08 - SARGEANT WATANABE
ˁᴬᴿᴳᴱᴺᵀᴬ ᵂᴬᵀᴬᴺᴬᴮᴱ
O SOL QUEIMAVA fortemente em meu rosto, faltava pouco para me deixar totalmente cega. Comparado a quando acordei eu não estava mais tão irritada. Primeiro fui arrancada da minha cama a força e agora estou sendo obrigada a ouvir um texto deprimente do garoto que, mesmo não estando fedendo tanto, ainda parecia não tomar banho a anos.
Quando vi ele sem seus outros dois amigos já sabia que eles provavelmente tinham morrido, não me impressionei com o baixinho e sim com o loiro. Ele era bonitinho e parecia ter potencial, bem que dizem que nem todo mundo é o que parece ser.
— Eu achava que eu iria sobreviver, e voltar ao mundo real com todos os outros. Mas se isso ano for possível, eu gostaria que pelo menos a Usagui conseguisse retornar. Só por isso eu ainda tô vivo. — o garoto disse terminando seu discurso
— Que comovente. — Chishya falou ao meu lado
— Eu achei fofo.
— É um belo sonho, é muito nobre. Sou que é impossível de ser realizado.
— Você precisaria vencer todos os jogos e se tornar o número um. É impossível.
— Eu agradeço, mas penso diferente. — o sujinho disse ainda no mesmo canto
— Achamos que vocês dois tem potencial, por isso a gente veio aqui falar com você.
Me afastei um pouco sentando em um degrau ali perto, eu realmente não estava interessada em ouvir Chishya explicando sue plano pela segunda vez. Eu não participaria mesmo. Eu sabia que quando algo começasse a dar errado ele se salvaria e deixaria o resto a Deus dará. Assim como ele, eu garanto minha segurança não participando.
Não importa quanto tempo passe desde que nós nos conhecemos, ou quanta intimidade temos, ele não muda, e eu sei que também não mudaria por mim, não existe nem um porque. Eu não daria minha vida por um amigo, ou melhor amigo, até porque era isso que éramos, não é?
Chishya é aquele que mataria quantos fossem preciso para manter alguém importante em segurança, mas mataria esse alguém para se manter em segurança. Talvez eu não fosse tão diferente.
Era hora de ir para os jogos, não para mim, para o chapeleiro. Desde que cheguei não o vi indo para nenhum jogo, o que no início me fez questionar se ele havia criado toda aquela merda, mesmo que eu não acreditasse que fosse humanamente possível. Mas agora ele finalmente iria para um jogo. O chapeleiro tem cara de ser uma pessoa extremamente esnobe e soberba, não é preciso conviver com ele para perceber isso. Contando com esse fato, ou ele escolheria uma arena com chance de ter um jogo extremamente violento e voltaria se achando mais ainda, ou ele escolheria uma arena com chance de ter um jogo extremamente violento e morreria lá mesmo.
Talvez eu estivesse errada, mas isso não acontece com tanta frequência então prefiro acreditar no que minha mente diz ser um fato.
Pensei comigo mesma encarando os carros indo embora de uma janela na infinidade de corredores iguais da praia. Olhei para o final desse mesmo corredor vendo Arisu e Usagui conversando, provavelmente sobre o plano genial de Chishya. Olhei para os dois dando um sorriso simpático — na minha percepção — que venho treinando a alguns dias. Os dois se entreolharam provavelmente estranhando, não julgo eles, me ver sorrir é quase como ver Chishya sendo simpático. Dei uma leve risada pensando na situação totalmente fútil e inexistente. A garota deus um pequeno sorriso e cutucou o menino do seu lado. Acenei de volta logo virando a esquina do corredor e desmanchando o sorriso
Esse negócio de ser uma pessoa simpática e sociável realmente não é pra mim.
— Pra que tantas reuniões se vamos todos morrer a qualquer momento? — disse antes de entrar na sala ao lado de Arisu e Chishya
O loiro soltou uma pequena risada nasal, quase imperceptível. Minha feição caiu totalmente quando entrei na sala, percebendo que as vezes — ou sempre — era melhor guardar meus pensamentos para mim mesma, porque alguns me olhavam com cara de que ouviram o que falei segundos atrás.
Declarei aposta ganha para a segunda opção da minha mente como se eu fosse uma casa de apostas ambulante. O chapeleiro estava morto.
A mulher de cabelos curtos e blusa branca entrou na sala junto com o mais baixinho de camisa azul.
— Parece que ele não zerou o jogo. — Caramba, que visão impressionante, eu ano perceberia se não recebesse essa informação — A equipe de manutenção achou ele por acaso em Shinjuku.
A mulher chegou mais perto dele para examinar o mesmo.
— Opa, pode tirar a mão daí, louca da dissecação. — o nojentinho disse
— Ele foi atingido por um tiro. O jogo de envolvia armas de fogo?
— É provável, e quem estava perto ouviu barulho de tiros.
— Eu avisei que ele devia ter levado um grupo de milicianos junto! — o nojentinho abriu a boca mais uma vez
Senti o olhar de Chishya recair sobre mim e logo olhei para ele, que parecia entediado com toda aquela discussão, eu não estava muito diferente.
— E a praia, o que vai acontecer agora? — um garoto que eu não lembro de ter visto disse
Passei uns dez segundos encarando o menino. Por que ela parece com aqueles indiozinhos de desenho infantil? Estranho. Tá legal, me desconcentrei com coisa idiota e sem sentido de novo.
— Não contem sobre isso para outras pessoas, elas vão ficar abaladas. — Mira falou com sua voz extra cínica
Não que eu não goste dela, só não vou com a cara dela, e com a voz dela, e não sei, ou jeito dela? É eu não gosto muito dela.
— Já que eu sou o número dois, eu sou o líder.
— Espera aí, o líder não deveria ser o mais forte? — e como se tivessem respostas automáticas na minha boca, eu rebati
— Nesse caso você já tá descartado, não é?
O garoto me olhou indignado. Ele riu e veio até mim com a arma ainda em seus ombros.
— O que você quis dizer com isso Watanabe?
— Que entre todos nós você não é o mais forte nem de longe.
Ele me encarou com ódio como se realmente fosse me atacar mas logo recuou com sua arma, colocando um sorriso falso no rosto enquanto lambia seus lábios, com um piercing reluzente. Continuei parada, sem tremer, temer ou demonstrar alguma reação.
Regra número oito da família Watanabe: Nunca, em hipótese alguma, demonstre temer seu inimigo.
Regra número quatorze da família Watanabe: Odeie seu sobrenome, porém, nunca abandone seus princípios.
Desde criança, todos os membros da família são apresentados a um livro de regras, escrito em mil setecentos e sei lá quando. Os princípios citados são honrar o nome da família, e obedecer o próprio livro. Acho que a oito e a quatorze são as que eu mais uso.
— Vamos ser democráticos e seguir a decisão da maioria. Quem aqui acha que o Aguni deve ser o nosso novo líder?
E como esperado ninguém levantou a mão. Não sei se minha sanidade que já está baixa demais ou eu realmente conseguiria ouvir a risada do meu pai se me concentrasse.
— Que reação mais fria. Último chefe. — ele disse fazendo sinal para mesmo que veio com sua katana — Eu vou perguntar de novo. Quem acha que ele deve?
A mulher sendo ameaçada levantou sua mão.
Olhei para um ponto aleatório da sala tentando enviar minha mente para qualquer lugar, o mais longe o possível. Ignorando as vozes, sons de ameaças e ruídos irritantes pelo máximo de tempo que eu conseguisse. Era uma coisa que eu fazia com certa frequência e apenas três pessoas nesse mundo conseguiam perceber. Uma estava em algum lugar fora desse matadouro, outra estava ocupada demais se tornando líder desse manicômio.
Senti uma mão agarrando a minha discretamente e dando leves toques com o dedo indicador na palma da minha mão. Como se tivesse despertado de um transe encarei o homem de cabelos longos que vinha até mim, sem soltar a mão do loiro quase atrás de mim. Não sei dizer se foi uma ação totalmente involuntária, mas me trouxe um certo conforto.
Senti a arma ser colocada em meu queixo levantando minha cabeça. Empurrei a arma com dois dedos usando minha outra mão e olhei para o garoto.
— Você é muito abusada, acha que tem algum poder aqui dentro? Você era o que lá naquele mundo? Presidente?
— Sargenta. Do exército, sabe? Daquelas que usam roupa camuflada etc. Já deve ter visto algum por foto. — falei sem quebrar o contato visual
O ódio só crescia em seus olhos. Ele com certeza queria me matar, mas não iria e eu sabia disso. Ele colocou a arma na minha testa e logo levantei minha mão.
— Calma, eu não tô nem aí pra essa votação mas conheço alguém que odiaria ver o Aguni sendo líder de alguma coisa. — o citado riu fraco em seu lugar
Dessa vez não percebi quando me desconcentrei, apenas quando senti um último aperto em minha mão.
— De hoje em diante, eu sou o novo rei da praia.
— Mas que notícia maravilhosa! — Niragi disse batendo palmas — Agora chefe, vamos preparar a cerimônia de sucessão. Chegou a hora de abrir o envelope preto.
O envelope preto.
Não precisei se quer olhar para Chishya para perceber o sorriso vitorioso que ele estava contendo.
Nesse momento o plano de Chishya com certeza já estava em ação. Disso eu tinha certeza, mas não tenho ideia de em qual fase está. Mas com certeza era uma em qual seus cobaias se ferravam.
— Nós temos um novo líder. — Niragi disse apoiado olhando todos no andar debaixo, não seria ruim se caísse — O chapeleiro não está mais entre nós. Nosso novo líder será o general Aguni. Façam silêncio! O chapeleiro fracassou no jogo e infelizmente não voltou vivo. O novo número um eleito pelos membros executivos, será o Aguni. Vamos ouvir o pronunciamento do nosso novo líder.
— Acho que o Niragi já explicou tudo. — olhei para cima vendo o loiro com seu rádio — Agora que o chapeleiro não é mais o número um, o controle passou todo para as minhas mãos. Sigam as minhas ordem, vivam em meu nome, e se precisarem morram por mim.
Revirei os olhos com sua última frase.
— E por último, deve apresentar a nova liderança da milícia. — ele olhou para onde eu e Niragi estávamos
O garoto ao meu lado soltou um riso convencido segurando sua arma.
— A Sargenta Kimi Watanabe.
Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? Prometi que ia ter capítulo até o final do mês e aqui estou eu, dia 31 gastando até a minha última gota de criatividade por vocês.
O próximo capítulo vai começar exatamente de onde esse parou, enfim. Não vou dizer que amei esse capítulo mas esse final, que delícia viu. Amei imaginar a cara de desgosto e decepção do seboso do Niragi. Espero que vocês tenham gostado pq esse cap tem quase mil e novecentas palavras viu. Trouxe bem logo pq fazia quase um mês desde o último.
Enfim, muito obrigada por tudo mesmo, ao vocês! Passem lá no meu tiktok (@bellynoban) pq eu postei vídeo sobre a fanfic.
Até o próximo capítulo!
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