
003
"As cicatrizes das minhas costas,não se comparam com as do meu coração, papai."
Quando a festa ja estava chegando ao final e minhas irmãs já tinham se mostrado pra todo tipos de homem naquele maldito lugar
meu pai resolveu ir pra casa. E como sempre fui escutando o caminho todo o quanto minhas irmãs são bonitas, se esforçam para ter um bom marido e ser uma boa esposa.
Sinceramente eu não dava a mínima não estou afim de arrumar macho nenhum, não vou ficar aqui por muito tempo,então não estou afim de arrumar um marido velho nojento que acha que é meu dono.
- Onde se meteu a festa toda Diana? - meu pai pergunta me olhando pelo
retrovisor do carro.
- Estava me misturando. - falei olhando para a janela. - Não é isso que o senhor disse que temos que fazer?
- Espero que seja verdade. Não me dê mais motivos para te achar uma decepção. Mais do que já é.
As vezes acho que ele procura qualquer erro meu, só para ter um motivo para descontar sua raiva em mim.
- Suas irmãs estão se esforçando para encontrar um marido, e você o que está fazendo? - senti uma leve pressão pra cima de mim.
- Também estou a me esforçar papai - falei camalmemte.
- Se esforçando para ser uma putinha. - Bella disse baixinho,mas todos nós do carro escutamos.
- Não sou eu que estou agindo como uma, Bella. - falei com tédio. - Não estou me vendendo como você.
- Olha como você fala com sua irmã, Diana. Ela é mais velha que você. - meu pai diz com autoridade. - Pelo menos ela não é uma imprestável, Maggie e Bella são o orgulho da família, são as únicas que fazem coisas descentes por nós.
- O senhor nunca vai me fazer esquecer disso. - revirei os olhos.
- Acho melhor você pedir perdão pelas suas palavras, Diana. - seu tom de voz ficou mais brutal.
- Eu não disse nada demais.
- Não ouvir as desculpas. - Bella falou colocando a mão no ouvido.
- Bella! - minha outra irmã, Maggie, a repreendeu. - Não desça no nível dela, Diana é uma criança ainda, tem muito o que aprender.
- Ela precisa se comportar e ser como vocês. - meu pai fala.
- Se eu fosse nascer de novo obviamente eu não ia ser dessa família. - disse baixinho.
- Meu bem, você estaria fazendo um favor para nós. - Bella implicou.
- Bella vai se foder! - dei o dedo pra ela.
Na mesma hora que disse isso, papai se virou rapidamente do volante e acertou um soco na minha perna, eu estava atrás do banco do motorista, então ele não conseguiu acertar mais pra cima.
- Não diga palavrões na minha presença. A cada dia você me dá mais motivos para me arrepender de ter deixado você nascer. Era pra sua mãe está aqui, e não você. - eu não posso falar palavrões mas Bella pode me chamar de puta?!
Meus olhos se enxergam de água mas me recusei a chorar, engolir cada gota,parecia uma lâmina na minha garganta. Mas eu não me humilharia a esse ponto. Nunca.
Assim que meu pai estacionou em casa, fui a primeira a sair e entrei correndo para dentro,subi as escadas para meu quarto e fechei as portas. Tirei as carteiras lotadas de dinheiro que roubei da bolsa e algumas que escondi dentro do vestido guardei-os no meu esconderijo.
Tirei meu vestido e coloquei uma coisa mais confortável para dormir. Assim que terminei de trocar,meu pai entra no quarto quase arrancando a porta fora, pulei no susto. Ele estava com muita raiva seus olhos pulavam de raiva. Meu pai já não parecia mais meu pai e sim um monstro. Um monstro que se alimentava da minha rebeldia, cada dia ele ficava pior.
Meus olhos saltaram quando ele veio pra cima de mim, mas não corri, não me escondi, também não fiquei coagida como fazia de costume quando era pequena. Eu fiquei ali parada, olhando dentro daqueles olhos de puro ódio pela própria vida,eu já sabia o que estava por vir.
Meu pai me empurrou contra o chão, eu caí de bunda, mas não abaixei minha cabeça.
- Você é uma maldita pedra no meu sapato! Nunca aprende! - ele gritou. - Me diz Diana, o que eu faço com você? Não posso te colocar na doação, será que tenho que colocar você na rua? - eu não respondi. Me colocar na rua seria melhor do que passar mais um dia aqui. - Agora ficou muda também.
Eu continuei em silêncio. Não tinha o que falar, também não queria dá mais motivos para ele irritar e perder a cabeça. Roger era muito mais forte que eu,não teria nenhuma chance contra ele, não conseguiria se defender nem se quisesse.
- Você me dá nojo menina. Era pra você ser um homem, um homem que seria o orgulho da família,que lideraria.
- Qual a novidade. Você sempre deixou isso claro pra mim. - sussurrei.
- Como tem coragem de me responder. - encaro ele com desprezo. Ele disse que era pra mim falar, e então quando digo algo ele fica com raiva. - Vire-se. - ele disse arrancando o sinto da sua calça. Eu obedeci e fiquei de costas pra ele.
Quando eu entrei na adolescência comecei entender a indiferença do meu pai comigo, prometi a mim mesma não derramaria uma lágrima na frente dele,nunca daria esse gosto a ele, nunca me humilharia.
Era sempre assim, Roger sempre me machucava onde ninguém podia ver,onde eu poderia cobrir com um dos meus vestidos longos,nunca no rosto,nunca nas pernas,sempre no braços ou costas.
A cada açoite de sinta que eu recebia,minha pele queimava, ardia, era como se meu pai tivesse rancando um pedaço da minha pele na fivela. Era agonizante, mas não era tão pior quanto a primeira vez, ainda sim, doía. Não tem muito tempo que conseguir me recuperar da última surra que tomei, ainda tenho algumas marcas no meu braço e algumas na minha costas. É bem provável que os hematomas demorem para desaparecer.
- Garota estúpida! - meu pai praticamente cuspiu as palavras.
Assim que ele terminou,saiu e trancou a porta. Eu fiquei lá jogada no chão,olhando pro nada, sem nenhuma expressão,sem nenhum sentimento. Me arrastei até o pé da cama, me apoiei,com muita dificuldade
consegui me levantar e apoiar na cama. Eu nunca odiei tanto uma pessoa como odeio todos dessa casa. Sonho que um dia irei sair desse lugar.
Eu vivo presa,não saio do quarto até que meu pai mande, as janelas do meu quarto são cerradas com grades. Ninguém me trás comida se eu mesma não ir atrás ou fazer. Se eu não limpar meu quarto ninguém faz. Tenho permissão para sair sozinha apenas até o jardim. Raramente isso acontece. As vezes vou em alguns eventos,mas só acompanhada do meu pai. O demônio tem nome e sobrenome e eu posso provar.
• • •
Tudo era muito repetitivo na minha vida, nada acontecia diferente, eu só ficava no meu quarto, lendo, olhando para o teto ou jardim, minha janela me permitia que visse um pouco de lá de fora. Dois dias depois da festa, dois dias praticamente sem dormir direito, eu ainda estava dolorida da surra que levei. Tudo estava doendo,eu tentava virar para um lado da cama, virava pra outro, mas não encontrava uma posição confortável para dormir.
Assim que levantei e arrumei minha cama, fui no banheiro,me olhei no espelho e vi o quanto minha pele pálida estava em um tom de roxo e vermelho, alguns riscos de corte que provavelmente a fivela devia ter feito, tentei tocar, mais ainda doía.
Depois de fazer minhas necessidades, fui me trocar, coloquei um dos meus tantos vestidos longos. Fiquei a manhã toda sentada na minha poltrona lendo um livro. Não tomei café, meu pai me manteve trancada desde da festa, alguém vinha trazer uma bandeja com comida, mas até agora ninguém. Eu teria que esperar a boa vontade de Roger.
Quando deu onze horas, ouvir um barulho de conversa no andar de baixo da casa, meu pai deve ter recebido algum tipo de visita. Ótimo. Agora sim que eu não vou sair desse maldito quarto,eu estou com fome e sede, preciso comer algo, sinto a qualquer momento que vou desmaiar.
De repente escutei o barulho do trinco da porta, mas ninguém a abriu, não passou cinco minutos e alguém mexeu no trinco novamente, mas dessa vez a porta se abriu. Era Bella, ela não estava com a cara nada boa. Quer dizer, ela nunca está.
— Papai quer você na sala de está,agora! — disse finalmente e depois saiu. Eu franzi o cenho confusa,mas não questionei, apenas a segui até a sala.
O que meu pai queria comigo? Não lembro de ter feito nada dessa vez.
Chegando perto da sala de está vejo que tem outra pessoa ao lado dele. Não reconheço, mas pela postura e pelas roupas, era um homem. Quando finalmente chego na sala dou de cara com nada mais,nada menos que o dono do restaurante, Vinnie Hacker. Ele me deu uma olhada que me fez arrepiar por completo, meu coração acelerou e meus olhos desviaram de puta vergonha.
Puta merda.
— Diana, esse é o senhor Hacker, dono do restaurante que fomos domingo. — meu pai diz apontando para o homem ao seu lado.
— Me chame de Vinnie apenas. — ele disse não tirando os olhos de mim. — É um prazer conhecê-la.
Ok... Então ele não disse nada do que aconteceu na festa. Está fingindo que não me conhece,então vou entrar no personagem.
— O prazer é meu. — disse com cautela.
— Vinnie queria te conhecer filha. — filha? Meu pai está querendo fingir pra esse homem que é um bom pai? Está é a pior atuação que já vi. Olhei para meu pai e depois para Vinnie. Estou confusa. Não sei quem é mais ator aqui, se é Roger, Vinnie ou eu.
— Por que? — franzi o cenho.
— Será que posso conversar com sua filha no jardim? — perguntou atrás, ignorando minha pergunta.
— Claro. — meu pai diz sem hesitação. — Apresente a casa para Vinnie filha. — ele deu um sorriso falso,chegou perto de mim e colocou a mão no meu ombro.
Vinnie seguiu até a porta, mas antes de segui-lo papai me puxou pelo braço e sussurrou no meu ouvido. Eu fiz uma careta porque meu braço estava dolorido também.
— Não me envergonhe garota, e nenhuma palavra sobre o que aconteceu. — ele passou a mão nas minhas costas para me lembrar da noite pós festa. Euassenti e apertei os passos para alcançar Vinnie.
O que será que o Vinnie tem a dizer a Diana?
Será que vai ter beijinhos?
Escrevi escutando James, Lana e The Weeknd, apenas eles.
Minha playlist no Spotify pra vocês ♡
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