo.
Claro que fiquei doida! Quando questionado, o rapaz apenas me respondeu que o Stars From Nightmare não existirá mais sem mim e que, caso eu queira, futuramente poderemos nos reunir novamente e lançar um álbum de retorno.
Durante o pouco mais de dois anos que estive na banda, eu fiz amizade com cada um dos integrantes. Eu contei meus segredos à eles, assim como eles contaram os seus à mim. Então, nós nos tornamos o que muitos chamariam de família. E é por este motivo que eu não duvidava que, se futuramente as coisas andassem bem, nós poderíamos regressar.
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Eu aproveitei o meu afastamento da banda para estudar e conseguir organizar as minhas aplicações para a faculdade. Depois de muitas feirinhas de profissões e testes vocacionais, eu optei por cursar Literatura. Sabe, eu precisava fazer algo que me mantesse longe da mídia e que servisse para ocupar a minha mente, e este fato, junto ao de que eu amo ler e escrever, me fizeram tomar uma decisão até que rápida. Dessa forma, eu teria tudo em mãos para me tornar uma escritora — que é o que estou fazendo agora, e não há prova melhor do que o livro que vocês estão lendo neste momento — (não que eu imaginasse que um dia eu me tornaria escritora, mas eu decidi tentar e acabei gostando), ou então eu poderia dar aulas para crianças. Eu sempre gostei de crianças. E dar aulas de literatura para elas não me parecia uma má ideia.
Eu fiz aplicação para cinco universidades diferentes, porém só fui aceita em duas delas. Se tratam da Sorbonne Université e da University of Toronto.
Sim, Toronto. É de lá que eu vim, é de lá que eu sou natural.
Um dos meus sonhos de criança era estudar na University of Toronto, e nos meus dois primeiros anos de High School eu estava me preparando para isso. Porém, com a proposta de trabalho recebida pelo meu pai e a nossa mudança para Paris, eu passei a visar estudar na Sorbonne Université. Porém — "só para testar", eu diria —, enquanto eu organizava as minhas coisas para a aplicação na faculdade, acabei decidindo mandar o meu currículo para a do Canadá, também. Algo me dizia que eu não seria aceita, porém eu queria dormir com o pensamento de que "pelo menos, eu tentei".
E quando recebi o e-mail de aprovação, o meu coração foi à mil! Eu tinha conseguido ser aprovada na minha faculdade dos sonhos, não tinha como o meu dia ter ficado melhor!
A minha família ficou feliz por mim, é claro. Meus pais não se preocuparam comigo me mudando — novamente — de país, visto que, dessa vez, era para o nosso país natal — no qual ainda tínhamos as nossas riquezas guardadas. Minha mãe era proprietária de um apartamento mobiliado próximo à faculdade. Ela se empolgou tanto que literalmente me deu o apartamento de presente!
Quando contei para os meus amigos e o meu namorado, eles ficaram igualmente empolgados com a minha conquista. Porém, eles ficaram cabisbaixos com o fato de eu ter que me mudar. E, convenhamos, por (pelo menos) os quatro anos de curso, seria complicado vê-los pessoalmente — a menos que eu fizesse viagens para a França ou que eles viessem me ver no Canadá —, e devido à isso eu pensei em recusar a oferta. Só que, como sempre, alguém interveio nos meus devaneios para me dizer que desistir do meu sonho de anos por algumas pessoas que eu conheci meio que "recentemente" era uma ideia estúpida. E essa pessoa foi o Lysandre.
— Como assim, Lys? Você não vai sentir a minha falta?
— É claro que eu vou, meu amor. — ele segurou o meu rosto entre as mãos e me deixou um beijo na testa. Estávamos a sós, sentados no mesmo banco do parque no qual nos beijamos pela primeira vez. Eu o levei até lá para contar a novidade... — Cada dia sem você aqui será como uma eternidade para mim! Porém, você tem um sonho desde a sua infância. Eu não acho justo que você desista de correr atrás dos seus objetivos por estar muito apegada à pessoas que não participaram da trajetória da sua vida desde sempre.
Nisso ele tinha razão. Mesmo que eu amasse os meus amigos, eu os conheci a pouco tempo, relativamente. Antes mesmo de os conhecer, eu já era a Flaysa que sonhava em estudar em Toronto. E, no final das contas, seriam só quatro anos, né? Quatro anos passam rápido. Quando eu menos esperasse, eu poderia estar voltando para a França para ficar perto dos meus amigos e da minha família.
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Chegou o meu dia de viajar. O meu vôo estava marcado para às dez da manhã, porém às oito eu já estava no local de onde embarcaria. Eu tratei de resolver todas as questões com o aeroporto antes de começar a me despedir dos meus entes queridos — enquanto, também, dava tempo para que os meus amigos chegassem para que a despedida fosse completa.
Rolou muito choro, é claro — por parte dos meus pais, então... Rosalya e Alexy também choraram pra caramba. Me fizeram prometer que eu os ligaria de vídeo todos os dias, lhes mandaria fotos, cartões-postais e presentinhos de Ontário. Eu mandaria, porém, em troca, eles também me mandariam coisinhas da França.
A despedida mais difícil, para mim, foi a com o meu namorado. Na véspera da minha viagem, ele tinha me ligado se declarando e dizendo que eu faria muita falta. Eu chorei ouvindo as suas palavras. Porém ele me deu confiança, dizendo que, mesmo à distância, o nosso relacionamento se manteria forte e que nós conversaríamos todos os dias.
Fazia aproximadamente dois anos que nós passamos de um simples crush de escola para um casal, de fato. E no momento do aeroporto, eu sentia como se o Lysandre fosse uma parte de mim. Não sei quando foi que eu comecei a amá-lo tanto a ponto de acreditar que ele era minha fonte vital, porém eu não conseguia mais me imaginar sem ele. Foi ele o meu primeiro namorado e foi com ele que eu perdi a minha virgindade. Ele tinha me proporcionado coisas especiais, e eu passei a amá-lo como se fosse a única pessoa com quem eu quisesse passar o resto da minha vida.
E eu queria. Eu queria casar e ter filhos com ele.
E, sabe? Foi por causa dele que eu comecei a acreditar que sim, o amor pode superar as barreiras impostas pela distância e proporcionar que a gente esteja junto durante esses quatro anos, mesmo morando longe um do outro. Com ele eu não estava com medo de dar errado. Com ele eu queria que desse certo, e faria o possível para que isso se realizasse.
Por isso eu encarei os seus lindos olhos bicolores minutos antes de entrar no avião. Eu fui fitada de volta, com um olhar entristecido — mesmo que ele tentasse disfarçar que estava incomodado com a minha partida. Eu não consegui ficar ali, apenas o vendo triste, sem fazer alguma coisa. Então eu dei um passo adiante e envolvi as minhas mãos em sua nuca, o puxando até a minha altura, para lhe beijar.
Foi um beijo triste, porém cheio de emoção. Um beijo que me disse que a nossa história estava apenas começando; um beijo que realmente me encheu de esperança para quando eu retornasse à Paris.
A gente ficou ali pelo o que pareceu uma eternidade, e nos separamos devido a minha falta de ar (maldita falta de ar). Mas foi até um bom momento para eu ficar sem ar, visto que, quando olhei o relógio mais uma vez, notei que faltavam poucos minutos para o meu vôo decolar — sinal de que, agora, eu precisaria correr.
Eu dei mais um abraço e um beijo na bochecha em cada um que estava ali comigo e fui correndo até o portão de embarque. Antes de sair, entretanto, me virei na direção deles mais uma vez e lhes fiz um coração. Logo após tive realmente que correr para conseguir entrar no avião antes da última chamada acabar.
Eu não encarei essa despedida como um fim, mas sim como um recomeço. Vamos aos fatos: eu estava no início da minha vida, indo estudar em uma das melhores universidades do mundo e sem precisar me preocupar com coisas básicas: como aonde eu iria morar ou como eu iria me sustentar. Dali algum tempo eu estaria de volta à Paris. E eu seria uma outra Flaysa, definitivamente.
Eu faria de tudo para retornar melhor do que eu saí.
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CABAMOOOOSSSSSS!
Ai, gente, me digam aí o que acharam desse final! Eu simplesmente amei escrever este capítulo — não por causa da despedida ou algo do tipo —, porque eu sei que ainda não acabou!
Mesmo que este primeiro livro tenha chegado ao fim, a menina Flaysa ainda tem muita prosa para contar! E podem ter certeza que ela ainda vai contar muita coisa para vocês!
Me digam aí, quais são os seus palpites para o segundo livro? Acham que vai se passar na França ou no Canadá? Acham que o relacionamento à distância da Flaysa e do Lysandre vai durar? Acreditam que ela vai mudar — a sua aparência ou personalidade?
Com certeza a Flaysa vai aprender muito estando na faculdade, morando sozinha, longe dos pais e do namorado, não é? Então, vocês estão ansiosos para saber aonde ela vai se meter?
Pois eu também estou.
Aliás, já adianto aqui que o segundo livro da trilogia "Flaysa" já está em produção!
Uhuuuuu!
Então aguardem, bebês, porque muito em breve eu estarei trazendo novidades para vocês!
Aproveitem e me sigam aqui no Wattpad, assim quando eu postar alguma coisa relacionada ao livro no meu mural, vocês receberão um aviso. Ah, e é claro: não se esqueçam de deixar este livro salvo na biblioteca, porque assim, quando eu o atualizar, vocês também serão notificados!
É isso, nos vemos em breve! Beijinhos e se cuidem!
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